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História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial

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HISTÓRIAS DE VIDA COMO PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE<br />

com mais de 450 pessoas. Uma razão para mudar meu enfoque<br />

foi que me dei conta de que havia cometido um erro grave ao<br />

gravar somente as memórias dos entrevistados até 1920 – que<br />

era o que bastava para o projeto original. Isso fez com que ficássemos<br />

sem saber o que aconteceu com eles depois disso,<br />

limitando outros possíveis usos para as entrevistas.<br />

Mais tarde passei a considerar as histórias de vida como a<br />

forma principal de entrevista, e meus livros mais recentes têm se<br />

concentrado muito mais nas vidas das pessoas até o presente.<br />

Por exemplo, escrevi um livro sobre a experiência do envelhecimento,<br />

I Don't Feel Old. Outro se chama Growing up in<br />

Stepfamilies, sobre famílias reconstituídas, nas quais os pais<br />

voltaram a se casar, e que se baseou em entrevistas com jovens<br />

entre 30 e 40 anos. Vemos, então, que se pode utilizar essa<br />

abordagem em diferentes disciplinas.<br />

Devo enfatizar que há uma conexão íntima entre a história<br />

oral e a antropologia, em parte porque o uso de histórias de vida<br />

sempre foi importante na antropologia da América do Norte e da<br />

América Latina. Oscar Lewis é, talvez, o mais famoso de todos<br />

os antropólogos que trabalham com histórias de vida, e alguns<br />

de seus livros acabaram por se tornar clássicos. Falo de obras<br />

como Pedro Martinez, que conta a história de um camponês<br />

mexicano nos anos da revolução, e The Children of Sanchez,<br />

que retrata a vida de uma família mexicana pobre numa favela<br />

da Cidade do México. A mais lida de todas as histórias de vida<br />

da história oral, Me Llamo Rigoberta Menchu, y así me Nació la<br />

Conciencia – a dramática descrição dos sofrimentos e lutas de<br />

uma camponesa guatemalteca – também foi registrada por uma<br />

antropóloga. O Brasil mesmo possui uma excelente tradição<br />

antropológica desse tipo.<br />

De forma menos intensa, em meu próprio trabalho, utilizo<br />

algumas das técnicas antropológicas, como tipos não invasivos<br />

de observação participante, mantendo um caderno de campo<br />

para registrar o que noto. Por exemplo, quando estava trabalhando<br />

com comunidades pesqueiras na Escócia para meu livro<br />

Living the Fishing, eu costumava sentar no bar onde os velhos<br />

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