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História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial

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"O princípio de que a memória nos faz<br />

é também o princípio de que nós fazemos a<br />

memória. As representações da história são<br />

práxis, e estão conectadas assim como<br />

formuladas de forma cumulativa”. TONKIN,<br />

Elizabeth (1992, p.117 – tradução livre).<br />

“Nossas lembranças permanecem<br />

coletivas, e elas nos são lembradas pelos<br />

outros, mesmo que se trate de acontecimentos<br />

nos quais só nós estivemos<br />

envolvidos, e com objetos que só nós<br />

vimos”. HALWBACHS, Maurice (1990, p.26).<br />

“Os acontecimentos não são coisas,<br />

objetos consistentes, substâncias; são um<br />

corte que operamos livremente na realidade,<br />

um agregado de processos onde agem<br />

e padecem substâncias em interação,<br />

homens e coisas”. VEYNE, Paul (1983, p.54).<br />

"Uma história é uma narração, verdadeira<br />

ou falsa, com base na realidade<br />

histórica ou puramente imaginária”.<br />

LE GOFF, Jacques (1996, p.158).<br />

202<br />

tempo em que vivemos. Somos sempre parte de uma teia social.<br />

Seria realmente surpreendente se um dia acordássemos falando<br />

uma outra língua ou considerando natural formas de comportamento<br />

de cem anos atrás. Quantos filmes já não foram feitos<br />

sobre este assunto: viagens no tempo e no espaço que levam a<br />

pessoa a sentir-se um “ser de outro planeta”.<br />

O conjunto de registros eleitos pelo grupo como significativos<br />

termina por estabelecer sua identidade, seu jeito de ser e<br />

viver o mundo e decorrem dos seus parâmetros históricos e<br />

culturais. A possibilidade de compartilhar desta memória –<br />

como produtores e receptores – é que dá, a cada um de nós, o<br />

senso de pertencimento e constitui o que chamamos de<br />

memória social. Trata-se de uma relação criativa e dinâmica<br />

entre o indivíduo e o grupo. Nosso lembrar e as maneiras como<br />

lembramos se fazem a partir da experiência coletiva. Mas é<br />

importante pontuar que o indivíduo não necessariamente<br />

"representa" o coletivo e que este tampouco é homogêneo.<br />

Dentro de um mesmo grupo, podem existir múltiplas memórias.<br />

<strong>História</strong><br />

<strong>Memória</strong>, <strong>História</strong> e <strong>História</strong> de Vida<br />

A forma como a pessoa ou o grupo organiza e narra o que<br />

guarda nos leva ao conceito de <strong>História</strong>. Cada cultura constrói<br />

sua própria maneira de apropriação e organização do mundo e,<br />

certamente, a noção de história varia de uma cultura para<br />

outra. Essa discussão é tão ampla que baseia toda uma disciplina<br />

acadêmica: a epistemologia da <strong>História</strong>. Ainda que não<br />

nos aprofundemos nesta questão, vale destacar que há muito<br />

mais por trás do "fazer histórico" do que simplesmente reunir<br />

fatos, documentos e fotografias em uma linha do tempo. Vamos<br />

enfocar aqui o aspecto narrativo da <strong>História</strong>.<br />

Independentemente de sua relação com o passado, toda história<br />

é sempre uma narrativa organizada por alguém (seja uma<br />

comunidade, um historiador, um órgão oficial ou a própria<br />

mídia), em determinado tempo e implica em uma seleção de<br />

fatos e personagens. Toda história tem um autor ou autores que

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