16.04.2013 Views

História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial

História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial

História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

134<br />

Edmir Perrotti Estação <strong>Memória</strong><br />

aqueles que vão receber as informações. Com os registros em<br />

fitas, estávamos separando a voz do corpo.<br />

Ora, se temos como objetivo concreto trabalhar para<br />

inserir a memória vivida nos processos educativos, ao ser objetivada<br />

em registros, tal memória apresenta características que a<br />

torna modalidade específica, separada de seu portador. Em tais<br />

condições, a experiência torna-se documento com vida própria,<br />

alheio aos destinos dos sujeitos que o constituíram.<br />

Se com tal objetivação ganha a sociedade e a cultura, o<br />

que ganha o sujeito, o autor do depoimento? Qual o efeito de<br />

nossas ações sobre suas condições socioculturais passadas,<br />

presentes e futuras?<br />

Não podemos, desse modo, deixar de nos perguntar: ao<br />

coletar a memória de idosos, estamos contribuindo para a<br />

melhoria de sua qualidade de vida ou estamos apenas nos<br />

apropriando de suas lembranças, em nome de justificativas<br />

abstratas como desenvolvimento social, cultural, educacional?<br />

Ao registrarmos experiências sem nos preocuparmos com<br />

os destinos dados aos registros, bem como aos sujeitos que as<br />

forneceram, estamos correndo o risco de valorização da<br />

memória social e cultural em detrimento dos sujeitos sociais. O<br />

que significa, por exemplo, entrevistar idosos que vivem<br />

isolados em suas casas, levando conosco suas experiências de<br />

vida, mas deixando-os nas mesmas condições que se encontravam<br />

antes de nos entregar seus tesouros acumulados<br />

pacientemente ao longo de toda uma vida? Qual, enfim, o<br />

sentido de tal registro?<br />

Do ponto de vista da “Estação <strong>Memória</strong>”, ao tomarmos<br />

consciência dos limites do simples registro e disseminação das<br />

experiências, passamos a adotar novas estratégias metodológicas<br />

que não separam o trabalho de registro do de inserção sociocultural<br />

dos entrevistados. Desde então, nossos métodos se<br />

alteraram, se alargaram e passamos a realizar Oficinas de<br />

<strong>Memória</strong> no espaço da biblioteca, oficinas das quais participam<br />

os idosos, bem como crianças e jovens. Hoje, todas as terças e<br />

quartas-feiras temos grupos que trabalham nestas oficinas, e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!