História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial
História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial
História Falada - Memória, Rede e Mudança Social - Imprensa Oficial
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
116<br />
Zilda Kessel Museu da Pessoa: <strong>Memória</strong> e educação<br />
histórias.(...) A importância da narrativa para a coesão de uma<br />
cultura é tão grande, muito provavelmente, quanto o é na<br />
estruturação da vida de um indivíduo.(...) A habilidade da<br />
construção narrativa e da compreensão narrativa são cruciais<br />
para a construção de nossas vidas e para um 'lugar' para nós<br />
no mundo possível que encontramos. Para que a narrativa se<br />
transforme em um instrumento da mente no lugar da<br />
produção de significado, é preciso trabalho de nossa parte:<br />
precisamos lê-la, produzi-la, analisá-la, entender seus<br />
mecanismos, sentir seus usos, discuti-la”. 5<br />
É preciso, portanto, criar um espaço para a oralidade,<br />
para a narrativa no cotidiano da sala de aula. Ali cada<br />
memória narrada pode se articular a outras memórias trazidas<br />
pelas crianças e pelos entrevistados. As educadoras ao<br />
contarem as suas experiências, também criam vínculos entre<br />
si. A partir de suas experiências, são trazidos os aportes<br />
conceituais necessários ao trabalho. Porém, o espaço de oralidade<br />
tem seu ponto alto nas entrevistas que as crianças<br />
realizam com os idosos da comunidade. Este encontro de<br />
gerações gera o diálogo entre pessoas com idades, experiências<br />
e vivências diversas. Os laços entre a escola e a comunidade se<br />
estreitam. A escola acolhe a comunidade dando voz aos seus<br />
integrantes e valorizando cada um deles. “O gesto de acolhimento,<br />
que envolve educadores e é compartilhado com as<br />
crianças, carrega a mensagem mais importante, o ensinamento<br />
mais valioso dos projetos de memória. É como se<br />
disséssemos: isto importa. 6 . As crianças compreendem e<br />
compartilham esta valorização, criam vínculos e experimentam<br />
a escola como espaço de viver e construir saberes;<br />
sentem a educação como experiência cultural significativa no<br />
presente e não como treino para um futuro incerto.<br />
O terceiro elemento, constituinte decisivo dos projetos de<br />
memória na escola, é a valorização do registro do vivido. O<br />
registro permite preservar e rememorar. Fica disponível à<br />
comunidade e também a outras pessoas na forma de produtos.<br />
Para o educador, o registro é o ponto de partida para refletir e