As Limitações das intervenções humanitárias da ONU
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desastre ain<strong>da</strong> não havia conseguido reestruturar-se, por sequer<br />
possuir condições para isso, <strong>da</strong>do o nível de destruição, física e<br />
humana, em seu aparato institucional. A aju<strong>da</strong> internacional chegou<br />
rapi<strong>da</strong>mente, mas nem a aju<strong>da</strong> desse reforço, nem a dos milhares de<br />
voluntários do mundo inteiro, levados ao Haiti pela comoção com o<br />
desastre, foram suficientes, tamanha a gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> situação. Um dos<br />
grandes obstáculos para que se pudesse realizar qualquer tipo de<br />
trabalho eram os entulhos. A ci<strong>da</strong>de inteira se transformou em um<br />
grande entulho e não havia maquinário adequado para realocar as<br />
tonela<strong><strong>da</strong>s</strong> de cimento e aço. O Secretário-Geral <strong>da</strong> <strong>ONU</strong>, Ban Kimoon,<br />
descreveu a situação como “uma <strong><strong>da</strong>s</strong> piores crises<br />
<strong>humanitárias</strong> em déca<strong><strong>da</strong>s</strong>” (PILKINTON, 2010). Desastres anteriores<br />
não ofereciam lições relevantes, pois, por exemplo, no tsunami na<br />
Ásia, que atingiu uma área remota do país, ou no furacão Katrina, os<br />
governos dos países afetados podiam enviar aju<strong>da</strong> e coordenar ações<br />
de reconstrução 53 . No caso do Haiti, onde a capaci<strong>da</strong>de operacional<br />
do governo, <strong>da</strong> <strong>ONU</strong> e mesmo de muitas ONGs havia sido destruí<strong>da</strong>,<br />
não havia a quem recorrer a não ser a mais aju<strong>da</strong> externa.<br />
Felizmente, os níveis de violência ficaram abaixo do<br />
esperado, mesmo em face <strong>da</strong> situação de desespero <strong>da</strong> população,<br />
que se reunia em acampamentos improvisados ou dormia nas ruas.<br />
<strong>As</strong> eleições presidenciais, previstas para fevereiro <strong>da</strong>quele ano,<br />
tiveram que ser adia<strong><strong>da</strong>s</strong>, provocando um clima de incerteza política.<br />
<strong>As</strong> per<strong><strong>da</strong>s</strong> registra<strong><strong>da</strong>s</strong> pela MINUSTAH foram as maiores para um<br />
evento único em to<strong>da</strong> a história <strong>da</strong> <strong>ONU</strong>. Segundo a própria<br />
Organização:<br />
Apesar de suas vastas per<strong><strong>da</strong>s</strong>, a MINUSTAH<br />
fez esforços extraordinários para restabelecer a<br />
sua capaci<strong>da</strong>de e agiu de forma decisiva para<br />
responder às necessi<strong>da</strong>des do pós-terremoto<br />
dentro de seu man<strong>da</strong>to e em conformi<strong>da</strong>de<br />
com as priori<strong>da</strong>des de assistência, segurança e<br />
53 Comparando situações, Carl Stern, presidente do fundo americano para a UNICEF,<br />
observou: “No Katrina, se você conseguisse sair <strong>da</strong> área de desastre, você podia pegar um<br />
carro, dirigir 40 milhas e encontrar uma loja para comprar o que fosse necessário. Aqui,<br />
não há carro. Não há estra<strong>da</strong>. Não há 40 milhas.” (WALSH, B.; NEWTON-SMALL, J.;<br />
PADGETT, T., 2010)