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As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

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ocupados. No entanto, as reformas tendem a fracassar na ausência de<br />

uma substancial deman<strong>da</strong> interna por mu<strong>da</strong>nças institucionais, ain<strong>da</strong><br />

que complementar. Sem uma deman<strong>da</strong> local por essas mu<strong>da</strong>nças,<br />

infelizmente, de na<strong>da</strong> adianta a boa-vontade dos países estrangeiros<br />

em aju<strong>da</strong>r no processo de construção de Estado. “A maioria dos<br />

casos de construção de estados e reforma institucional ocorreu<br />

quando uma socie<strong>da</strong>de gerou uma forte deman<strong>da</strong> interna por<br />

instituições e a seguir as criou, importou ou a<strong>da</strong>ptou modelos<br />

estrangeiros as condições locais” (FUKUYAMA, 2005, p. 55).<br />

Reside aí o principal problema enfrentado na construção de nações,<br />

já que a capaci<strong>da</strong>de externa de mol<strong>da</strong>r uma socie<strong>da</strong>de local é muito<br />

limita<strong>da</strong>.<br />

<strong>As</strong> limitações encontra<strong><strong>da</strong>s</strong> na criação de deman<strong>da</strong> por<br />

instituições levam Fukuyama a afirmar que o importante é focar nas<br />

dimensões <strong><strong>da</strong>s</strong> estati<strong>da</strong>des que podem ser manipula<strong><strong>da</strong>s</strong> e construí<strong><strong>da</strong>s</strong>,<br />

por meio de mecanismos de transferência de conhecimento a países<br />

com instituições deficientes. É igualmente necessário combinar a<br />

transferência de práticas administrativas estrangeiras com uma<br />

compreensão <strong><strong>da</strong>s</strong> condições e limitações locais. Programas de<br />

sucesso são, frequentemente, idiossincráticos e envolvem a<br />

capaci<strong>da</strong>de de usar conhecimentos locais para criar soluções locais.<br />

Além do mais, as instituições não só devem trabalhar de maneira<br />

eficiente, mas também devem ser vistas como legítimas pela<br />

socie<strong>da</strong>de subjacente. <strong>As</strong>sim, “é preciso combinar o conhecimento<br />

geral <strong><strong>da</strong>s</strong> práticas administrativas estrangeiras com uma profun<strong>da</strong><br />

compreensão <strong><strong>da</strong>s</strong> restrições, oportuni<strong>da</strong>des, hábitos, normas e<br />

condições locais” (FUKUYAMA, 2005, p. 118).<br />

Fukuyama também afirma que se deve evitar a tentação de<br />

prestar serviços e administrar diretamente, e que o melhor é fazer<br />

doações a órgãos do governo dos países aju<strong>da</strong>dos, sem fixar<br />

condições precisas sobre como os recursos devem ser usados e<br />

apenas forçando o respeito a rigorosos padrões de responsabili<strong>da</strong>de<br />

por resultados. No entanto, ele não explica de que maneira se<br />

cobraria resultados sem o estabelecimento de critérios claros de uso<br />

dessas doações, nem atenta para a grande possibili<strong>da</strong>de desses<br />

recursos serem usados de maneira imprópria, <strong>da</strong><strong>da</strong> a dificul<strong>da</strong>de<br />

tanto de atribuição de responsabili<strong>da</strong>de pelos resultados quanto de<br />

fiscalização dos mesmos.<br />

São latentes os limites do poder estrangeiro de aju<strong>da</strong>r<br />

países a se fortalecerem, principalmente quando se tem em vista que,

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