16.04.2013 Views

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

77<br />

assistência externa, que garanta a segurança necessária para que os<br />

outros bens políticos possam ser restabelecidos e seu fornecimento<br />

estabilizado, o que pode levar muitos anos ou até déca<strong><strong>da</strong>s</strong>. Enquanto<br />

isso não ocorre, deve-se, imprescindivelmente, atender às<br />

necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> população com recursos externos. O equilíbrio entre<br />

ações de cunho assistencialista, que aliviam sofrimentos imediatos, e<br />

outras reconstrutivas, cujos resultados só se fazem sentir muito<br />

tempo depois, deve ser buscado, de maneira a garantir que o Estado<br />

em que ocorre a intervenção possa se reerguer e ser capaz de<br />

proteger seus ci<strong>da</strong>dãos e lhes proporcionar condições para uma vi<strong>da</strong><br />

digna por si só.<br />

2.4.1 A construção de Estados<br />

Usualmente, as <strong>intervenções</strong> <strong>humanitárias</strong> se<br />

comprometiam com três tarefas principais: garantir o final dos<br />

conflitos e <strong>da</strong> violência; aju<strong>da</strong>r a população de maneira<br />

assistencialista, com a provisão de alimentos, remédios e recursos<br />

financeiros e humanos; e promover eleições democráticas. Feito isso,<br />

acreditava-se que a missão internacional estava cumpri<strong>da</strong>, e a<br />

tendência era retirar as tropas de paz logo após a posse de um novo<br />

governo.<br />

Após numerosas <strong>intervenções</strong> que seguiam esse padrão,<br />

percebeu-se que essas medi<strong><strong>da</strong>s</strong> eram incapazes de garantir a paz no<br />

longo prazo, e que existia uma tendência de retorno ao ciclo de<br />

corrupção e violência na medi<strong>da</strong> em que a presença internacional<br />

diminuía. Isso de deve à importante distinção existente entre ações<br />

assistencialistas e as ações ditas “construtivas”.<br />

O assistencialismo puro, sem a preocupação de criar<br />

condições para que a população de um país prescin<strong>da</strong> <strong>da</strong> aju<strong>da</strong><br />

externa, é insuficiente, e por vezes até <strong>da</strong>noso. A economista africana<br />

Dambisa Moyo sugere em seu livro “Dead Aid”, que a aju<strong>da</strong><br />

internacional à África não só tem perpetuado a miséria como<br />

também tem piorado a situação ao criar dependência e reduzir a<br />

confiança local nos governos nacionais. (MOYO, 2009)<br />

Embora a aju<strong>da</strong> financeira e humanitária a esses países<br />

salve muitas vi<strong><strong>da</strong>s</strong> e seja absolutamente indispensável em situações<br />

emergenciais, como guerras civis ou catástrofes naturais, o problema

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!