16.04.2013 Views

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

47<br />

motivações não-<strong>humanitárias</strong> só seriam relevantes caso<br />

comprometessem esses resultados. Cooper (2003) complementa essa<br />

ideia ao afirmar que, ain<strong>da</strong> que as <strong>intervenções</strong> não alcancem os<br />

objetivos pretendidos, elas podem salvar algumas vi<strong><strong>da</strong>s</strong> e amenizar a<br />

situação de caos por um tempo, e isso já seria um resultado<br />

satisfatório. Os sucessos, nesses casos, são geralmente relativos, e<br />

deve-se reconhecer o momento em que o melhor é desistir e<br />

prosseguir com uma retira<strong>da</strong>. Mesmo nos casos em que o fracasso<br />

parece total, como na Somália, a intervenção ain<strong>da</strong> é váli<strong>da</strong> pelas<br />

rupturas que causa na dinâmica do caos.<br />

Indiferentes a essas opiniões, os críticos <strong>da</strong><br />

Responsabili<strong>da</strong>de de Proteger argumentam que a doutrina promove<br />

um novo militarismo por razões materiais (THAKUR e<br />

O‟CONNELL, 2008), e insistem em que justificativas <strong>humanitárias</strong><br />

podem acobertar motivações de interesse nacional, e a legalização<br />

<strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>intervenções</strong> levaria os Estados a abusar dessa prática (FRANCK<br />

e RODLEY, apud WHEELER, 2000). O presidente Hugo Chavez,<br />

por exemplo, criticou a adoção <strong>da</strong> doutrina pelas Nações Uni<strong><strong>da</strong>s</strong>,<br />

afirmando que ela permite que países poderosos inva<strong>da</strong>m países em<br />

desenvolvimento governados por líderes considerados uma ameaça<br />

às suas ambições imperialistas. 14 Os críticos ressaltam ain<strong>da</strong> a<br />

ineficácia de um sistema regulador alegando que, ain<strong>da</strong> que exista de<br />

fato uma situação que requeira uma intervenção humanitária, os<br />

Estados não estão dispostos a colocar as vi<strong><strong>da</strong>s</strong> de seus sol<strong>da</strong>dos em<br />

risco por motivos puramente humanitários, e a menos que existam<br />

possibili<strong>da</strong>des de ganhos materiais ou políticos, na<strong>da</strong> farão para<br />

cessar o sofrimento de um povo estrangeiro (PAREKH, apud<br />

WHEELER, 2000).<br />

Realmente, o comportamento usual dos Estados não<br />

comporta a ilusão de que to<strong><strong>da</strong>s</strong> as <strong>intervenções</strong> <strong>humanitárias</strong>, sem<br />

exceções, sejam absolutamente altruístas e que não existam motivos<br />

geopolíticos que façam um e não outro Estado agir. Mas, como<br />

Wheeler (2000) bem colocou, Estados que justificam suas ações em<br />

termos humanitários e falham em suas promessas, veem-se obrigados a<br />

se defender contra as suspeitas de que seus interesses escusos possam<br />

ter prejudicado os propósitos humanitários <strong>da</strong> missão. Além disso, os<br />

indivíduos em situações de calami<strong>da</strong>de humanitária dificilmente<br />

14 “Isso é muito suspeito... amanhã ou depois alguém em Washington dirá que o povo <strong>da</strong><br />

Venezuela deve ser protegido do tirano Chavez, que é uma ameaça (CHAVEZ, 2005)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!