16.04.2013 Views

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

44<br />

Responsabili<strong>da</strong>de de Proteger por to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong>de internacional, e<br />

a necessi<strong>da</strong>de de agir quando necessário (ANNAN, 2005). Mais<br />

recentemente, o Secretário-Geral Ban Ki-Moon reiterou a<br />

necessi<strong>da</strong>de de se <strong>da</strong>r os primeiros passos para transformar a<br />

Responsabili<strong>da</strong>de de Proteger de doutrina à ação (KI-MOON, 2007),<br />

pois o apoio teórico à doutrina tem sido muito mais amplo do que a<br />

vontade real dos Estados de implementá-la. A implementação efetiva<br />

<strong>da</strong> norma <strong>da</strong> Responsabili<strong>da</strong>de de Proteger pode representar a<br />

formação de um novo paradigma de poder, em que a defesa dos<br />

direitos humanos se situa acima <strong>da</strong> soberania estatal não apenas em<br />

discursos altruístas, mas na toma<strong>da</strong> de decisões internacionais, o que<br />

pode salvar muitas vi<strong><strong>da</strong>s</strong>.<br />

Apesar de todos os esforços de Annan e Ki-Moon, e <strong>da</strong><br />

aceitação <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> Responsabili<strong>da</strong>de de Proteger por parte <strong>da</strong><br />

comuni<strong>da</strong>de internacional, a déca<strong>da</strong> atual presenciou uma<br />

diminuição <strong>da</strong> prática <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>intervenções</strong> <strong>humanitárias</strong>. Um dos<br />

motivos está na repercussão do que a <strong>ONU</strong> considerou <strong>intervenções</strong><br />

desastrosas, como a <strong>da</strong> Somália, onde vários “capacetes azuis” foram<br />

mortos, diminuindo a vontade dos Estados de colaborar com tais<br />

missões. A intervenção no Iraque também gerou uma retração <strong>da</strong><br />

atitude favorável às <strong>intervenções</strong> <strong>humanitárias</strong>, principalmente nos<br />

países em desenvolvimento, que temem os possíveis objetivos<br />

ocultos por detrás de tais <strong>intervenções</strong>. Ocorreu, portanto, um<br />

retrocesso no frágil consenso a respeito <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>intervenções</strong><br />

<strong>humanitárias</strong> e uma reafirmação <strong><strong>da</strong>s</strong> soberanias nacionais. Percebe-se<br />

essa retração nas situações que se registram em Myanmar e Darfur.<br />

Neste último caso, os apelos à intervenção humanitária têm sido<br />

ignorados.<br />

Se, por um lado, o uso abusivo <strong>da</strong> força pode comprometer<br />

a ordem internacional, por outro, uma ordem que na<strong>da</strong> pode fazer<br />

para conter os abusos <strong>da</strong> soberania compromete os direitos humanos.<br />

Nesse sentido, a Responsabili<strong>da</strong>de de Proteger pode ser “uma<br />

mu<strong>da</strong>nça tão significativa no cenário internacional quanto a<br />

introdução do Direito Internacional dos Direitos Humanos”<br />

(JUBILUT, 2008, p. 33), na medi<strong>da</strong> em que compatibiliza os dois<br />

conceitos. Segundo Leis, “Enquanto os direitos humanos não se<br />

encontrem reconhecidos e institucionalizados a nível global devemos<br />

conviver com a possibili<strong>da</strong>de de discrepâncias entre a legali<strong>da</strong>de, a<br />

legitimi<strong>da</strong>de e a eficácia <strong><strong>da</strong>s</strong> decisões que afetam a política mundial”<br />

(2002, p. 11). Habermas, um defensor <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>intervenções</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!