16.04.2013 Views

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

40<br />

Essas experiências reforçaram a prática do Conselho de<br />

Segurança de associar direitos humanos a segurança internacional, o<br />

que, além de ser uma forma de garantir a autorização <strong>da</strong> força dentro<br />

<strong><strong>da</strong>s</strong> prerrogativas <strong>da</strong> <strong>ONU</strong>, justifica-se pelas conseqüências <strong><strong>da</strong>s</strong> crises<br />

<strong>humanitárias</strong> atuais, que geralmente transcendem fronteiras e<br />

acarretam desequilíbrios para os países vizinhos. Ocorre ain<strong>da</strong> que,<br />

em algumas situações, não há paz a ser manti<strong>da</strong>, mas imposta, como<br />

na Somália e na Bósnia-Herzegóvina.<br />

Apesar <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça positiva ocorri<strong>da</strong> na maneira como a<br />

<strong>ONU</strong> compreende situações de crises <strong>humanitárias</strong>, ao final <strong>da</strong><br />

déca<strong>da</strong> de 1990 a Organização contabilizava uma série de<br />

oportuni<strong>da</strong>des perdi<strong><strong>da</strong>s</strong> de agir em tempo razoável para evitar<br />

catástrofes humanas maiores. Na maioria <strong><strong>da</strong>s</strong> vezes, a inação frente a<br />

um caso emergencial deveu-se à dificul<strong>da</strong>de de motivar os Estados a<br />

participar de uma ação humanitária. Por não possuir uma força<br />

permanente disponível, a <strong>ONU</strong> depende <strong>da</strong> boa-vontade de membros<br />

capazes de fornecer contingentes para as missões. Além disso, to<strong>da</strong><br />

decisão de intervir ou não é permea<strong>da</strong> por questões políticas, e os<br />

países raramente se mostram dispostos a colaborar sem levar em<br />

conta seus próprios interesses nacionais envolvidos, que evocam ora<br />

a soberania ora os direitos humanos para justificar suas decisões.<br />

Percebendo essas dificul<strong>da</strong>des, Kofi Annan, ex-Secretário-<br />

Geral <strong><strong>da</strong>s</strong> Nações Uni<strong><strong>da</strong>s</strong>, insistia na necessi<strong>da</strong>de de reagir mais<br />

rapi<strong>da</strong>mente em crises <strong>humanitárias</strong>. No artigo intitulado “Os dois<br />

conceitos de soberania”, ele questionava o a rigidez do conceito de<br />

soberania frente a essas situações:<br />

Estados são hoje amplamente entendidos<br />

como instrumentos a serviço de seus povos, e<br />

não o contrário. Ao mesmo tempo, a soberania<br />

individual ─ e refiro-me à liber<strong>da</strong>de<br />

fun<strong>da</strong>mental de ca<strong>da</strong> indivíduo, consagra<strong>da</strong> na<br />

Carta <strong>da</strong> <strong>ONU</strong> e em tratados internacionais<br />

subsequentes ─ tem sido reforça<strong>da</strong> por uma<br />

renova<strong>da</strong> e ampla consciência dos direitos<br />

individuais. Quando lemos a Carta hoje,<br />

estamos mais conscientes que nunca que o seu<br />

objetivo é proteger os seres humanos<br />

individuais, e não proteger aqueles que<br />

abusam deles (ANNAN, 1999, p. 49).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!