As Limitações das intervenções humanitárias da ONU
As Limitações das intervenções humanitárias da ONU
As Limitações das intervenções humanitárias da ONU
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
24<br />
que todos os Estados-membros 1 estão sujeitos aos seus artigos, e que<br />
suas determinações prevalecem sobre quaisquer outras obrigações<br />
advin<strong><strong>da</strong>s</strong> de outros tratados. Na leitura <strong>da</strong> Carta, percebe-se que a<br />
<strong>ONU</strong> foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> sobre três grandes pilares: a busca pela paz, a<br />
cooperação internacional, e a promoção dos direitos humanos. O<br />
documento estabeleceu ain<strong>da</strong> alguns princípios fun<strong>da</strong>mentais,<br />
norteadores <strong>da</strong> Organização e dos Estados-membros, tais como: a<br />
igual<strong>da</strong>de soberana entre todos os Estados, o cumprimento de boa fé<br />
<strong><strong>da</strong>s</strong> obrigações conti<strong><strong>da</strong>s</strong> na Carta; a resolução pacífica de<br />
controvérsias internacionais, de modo que não sejam ameaça<strong><strong>da</strong>s</strong> a<br />
paz, a segurança e a justiça internacionais; a proibição <strong>da</strong> ameaça ou<br />
do uso <strong>da</strong> força nas relações internacionais; a assistência a to<strong><strong>da</strong>s</strong> as<br />
ações promovi<strong><strong>da</strong>s</strong> pelas Nações Uni<strong><strong>da</strong>s</strong>; a proibição de prestar<br />
auxílio a Estado contra o qual a Organização esteja agindo de modo<br />
preventivo ou coercitivo; e a proibição de intervenção, pela <strong>ONU</strong>,<br />
nos assuntos de competência essencialmente interna dos Estados,<br />
exceto por meio de medi<strong><strong>da</strong>s</strong> coercitivas previstas no capítulo VII <strong>da</strong><br />
Carta 2 .<br />
1.1.1 A Declaração Universal de Direitos Humanos<br />
Evitar uma nova guerra de proporções mundiais<br />
continuava sendo o objetivo em torno do qual a cooperação parecia<br />
vantajosa, mas os líderes fun<strong>da</strong>dores entenderam que o respeito aos<br />
direitos naturais do homem era condição necessária para uma paz<br />
duradoura. Portanto, um dos primeiros atos <strong>da</strong> <strong>As</strong>sembleia Geral <strong>da</strong><br />
<strong>ONU</strong> foi a proclamação, em 1948, <strong>da</strong> Declaração Universal dos<br />
Direitos Humanos. Junto com a Carta <strong>da</strong> <strong>ONU</strong>, a Declaração<br />
Universal de Direitos Humanos impôs limites à maneira como os<br />
governos podem tratar seus ci<strong>da</strong>dãos, e oficializa, na esfera<br />
normativa internacional, a prevalência dos direitos humanos sobre<br />
1 Fazem parte <strong>da</strong> <strong>ONU</strong>, atualmente, 192 países. Os cinco territórios excluídos, embora<br />
reconhecidos, são a Antárti<strong>da</strong> (regula<strong>da</strong> pelo Tratado <strong>da</strong> Antárti<strong>da</strong>), o Vaticano (que atua<br />
como observador <strong>da</strong> <strong>ONU</strong>), a Palestina (a Organização para a Libertação <strong>da</strong> Palestina –<br />
OLP- também atua como observadora) e o Saara Ocidental (território em disputa no<br />
Marrocos). Taiwan é considerado parte <strong>da</strong> República Popular <strong>da</strong> China.<br />
2 O capítulo VII, intitulado “Ação relativa a ameaças à paz, ruptura <strong>da</strong> paz e atos de<br />
agressão”, institui a possibili<strong>da</strong>de do uso <strong>da</strong> força em casos de ameaça à paz e à segurança<br />
internacionais, quando meios não-coercitivos não lograrem resultados.