As Limitações das intervenções humanitárias da ONU
As Limitações das intervenções humanitárias da ONU
As Limitações das intervenções humanitárias da ONU
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
20<br />
paz, o fortalecimento <strong><strong>da</strong>s</strong> instituições nacionais e regularização <strong>da</strong><br />
ordem democrática, de modo a restabelecer a autonomia do país. A<br />
MINUSTAH vinha promovendo melhoras consideráveis nos índices<br />
de vulnerabili<strong>da</strong>de estatal do Haiti, e já programava uma mu<strong>da</strong>nça<br />
estrutural em sua configuração, quando o terremoto de janeiro de<br />
2010 literalmente destruiu o país e aumentou consideravelmente os<br />
desafios de reconstrução e as carências <strong>da</strong> população.<br />
Apesar de seu man<strong>da</strong>to abrangente, a MINUSTAH tem se<br />
deparado com inúmeros desafios no Haiti, muitos dos quais inerentes<br />
a qualquer intervenção estrangeira que preten<strong>da</strong> provocar mu<strong>da</strong>nças<br />
sustentáveis em um país, como, por exemplo, a dificul<strong>da</strong>de de<br />
modificar a mentali<strong>da</strong>de e o comportamento <strong>da</strong> população do país<br />
que se pretende fortalecer, condição indispensável para a retoma<strong>da</strong><br />
total de autonomia e auto-governança sem recaí<strong><strong>da</strong>s</strong> cíclicas ao estado<br />
de falência estatal. Além disso, embora a faceta assistencialista de<br />
missões como a MINUSTAH seja imprescindível, principalmente<br />
quando se considera a reali<strong>da</strong>de haitiana, é essencial que se ajude o<br />
Haiti a desenvolver capaci<strong>da</strong>de institucional para utilizar seus<br />
recursos de maneira mais eficiente e benéfica para to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de.<br />
Ou seja, trata-se de auxiliar o país no processo de reconstrução<br />
estatal, pois apenas com o estabelecimento de instituições fortes e<br />
autossuficientes os haitianos conseguirão manter as eventuais<br />
conquistas <strong>da</strong> MINUSTAH. Entretanto, são latentes os limites do<br />
poder estrangeiro de aju<strong>da</strong>r países a fortalecerem sua capaci<strong>da</strong>de<br />
estatal, principalmente quando se tem em vista que, em nome <strong>da</strong><br />
legitimi<strong>da</strong>de e em consonância com as leis internacionais, qualquer<br />
governança externa deve ser transitória. Devido a isso, as<br />
administrações interinas costumam terminam suas missões<br />
precocemente, o que aumenta exponencialmente o risco de o país<br />
incorrer novamente à situação de colapso anterior. O desafio reside,<br />
portanto, na compreensão <strong><strong>da</strong>s</strong> capaci<strong>da</strong>des e dos limites <strong>da</strong>quilo que<br />
a aju<strong>da</strong> externa pode concretizar. É necessário analisar também o<br />
quão realistas são os objetivos <strong>da</strong> missão em face à reali<strong>da</strong>de haitiana<br />
e quais as suas limitações no que se refere ao desafio de reerguer um<br />
país.<br />
Este trabalho pretende, justamente, avaliar algumas <strong><strong>da</strong>s</strong><br />
dificul<strong>da</strong>des enfrenta<strong><strong>da</strong>s</strong> pela MINUSTAH em sua missão no Haiti,<br />
principalmente a partir de suas ações em três campos principais:<br />
segurança, processo político e direitos humanos. O estudo dos<br />
sucessos e fracassos de uma missão desse porte é importante porque