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As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

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campo <strong>da</strong> segurança, conseguindo restabelecer a paz e possibilitar<br />

que outros aspectos <strong>da</strong> reconstrução do país pudessem ser<br />

trabalhados. Entretanto, há de se levar em conta os custos de<br />

manutenção dessa paz, principalmente em face <strong><strong>da</strong>s</strong> instabili<strong>da</strong>des<br />

recentes provoca<strong><strong>da</strong>s</strong> pelo terremoto, pelo surto de cólera, e pelas<br />

eleições presidenciais. Se a MINUSTAH houvesse deixado o país,<br />

por exemplo, em 2009, quando a situação parecia normaliza<strong>da</strong>, o<br />

terremoto teria alçado o país de volta a uma situação infinitamente<br />

pior do que já o fez apesar <strong>da</strong> Missão. O governo do Haiti não tem<br />

condições, logísticas, financeiras e técnicas, de ser deixado por<br />

conta. Conforme já discutido, a própria falta de uma relação de<br />

confiança entre o Estado e a socie<strong>da</strong>de impossibilita qualquer<br />

autogovernança bem-sucedi<strong>da</strong>.<br />

No que se refere ao processo político haitiano, a<br />

MINUSTAH obteve ganhos bastante concretos. <strong>As</strong> duas eleições<br />

presidenciais ocorreram em conformi<strong>da</strong>de com a Constituição<br />

haitiana e houve uma interferência quando se constatou fraudes no<br />

pleito. Não fosse a pressão <strong>da</strong> MINUSTAH, o governo não teria<br />

aceitado a substituição dos candi<strong>da</strong>tos ao segundo turno nessas<br />

últimas eleições, o que teria comprometido enormemente o progresso<br />

político conquistado até então. Desde a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong> MINUSTAH, a<br />

normali<strong>da</strong>de democrática tem se mantido no Haiti.<br />

No campo dos direitos humanos, ficou clara a dificul<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> MINUSTAH em li<strong>da</strong>r com o desafio de exercer suas funções<br />

securitárias sem causar nenhum tipo de violação aos direitos<br />

humanos <strong>da</strong> população. O próprio uso <strong>da</strong> violência já supõe a<br />

possibili<strong>da</strong>de de ocorrências indeseja<strong><strong>da</strong>s</strong>. Para a já sofri<strong>da</strong> população<br />

do Haiti é revoltante uma força de paz que acabe por matar<br />

inocentes, e nesse sentido entende-se as manifestações contrárias à<br />

MINUSTAH. Não se pode, entretanto, deixar que as falhas e os<br />

fracassos <strong>da</strong> MINUSTAH obscureçam suas conquistas, que são<br />

muito mais numerosas.<br />

O progresso conquistado pela MINUSTAH nas áreas <strong>da</strong><br />

segurança e <strong>da</strong> política não garantiram melhorias significativas nas<br />

condições sócio-econômicas enfrenta<strong><strong>da</strong>s</strong> pela maioria dos haitianos.<br />

Essa é uma deman<strong>da</strong> constante <strong>da</strong> população que, ao continuar nas<br />

mesmas circunstâncias miseráveis de sempre, se questiona sobre os<br />

méritos <strong>da</strong> Missão. De fato, a MINUSTAH, por definição, não vai ao<br />

encontro dessas expectativas, e nem se espera isso dela. Embora<br />

existam planos de ampliar suas funções relaciona<strong><strong>da</strong>s</strong> ao

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