As Limitações das intervenções humanitárias da ONU
As Limitações das intervenções humanitárias da ONU
As Limitações das intervenções humanitárias da ONU
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
130<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
"Piti piti na rive" 75<br />
Não é fácil recuperar um país falido. Embora essas<br />
experiências sejam bastante recentes, a comuni<strong>da</strong>de internacional<br />
ain<strong>da</strong> não conseguiu chegar a um consenso sobre a melhor forma de<br />
aju<strong>da</strong>r um país a se reerguer e a se autogovernar de maneira justa e<br />
sustentável. Estudos nessa área são extremamente importantes<br />
porque podem aju<strong>da</strong>r a descobrir quais as ações que realmente fazem<br />
a diferença, e evitar que mais países sofram, no futuro, o que o Haiti<br />
está sofrendo. <strong>As</strong> Nações Uni<strong><strong>da</strong>s</strong> aprenderam, embora <strong>da</strong> maneira<br />
mais difícil, que uma missão de paz não pode simplesmente acabar<br />
com a situação de violência, organizar eleições e, imediatamente<br />
após isso, retirar-se. <strong>As</strong> ações anteriores tratavam basicamente os<br />
sintomas, sem se importar com as causas <strong>da</strong> falência estatal, e<br />
preocupavam-se mais com as pressões <strong>da</strong>queles que consideram todo<br />
tipo de intervenção uma afronta à soberania do que com o bem-estar<br />
<strong>da</strong> população do Estado que se pretendia aju<strong>da</strong>r.<br />
A MINUSTAH inova nesse sentido, e seu man<strong>da</strong>to<br />
multifacetado reflete a percepção de que a paz está estreitamente<br />
vincula<strong>da</strong> ao desenvolvimento, e que a ver<strong>da</strong>deira guerra no Haiti é<br />
contra a miséria. Apesar <strong><strong>da</strong>s</strong> dificul<strong>da</strong>des, existem centenas de<br />
motivos para insistir na recuperação do Haiti. O mais forte deles é<br />
nossa humani<strong>da</strong>de comum. Mesmo nas previsões mais otimistas, o<br />
Haiti passará os próximos anos altamente dependente de aju<strong>da</strong><br />
externa, e é essencial que a <strong>ONU</strong>, as ONGs, e todos que trabalham<br />
pela recuperação do país não se limitem a ações assistencialistas,<br />
mas se concentrem, com igual dedicação, na capacitação dos<br />
haitianos para que eles possam resgatar o brilho de sua antiga<br />
“Pérola <strong><strong>da</strong>s</strong> Antilhas”.<br />
Embora a MINUSTAH possa impor a paz, estabelecer a<br />
ordem, fornecer treinamento, auxílio e conhecimento institucional<br />
para o Haiti, ela não consegue acabar com os preconceitos, criar um<br />
senso de comuni<strong>da</strong>de, ou uma cultura de respeito às leis. Essas<br />
mu<strong>da</strong>nças geralmente ocorrem no curso de gerações, e por isso é tão<br />
75 Do creole: “Aos poucos, chegaremos lá” [tradução livre]. Provérbio haitiano usado em<br />
tempos difíceis, e que expressa a fé de que, aos poucos, tudo vai ficar bem.