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As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

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dois ex-presidentes, quando existem diferenças gritantes entre eles.<br />

Aristide, apesar do que alegam seus opositores e dos conhecidos<br />

desastres de seu governo, não foi acusado formalmente de nenhum<br />

crime, e muito menos responsabilizado diretamente pelo assassinato<br />

cruel de milhares de haitianos, como o foi Duvalier. Baby Doc foi<br />

comprova<strong>da</strong>mente um violador dos direitos humanos do Haiti, e se<br />

apropriou <strong>da</strong> maior parte dos recursos do país enquanto esteve no<br />

poder. O ex-ditador deve pagar pelo que fez no passado, e a aparente<br />

simpatia de Michel Martelly por ele é uma afronta a suas vítimas e<br />

aos milhares de haitianos que ain<strong>da</strong> sofrem as conseqüências <strong>da</strong>quele<br />

período.<br />

<strong>As</strong> dificul<strong>da</strong>des de recuperação do Haiti e as déca<strong><strong>da</strong>s</strong> de<br />

esforços internacionais para aju<strong>da</strong>r o país, em sua maioria de<br />

resultados inócuos, levam muitos autores a considerar a opção de um<br />

protetorado, ou um sistema de tutela internacional, como a única<br />

forma de sobrevivência do Haiti. Herbst (2004) acredita que a tutela<br />

internacional seria a única maneira de acabar com o ciclo de<br />

governos pre<strong>da</strong>tórios que persistentemente fazem com que países<br />

falidos retornem ao caos sempre que inexiste uma intervenção<br />

estrangeira. Ele cita os exemplos <strong>da</strong> Somália e de Timor Leste como<br />

tutelas bem-sucedi<strong><strong>da</strong>s</strong>, que restauraram nesses países as condições<br />

mínimas de sobrevivência, e continuam fortalecendo as instituições.<br />

A tutela, ou protetorado, seria um sistema onde a autori<strong>da</strong>de do país<br />

passaria ao comando internacional, mais precisamente à <strong>ONU</strong>, que<br />

administraria o país sem a interferência de governos corruptos,<br />

porém sem prescindir de lideranças locais em sua composição<br />

administrativa. Uma vez que a comuni<strong>da</strong>de internacional<br />

considerasse o país apto a se governar sozinho, ou se sua população<br />

assim o desejasse, organizar-se-ia eleições livres e democráticas, e o<br />

país retomaria sua independência.<br />

Obviamente, essa proposta é altamente critica<strong>da</strong> por ser<br />

vista como uma afronta à soberania nacional desses países.<br />

Respondendo a isso, Robert Rotberg argumenta que alguns desses<br />

países falidos sequer podem ser considerados soberanos, no sentido<br />

estrito do termo, por não cumprirem com alguns requisitos básicos<br />

<strong>da</strong> autogovernança, como o monopólio <strong>da</strong> violência. Ele sugere que,<br />

no caso do Haiti, um sistema de tutela seria necessário por pelo<br />

menos dez anos, <strong>da</strong><strong><strong>da</strong>s</strong> as condições precárias em que se encontra o<br />

país (ROTBERG, 2010). Na<strong>da</strong> garante, entretanto, o sucesso de um

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