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As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

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mostre que é possível mu<strong>da</strong>r a forma como vivem”. Ou seja, talvez<br />

uma melhora nas condições de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população, ain<strong>da</strong> que imposta<br />

externamente e a altos custos, possa vencer o ceticismo local e<br />

mostrar que é possível viver de forma mais digna. Essa mu<strong>da</strong>nça<br />

positiva poderia incutir nos haitianos uma forte deman<strong>da</strong> pela<br />

sustentabili<strong>da</strong>de e pela ampliação de programas de desenvolvimento,<br />

o que geraria uma maior pressão sobre o governo para que este<br />

cumpra, de fato, as ativi<strong>da</strong>des que lhe são delega<strong><strong>da</strong>s</strong> pela<br />

Constituição. Essa é uma visão bastante otimista, mas não<br />

improvável de acontecer.<br />

A corrupção e a ineficiência do governo são, certamente,<br />

os maiores obstáculos à transformação do Haiti em um país<br />

autônomo e funcional. Historicamente, existem poucos precedentes<br />

de consenso político e priorização do público sobre o privado. Via de<br />

regra, seus líderes têm se engajado mais em aumentar os próprios<br />

poder e riqueza do que perseguir objetivos políticos que beneficiem a<br />

população. E é clara a necessi<strong>da</strong>de de colaboração do governo<br />

nacional com os esforços internacionais para que as conquistas não<br />

sejam passageiras. O país precisa de líderes decentes e honestos para<br />

poder se libertar <strong>da</strong> dependência crônica em que se encontra<br />

atualmente.<br />

O atual presidente do Haiti, Michel Martelly, não inspira a<br />

confiança de um grande líder. O que mais preocupa, além de sua<br />

inexperiência política, são suas conheci<strong><strong>da</strong>s</strong> ligações com o governo<br />

passado de Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc. Muitos têm<br />

questionado o caráter do novo presidente pelo comportamento imoral<br />

<strong><strong>da</strong>s</strong> últimas déca<strong><strong>da</strong>s</strong> e por suas músicas que frequentemente teciam<br />

comentários depreciativos sobre as mulheres (SPRAGUE, 2011). A<br />

mais grave <strong><strong>da</strong>s</strong> acusações, entretanto, é a de apoio ao regime de<br />

Duvalier. Durante o governo de Baby Doc, Michel Martelly<br />

administrava um clube noturno freqüentado pelos tonton macoutes<br />

do ditador, e foi um importante opositor do Lavalas e de Aristide,<br />

atacando-o nas letras de suas músicas famosas. Mais recentemente, o<br />

recém-eleito Martelly declarou ao jornal canadense La Presse que<br />

pensava em conceder anistia a Duvalier e a Aristide, para que todos<br />

aqueles que foram prejudicados por eles no passado percebessem a<br />

necessi<strong>da</strong>de de reconciliação (MARISSAL, 2011). Esse<br />

posicionamento é preocupante, mesmo porque a mensagem que<br />

passaria à população não seria de reconciliação, e sim de<br />

impuni<strong>da</strong>de. Além disso, ele parece colocar em pé de igual<strong>da</strong>de os

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