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As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

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3.4 PERSPECTIVAS E LIMITAÇÕES<br />

O ano de 2010 foi particularmente trágico para o Haiti.<br />

Embora o país tenha um histórico recheado de tragédias, os<br />

acontecimentos recentes parecem mais cruéis por revelarem a<br />

impotência <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de internacional em recuperar um país<br />

falido. Os anos de trabalho, de esforço, e de investimentos <strong>da</strong> <strong>ONU</strong> e<br />

de Organizações Não-Governamentais, embora indispensáveis, não<br />

foram suficientes para evitar que o Haiti voltasse à estaca-zero com a<br />

ocorrência de um abalo sísmico que, embora de grandes proporções,<br />

não era totalmente inesperado.<br />

Conforme já visto, 2009 terminava com grandes<br />

esperanças para o Haiti. Discutia-se, inclusive, uma mu<strong>da</strong>nça<br />

estrutural na configuração <strong>da</strong> MINUSTAH, para que se despisse<br />

gradualmente de seu caráter securitário e assumisse funções mais<br />

administrativas e de suporte ao desenvolvimento econômico e social,<br />

de modo a atender as necessi<strong>da</strong>des de um país que, não estando mais<br />

em uma situação de emergência humanitária, dependia <strong>da</strong><br />

reconstrução de suas instituições para que fosse possível uma<br />

retira<strong>da</strong> segura <strong><strong>da</strong>s</strong> forças internacionais. Entretanto, o terremoto<br />

conduziu a população de volta à situação de emergência humanitária,<br />

ain<strong>da</strong> mais urgente, e o dia em que o Haiti se veria capaz de<br />

caminhar com suas próprias pernas sumiu no horizonte. Talvez essa<br />

esperança, que mal surgiu e já se foi, tenha tornado o ano de 2010<br />

mais cruel do que os muitos outros que os haitianos já viveram.<br />

É indiscutível, principalmente na situação atual, que o<br />

Haiti precisa de intervenção estrangeira para sobreviver. Não<br />

obstante, assim como to<strong>da</strong> intervenção humanitária, a MINUSTAH é<br />

objeto de uma série de reações controversas e questionamentos<br />

acerca de sua vali<strong>da</strong>de e efetivi<strong>da</strong>de. Os questionamentos vão desde<br />

a capaci<strong>da</strong>de <strong><strong>da</strong>s</strong> Nações Uni<strong><strong>da</strong>s</strong> de promover mu<strong>da</strong>nças sustentáveis<br />

à possibili<strong>da</strong>de de modificar um país que deve grande parte de suas<br />

mazelas a uma cultura política patrimonialista e corrupta.<br />

A presença <strong>da</strong> MINUSTAH e de outras organizações de<br />

aju<strong>da</strong> humanitária no país é constantemente critica<strong>da</strong> por obscurecer<br />

a presença do Estado haitiano, dificultando o restabelecimento <strong>da</strong><br />

confiança <strong>da</strong> população no governo. Ao executar funções que<br />

normalmente caberiam ao governo, como a manutenção <strong>da</strong><br />

segurança e a assistência social, a MINUSTAH tornaria os haitianos

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