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As Limitações das intervenções humanitárias da ONU

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início atrapalhado e de muitas dificul<strong>da</strong>des posteriores, as principais<br />

favelas <strong>da</strong> capital, Cité Soleil, Bel Air e Martissant, estavam<br />

pacifica<strong><strong>da</strong>s</strong> no final de 2007. Anteriormente controla<strong><strong>da</strong>s</strong> por líderes<br />

de gangues criminosas, essas regiões retornaram ao controle do<br />

Estado e ganharam delegacias e postos de vigilância. <strong>As</strong> operações<br />

de apreensão de criminosos e de desarmamento surtiram efeito, e<br />

algumas construções que antes pertenciam às gangues foram<br />

transforma<strong><strong>da</strong>s</strong> em clínicas médicas (BLASCHKE, 2009).<br />

Os ex-militares foram desarticulados ain<strong>da</strong> no primeiro<br />

ano <strong>da</strong> Missão. Ao extinguir o exército, Aristide não realocou seus<br />

membros para nenhuma nova função, criando uma classe de<br />

desempregados extremamente insatisfeitos com o governo e com sua<br />

situação de modo geral. Embora a MINUSTAH e o governo haitiano<br />

tenham se comprometido a integrá-los à Polícia Haitiana, pouco foi<br />

feito nesse sentido (KAWAGUTI, 2006). Entretanto, o novo<br />

presidente do Haiti, Michel Martelly, já expressava desde as eleições<br />

seu desejo de recriar um exército nacional, o que pode ser uma<br />

solução de longo prazo para evitar que esse grupo volte a se rebelar.<br />

Apesar de todos os esforços <strong>da</strong> MINUSTAH, o Haiti teve<br />

picos de violência em ocasiões específicas. Exemplos disso foram os<br />

períodos pré-eleitorais (2006 e 2010); as revoltas populares e o<br />

aumento nos saques e sequestros em 2008 (devido ao aumento <strong>da</strong><br />

miséria, causa<strong>da</strong> pela crise de alimentos e pelos furacões); e as<br />

manifestações violentas de 2010 causa<strong><strong>da</strong>s</strong> pelo surto de cólera (e a<br />

conseqüente insatisfação com a MINUSTAH) e pela demora do<br />

governo e <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de internacional em cumprir suas promessas<br />

de reconstrução do país. Todos esses episódios exigiram uma maior<br />

atenção por parte do comando militar <strong>da</strong> MINUSTAH, e eram<br />

geralmente atribuídos a dificul<strong>da</strong>des e a momentos particulares. De<br />

modo geral, os níveis de violência no Haiti se mantiveram bastante<br />

inferiores aos de grandes ci<strong>da</strong>des como São Paulo e Rio de Janeiro<br />

(KAWAGUTI, 2006).<br />

Desde o terremoto, a MINUSTAH completou 94 dos 99<br />

projetos comunitários de redução <strong>da</strong> violência, planejados justamente<br />

para evitar que as conseqüências <strong>da</strong> tragédia acirrassem os ânimos <strong>da</strong><br />

população de modo violento. Como parte desses projetos, foram<br />

empregados 34.157 jovens em situação de risco e 14.639 mulheres<br />

de comuni<strong>da</strong>des violentas, contribuindo assim para a saí<strong>da</strong> dessas<br />

pessoas de abrigos geralmente precários. Obviamente, esses esforços<br />

não têm sido suficientes, e atingem uma parcela mínima <strong>da</strong>

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