Lição inaugural 2010 CM - Universidade de Évora
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Introdução<br />
Parecerá paradoxal, para quem me esteja a ouvir, que<br />
alguém que se <strong>de</strong>dica ao ensino <strong>de</strong>stas áreas, como é o<br />
meu caso, diga que o tema que, originalmente, lhe serviu<br />
<strong>de</strong> inspiração para esta lição foi o <strong>de</strong> “como não falar <strong>de</strong><br />
Gestão e Economia”. Mas, naturalmente, nem tudo o que<br />
parece é.<br />
Tenho ouvido homens e mulheres da política, da cultura, <strong>de</strong><br />
todos os sectores, incluindo até gestores e economistas,<br />
usar expressões relacionadas com a Gestão e Economia,<br />
para transmitir a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que se trata apenas <strong>de</strong> uma<br />
visão, uma perspectiva ou uma abordagem limitada,<br />
incompleta, restrita, ressaltando inclusive nessas<br />
afirmações, por vezes, uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>preciativa e <strong>de</strong><br />
tacanhez da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formulação e <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong><br />
planos, políticas, propostas ou acções (conjunto <strong>de</strong><br />
respostas para a resolução <strong>de</strong> problemas sociais que<br />
passarei a <strong>de</strong>signar durante esta lição apenas por<br />
projectos), confundindo-a, geralmente, com questões<br />
exclusivamente financeiras ou <strong>de</strong> financiamento.<br />
A título <strong>de</strong> exemplo, refiro algumas ocorrências e os seus<br />
sujeitos. Mário Soares, numa entrevista recente sobre o<br />
futuro da Europa, referia-se aos “critérios economicistas”<br />
dos lí<strong>de</strong>res europeus. Na SIC, no dia 25/08, no Jornal das<br />
Nove, um escultor, Francisco Simões, divulgando uma<br />
exposição sua patente nos jardins do Casino do Estoril,<br />
queixava-se <strong>de</strong> uma “visão economicista”. Num programa<br />
da manhã, um dos colaboradores para assuntos criminais,<br />
no espaço habitual no pico das audiências, quase à hora<br />
<strong>de</strong> almoço, referia-se à não utilização da prisão preventiva<br />
e aplicação <strong>de</strong> outras medidas <strong>de</strong> coação, como a prisão<br />
domiciliária, termo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e residência, como<br />
“medidas economicistas” <strong>de</strong>stinadas fundamentalmente a<br />
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