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‘Dialogando com a História’ - Daniela Sbravati, Jéferson Dantas e Michel Silva<br />

P á g i n a | 5<br />

CONCEITO-CHAVE: paternalista- sobre as relações paternalistas, cabe ressaltar que<br />

são aquelas baseadas na autoridade do patriarca, dissimulada sob a forma de proteção.<br />

As alianças verticais estabelecidas neste período poderiam mesmo criar relações de<br />

dependência mútua entre senhores e seus escravos e ex-escravos. Era comum que mulheres<br />

solteiras e viúvas dependessem do trabalho de seus cativos, que precisavam demonstrar<br />

boa conduta e obediência para merecer por parte da senhora a tão sonhada liberdade.<br />

Sandra Graham, em seu livro “Caetana diz não” (2005), aponta uma situação como<br />

essa ao analisar o caso de Inácia Delfina Wernek, senhora de posição social do vale médio do<br />

rio Paraíba em meados do século XIX. Com recursos materiais consideráveis, optou por não<br />

se casar. Possuía propriedades, porém era analfabeta. Em testamento, Inácia deixa seus<br />

escravos como herdeiros, demonstrando que tinha uma relação mais próxima com eles.<br />

Situações como essa ocorriam com mais freqüência em se tratando de solteiras ou viúvas<br />

sem filhos. Nessa economia moral de troca de favores entre pessoas ligadas por relações<br />

quase sempre desiguais, os senhores libertavam seus escravos em troca dos bons serviços<br />

prestados, porém uma rede de obrigações desigualmente recíprocas regulava a concessão<br />

da liberdade. No caso de Inácia sua vontade não prevaleceu no final, pois libertou seus<br />

escravos, mas eles ficaram sem dinheiro e com dívidas. Talvez porque tinha pouco<br />

conhecimento de seus negócios, já que eram gerenciados por homens da família, ou ainda<br />

devido à esperteza de seu sobrinho que ficou encarregado de cuidar do testamento da<br />

falecida.<br />

O crescimento do número de libertos na segunda metade do século XIX, está<br />

diretamente relacionado a um período em que houve maior espaço de luta pela liberdade,<br />

através das cartas de alforria. Estas, negociadas entre senhores e escravos, tronaram-se uma<br />

forma de manter uma instituição que estava com seus dias contados por um lado e por<br />

outro possibilitava aos escravos vislumbrarem uma liberdade próxima. Esse período foi<br />

marcado por leis repletas de ambigüidades. Ao mesmo tempo em que ampliavam os<br />

espaços de busca da liberdade, estendiam as relações escravistas, criando alianças através<br />

da idéia de troca, concessão e obrigações morais recíprocas.

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