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‘Dialogando com a História’ - Daniela Sbravati, Jéferson Dantas e Michel Silva<br />

P á g i n a | 4<br />

pregava no seu artigo 1º que “os filhos da mulher escrava que nascerem no Império desde a<br />

data desta lei serão considerados de condição livre”. Este artigo vinha acrescido de um<br />

parágrafo que declarava: “os ditos filhos menores, ficarão em poder e sob autoridade dos<br />

senhores de suas mães, os quais terão obrigação de criá-los e tratá-los até idade de oito anos<br />

completos”. A lei, que deixava aos proprietários das mães cativas instrumentos legais para<br />

continuar explorando a mão de obra desses menores, configurou-se, entretanto, em um<br />

passo decisivo em direção a abolição.<br />

VOCÊ SABIA? A Lei dos Sexagenários, também conhecida como Lei Sararaiva-Cotegipe, foi<br />

promulgada em 28 de setembro de 1885 e concedia liberdade aos escravos com mais de 60<br />

anos. Beneficiou poucos escravos, pois a maioria não atingia esta idade e os que chegavam<br />

nessa faixa etária já não tinham mais condições de trabalho. Portanto, era uma lei<br />

vantajosa para os proprietários, pois podiam libertar os escravos pouco produtivos. Além<br />

disso a lei apresentava um artigo que determinava que o escravo, ao atingir os 60 anos,<br />

deveria trabalhar por mais 3 anos, de forma gratuita, para seu senhor (a).<br />

A discussão em torno do fim da escravidão não se deu somente por conjunturas<br />

políticas, mas sim pelas tensões existentes entre os cativos e seus senhores. Tensões essas<br />

que se configuravam muitas vezes em fugas, revoltas e assassinatos. A resistência em<br />

relação ao sistema escravocrata e os caminhos de autonomia encontrados pelos escravos,<br />

mesmo no interior das relações escravistas, vêm sendo tema de inúmeras pesquisas no<br />

Brasil, rebatendo a historiografia tradicional da escravidão que não percebia o cativo como<br />

sujeito.<br />

A luta pela alforria era uma importante forma de resistência e negociação. Entretanto<br />

dependia da vontade dos senhores, sendo também uma forma de controle social da<br />

escravidão. Os cativos sabiam que, além dos atos de rebeldia explícitos e fugas, suas<br />

esperanças de liberdade dependiam da relação que tinham com seu (sua) proprietário (a). A<br />

ideologia senhorial era convencer os escravos da troca: liberdade por fidelidade e<br />

obediência. Porém, as relações estabelecidas iam muito além da troca, pois a idéia de uma<br />

concessão por parte dos senhores tornava os escravos seus devedores e este era o elo, a<br />

aliança que os ligava. Mais importante do que manter a escravidão por aspectos jurídicos,<br />

talvez fosse manter uma aliança paternalista entre eles.

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