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‘Dialogando com a História’ - Daniela Sbravati, Jéferson Dantas e Michel Silva<br />
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guerra brasileiros, e consideradas importadoras de escravos”. (Ver Coleção das Leis do Império do<br />
Brasil (1852). “Lei Eusébio de Queiroz”, n° 581, de 4 de setembro de 1850, Tomo II, parte I, pp. 203-205. Rio de<br />
Janeiro: Typographia Nacional, 1852.)<br />
Após o fim do tráfico Atlântico de escravos, em 1850, alguns problemas surgiram para<br />
a economia brasileira. Não se poderia mais contar com a constante reposição de africanos e<br />
tornou-se necessário buscar alternativas para manter a mão de obra nas principais áreas de<br />
produção agrícola movidas com o braço escravo. O tráfico interno foi uma delas,<br />
intercambiando escravos entre as províncias. Essa situação promoveu a intensificação da<br />
atividade portuária em algumas regiões do país, ocasionando, em vários lugares, aceleração<br />
do processo de urbanização.<br />
As transformações em curso, entretanto, ampliavam as possibilidades de<br />
emancipação dos escravos, que souberam explorar os novos caminhos, abertos, sobretudo<br />
após a Lei Rio Branco, em 1871. Até então era no âmbito do privado que se davam as<br />
negociações entre senhores e cativos, a partir da criação de leis que versavam sobre a<br />
escravidão, o Estado passou a intervir diretamente nessas negociações. Novas arenas se<br />
constituíram em campo de batalha e os tribunais locais configuraram-se em recursos<br />
amplamente utilizados pelos escravos, que reconheceram na lei, brechas para buscar a<br />
liberdade.<br />
A discussão sobre o fim da escravidão foi lançada na década de 1860 e poucos<br />
discordavam que deveria ser abolida para que o país se tornasse “civilizado”. Entretanto<br />
havia conflito entre o princípio da liberdade e a defesa ao direito da propriedade privada.<br />
Discutir a liberdade de escravos significava interferir no pacto liberal de defesa da<br />
propriedade privada.<br />
Link com a Filosofia: você já ouviu falar sobre o conceito de liberalismo? Trata-se de<br />
uma teoria, muito colocada em prática atualmente, que defende a ideia de que o Estado não<br />
deve interferir na economia e na vida das pessoas. Portanto a defesa da propriedade privada<br />
é um dos princípios do liberalismo econômico, teoria baseada nas ideias de Adam Smith,<br />
filósofo e economista escocês do século XVIII.<br />
Portanto, um dos momentos decisivos do encaminhamento político da crise da<br />
escravidão foi a lei 2040, de 18 de setembro de 1871, chamada Lei do Ventre Livre. Ela