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História - Editora IBEP

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das sociedades humanas a partir de sua base material,<br />

das transformações nos modos de produção.<br />

A escola dos Annales<br />

Nas primeiras décadas do século XX, pensadores<br />

franceses como Marc Bloch, Lucien Febvre, Jacques le<br />

Goff e outros, reunidos em torno da chamada revista dos<br />

Annales, dialogando especialmente com o marxismo,<br />

propõem ampliar o conceito de <strong>História</strong>, utilizando-se de<br />

métodos revolucionários de investigação e reforçando a<br />

perspectiva de que o estudo do passado só pode se basear<br />

em questões colocadas pelo presente.<br />

Desse modo, imprimem novo rumo aos estudos da<br />

<strong>História</strong>, inaugurando a corrente hoje conhecida como<br />

Nova <strong>História</strong> ou <strong>História</strong> das Mentalidades, na qual os<br />

objetos de estudo histórico não são mais apenas os grandes<br />

sistemas políticos e econômicos, mas também:<br />

• a vida cotidiana;<br />

• o modo de um grupo social pensar e compreender o<br />

mundo;<br />

• o papel das personagens coletivas e anônimas na sociedade.<br />

De acordo com essa perspectiva, todos os aspectos da<br />

vida dos homens ao longo do tempo tornaram-se foco de<br />

interesse: a alimentação, o vestuário, a música, a morte,<br />

a beleza, a feiúra, o nascimento, a paixão. Os protagonistas<br />

da <strong>História</strong> não são apenas camponeses e operários<br />

em confronto com a burguesia e os grandes proprietários<br />

rurais, mas todos os segmentos sociais, os excluídos, os<br />

pobres, índios, mulheres, crianças, minorias étnicas e religiosas,<br />

homossexuais.<br />

Os historiadores, a partir daí, passaram a trabalhar<br />

com enorme diversidade de fontes históricas e dialogar<br />

com outras disciplinas: arte, psicanálise, medicina, fi losofi<br />

a, antropologia, sociologia, semiótica. O conceito de<br />

documento histórico amplia-se, pois tudo contém informação,<br />

tudo é fonte para o conhecimento do modo como<br />

a sociedade se organiza e o modo como as identidades<br />

são e foram construídas.<br />

Valorizam-se outras fontes que não apenas a escrita,<br />

tratando como documentos também as manifestações<br />

culturais de um povo, os relatos orais, os mitos, a memória,<br />

as obras de arte, as pistas que conduzem o investigador<br />

histórico a estudar o cotidiano das pessoas comuns.<br />

O conceito de mudança torna-se tão importante quanto<br />

o de permanência, tanto para a compreensão do passado<br />

como para o entendimento do presente e as projeções do<br />

futuro.<br />

O conceito de cidadania, nessa perspectiva, entrelaça-<br />

-se com fi rmeza ao de sujeito histórico. A Nova <strong>História</strong><br />

HISTÓRIA<br />

fortalece, então, a compreensão de que o sujeito histórico<br />

somos todos nós, hoje, agora, pessoas capazes de<br />

atuar na ampliação do espaço da cidadania e dos valores<br />

democráticos. Todos somos sujeitos históricos, todos somos<br />

cidadãos.<br />

O aluno no centro de um novo modo de<br />

ensinar <strong>História</strong><br />

Nas escolas, a partir da Nova <strong>História</strong>, além da ampliação<br />

do foco histórico, a grande transformação ocorre<br />

quando se passa a pensar no aluno não mais como receptor<br />

de narrativas, que ele deve passivamente incorporar,<br />

mas como o principal agente da própria transformação,<br />

o protagonista e o construtor de saberes, o sujeito histórico,<br />

enfi m.<br />

Nesta coleção, o foco é no aluno<br />

Pensar o aluno como sujeito histórico, como agente<br />

das próprias transformações, é o pressuposto que orienta<br />

esta coleção. Entendemos que o trabalho em sala de aula<br />

é o trabalho de construção de uma consciência histórica,<br />

pelo fortalecimento de competências como refl exão e<br />

crítica, por meio de práticas e atividades com enfoque na<br />

ampliação do espaço da cidadania.<br />

Entendemos igualmente que, com base na realidade<br />

do aluno, no seu entorno sociocultural, devemos sempre<br />

desenvolver o trabalho pedagógico, para que ele, usando<br />

seus saberes prévios, consiga enriquecer, conservar ou<br />

modifi car sua vivência e atuar em suas próprias transformações.<br />

Também nos fundamentamos na ideia de que, ao<br />

olharmos o passado, isso não acontece por mera curiosidade:<br />

procuramos respostas, explicações, lições ou<br />

justifi cativas para o presente. No entanto, esse olhar não<br />

é espontâneo, não é natural. Ele precisa ser ensinado,<br />

construído e praticado.<br />

Hoje, o ensino de <strong>História</strong> tem se preocupado com a<br />

carga de informações que crianças e jovens vêm recebendo<br />

da mídia, com os efeitos da globalização na identidade<br />

cultural e sobre o exercício da cidadania; com o<br />

culto ao presente e a desconsideração com o passado;<br />

com a sociedade de consumo; com a falta de perspectivas<br />

e as incertezas quanto ao futuro. Na verdade, essas<br />

preocupações ultrapassam o âmbito da <strong>História</strong> e percorrem<br />

todos os setores da Educação.<br />

Educação histórica<br />

No artigo “A formação do professor de <strong>História</strong> e o<br />

cotidiano da sala de aula”, publicado no livro O saber<br />

histórico na sala de aula, a professora Maria Auxiliadora<br />

Schmidt escreveu:<br />

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