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História - Editora IBEP

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4<br />

MANUAL DO PROFESSOR<br />

PARTE GERAL<br />

1. Pressupostos teórico-metodológicos da coleção<br />

O conhecimento do passado da humanidade e da vida<br />

em sociedade é fundamental para a construção da identidade<br />

de alguém, do cidadão e de um grupo social. No fi lme<br />

Uma cidade sem passado (Alemanha, 1989. Direção:<br />

Michael Vernhoeven. 92 min.), a personagem central,<br />

uma estudante que vive em uma pequena cidade, declara<br />

de forma veemente: “Eu só quero saber quem sou, de<br />

onde vim e para onde vou!”. Parecia um pedido razoável,<br />

mas, ao longo do enredo, se mostrou dramático.<br />

A busca de nossas origens, quem somos e que rumo<br />

tomaremos no futuro são questões básicas que acompanham<br />

a humanidade. A <strong>História</strong> é uma forma de respondê-las.<br />

A <strong>História</strong> dá sentido ao passado, explica acontecimentos,<br />

comportamentos, o modo de vida e os valores,<br />

e permite compreender o funcionamento das sociedades<br />

e dos diversos grupos sociais ao longo do tempo.<br />

Em busca do passado na visão de hoje<br />

O passado não existe por si só; tudo o que sabemos<br />

sobre ele é fruto do trabalho de historiadores que, com<br />

base em registros e vestígios, reconstroem acontecimentos,<br />

modos de vida, a organização das sociedades. O historiador<br />

utiliza fontes ou documentos de diversos tipos<br />

para reconstruir os fatos históricos. Entretanto, o que faz<br />

que ele escolha esta e não outra fonte, a privilegiar determinados<br />

registros em detrimento de outros?<br />

É preciso lembrar que o trabalho do historiador parte<br />

das grandes questões do presente. O historiador é fruto<br />

de sua época e insere-se em determinada sociedade<br />

e em uma cultura específi ca, por isso, suas indagações<br />

carregam a marca de seu tempo. A pesquisa histórica do<br />

século XXI não é conduzida pelos mesmos parâmetros<br />

daquela que ocorreu em séculos anteriores, assim como a<br />

compreensão do que é <strong>História</strong>, hoje, em muito difere do<br />

que preconizaram os pensadores do século XIX.<br />

A <strong>História</strong> positivista<br />

A pesquisa e o ensino de <strong>História</strong> passaram por muitas<br />

mudanças desde que ela surgiu como disciplina, na metade<br />

do século XIX. A história dos acontecimentos políticos<br />

e das grandes personagens era prioridade na visão<br />

da corrente fi losófi ca do positivismo, em um período no<br />

qual se defendia a existência de uma “história universal”,<br />

rigorosamente fundamentada em documentos escritos e<br />

de autenticidade incontestável. Estudava-se o passado a<br />

partir do ponto de vista do poder, daí a narrativa em torno<br />

das instituições políticas e de seus governantes, reis,<br />

rainhas, ministros e demais autoridades, considerados os<br />

únicos sujeitos históricos, excluindo-se a ação dos outros<br />

agentes sociais. Essa perspectiva se traduzia em sala<br />

de aula, onde as narrativas limitavam-se a arrolar fatos<br />

políticos considerados importantes para a construção da<br />

nação e do ideário patriótico.<br />

Ao aluno cabia ouvir, aprender e memorizar “exemplos<br />

de patriotismo”, de forte conteúdo moral. Compreender<br />

o presente era principalmente compreender uma<br />

sociedade construída por “grandes homens”, muito distantes<br />

da realidade concreta da maioria anônima dos demais<br />

segmentos sociais.<br />

Com Marx e Engels, as classes sociais<br />

entram na <strong>História</strong><br />

Essa <strong>História</strong> de heróis e de extrema valoração de<br />

feitos grandiosos da pátria, protagonizados obviamente<br />

pelos detentores do poder, foi colocada em xeque pelos<br />

teóricos do materialismo dialético, Karl Marx e Friedrich<br />

Engels, ainda no século XIX. Marx e Engels pela<br />

primeira vez trouxeram à cena as classes sociais como<br />

protagonistas da <strong>História</strong>, e mostraram que a <strong>História</strong> é<br />

o resultado do permanente confl ito entre os produtores<br />

de riquezas (o proletariado, o campesinato) e os proprietários<br />

que se apoderam dessas riquezas (os capitalistas,<br />

donos do capital, das máquinas, da terra, os chamados<br />

meios de produção).<br />

Para o marxismo, a <strong>História</strong> se concretiza por um processo<br />

dialético, em que o novo surge da contradição entre<br />

velhas estruturas e novas maneiras de se produzir. Para<br />

esses autores, portanto, deve-se explicar as sociedades a<br />

partir de sua base econômica, material, de seu modo de<br />

produzir riquezas e pelas relações que os homens constroem<br />

para produzir essas riquezas. Os trabalhadores<br />

passam a ser vistos, assim, como sujeitos históricos, em<br />

confronto com a classe daqueles que detêm os meios de<br />

produção.<br />

A visão positivista e a visão marxista conviveram (e<br />

se confrontaram) durante muitas décadas (pelo menos<br />

até meados do século XX), traduzindo-se no ensino escolar<br />

em narrativas ora de cunho essencialmente descritivo<br />

de fatos políticos, ora em narrativas essencialmente<br />

socioeconômicas, que procuravam explicar as mudanças

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