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desafios e superações no ensino do teatro na ... - EMAC - UFG

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS<br />

ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS<br />

CURSO DE ARTES CÊNICAS<br />

VANESSA SIQUEIRA BRANQUINHO<br />

DESAFIOS E SUPERAÇÕES NO ENSINO DO TEATRO NA<br />

EDUCAÇÃO FORMAL EM GOIÂNIA.<br />

Goiânia<br />

2010


VANESSA SIQUEIRA BRANQUINHO<br />

DESAFIOS E SUPERAÇÕES NO ENSINO DO TEATRO NA<br />

EDUCAÇÃO FORMAL EM GOIÂNIA.<br />

Mo<strong>no</strong>grafia apresentada ao Curso de<br />

Artes Cênicas da Universidade Federal de<br />

Goiás, para obtenção <strong>do</strong> título de<br />

Licenciatura.<br />

Orienta<strong>do</strong>ra: Profa. Rosane Christi<strong>na</strong> de<br />

Oliveira.<br />

Goiânia<br />

2010


VANESSA SIQUEIRA BRANQUINHO<br />

DESAFIOS E SUPERAÇÕES DO ENSINO DO TEATRO NA<br />

EDUCAÇÃO FORMAL EM GOIÂNIA.<br />

Trabalho de Conclusão de Curso apresenta<strong>do</strong> como requisito parcial para<br />

obtenção <strong>do</strong> grau de licenciatura em Artes Cênicas, pela Escola de Música e Artes<br />

Cênicas da Universidade Federal de Goiás.<br />

BANCA EXAMINADORA<br />

Aprovada em 01 de dezembro de 2010<br />

___________________________________________________<br />

Profa. Rosane Christi<strong>na</strong> de Oliveira - <strong>EMAC</strong> <strong>UFG</strong><br />

Presidente da Banca (orienta<strong>do</strong>ra)<br />

___________________________________________________<br />

Profa. Dra. Urânia Auxilia<strong>do</strong>ra S. Maia de Oliveira – <strong>EMAC</strong> <strong>UFG</strong><br />

___________________________________________________<br />

Profa. Ms. Natássia Duarte Garcia Leite de Oliveira – <strong>EMAC</strong> <strong>UFG</strong>


A meu pai, Arman<strong>do</strong> Branquinho<br />

Barreto, amigo, incentiva<strong>do</strong>r, conselheiro,<br />

exemplo para mim, que sempre me<br />

estimula <strong>no</strong>s estu<strong>do</strong>s e torce pelo meu<br />

sucesso profissio<strong>na</strong>l.


AGRADECIMENTOS<br />

À professora e orienta<strong>do</strong>ra desta Mo<strong>no</strong>grafia, Rosane Christi<strong>na</strong> de Oliveira,<br />

pelas correções, acompanhamento, confiança, apoio e dedicação.<br />

À Profa. Ms. Simone Aparecida <strong>do</strong>s Passos e ao Prof. Kléber Alves Silva,<br />

professores de Teatro das respectivas escolas: Centro de Ensi<strong>no</strong> e Pesquisa<br />

Aplicada à Educação (CEPAE) e Colégio Estadual Waldemar Mundim, que<br />

contribuíram e colaboraram com a minha pesquisa.<br />

Ao meu colega Michel Mauch Rosa, por ter si<strong>do</strong> um grande companheiro <strong>no</strong><br />

estágio, com quem aprendi muito e, também, por ter li<strong>do</strong> o meu Projeto de Pesquisa<br />

com tanto carinho, fazen<strong>do</strong> correções inteligentes, que me ajudaram muito.<br />

À Profa. Dra. Urânia Auxilia<strong>do</strong>ra S. Maia de Oliveira, pela generosidade <strong>na</strong><br />

leitura <strong>do</strong> meu Projeto de Pesquisa e pelas orientações que <strong>no</strong>rtearam o foco <strong>do</strong><br />

meu trabalho.<br />

À Profa. Ms. Natássia Duarte Garcia Leite de Oliveira, pela amizade e por ter<br />

si<strong>do</strong> a professora que me ensi<strong>no</strong>u a ser uma Atriz e Pesquisa<strong>do</strong>ra mais madura e<br />

mais consciente, apontan<strong>do</strong> as minhas dificuldades, mas também, as capacidades e<br />

competências que possuo para superá-las e para ser uma grande profissio<strong>na</strong>l.<br />

À minha amiga Marilha Gabriella Siqueira Souza, por ter si<strong>do</strong> uma grande<br />

amiga, quase irmã, com quem aprendi a ser mais otimista e mais feliz, foi através<br />

dela, que me tornei uma pessoa melhor e passei a enxergar a vida de forma mais<br />

bela.<br />

Aos amigos e parentes que contribuíram com ricas reflexões e, também, com<br />

carinho e amor.


“O <strong>teatro</strong> não é feito para <strong>no</strong>s reconciliar<br />

com um mun<strong>do</strong> que vai mal, mas para<br />

reconciliar nós mesmos nesse mun<strong>do</strong> com<br />

aquilo que passamos <strong>no</strong>sso tempo a<br />

ig<strong>no</strong>rar solenemente: o instante, <strong>na</strong>quilo<br />

que ele tem de único e que não sabemos<br />

viver como tal; uma relação com objetos,<br />

sensações, com a plenitude das<br />

presenças, quer elas passem pela<br />

palavra, quer pelo silêncio.”<br />

Jacques Lassalle


RESUMO<br />

A presente pesquisa se propõe a fazer uma análise <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> educação<br />

formal em Goiânia <strong>no</strong>s meses de setembro e outubro de 2010, que apesar de sua<br />

legalização através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio<strong>na</strong>l – LDBEN<br />

(Lei nº 9.394/96), ainda possui deficiências estruturais e pedagógicas que dificultam<br />

o processo de ensi<strong>no</strong> e aprendizagem. O foco investigativo foi a prática <strong>do</strong>cente em<br />

<strong>teatro</strong>, que se depara com muitos <strong>desafios</strong> <strong>no</strong> contexto escolar e, para superá-los, o<br />

professor precisa utilizar-se de conhecimentos teórico-práticos, didáticos e<br />

pedagógicos, que o ajudarão a desenvolver habilidades meto<strong>do</strong>lógicas para o<br />

fortalecimento de sua prática pedagógica <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>. Tal abordagem foi<br />

espla<strong>na</strong>da em três capítulos. O primeiro trata das contribuições <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong><br />

formação e <strong>no</strong> desenvolvimento <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s da educação básica, fundamentadas <strong>no</strong><br />

posicio<strong>na</strong>mento de alguns autores pesquisa<strong>do</strong>res de <strong>teatro</strong> educação, que atestam a<br />

sua importância <strong>na</strong> matriz curricular escolar; e de acor<strong>do</strong> com algumas referências<br />

retiradas <strong>do</strong>s Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is - PCNs. O segun<strong>do</strong> capítulo aborda<br />

a necessidade e importância da formação acadêmica para o exercício da <strong>do</strong>cência<br />

em <strong>teatro</strong>, consideran<strong>do</strong> assim, a minha própria formação e experiência <strong>na</strong> discipli<strong>na</strong><br />

Estágio Supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong> de Licenciatura. O terceiro e último capítulo trata-se da<br />

pesquisa de campo realizada em duas escolas públicas de Goiânia: Centro de<br />

Ensi<strong>no</strong> e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE) e Colégio Estadual Waldemar<br />

Mundim. Neste contexto, apresentan<strong>do</strong> considerações sobre a prática <strong>do</strong>cente <strong>do</strong>s<br />

professores destas escolas observan<strong>do</strong> seus contextos e especificidades e de<br />

acor<strong>do</strong> com as condições <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> proporcio<strong>na</strong>das por cada uma delas,<br />

destacan<strong>do</strong> apontamentos levanta<strong>do</strong>s a partir de observações das estratégias de<br />

superação encontradas pelos professores de <strong>teatro</strong>.<br />

Palavras-chave: Ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>. Prática <strong>do</strong>cente. Desafios e <strong>superações</strong>.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

ABRACE Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Artes Cênicas<br />

BA Bahia<br />

CEART Centro de Artes<br />

CEPAE Centro de Ensi<strong>no</strong> e Pesquisa Aplicada à Educação<br />

<strong>EMAC</strong> Escola de Música e Artes Cênicas<br />

GO Goiás<br />

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio<strong>na</strong>l<br />

MG Mi<strong>na</strong>s Gerais<br />

MEC Ministério da Educação<br />

PCNs Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is<br />

PIPE Projeto Integra<strong>do</strong> de Prática Educativa<br />

SEF Secretaria de Educação Fundamental<br />

UDESC Universidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Santa Catari<strong>na</strong><br />

UFBA Universidade Federal da Bahia<br />

<strong>UFG</strong> Universidade Federal de Goiás<br />

UFU Universidade Federal de Uberlândia<br />

UNEB Universidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia<br />

USP Universidade de São Paulo


SUMÁRIO<br />

INTRODUÇÃO...........................................................................................................10<br />

CAPÍTULO 1 – O Teatro e suas contribuições <strong>na</strong> formação e desenvolvimento<br />

social <strong>do</strong> alu<strong>no</strong>.........................................................................................................14<br />

CAPÍTULO 2 – A formação acadêmica <strong>do</strong> professor de<br />

<strong>teatro</strong>..........................................................................................................................22<br />

2.1 – O curso de Artes Cênicas, modalidade Licenciatura, <strong>na</strong> UFU e <strong>na</strong> <strong>UFG</strong> e sua<br />

relação com a formação <strong>do</strong>cente...............................................................................24<br />

2.2 – O Estágio Supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong> de Licenciatura para a experiência <strong>do</strong>cente...........28<br />

CAPÍTULO 3 – O ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> em escolas públicas e a prática <strong>do</strong>cente: um<br />

estu<strong>do</strong> de caso.........................................................................................................31<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................36<br />

REFERÊNCIAS..........................................................................................................38<br />

ANEXOS....................................................................................................................41<br />

Anexo A: Memoran<strong>do</strong> e Ofício (para solicitação da pesquisa de campo).......42<br />

Anexo B: Questionários de entrevista com os professores de <strong>teatro</strong>..............44<br />

Anexo C: Matrizes Curriculares da UFU e da <strong>UFG</strong>, respectivamente.............50<br />

Anexo D: Ementas das discipli<strong>na</strong>s mencio<strong>na</strong>das <strong>no</strong> trabalho.........................53


INTRODUÇÃO<br />

Durante a minha trajetória <strong>no</strong> curso de Artes Cênicas, tanto <strong>na</strong> Universidade<br />

Federal de Uberlândia (UFU) como <strong>na</strong> Universidade Federal de Goiás (<strong>UFG</strong>) - digo<br />

isso, pois iniciei o curso em Uberlândia e depois transferi para Goiânia - me deparei<br />

com a forma que o <strong>teatro</strong> é coloca<strong>do</strong> em prática <strong>na</strong> matriz curricular das escolas<br />

públicas e, assim, pude perceber como ele vem se efetivan<strong>do</strong> e quais são as suas<br />

contribuições para a formação individual e social <strong>do</strong> alu<strong>no</strong>.<br />

A base para minha análise e reflexão se pauta <strong>na</strong> minha experiência como<br />

estudante de Artes Cênicas <strong>na</strong> UFU e <strong>na</strong> <strong>UFG</strong>, <strong>na</strong> minha prática <strong>no</strong>s Estágios<br />

Supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong>s de Licenciatura realiza<strong>do</strong>s em Uberlândia e em Goiânia e <strong>na</strong><br />

Pesquisa de Campo que realizei <strong>na</strong>s escolas Centro de Ensi<strong>no</strong> e Pesquisa Aplicada<br />

à Educação - CEPAE e Colégio Estadual Waldemar Mundim situadas <strong>na</strong> cidade de<br />

Goiânia - GO, observan<strong>do</strong> como o ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> vem sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> <strong>na</strong>s<br />

mesmas.<br />

As experiências que vivenciei, principalmente <strong>no</strong>s estágios curriculares<br />

obrigatórios, foram intrigantes e inquietantes pelo fato de ter identifica<strong>do</strong> algumas<br />

dificuldades para a realização <strong>do</strong> meu trabalho como estagiária-<strong>do</strong>cente, entre eles:<br />

falta de espaço físico apropria<strong>do</strong> <strong>na</strong>s escolas; ausência <strong>do</strong> auxílio da direção das<br />

escolas; certo preconceito por parte <strong>do</strong>s outros professores das escolas com relação<br />

ao campo <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>; e o fato de alguns alu<strong>no</strong>s se mostrarem resistentes durante as<br />

aulas. Percebo assim, que tu<strong>do</strong> isso dificulta a fluência <strong>do</strong> processo <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>teatro</strong> e concomitante a dificuldade da formação cultural pelo <strong>teatro</strong>, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se um<br />

desafio a prática <strong>do</strong>cente. Nesse senti<strong>do</strong>, o professor precisa encontrar estratégias e<br />

habilidades que o ajude a superar as dificuldades encontradas <strong>na</strong> escola.<br />

Se por um la<strong>do</strong> pude identificar os <strong>desafios</strong>, por outro, tive a oportunidade de<br />

compreender a importância <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> matriz curricular e, em<br />

consequência, fiquei surpresa e encantada com a possibilidade que o <strong>teatro</strong> possui<br />

de intervir positivamente <strong>na</strong> formação <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s estimulan<strong>do</strong> o processo de<br />

aprendizagem e desenvolvimento <strong>do</strong>s mesmos.


Este meu entusiasmo foi amadurecen<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> momento que tive contato<br />

com pesquisa<strong>do</strong>res de <strong>teatro</strong>-educação, tais como Ricar<strong>do</strong> Ottoni Vaz Japiassu 1 ,<br />

que afirma:<br />

O objetivo <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> das artes, para a concepção pedagógica essencialista,<br />

não é a formação de artistas, mas o <strong>do</strong>mínio, a fluência e a compreensão<br />

estética dessas complexas formas huma<strong>na</strong>s de expressão que movimentam<br />

processos afetivos, cognitivos e psicomotores (2001, p.24).<br />

O ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>no</strong> currículo escolar, igualmente, não visa especificamente<br />

a formação de atores, mas o desenvolvimento e apreensão da linguagem teatral tão<br />

importantes para trabalhar os processos afetivos, cognitivos e psicomotores cita<strong>do</strong>s<br />

por Japiassu. Ainda, pode-se levar em consideração a contribuição <strong>do</strong> autor <strong>na</strong>s<br />

questões da interação e da convivência em sociedade, porque geralmente, as<br />

atividades propostas pelo professor de <strong>teatro</strong>, em sua maioria, são muito voltadas<br />

para o trabalho em grupo e para temáticas relacio<strong>na</strong>das com a realidade de vida <strong>do</strong>s<br />

alu<strong>no</strong>s.<br />

O <strong>teatro</strong> pode contribuir <strong>na</strong> formação <strong>do</strong> sujeito, pois possui valores artísticos,<br />

sociais e emocio<strong>na</strong>is.<br />

O <strong>teatro</strong> enquadra-se <strong>na</strong> discipli<strong>na</strong> Arte, que de acor<strong>do</strong> com a proposta <strong>do</strong>s<br />

Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is 2 (PCNs), “tem uma função tão importante quanto<br />

a <strong>do</strong>s outros conhecimentos <strong>no</strong> processo de ensi<strong>no</strong> e aprendizagem. A área de Arte<br />

está relacio<strong>na</strong>da com as demais áreas e tem suas especificidades” (BRASIL, 1997b,<br />

p. 19). Os PCNs expressam o fato de a Arte ter a mesma importância <strong>na</strong> educação<br />

tanto quanto as outras áreas <strong>do</strong> conhecimento. Também expressa que a mesma<br />

pode auxiliar <strong>no</strong> processo de ensi<strong>no</strong> de outras discipli<strong>na</strong>s, fazen<strong>do</strong> intercâmbio com<br />

1 “Doutor em Educação e Psicologia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo<br />

(2003). Mestre em Artes Cênicas pela Escola de Comuicações e Artes da USP. Licencia<strong>do</strong> e<br />

Bacharel em Teatro pela Escola de Teatro da UFBA” (Texto informa<strong>do</strong> pelo autor) (Disponível em:<br />

. Acesso em: 10/10/2010).<br />

2 “Os Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is constituem um referencial de qualidade para a educação <strong>no</strong><br />

Ensi<strong>no</strong> Fundamental em to<strong>do</strong> o País. Sua função é orientar e garantir a coerência <strong>do</strong>s investimentos<br />

<strong>no</strong> sistema educacio<strong>na</strong>l, socializan<strong>do</strong> discussões, pesquisas e recomendações, subsidian<strong>do</strong> a<br />

participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais<br />

isola<strong>do</strong>s, com me<strong>no</strong>r contato com a produção pedagógica atual” (BRASIL, 1997a, p. 13).


os temas transversais 3 e, promoven<strong>do</strong> assim, a interdiscipli<strong>na</strong>ridade 4 . De fato, o<br />

<strong>teatro</strong> é uma linguagem artística possui<strong>do</strong>ra de grande valor artístico e educacio<strong>na</strong>l,<br />

que precisa ser reconheci<strong>do</strong> e valoriza<strong>do</strong> <strong>no</strong> âmbito escolar.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, reconheço <strong>no</strong> professor de <strong>teatro</strong> a mola propulsora para a<br />

valorização dessa linguagem artística e, sua prática deve ser responsável, orgânica<br />

e comprometida. Para a superação <strong>do</strong>s <strong>desafios</strong> impostos a esse profissio<strong>na</strong>l, ele<br />

deve ter conhecimento da sua área e consciência da importância da mesma <strong>no</strong><br />

contexto escolar. Acredito que para a superação das dificuldades pedagógicas, o<br />

<strong>do</strong>cente precisa ter familiaridade com as várias meto<strong>do</strong>logias <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> e<br />

aplicá-las de forma responsável como uma forma de incentivar a formação <strong>do</strong> alu<strong>no</strong>.<br />

Outro aspecto a ser considera<strong>do</strong> é o reconhecimento <strong>do</strong>s <strong>desafios</strong> a ele impostos e,<br />

assim, respalda<strong>do</strong> em uma formação acadêmica consistente, tentar superar essas<br />

dificuldades para que o seu trabalho se concretize e o ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> aconteça. O<br />

professor, portanto, tor<strong>na</strong>-se fundamental para o processo de desenvolvimento <strong>do</strong><br />

conhecimento teórico-prático <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> escola.<br />

Esta pesquisa, portanto, procura a<strong>na</strong>lisar os problemas estruturais<br />

encontra<strong>do</strong>s pelos professores de <strong>teatro</strong> das duas escolas públicas pesquisadas em<br />

Goiânia, com o intuito de investigar a situação <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> educação<br />

formal e de refletir a relação entre a formação <strong>do</strong>cente e sua prática pedagógica.<br />

Levan<strong>do</strong> assim, em consideração, a importância da formação acadêmica para a<br />

<strong>do</strong>cência em <strong>teatro</strong>, que nesse caso, usei como referência a minha própria formação<br />

<strong>na</strong> UFU e <strong>na</strong> <strong>UFG</strong>. Considerei necessário mencio<strong>na</strong>r as possíveis contribuições <strong>do</strong><br />

<strong>teatro</strong> para a educação e para a formação e desenvolvimento <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s, como uma<br />

forma de promover o seu reconhecimento, pois com isso, os <strong>desafios</strong> podem tor<strong>na</strong>r-<br />

se ame<strong>no</strong>s. A escola pode até perceber a importância <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> matriz<br />

curricular, mas <strong>na</strong> prática, ainda se verifica aspectos físicos e pedagógicos que<br />

dificultam o processo de ensi<strong>no</strong> e aprendizagem <strong>do</strong> mesmo, os quais serão<br />

explora<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong> trabalho.<br />

3<br />

Os temas transversais apresenta<strong>do</strong>s pelo PCN (1997a) são: Ética; Pluralidade Cultural; Meio<br />

Ambiente; Saúde; e Orientação Sexual.<br />

4<br />

“A interdiscipli<strong>na</strong>ridade caracteriza-se pela colaboração entre as discipli<strong>na</strong>s diversas de uma<br />

determi<strong>na</strong>da ciência enriquecida <strong>na</strong>s trocas provenientes da reciprocidade. É o ponto de encontro<br />

ante os movimentos de re<strong>no</strong>vação <strong>do</strong>s problemas de ensi<strong>no</strong> e pesquisa e o avanço <strong>do</strong> conhecimento<br />

científico. Critica duramente a educação fragmentada (“migalhas”) como forma de romper com o<br />

“encasulamento <strong>do</strong> universo” e incorporá-la a vida” (Disponível em:<br />

. Acesso em: 10/10/2010).


O primeiro capítulo trata das contribuições <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> formação e <strong>no</strong><br />

desenvolvimento <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s da educação básica, fundamentadas <strong>no</strong><br />

posicio<strong>na</strong>mento de alguns autores pesquisa<strong>do</strong>res de <strong>teatro</strong> educação, que atestam a<br />

sua importância <strong>na</strong> matriz curricular escolar; e de acor<strong>do</strong> com algumas referências<br />

retiradas <strong>do</strong>s Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is - PCNs. O segun<strong>do</strong> capítulo aborda<br />

a necessidade e importância da formação acadêmica para o exercício da <strong>do</strong>cência<br />

em <strong>teatro</strong>, consideran<strong>do</strong> assim, a minha própria formação e experiência <strong>na</strong> discipli<strong>na</strong><br />

Estágio Supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong> de Licenciatura. O terceiro e último capítulo trata-se da<br />

pesquisa de campo realizada em duas escolas públicas de Goiânia: Centro de<br />

Ensi<strong>no</strong> e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE) e Colégio Estadual Waldemar<br />

Mundim.


Capítulo 1 - TEATRO E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO E<br />

DESENVOLVIMENTO SOCIAL DO ALUNO.<br />

O <strong>teatro</strong> como discipli<strong>na</strong> é recente <strong>na</strong> educação escolar e ganhou força e<br />

relevância através das transformações educacio<strong>na</strong>is <strong>do</strong> século XX, como podemos<br />

observar <strong>no</strong> PCN de arte,<br />

As pesquisas desenvolvidas a partir <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século em vários campos<br />

das ciências huma<strong>na</strong>s trouxeram da<strong>do</strong>s importantes sobre o<br />

desenvolvimento da criança, sobre o processo cria<strong>do</strong>r, sobre a arte de<br />

outras culturas. Na confluência da antropologia, da filosofia, da psicologia,<br />

da psicanálise, da crítica de arte, da psicopedagogia e das tendências<br />

estéticas da modernidade surgiram autores que formularam os princípios<br />

i<strong>no</strong>va<strong>do</strong>res para o ensi<strong>no</strong> de artes plásticas, música, <strong>teatro</strong> e dança. Tais<br />

princípios reconheciam a arte da criança como manifestação espontânea e<br />

auto-expressiva: valorizavam a livre expressão e a sensibilização para a<br />

experimentação artística como orientações que visavam o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> potencial cria<strong>do</strong>r, ou seja, eram propostas centradas <strong>na</strong> questão <strong>do</strong><br />

desenvolvimento <strong>do</strong> alu<strong>no</strong> (BRASIL, 1997b, p. 21-22).<br />

Desse mo<strong>do</strong>, <strong>no</strong>ta-se que o conhecimento por meio da arte foi impulsio<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

pela ascensão das áreas que estudavam o desenvolvimento e a aprendizagem<br />

huma<strong>na</strong> e que reconheceram o valor da arte como propulsor desses seguimentos.<br />

De acor<strong>do</strong> com Japiassu (2001, p. 18), o movimento por uma Educação Ativa<br />

lidera<strong>do</strong> origi<strong>na</strong>lmente pelo professor <strong>do</strong>utor <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> John Dewey, da<br />

Columbia University, conheci<strong>do</strong> <strong>no</strong> Brasil como Escola Nova, repercutiu de forma<br />

decisiva <strong>no</strong> século XX. As ideias principais para esse movimento foram<br />

primeiramente defendidas pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau 5 : “a pedagogia<br />

origi<strong>na</strong>l de Rousseau enfatizava a atividade da criança <strong>no</strong> processo educativo e<br />

defendia a importância <strong>do</strong> jogo como fonte de aprendizagem” (apud, JAPIASSU,<br />

2001, p. 18). O que caracterizava o ensi<strong>no</strong>, em sua maioria das vezes, como<br />

5 “Jean-Jacques Rousseau (Genebra, 28 de Junho de 1712 — Erme<strong>no</strong>nville, 2 de Julho de 1778) foi<br />

um filósofo, escritor, teórico político e um compositor musical autodidata suíço. Uma das figuras<br />

marcantes <strong>do</strong> Iluminismo francês, Rousseau é também um precursor <strong>do</strong> romantismo” (Disponível em:<br />

. Acesso em: 10/12/2010).


transmissão de conteú<strong>do</strong>s ocorrente <strong>na</strong> educação tradicio<strong>na</strong>l passa a ser refleti<strong>do</strong> e,<br />

a atividade da criança <strong>no</strong> processo de ensi<strong>no</strong> e aprendizagem é reconhecida como<br />

primordial em sua formação e se tor<strong>na</strong>m fontes de observação para a constituição<br />

de estu<strong>do</strong>s e pesquisas acerca de meto<strong>do</strong>logias e práticas, como o caso <strong>do</strong> jogo.<br />

Jean Piaget 6 (1967), em sua Teoria Psicogenética, preocupa-se com a forma<br />

como acontece a construção <strong>do</strong> conhecimento. Ele <strong>no</strong>s reporta para a necessidade<br />

inerente à criança de representação mental (função simbólica: o faz-de-conta),<br />

principalmente <strong>na</strong> fase <strong>do</strong> desenvolvimento cognitivo de<strong>no</strong>mi<strong>na</strong><strong>do</strong> por ele de Pré –<br />

operatório 7 (de 2 a 7 a<strong>no</strong>s de idade), ele alega que nesse perío<strong>do</strong> a criança precisa<br />

da função simbólica para a compreensão, organização e assimilação das <strong>no</strong>vas<br />

informações <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> a sua volta, para assim, se adaptar a esse meio onde ela<br />

está inserida.<br />

Como observamos <strong>no</strong>s PCNs,<br />

O ato de dramatizar está potencialmente conti<strong>do</strong> em cada um, como uma<br />

necessidade de compreender e representar uma realidade. Ao observar<br />

uma criança em suas primeiras manifestações dramatizadas, o jogo<br />

simbólico, percebe-se a procura <strong>na</strong> organização de seu conhecimento <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> de forma integra<strong>do</strong>ra. A dramatização acompanha o<br />

desenvolvimento da criança como uma manifestação espontânea,<br />

assumin<strong>do</strong> feições e funções diversas, sem perder jamais o caráter de<br />

interação e de promoção de equilíbrio entre ela e o meio ambiente. Essa<br />

atividade evolui <strong>do</strong> jogo espontâneo para o jogo de regras, <strong>do</strong> individual<br />

para o coletivo (BRASIL, 1997b, p. 83).<br />

A criança, portanto, utiliza a dramatização como forma de organizar e<br />

compreender a realidade e, com o aperfeiçoamento provin<strong>do</strong> das interações,<br />

conquistas e convívio com o coletivo, ela vai se adaptan<strong>do</strong> às complexidades <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, desenvolven<strong>do</strong>-se de forma efetiva.<br />

6 “Sir Jean William Fritz Piaget (Neuchâtel, 9 de agosto de 1896 — Genebra, 16 de setembro de<br />

1980) foi um epistemólogo suíço, considera<strong>do</strong> o maior expoente <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

cognitivo” (Disponível em: . Acesso em: 02/09/2010).<br />

7 “A passagem <strong>do</strong> estágio sensório-motor para o pré-operatório é caracteriza<strong>do</strong> pela interiorização<br />

<strong>do</strong>s esquemas forma<strong>do</strong>s <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> anterior e pelo aparecimento da função simbólica, que se refere<br />

à capacidade de representar objetos e acontecimentos ausentes por meio de símbolos e sig<strong>no</strong>s<br />

diferencia<strong>do</strong>s. Essa capacidade é que diferencia, qualitativamente, a inteligência <strong>do</strong> homem da<br />

inteligência animal” (COUTINHO, 2004, p. 96).


Na escola, o jogo dramático 8 precisa ser estimula<strong>do</strong> com base <strong>na</strong>s instruções<br />

e questio<strong>na</strong>mentos <strong>do</strong> professor de <strong>teatro</strong>, que levará os alu<strong>no</strong>s à compreensão e ao<br />

respeito às regras <strong>do</strong> jogo e, consequente respeito pelo outro <strong>na</strong> relação de parceria<br />

numa atmosfera altamente social. O professor, nesse caso, precisa conhecer os<br />

estágios <strong>do</strong> desenvolvimento cognitivo 9 da criança, para assim, saber elaborar as<br />

meto<strong>do</strong>logias teatrais mais adequadas para cada faixa etária e como devem ser<br />

trabalhadas <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> de se alcançar objetivos específicos.<br />

De fato, pesquisas como a de Piaget, dentre outras, estimularam uma <strong>no</strong>va<br />

perspectiva educacio<strong>na</strong>l, que começa a conceber a arte como imprescindível para a<br />

formação da criança e, por extensão, o <strong>teatro</strong> começa a ganhar importância <strong>na</strong><br />

educação formal. De acor<strong>do</strong> com o PCN (BRASIL, 1997b, p. 20), “é importante<br />

salientar que tais orientações trouxeram uma contribuição inegável <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> da<br />

valorização da produção cria<strong>do</strong>ra da criança, o que não ocorria <strong>na</strong> escola<br />

tradicio<strong>na</strong>l”. Nesse senti<strong>do</strong>, o <strong>teatro</strong> começa a ser valoriza<strong>do</strong> e difundi<strong>do</strong> <strong>no</strong> âmbito<br />

escolar, pois é reconheci<strong>do</strong> como estimula<strong>do</strong>r <strong>do</strong> potencial cria<strong>do</strong>r da criança.<br />

Também verifiquei <strong>no</strong>s PCNs (BRASIL, 1997b, p. 84), outro movimento<br />

marcante e decisivo para o reconhecimento e valorização da arte, que foi o<br />

movimento de<strong>no</strong>mi<strong>na</strong><strong>do</strong> de Arte-Educação <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 80 <strong>do</strong> século XX. Muito<br />

considerável para o ensi<strong>no</strong> das artes, pois os professores se mobilizaram para que<br />

houvesse a conscientização da sua importância dentro da escola, passan<strong>do</strong> assim,<br />

a exigir o direito a cursos de aprimoramento <strong>do</strong> conhecimento sobre a linguagem<br />

artística com a qual trabalhavam. A arte estava sen<strong>do</strong> revista, com a fi<strong>na</strong>lidade de<br />

promover a produção, a apreciação e a contextualização como forma de<br />

aprendiza<strong>do</strong> e formação <strong>do</strong> profissio<strong>na</strong>l e <strong>do</strong> estudante. Sen<strong>do</strong> assim, a efetivação<br />

da área <strong>na</strong> matriz curricular da educação formal, tor<strong>na</strong>-se de grande valia. Mas para<br />

tal valorização, é necessária a compreensão de suas dimensões artísticas, estéticas,<br />

8 “Em seu livro, que, <strong>na</strong> tradução para o português, recebeu o título de O Jogo Dramático Infantil (An<br />

Introduction to Child Drama), Peter Slade (1978) estabelece uma compreensão de jogo dramático<br />

como sen<strong>do</strong> não uma atividade propriamente artística, mas como um comportamento <strong>na</strong>tural <strong>do</strong>s<br />

seres huma<strong>no</strong>s. Slade se refere às brincadeiras próprias das crianças, que se valem da<br />

dramaticidade, presente em varia<strong>do</strong>s jogos infantis, para experimentar e apreender os diversos<br />

aspectos da vida social” (DESGRANGES, 2006, p. 92 – 93).<br />

9 “O modelo de desenvolvimento cognitivo de Piaget destaca quatro perío<strong>do</strong>s principais: o sensóriomotor<br />

(<strong>do</strong> <strong>na</strong>scimento até aproximadamente os 2 a<strong>no</strong>s de idade), o pré-operatório (<strong>do</strong>s 2 aos 7 a<strong>no</strong>s),<br />

o operatório concreto (<strong>do</strong>s 7 aos 11 a<strong>no</strong>s) e o operatório formal (<strong>do</strong>s 11 aos 15 a<strong>no</strong>s)” (FONTANA e<br />

CRUZ, 1997, p. 43).


históricas, sociais e culturais para que ela seja respeitada como área <strong>do</strong><br />

conhecimento de inegável importância para a formação <strong>do</strong> indivíduo.<br />

Teatro como uma das linguagens artísticas tem mostra<strong>do</strong> relevante<br />

importância como possível meio de comunicação e de expressão desde os tempos<br />

primórdios, isso por que ele proporcio<strong>na</strong> um espaço de liberdade, <strong>no</strong> qual podemos<br />

trocar experiências, conhecimentos e dialogar criticamente uns com os outros. Onde<br />

pode haver, também, produção coletiva através da colaboração, cooperação,<br />

solidariedade e criatividade de cada um.<br />

Assim como <strong>no</strong>s mostra Jusceli<strong>no</strong> Batista Ribeiro 10 , o <strong>teatro</strong> não pode ser<br />

pensa<strong>do</strong> como espaço para o exibicionismo, mas sim,<br />

como uma possibilidade de expressão <strong>do</strong> verdadeiro eu, que promove<br />

muitas descobertas, age como um fomenta<strong>do</strong>r da educação. Nessa<br />

perspectiva, o <strong>teatro</strong> se constitui em uma discipli<strong>na</strong> que dá contribuições<br />

bastante valiosas à educação, <strong>na</strong> medida em que ele possibilita não só as<br />

crianças pensarem de forma criativa e independente, aguçan<strong>do</strong> a<br />

imagi<strong>na</strong>ção e a iniciativa; despertan<strong>do</strong> a prática da cooperação social, algo<br />

que está cada vez mais desaparecen<strong>do</strong>, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se rara; o<br />

desenvolvimento da sensibilidade para relacio<strong>na</strong>mentos pessoais, um ponto<br />

importantíssimo se levarmos em conta que a <strong>no</strong>ssa sociedade tem<br />

promovi<strong>do</strong> o distanciamento das pessoas. Além disso, o <strong>teatro</strong> proporcio<strong>na</strong><br />

também experiências de pensamento independente. Os jogos teatrais,<br />

certamente, dão essas possibilidades (2004, p. 71).<br />

No âmbito educacio<strong>na</strong>l, portanto, a troca de experiências proporcio<strong>na</strong>da pela<br />

prática teatral pode estimular o respeito mútuo entre os alu<strong>no</strong>s. Na experimentação<br />

teatral a sensibilidade e a entrega são elementos importantes para haver o<br />

compartilhamento, o diálogo, a negociação, a tolerância e, principalmente, a<br />

convivência, tão válidas e importantes para <strong>no</strong>ssa vida em sociedade. A escola, sem<br />

dúvida, é um meio muito importante para a formação social <strong>do</strong> sujeito, espaço<br />

fundamental para as diversas possibilidades de aprendiza<strong>do</strong>, de tomada de<br />

consciência e onde as transformações podem acontecer. Nesse senti<strong>do</strong>, o <strong>teatro</strong><br />

proporcio<strong>na</strong> valiosas contribuições ajudan<strong>do</strong> a promover essa socialização <strong>do</strong><br />

indivíduo, por que a partir das práticas teatrais trabalha-se o coletivo de forma a<br />

10 Mestre em História pela UFU, <strong>na</strong> linha História e Cultura e ex-professor <strong>do</strong> curso de Artes Cênicas<br />

da UFU.


alcançar um objetivo comum. O egoísmo e o egocentrismo, por consequência,<br />

podem ser substituí<strong>do</strong>s pela união e trabalho em equipe.<br />

O sistema capitalista 11 tem influencia<strong>do</strong> bastante <strong>na</strong>s atitudes huma<strong>na</strong>s<br />

tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-as materialistas e egocêntricas. Segun<strong>do</strong> Karl Marx 12 (apud, BOTOMORE,<br />

2001), a estrutura econômica da sociedade (a base ou infra-estrutura) condicio<strong>na</strong> a<br />

existência e as formas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e da consciência social (a superestrutura). Nesse<br />

contexto, tu<strong>do</strong> gira em tor<strong>no</strong> <strong>do</strong> lucro e <strong>do</strong> poder e, em consequência, o homem de<br />

maneira geral, tem se preocupa<strong>do</strong> me<strong>no</strong>s com o outro e com o bem comum,<br />

geran<strong>do</strong> assim, a competitividade e o desrespeito ao próximo.<br />

Ildeu Moreira Coêlho 13 <strong>no</strong>s remete às práticas individualistas pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntes<br />

<strong>na</strong> atualidade e <strong>no</strong>s leva a refletir sobre a possível humanização <strong>do</strong>s indivíduos:<br />

O individualismo característico de <strong>no</strong>ssa cultura, é claro, dificulta a<br />

compreensão de que somente é possível se fazer verdadeiramente<br />

huma<strong>no</strong>, ser racio<strong>na</strong>l, autô<strong>no</strong>mo e livre à medida que se trabalhe para a<br />

humanização de to<strong>do</strong>s os huma<strong>no</strong>s, independentemente das<br />

particularidades de raça, <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lidade, idade, situação sócio-econômica,<br />

ideologia e crença. Educar é trabalhar para que a cultura, a razão, o<br />

pensamento, a auto<strong>no</strong>mia, a liberdade, a democracia e a solidariedade se<br />

tornem valores fundamentais para educan<strong>do</strong>s e educa<strong>do</strong>res, estudantes e<br />

<strong>do</strong>centes, enfim, para que os atuais huma<strong>no</strong>s e as gerações futuras<br />

participem efetivamente da invenção de uma <strong>no</strong>va humanidade, de uma<br />

<strong>no</strong>va sociedade, de uma <strong>no</strong>va cultura, de um <strong>no</strong>vo homem. Caminhar nesse<br />

senti<strong>do</strong> deve ser, então, um valor fundamental e primeiro de <strong>no</strong>ssa<br />

existência, o que colide frontalmente com o culto <strong>do</strong> indivíduo, <strong>do</strong>s bens<br />

materiais, <strong>do</strong> imediato, <strong>do</strong> prazer, <strong>do</strong> poder, da fama (2003, p. 10).<br />

Percebe-se, através das palavras de Coelho, a sua preocupação com a<br />

individualidade que vem assolan<strong>do</strong> os princípios de socialização, de solidariedade e<br />

de cooperação entre os indivíduos, portanto, <strong>na</strong> educação e, principalmente, <strong>no</strong><br />

11 “O capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de<br />

propriedade privada e com fins lucrativos; decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e<br />

investimentos não são feitos pelo gover<strong>no</strong>, os lucros são distribuí<strong>do</strong>s para os proprietários que<br />

investem em empresas e os salários são pagos aos trabalha<strong>do</strong>res pelas empresas” (Disponível em:<br />

. Acesso em: 10/12/2010).<br />

12 “Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um<br />

intelectual e revolucionário alemão, funda<strong>do</strong>r da <strong>do</strong>utri<strong>na</strong> comunista moder<strong>na</strong>, que atuou como<br />

eco<strong>no</strong>mista, filósofo, historia<strong>do</strong>r, teórico político e jor<strong>na</strong>lista” (Disponível em:<br />

. Acesso em: 13/11/2010).<br />

13 Professor da Faculdade de Educação da <strong>UFG</strong>.


ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>, deve haver o estímulo para que transformações aconteçam<br />

pensan<strong>do</strong>-se em uma sociedade mais humanizada.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, a prática teatral pode estimular trabalhos grupais em uma<br />

criação cênica, onde os integrantes <strong>do</strong> grupo são leva<strong>do</strong>s a perceber que não há<br />

como alcançar um objetivo comum, se não houver a solidariedade e a colaboração<br />

e, com isso, esse indivíduo passa a ter consciência de que precisa <strong>do</strong> outro <strong>na</strong><br />

mesma medida em que outra precisa da colaboração desse indivíduo e que é<br />

importante que cada um realize a sua função, sempre se preocupan<strong>do</strong> com o<br />

objetivo que é <strong>do</strong> grupo. Isso pode fazê-lo refletir, que se porventura, apresentar<br />

atitudes individualistas e se comporta de maneira egoísta, provavelmente irá<br />

prejudicar o grupo e, também, a si mesmo.<br />

Esta conjuntura <strong>na</strong> qual estamos inseri<strong>do</strong>s de<strong>no</strong>ta a necessidade urgente de<br />

mudanças <strong>no</strong> comportamento huma<strong>no</strong> e <strong>na</strong> sociedade e, por este motivo, acredito<br />

que o <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> educação venha possibilitar a consciência social <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s através<br />

das análises e discussões provenientes das criações cênicas que podem tratar de<br />

temáticas sociais, estimulan<strong>do</strong> <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s, a reflexão, o senso crítico e a<br />

participação ativa <strong>na</strong> transformação deles mesmos e da realidade. Isso pode ser<br />

trabalha<strong>do</strong> pelo professor, pois <strong>na</strong> dramatização o alu<strong>no</strong> ence<strong>na</strong> e representa<br />

comportamentos e situações da vida real e, <strong>na</strong>s discussões ocorridas<br />

posteriormente, o professor pode propor que o alu<strong>no</strong> se distancie <strong>do</strong> que foi<br />

dramatiza<strong>do</strong>, para que assim, ele possa refletir criticamente sobre a temática<br />

trabalhada <strong>na</strong> ence<strong>na</strong>ção.<br />

O ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> tor<strong>na</strong>-se relevante <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> de trabalhar não somente as<br />

questões sociais acima apresentadas, mas também, pelo fato de proporcio<strong>na</strong>r uma<br />

aprendizagem significativa 14 por meio da vivência e da experimentação individual e<br />

coletiva possibilitadas pela criação cênica.<br />

A instituição escolar é uma das mais importantes, senão a principal<br />

responsável pelo desenvolvimento da aprendizagem, pela construção <strong>do</strong><br />

conhecimento e, conseqüente formação de um indivíduo mais humaniza<strong>do</strong>. Neste<br />

14 “A aprendizagem significativa processa-se quan<strong>do</strong> o material <strong>no</strong>vo, idéias e informações que<br />

apresentam uma estrutura lógica, interage com conceitos relevantes e inclusivos, claros e disponíveis<br />

<strong>na</strong> estrutura cognitiva, sen<strong>do</strong> por eles assimila<strong>do</strong>s, contribuin<strong>do</strong> para sua diferenciação, elaboração e<br />

estabilidade. Essa interação constitui, segun<strong>do</strong> Ausubel (1968, p. 37-39), uma experiência<br />

consciente, claramente articulada e precisamente diferenciada, que emerge quan<strong>do</strong> si<strong>na</strong>is, símbolos,<br />

conceitos e proposições potencialmente significativos são relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s à estrutura cognitiva e nela<br />

incorpora<strong>do</strong>s” (apud, MOREIRA, 1982, p. 4).


senti<strong>do</strong>, o <strong>teatro</strong> tem-se apresenta<strong>do</strong> como importante meio de desenvolvimento<br />

cognitivo e social <strong>no</strong> ambiente escolar, pois de acor<strong>do</strong> com Alonso de Oliveira<br />

Santos 15 , ele<br />

[...] promove oportunidades para que os a<strong>do</strong>lescentes e adultos conheçam,<br />

observem e confrontem diferentes culturas em diferentes momentos<br />

históricos, operan<strong>do</strong> com um mo<strong>do</strong> coletivo de produção de arte. Ao buscar<br />

soluções criativas e imagi<strong>na</strong>tivas <strong>na</strong> construção de ce<strong>na</strong>s, os alu<strong>no</strong>s afi<strong>na</strong>m<br />

a percepção sobre eles mesmos e sobre situações <strong>do</strong> cotidia<strong>no</strong> (2005, p. 9).<br />

Dessa forma, a vivência teatral ajuda a estabelecer um diálogo com a<br />

realidade de vida <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s e com a cultura, poden<strong>do</strong> proporcio<strong>na</strong>r contribuições <strong>na</strong><br />

interação com o mun<strong>do</strong> fora da escola, ou seja, os alu<strong>no</strong>s aprendem questões além<br />

da linguagem teatral.<br />

Quan<strong>do</strong> o alu<strong>no</strong>, em uma construção de ce<strong>na</strong>s precisa buscar soluções<br />

criativas e imagi<strong>na</strong>tivas, automaticamente a habilidade e a capacidade de solucio<strong>na</strong>r<br />

problemas estão sen<strong>do</strong> estimuladas. Na relação em equipe e <strong>no</strong> diálogo, eles vão<br />

aprenden<strong>do</strong> a serem mais críticos, reflexivos e participantes ativos, contribuin<strong>do</strong> de<br />

forma construtiva <strong>na</strong> transformação da sociedade.<br />

O professor como media<strong>do</strong>r direcio<strong>na</strong> o trabalho <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

desenvolvimento das habilidades práticas da linguagem teatral e <strong>do</strong> posicio<strong>na</strong>mento<br />

crítico. Ele promove o envolvimento <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong> processo criativo a partir <strong>do</strong>s<br />

seus estímulos e da sua instrução, levan<strong>do</strong>-os a focarem a atenção <strong>na</strong> resolução <strong>do</strong><br />

problema proposto <strong>na</strong> situação cênica a ser dramatizada. Segun<strong>do</strong> Beatriz Ângela<br />

Vieira Cabral 16 (2006), o alu<strong>no</strong> exercita <strong>no</strong>ções de espaço, de tempo e de ritmo,<br />

além de adquirir conhecimento histórico e cultural por meio da análise textual,<br />

compreende também, as atitudes e valores implícitos <strong>no</strong> comportamento <strong>do</strong>s<br />

perso<strong>na</strong>gens, dentre outros aspectos que podem ser verifica<strong>do</strong>s como valorosos<br />

para o desenvolvimento psicomotor e social <strong>do</strong> alu<strong>no</strong>.<br />

O ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> a partir da dramatização pode contribuir também <strong>na</strong><br />

questão da interdiscipli<strong>na</strong>ridade, pois diversos temas condizentes com as outras<br />

discipli<strong>na</strong>s da matriz curricular podem ser trabalha<strong>do</strong>s <strong>na</strong> ence<strong>na</strong>ção. Os<br />

professores podem elaborar projetos interdiscipli<strong>na</strong>res e atuarem em conjunto para<br />

15 Professor de <strong>teatro</strong> da Escola de Teatro Arte Viva, situada em Goiânia – GO.<br />

16 Professora <strong>do</strong> CEART/UDESC, orienta mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em Pedagogia <strong>do</strong> Teatro.


alcançar objetivos pedagógicos comuns. Trabalhan<strong>do</strong> simultaneamente as diversas<br />

linguagens artísticas com conteú<strong>do</strong>s diversifica<strong>do</strong>s.<br />

Este tipo de projeto ainda pode ser estendi<strong>do</strong> a outras discipli<strong>na</strong>s como:<br />

História, Literatura, dentre outras. Estas podem contribuir com a construção textual,<br />

com os temas a serem trabalha<strong>do</strong>s, com a pesquisa sócio-histórica e cultural <strong>do</strong>s<br />

perso<strong>na</strong>gens, enfim, uma série de elementos podem ser explora<strong>do</strong>s em equipe,<br />

mobilizan<strong>do</strong> uma boa parte da escola. O <strong>teatro</strong> visto nesta ótica pode ser um<br />

processo altamente social e pedagógico volta<strong>do</strong> ao desenvolvimento de pesquisas e<br />

<strong>do</strong> trabalho em grupo.<br />

O alu<strong>no</strong>, nessa construção conjunta a partir da vivência <strong>do</strong>s fatos<br />

experimenta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> dramatização, <strong>na</strong> pesquisa e <strong>na</strong> reflexão crítica, vai<br />

desenvolven<strong>do</strong> suas potencialidades corporais e intelectuais e, ao mesmo tempo,<br />

esse exercício pode remetê-lo ao contexto em que vive, despertan<strong>do</strong>-o à percepção<br />

das mazelas sociais, <strong>do</strong> convívio e comportamento huma<strong>no</strong> frente às necessidades<br />

da vida, amplian<strong>do</strong> sua compreensão e capacidade de abstração, bem como de<br />

concretude sobre questões materiais.<br />

Em suma, levan<strong>do</strong>-se em consideração a amplitude das contribuições que o<br />

ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> pode proporcio<strong>na</strong>r à formação e ao desenvolvimento <strong>do</strong> alu<strong>no</strong> em<br />

suas várias dimensões e, a necessidade de uma formação voltada às questões <strong>do</strong>s<br />

valores huma<strong>no</strong>s, considera-se muito importante sua efetivação <strong>na</strong> matriz curricular.<br />

Mas, o desafio reside em desenvolver um ensi<strong>no</strong> de maior qualidade mesmo com as<br />

condições precárias que algumas escolas oferecem, além <strong>do</strong>s diversos fatores que<br />

podem dificultar o processo de ensi<strong>no</strong> e aprendizagem <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>. Porém, as<br />

dificuldades enfrentadas pelo professor de <strong>teatro</strong> <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> formal e a forma como<br />

ele as supera, serão exploradas detalhadamente e aprofundadas <strong>no</strong>s capítulos<br />

posteriores, ten<strong>do</strong> por base as minhas experiências <strong>no</strong>s estágios curriculares<br />

obrigatórios e a pesquisa de campo realizada <strong>na</strong>s escolas CEPAE e Colégio<br />

Estadual Waldemar Mundim, situadas em Goiânia – GO.


Capítulo 2 – A FORMAÇÃO ACADÊMICA DO PROFESSOR DE TEATRO<br />

Com a legalização <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> de Arte <strong>no</strong> currículo escolar através da Lei nº<br />

9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio<strong>na</strong>l – LDBEN), passa a haver<br />

a necessidade da preparação e formação de professores em nível superior, para<br />

qualquer modalidade de arte: artes visuais, dança, música ou <strong>teatro</strong>. A pesquisa<br />

acadêmica <strong>na</strong> área de arte também passa por um crescimento <strong>no</strong>tável e, através<br />

das pesquisas, tanto teóricas quanto práticas, descobri as várias possibilidades <strong>do</strong><br />

ensi<strong>no</strong> em arte. O professor também precisa ter consciência da necessidade de uma<br />

formação continuada, que aprimore e atualize o seu conhecimento e <strong>do</strong>mínio<br />

pedagógico.<br />

O professor de <strong>teatro</strong> precisa criar as bases que irão lhe proporcio<strong>na</strong>r o apoio<br />

necessário para enfrentar as dificuldades e limitações. Observan<strong>do</strong> por essa<br />

perspectiva, uma formação acadêmica de qualidade ganha grande importância <strong>no</strong><br />

histórico e currículo deste. Sérgio Coelho Borges Farias 17 <strong>no</strong>s alerta que,<br />

as boas condições para o ensi<strong>no</strong>-aprendizagem de <strong>teatro</strong>, e de arte em<br />

geral, não vão ser simplesmente concedidas. Terão que ser conquistadas e<br />

o preparo teórico <strong>do</strong>s professores é fundamental para a argumentação, <strong>na</strong>s<br />

reuniões com os pares e perante os ocupantes de cargos diretivos (2008,<br />

p. 28).<br />

Com base <strong>na</strong> citação acima, percebe-se que as ações <strong>do</strong> professor <strong>na</strong> escola<br />

serão fundamentadas através de sua base teórica, ou seja, de seu conhecimento e<br />

<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s saberes teatrais volta<strong>do</strong>s para o contexto escolar. Sen<strong>do</strong> assim, ele terá<br />

argumentos para a conquista de condições mais adequadas para as aulas de <strong>teatro</strong>.<br />

O preparo teórico e prático é importante em sua prática <strong>na</strong> escola, pois além de<br />

ajudá-lo <strong>na</strong> conquista <strong>do</strong> respeito, ele terá mais facilidade para alcançar os objetivos<br />

por ele almeja<strong>do</strong>s. Faz-se necessário então, que o <strong>do</strong>cente conheça as implicações<br />

pedagógicas das meto<strong>do</strong>logias <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> a serem propostas em sala, para<br />

que elas sejam adequadas e coerentes com a faixa etária e com o contexto <strong>do</strong>s<br />

alu<strong>no</strong>s.<br />

17 Professor de <strong>teatro</strong> da Universidade Federal da Bahia – UFBA.


Outro aspecto em relação à <strong>do</strong>cência em <strong>teatro</strong> é a superação <strong>do</strong>s equívocos<br />

ocasio<strong>na</strong><strong>do</strong>s pela descaracterização sofrida pela arte <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> em que tu<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

arte era permiti<strong>do</strong> em <strong>no</strong>me da livre-expressão e, também, pela polivalência<br />

provocada pelo agrupamento das modalidades de arte <strong>na</strong> discipli<strong>na</strong> Educação<br />

Artística. O professor desta discipli<strong>na</strong> precisava ter <strong>do</strong>mínio de todas as linguagens<br />

artísticas, mas o que de fato acontecia, <strong>na</strong> maioria <strong>do</strong>s casos, era que ele ape<strong>na</strong>s<br />

aplicava desenhos, <strong>do</strong>braduras, entre outros e, em conseqüência, não havia<br />

aprofundamento. Tal descaso provoca um quadro de ig<strong>no</strong>rância em relação à arte,<br />

geran<strong>do</strong> certo preconceito por parte <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s, <strong>do</strong>s pais e da própria escola. O<br />

<strong>do</strong>cente, portanto, precisa além de preocupar-se com os aspectos pedagógicos,<br />

defender a importância e necessidade <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> se pautan<strong>do</strong> numa<br />

formação sólida que o ajudará em seus argumentos junto à instituição de ensi<strong>no</strong> em<br />

que trabalha.<br />

É intrigante o fato de ter que travar diversas discussões para defender a<br />

discipli<strong>na</strong> Teatro <strong>na</strong> matriz curricular, sen<strong>do</strong> que a mesma pode oferecer <strong>no</strong>táveis<br />

contribuições que podem auxiliar <strong>na</strong> formação <strong>do</strong> indivíduo em suas várias<br />

dimensões: cognitiva, psicomotora, afetiva e estética. O fato é que estas virtudes<br />

ainda não foram amplamente reconhecidas, e o professor sofre as conseqüências<br />

enquanto não ocorre a devida valorização da discipli<strong>na</strong>.<br />

Ao <strong>do</strong>cente, portanto, cabe a habilidade e o esforço para superar as<br />

dificuldades e, a sua contribuição, para que o <strong>teatro</strong> seja reconheci<strong>do</strong> <strong>no</strong> âmbito<br />

escolar como área <strong>do</strong> conhecimento tão necessária à formação huma<strong>na</strong>, quanto às<br />

demais discipli<strong>na</strong>s.<br />

O professor de <strong>teatro</strong>, como salienta Farias,<br />

necessariamente é pedagogo e é ence<strong>na</strong><strong>do</strong>r. Mais que os professores de<br />

outras matérias, ele precisa ser um pouco ator e precisa ter algo também de<br />

dramaturgo, para organizar os textos saí<strong>do</strong>s de improvisações e fazer<br />

adaptações. Diante <strong>do</strong>s dramas da ce<strong>na</strong> e da vida real que afloram em<br />

classe, chega a atuar como psicólogo, e não pode se descolar de sua<br />

condição de cidadão e ser político (2008, p. 28).


De fato, ele se tor<strong>na</strong> um artista-<strong>do</strong>cente bricoleur, <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> de reagrupar,<br />

reorde<strong>na</strong>r, readaptar e recriar estratégias de ação. De acor<strong>do</strong> com Narciso Telles 18<br />

(2008, p.17) “o conceito de bricolagem <strong>no</strong> campo teatral possibilita a<strong>na</strong>lisar tanto os<br />

elementos constituintes da ce<strong>na</strong> teatral, quanto às relações de ensi<strong>no</strong> <strong>na</strong> perspectiva<br />

de verificar esses processos como re-articulações de materiais já adquiri<strong>do</strong>s”, que<br />

nesse âmbito, pode ser considera<strong>do</strong> o conhecimento prévio <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s. Mas to<strong>do</strong><br />

esse processo de reconstrução ocorrerá com mais facilidade caso o professor tenha<br />

obti<strong>do</strong> uma boa formação acadêmica e continue se aprimoran<strong>do</strong> após a graduação.<br />

2.1 – O curso de Artes Cênicas, modalidade Licenciatura, <strong>na</strong> UFU e <strong>na</strong> <strong>UFG</strong> e<br />

sua relação com a formação <strong>do</strong>cente<br />

Na minha trajetória acadêmica fui privilegiada ao ter a oportunidade de usufruir,<br />

em ocasiões distintas, de duas experiências educacio<strong>na</strong>is voltadas para a formação<br />

<strong>do</strong>cente em <strong>teatro</strong>. Meu primeiro contato com essa área se deu <strong>na</strong> Universidade<br />

Federal de Uberlândia - UFU e, posteriormente, <strong>na</strong> Universidade Federal de Goiás -<br />

<strong>UFG</strong>, por este motivo, falarei das duas experiências, que com certeza, foram<br />

diferentes e, ao mesmo tempo, complementares.<br />

Durante este percurso <strong>na</strong>s duas universidades, cursei várias discipli<strong>na</strong>s<br />

fundamentais para compreender o ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong>s escolas, são elas: Teatro<br />

Educação; Psicologia da Educação I e II; Pedagogia <strong>do</strong> Teatro I e II; Jogo Teatral<br />

Aplica<strong>do</strong> à Educação; Projeto Integra<strong>do</strong> de Prática Educativa I, II, III, IV e V; Didática<br />

I, II e III; Estágio Supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong> de Licenciatura I, II, e III. Em cada uma destas<br />

discipli<strong>na</strong>s, pude conhecer e vivenciar diferentes aspectos e peculiaridades <strong>do</strong><br />

ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>.<br />

Em Teatro Educação, foi abordada a história <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>no</strong> Brasil e<br />

suas relações com as principais tendências da prática educacio<strong>na</strong>l. Em Psicologia<br />

da Educação estudamos Sigmund Freud, Burrhus Frederic Skinner, Jean Piaget e<br />

18 “Narciso Telles é ator, performer, professor <strong>do</strong> Curso de Teatro e <strong>do</strong> Programa de Pós-Graduação<br />

em Artes da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Pesquisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Núcleo de Criação e<br />

Pesquisa Teatral e membro <strong>do</strong> Coletivo Teatro da Margem. Dirigiu recente” (Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 13/11/2010).


Lev Vygotsky. Em Jogo Teatral Aplica<strong>do</strong> à Educação estudamos como o Jogo<br />

Teatral pode ser utiliza<strong>do</strong> <strong>na</strong> educação <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>, a partir da perspectiva de autores<br />

como: Flávio Desgranges; Zeca Ligiéro; Maria Lúcia de Souza Barros Pupo; An<strong>na</strong><br />

Flora Camargo; Amara Chagas; e Ingrid Koudela.<br />

Nos Projetos Integra<strong>do</strong>s de Prática Educativa adentrei pela primeira vez <strong>no</strong><br />

âmbito escolar com o intuito de colocar em prática um projeto de intervenção através<br />

<strong>do</strong> <strong>teatro</strong>. A pesquisa e estu<strong>do</strong> de campo foram realizadas <strong>na</strong> Escola Municipal<br />

Professor Milton de Magalhães Porto e <strong>na</strong> Escola Municipal Doutor Gladsen Guerra,<br />

situadas em Uberlândia – MG. Nos Estágios Supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong>s de Licenciatura pude<br />

observar e dar aulas de <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> Escola Municipal Professor Domingos Pimentel de<br />

Ulhôa em Uberlândia e <strong>na</strong>s escolas Colégio Estadual Dom Abel e Centro de Ensi<strong>no</strong><br />

e Pesquisa Aplicada à Educação, situadas em Goiânia - GO.<br />

Todas essas experiências foram importantes e necessárias para a minha<br />

formação como <strong>do</strong>cente em <strong>teatro</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> ingressei <strong>na</strong> UFU, <strong>no</strong> segun<strong>do</strong> semestre de 2005, o curso ainda se<br />

chamava Artes Cênicas e <strong>na</strong> época só tinha a modalidade Licenciatura. No a<strong>no</strong> de<br />

2006 houve a aprovação da reformulação <strong>do</strong> Projeto Político Pedagógico <strong>do</strong> curso,<br />

que passou a se chamar Teatro, mudan<strong>do</strong> a grade curricular e adicio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> a<br />

modalidade Bacharela<strong>do</strong>. Essa mudança foi importante para o curso, que assim,<br />

conquistou maior qualidade e, portanto, progrediu consideravelmente.<br />

Fui contemplada com a reformulação e, com isso, pude usufruir desta<br />

melhora e das <strong>no</strong>vas discipli<strong>na</strong>s teórico-práticas, principalmente <strong>na</strong> área da<br />

Licenciatura como, por exemplo, a inclusão curricular da discipli<strong>na</strong> Projeto Integra<strong>do</strong><br />

de Prática Educativa (PIPE). Este projeto é muito interessante, pois através dela, o<br />

discente tem seu primeiro contato com a escola logo <strong>no</strong> primeiro perío<strong>do</strong> da<br />

graduação e isso é muito enriquece<strong>do</strong>r para quem pretende ser professor de <strong>teatro</strong>,<br />

porque ele já vai conhecen<strong>do</strong> e interagin<strong>do</strong> com o espaço onde futuramente irá<br />

trabalhar. O projeto é direcio<strong>na</strong><strong>do</strong> para a prática educativa em escolas públicas,<br />

sen<strong>do</strong> assim, o graduan<strong>do</strong> vai conhecen<strong>do</strong> o cotidia<strong>no</strong>, as dificuldades, a infra-<br />

estrutura, entre outros aspectos destas escolas. Através desta experiência ele<br />

trabalha suas habilidades e capacidades para a carreira profissio<strong>na</strong>l como professor<br />

de <strong>teatro</strong>. A discipli<strong>na</strong> ocorre <strong>do</strong> primeiro ao quinto perío<strong>do</strong> <strong>na</strong> modalidade<br />

licenciatura.


Também foi adicio<strong>na</strong>da a discipli<strong>na</strong> Pedagogia <strong>do</strong> Teatro, a partir dela,<br />

compreendemos a trajetória <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> Educação Ocidental, estudei as diretrizes e<br />

os parâmetros curriculares e conhecemos as várias meto<strong>do</strong>logias <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> que<br />

podem ser utilizadas <strong>na</strong> sala de aula, como por exemplo: a Peça Didática e o Teatro<br />

Épico de Bertolt Brecht; o Teatro <strong>do</strong> Oprimi<strong>do</strong> de Augusto Boal; os Jogos de<br />

Improvisação; o Jogo Dramático <strong>na</strong> perspectiva de Peter Slade, de Jean Pierre<br />

Ryngaert, de Olga Reverbel e de Maria Lúcia de Souza Barros Pupo; os Jogos<br />

Teatrais de Viola Spolin; e o Drama como méto<strong>do</strong> de ensi<strong>no</strong>, traduzi<strong>do</strong> e trazi<strong>do</strong><br />

para o Brasil por Beatriz Ângela Vieira Cabral. São meto<strong>do</strong>logias que podem ser<br />

adaptadas e contextualizadas à realidade <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s e, além disso, pode-se<br />

trabalhar com temáticas que levem o alu<strong>no</strong> a desenvolver o senso crítico com<br />

relação a si mesmo e com relação a sua própria vivência em casa e <strong>na</strong> sociedade.<br />

Porém, não irei aprofundar nessas meto<strong>do</strong>logias por não ser o foco <strong>do</strong> meu trabalho,<br />

mas considero imprescindível o conhecimento das mesmas para a prática <strong>do</strong>cente e<br />

sócio educativa em <strong>teatro</strong>.<br />

As matrizes curriculares <strong>do</strong> curso de Teatro da UFU e da <strong>UFG</strong> podem ser<br />

verificadas <strong>no</strong>s anexos <strong>do</strong> presente trabalho, mas as discipli<strong>na</strong>s mais voltadas para<br />

a formação <strong>do</strong> professor de <strong>teatro</strong> da UFU são: PIPE I, II, III, IV e V; Pedagogia <strong>do</strong><br />

Teatro I e II; Jogo Teatral Aplica<strong>do</strong> à Educação; Didática; Psicologia da Educação;<br />

Política e Gestão da Educação; e Estágio Supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong> I, II, III e IV. E <strong>no</strong> curso de<br />

Licenciatura da <strong>UFG</strong> são: Fundamentos Filosóficos e Sócio-Históricos da Educação;<br />

Fundamentos de Arte Educação; Políticas Educacio<strong>na</strong>is; Linguagem Dramática <strong>na</strong><br />

Educação – Jogos Teatrais; Psicologia da Educação I e II; Didática <strong>do</strong> Teatro I, II e<br />

III; e Estágio Supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong> de Licenciatura I, II e III. As ementas destas discipli<strong>na</strong>s<br />

também estão anexadas neste trabalho para maior esclarecimento da proposta e<br />

<strong>do</strong>s objetivos de cada uma delas.<br />

Em relação ao curso de Artes Cênicas da <strong>UFG</strong> e, referin<strong>do</strong>-se à modalidade<br />

Licenciatura, encontrei <strong>no</strong> site da unidade referida, suas principais características e<br />

objetivos:<br />

O Curso de Artes Cênicas, <strong>na</strong> modalidade Licenciatura, tem como núcleo<br />

epistemológico a integração entre teoria e prática <strong>do</strong> fazer teatral e sua<br />

pedagogia específica. Neste senti<strong>do</strong>, o <strong>teatro</strong> é assumi<strong>do</strong>, em uma<br />

perspectiva de ensi<strong>no</strong>-aprendizagem, como forma de conhecimento e como<br />

prática produtiva e integrativa <strong>do</strong>s aspectos cognitivos e afetivos da


expressão huma<strong>na</strong>. Visa-se aqui a formação de um professor-artista capaz<br />

de <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>r a abordagem meto<strong>do</strong>lógica, os princípios estéticos, políticos e<br />

pedagógicos da arte que ensi<strong>na</strong>, assim como praticar e refletir sobre os<br />

procedimentos da elaboração <strong>do</strong> discurso cênico, permitin<strong>do</strong> a participação<br />

criativa e crítica <strong>do</strong>s seus alu<strong>no</strong>s (Disponível em:<br />

. Acesso em: 08/09/2010).<br />

Percebi assim, que há uma valorização por parte <strong>do</strong> curso de Artes Cênicas<br />

da <strong>UFG</strong> pela formação teórico-prática voltada para a <strong>do</strong>cência em <strong>teatro</strong>. Isso é<br />

imprescindível, pois o professor de <strong>teatro</strong> deve ter uma base teórica e prática sólidas<br />

para o ensi<strong>no</strong> e, além de professor, precisa ser também, um artista preocupa<strong>do</strong> com<br />

as questões político-sociais de seus alu<strong>no</strong>s, onde os saberes teatrais e os saberes<br />

pedagógicos e educacio<strong>na</strong>is se entrecruzam e se integram.<br />

Atualmente, a formação acadêmica <strong>na</strong> modalidade Licenciatura é obrigatória<br />

para a prática <strong>do</strong>cente <strong>na</strong> escola, para qualquer área <strong>do</strong> conhecimento, inclusive<br />

Arte (em todas as linguagens artísticas). E ao mesmo tempo em que ela é<br />

obrigatória, é também, necessária para uma prática <strong>do</strong>cente de qualidade. Conforme<br />

podemos observar <strong>na</strong> Lei nº 9.394/96 (LDBEN), Art. 62º:<br />

A formação de <strong>do</strong>centes para atuar <strong>na</strong> educação básica far-se-á em nível<br />

superior, em curso de licenciatura, de graduação ple<strong>na</strong>, em universidades e<br />

institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o<br />

exercício <strong>do</strong> magistério <strong>na</strong> educação infantil e <strong>na</strong>s quatro primeiras séries<br />

<strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> fundamental, a oferecida em nível médio, <strong>na</strong> modalidade Normal<br />

(Disponível em: . Acesso em:<br />

02/09/2010).<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, posso considerar então, a formação acadêmica como base<br />

para a <strong>do</strong>cência em <strong>teatro</strong>. Utilizan<strong>do</strong> como referência a minha experiência como<br />

discente, reconheço a real necessidade por parte <strong>do</strong> professor de um<br />

aprofundamento de seus estu<strong>do</strong>s através de pesquisas e projetos que venham a<br />

complementar sua formação. Este deve também, acompanhar as modificações que<br />

acontecem <strong>na</strong> educação e em sua própria área de conhecimento intercambian<strong>do</strong> os<br />

saberes e buscan<strong>do</strong> <strong>no</strong>vos conhecimentos.<br />

Em seguida, continuarei o estu<strong>do</strong> sobre a formação acadêmica, dialogan<strong>do</strong><br />

mais especificamente sobre a minha experiência <strong>no</strong>s estágios curriculares


obrigatórios e <strong>no</strong> quanto foram necessários para a minha formação como <strong>do</strong>cente<br />

em <strong>teatro</strong>.<br />

2.2 – O Estágio Supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong> de Licenciatura para a experiência <strong>do</strong>cente<br />

Essa pesquisa segue com o relato da minha experiência <strong>no</strong>s estágios<br />

curriculares obrigatórios e <strong>no</strong> quanto eles contribuíram para a minha formação. É<br />

nesta discipli<strong>na</strong> que o graduan<strong>do</strong> tem a oportunidade de experienciar, <strong>no</strong> âmbito<br />

escolar, como é ser professor, por meio da observação de aulas de <strong>teatro</strong>, da semi-<br />

regência e da regência. Utilizo a ementa da discipli<strong>na</strong> Estágio Supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong> de<br />

Licenciatura da <strong>UFG</strong>, para expor os propósitos da mesma:<br />

Vivência de processos de investigação e problematização da realidade de<br />

educação, a partir <strong>do</strong> campo de estágio e <strong>do</strong>s aportes teóricos da<br />

pedagogia, ten<strong>do</strong> em vista o desenvolvimento de conhecimentos,<br />

habilidades e compromisso inerente à profissão <strong>do</strong>cente. Desenvolvimento<br />

de projeto prático utilizan<strong>do</strong> os conhecimentos das técnicas e méto<strong>do</strong>s<br />

teatrais aprendi<strong>do</strong>s durante o curso, aplican<strong>do</strong>-os junto à Escolas de ensi<strong>no</strong><br />

formal e informal, de 1º, 2º e 3º graus. Os estágios terão sempre a<br />

orientação de um professor. O projeto deverá ser realiza<strong>do</strong> em grupo (<strong>no</strong><br />

mínimo <strong>do</strong>is alu<strong>no</strong>s) e aprova<strong>do</strong> pelo orienta<strong>do</strong>r que estabelecerá o contato<br />

com instituições de ensi<strong>no</strong>, oficial e/ou priva<strong>do</strong> que poderão abrigar o<br />

estágio. O estágio supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong> da licenciatura observa as seguintes<br />

ênfases: <strong>no</strong> conhecimento da organização <strong>do</strong> trabalho pedagógico<br />

desenvolvi<strong>do</strong> <strong>no</strong> campo de estágio; <strong>na</strong> coleta sistemática de da<strong>do</strong>s e<br />

elaboração <strong>do</strong> projeto de ensi<strong>no</strong>-aprendizagem; <strong>no</strong> desenvolvimento e<br />

avaliação <strong>do</strong> projeto de ensi<strong>no</strong> – aprendizagem; <strong>na</strong> sistematização, análise<br />

e apresentação de relatório <strong>do</strong> trabalho desenvolvi<strong>do</strong> (Disponível em:<br />

. Acesso em:<br />

08/09/2010).<br />

A colocação acima <strong>no</strong>s aponta a importância <strong>do</strong> estágio <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> de auxiliar<br />

o discente <strong>na</strong> organização e sistematização de seu conhecimento e de prepará-lo<br />

para a prática <strong>do</strong>cente, levan<strong>do</strong>-o a refletir sobre sua experiência em campo. Para<br />

mim, foi muito enriquece<strong>do</strong>r, pois pude colocar em prática tu<strong>do</strong> o que assimilei<br />

durante o curso e foi fundamental por resgatar referenciais teóricos da linguagem<br />

teatral que dialogavam com as questões <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>.


Ministrar aula, independente da área <strong>do</strong> conhecimento, é um ofício que exige<br />

dedicação e responsabilidade, principalmente quan<strong>do</strong> se trata de aula de <strong>teatro</strong>, que<br />

ainda se mostra desafia<strong>do</strong>ra para o professor, pelo fato das condições ainda não<br />

serem muito favoráveis. É por este motivo, que o contato com a escola durante a<br />

graduação se faz necessária, pois é ela que dará a oportunidade ao graduan<strong>do</strong> de<br />

conhecer e aprender a driblar as dificuldades encontradas <strong>no</strong> campo de atuação.<br />

Foi através <strong>do</strong> estágio que conheci a realidade <strong>do</strong> contexto escolar e da sala<br />

de aula. A minha experiência foi somente <strong>na</strong> rede pública de ensi<strong>no</strong> (municipal,<br />

estadual e federal), mas foi o suficiente para compreender como funcio<strong>na</strong> o cotidia<strong>no</strong><br />

de cada uma delas.<br />

Para que o ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> tenha qualidade é necessário pelo me<strong>no</strong>s as<br />

condições mínimas e básicas para as aulas, tanto estruturais quanto pedagógicas.<br />

Na minha experiência como estagiária tive contato com diferentes realidades:<br />

escolas em que a direção e os outros professores não se importavam com as aulas<br />

de <strong>teatro</strong>, enquanto outras apoiavam e valorizavam; em algumas escolas a aula de<br />

<strong>teatro</strong> era <strong>na</strong> própria sala de aula, pois não havia espaço adequa<strong>do</strong>, enquanto outras<br />

disponibilizavam o espaço apropria<strong>do</strong>; as aulas variavam a duração entre 50<br />

minutos por sema<strong>na</strong> em cada turma, e duas aulas de 45/50 minutos por sema<strong>na</strong>.<br />

Vale lembrar que quan<strong>do</strong> as aulas eram <strong>na</strong> própria sala, alguns minutos eram<br />

perdi<strong>do</strong>s <strong>na</strong> retirada das carteiras, além <strong>do</strong> tumulto provoca<strong>do</strong> pelo ato. As<br />

atividades teatrais exigem espaço amplo, areja<strong>do</strong> e sem objetos, daí a necessidade<br />

de um ambiente apropria<strong>do</strong> para que o alu<strong>no</strong> possa agir com liberdade em sua ação<br />

criativa.<br />

Percebi neste perío<strong>do</strong> que ainda há muita resistência por parte de alguns<br />

alu<strong>no</strong>s <strong>na</strong>s aulas de <strong>teatro</strong> e, também, a dificuldade de se exporem. Muitos deles<br />

somente faziam as atividades que o professor solicitava quan<strong>do</strong> era atribuída uma<br />

<strong>no</strong>ta.<br />

A postura perante aos alu<strong>no</strong>s variava de professor para professor e,<br />

consequentemente, o nível de afetividade e de respeito também. To<strong>do</strong>s planejavam<br />

as aulas, mas observei que os saberes teatrais (teóricos e práticos) eram frágeis em<br />

alguns professores, enquanto que outros demonstravam ter conhecimento sóli<strong>do</strong> e<br />

habilidades didático-pedagógicas consistentes e criativas.<br />

Pude perceber, portanto, a variação e o desequilíbrio entre as condições<br />

encontradas para o ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> e com relação à prática <strong>do</strong>s professores <strong>no</strong>


ensi<strong>no</strong> formal. O que <strong>no</strong>s leva a refletir, que em virtude da obrigatoriedade <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong><br />

das artes <strong>na</strong> matriz curricular, as escolas deveriam oferecer, ao me<strong>no</strong>s, as<br />

condições mínimas.<br />

O que achei interessante <strong>no</strong>s estágios foi principalmente a observação das<br />

aulas de <strong>teatro</strong>, pois <strong>na</strong> posição de observa<strong>do</strong>ra conseguia perceber as dificuldades<br />

enfrentadas pelos professores e quais eram as estratégias que eles utilizavam para<br />

superá-las, assim, aprendia por intermédio de uma pessoa mais experiente. Outro<br />

momento que considerei importante foi a experimentação <strong>do</strong>cente (semi-regência e<br />

regência), porque é através dela que tive a oportunidade de colocar em prática o<br />

conhecimento adquiri<strong>do</strong> <strong>na</strong> graduação, arriscan<strong>do</strong> e experimentan<strong>do</strong> as mais<br />

variadas formas de ensi<strong>na</strong>r e, ainda, a possibilidade <strong>do</strong> retor<strong>no</strong> crítico e orientações<br />

por parte <strong>do</strong> professor supervisor.<br />

Quan<strong>do</strong> comecei a praticar a regência, sempre planejava as aulas<br />

anteriormente e isso me ajudava muito. Utilizava os teóricos e alguns exercícios<br />

teatrais que aprendi durante a minha formação acadêmica. Nesse momento é que<br />

tive a percepção <strong>do</strong> que realmente havia assimila<strong>do</strong>, geralmente conseguia realizar<br />

as aulas da forma como planejava e, meus objetivos eram, em boa parte,<br />

contempla<strong>do</strong>s. Fiquei feliz por conseguir manter o controle das turmas e em ter<br />

conquista<strong>do</strong> o respeito e o carinho por parte <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s.<br />

No capítulo seguinte relato o estu<strong>do</strong> de caso realiza<strong>do</strong> em duas escolas<br />

públicas de Goiânia: CEPAE e Colégio Estadual Waldemar Mundim. A minha<br />

observação e avaliação foi com relação à prática <strong>do</strong>cente em <strong>teatro</strong>, levan<strong>do</strong> em<br />

consideração os <strong>desafios</strong> encontra<strong>do</strong>s <strong>no</strong> âmbito escolar e a maneira como estes<br />

foram supera<strong>do</strong>s.


Capítulo 3 – O ENSINO DO TEATRO EM ESCOLAS PÚBLICAS E A PRÁTICA<br />

DOCENTE: UM ESTUDO DE CASO<br />

Para este trabalho, percebi que além das minhas experiências durante a<br />

graduação e <strong>no</strong>s estágios, precisava voltar à escola <strong>no</strong>vamente, mas agora com um<br />

olhar de pesquisa<strong>do</strong>ra de <strong>teatro</strong>-educação, ou seja, um olhar mais maduro, mais<br />

crítico, mais perceptivo, que me fizesse compreender melhor a dinâmica <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong><br />

escola e, mais especificamente, <strong>na</strong> matriz curricular.<br />

Para a constatação <strong>do</strong>s fatos observa<strong>do</strong>s <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> estágio em relação<br />

aos <strong>desafios</strong> <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>, achei importante estender a pesquisa de campo<br />

<strong>na</strong>s escolas, mas pelo pouco tempo disponível, tive que escolher somente duas,<br />

entenden<strong>do</strong> que o ideal seria pesquisar outras instituições de ensi<strong>no</strong> público para se<br />

ter uma quantidade maior de referências, o que infelizmente não foi possível.<br />

Quan<strong>do</strong> decidi que iria fazer a pesquisa de campo, comecei a pensar em<br />

escolas onde poderia realizá-la, <strong>na</strong>s quais houvessem professores de <strong>teatro</strong>.<br />

Este momento de escolher as escolas foi muito difícil, digo isso, porque já <strong>na</strong><br />

primeira vez que falei com uma professora de uma escola estadual, ela logo recusou<br />

minha proposta de pesquisa com a justificativa de que a escola estava em reforma<br />

desde o início <strong>do</strong> a<strong>no</strong> e, que consequentemente, estava difícil dar aula pela falta de<br />

sala disponível, que inclusive, a sala de <strong>teatro</strong> estava reforman<strong>do</strong> e, por este motivo,<br />

a professora que me prestou tais informações preferiu não receber minha pesquisa.<br />

Percebi em sua fala, um descaso e, também, certa apatia com relação à situação de<br />

reforma <strong>na</strong> escola, sem iniciativa de tentar superar aquela dificuldade de alguma<br />

forma. Mencio<strong>no</strong> o fato, a fim de mostrar o quanto a situação <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> escola<br />

ainda se mostra bastante crítica e desafia<strong>do</strong>ra <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> da abertura e o incentivo à<br />

pesquisa.<br />

Na segunda tentativa, conversei um bom tempo com o professor, logo<br />

marcamos a minha primeira visita à escola e, ele, bastante receptivo, mostrou e<br />

explicou como era a situação e o cotidia<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong>quela escola, disse que<br />

gostava muito de dar aula lá, pois era respeita<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s. Nesse mesmo dia, tive o<br />

privilégio de assistir a uma de suas aulas e foi muito bom ver o entusiasmo <strong>do</strong>s<br />

alu<strong>no</strong>s. Estes fazen<strong>do</strong> as atividades que ele propunha com grande empolgação e a<br />

relação entre ele e os alu<strong>no</strong>s era muito respeitosa. Fiquei feliz por testemunhar uma


aula de <strong>teatro</strong> bem planejada em uma sala espaçosa, ventilada e ilumi<strong>na</strong>da. Mas,<br />

infelizmente, não foi possível continuar a pesquisa, porque o horário das aulas não<br />

era regulariza<strong>do</strong> e o professor que me recebera como pesquisa<strong>do</strong>ra saiu da escola.<br />

Na terceira tentativa, entrei em contato com a professora <strong>do</strong> CEPAE<br />

explican<strong>do</strong> o motivo da pesquisa, ela concor<strong>do</strong>u, porém alegou burocracias a serem<br />

cumpridas, meu Projeto de Pesquisa deveria ser a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong> pela Comissão de<br />

Pesquisa e pelo Comitê de Ética da escola, sen<strong>do</strong> assim, só poderia iniciá-la após a<br />

aprovação. Nesse caso, o problema não foi a burocracia, mas a demora, esperei um<br />

mês para ter a resposta de que o meu projeto havia si<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong> e que eu poderia<br />

realizar a pesquisa e, com certeza, isso foi muito prejudicial, pois perdi um mês de<br />

trabalho. Logo, pude observar somente quatro aulas com a duração de 90 minutos<br />

cada uma. Mas apesar de tu<strong>do</strong>, a pesquisa foi riquíssima e satisfatória, pois aprendi<br />

muito <strong>na</strong> observação das aulas.<br />

A professora que acompanhei nesta escola é formada em Artes Cênicas pela<br />

Universidade Federal de Uberlândia e mestre pelo Programa de Pós-graduação em<br />

Letras da mesma universidade. Percebi nela uma profissio<strong>na</strong>l esforçada e<br />

batalha<strong>do</strong>ra, que através <strong>do</strong>s seus estu<strong>do</strong>s e esforços, conquistou o seu lugar <strong>na</strong><br />

escola. A mesma alega ser tratada e respeitada como os demais professores.<br />

Depois de um a<strong>no</strong> como professora efetiva da escola, ela conseguiu conquistar um<br />

espaço adequa<strong>do</strong> para as aulas de <strong>teatro</strong>, uma sala grande, ventilada, ilumi<strong>na</strong>da,<br />

com a maioria <strong>do</strong>s equipamentos e materiais necessários para as aulas, como<br />

televisão, DVD, som, figuri<strong>no</strong>s, adereços, entre outros.<br />

Os alu<strong>no</strong>s a respeitam e participam da sua aula com grande entusiasmo e<br />

empolgação, fazem todas as atividades por ela propostas, principalmente as<br />

práticas. A turma possui 35 alu<strong>no</strong>s e, <strong>no</strong>rmalmente <strong>no</strong>s trabalhos práticos, ela divide<br />

em grupos, estabelece um tempo para eles ensaiarem e, posteriormente,<br />

apresentarem uns para os outros. Os alu<strong>no</strong>s que assistem, geralmente ficam em<br />

silêncio e respeitam os que estão apresentan<strong>do</strong>. Ao fi<strong>na</strong>l da aula ela forma um<br />

círculo e os alu<strong>no</strong>s fazem suas críticas e observações com relação à apresentação<br />

<strong>do</strong>s colegas. Ela também faz seus apontamentos ao mesmo tempo em que explica<br />

que a platéia precisa ficar em silêncio e atenta. Que o alu<strong>no</strong>-ator não precisa ficar<br />

envergonha<strong>do</strong>, encostan<strong>do</strong>-se <strong>na</strong> parede e/ou fican<strong>do</strong> de costas para a platéia,<br />

também deve projetar a voz, falar devagar e interpretar a perso<strong>na</strong>gem modifican<strong>do</strong> o<br />

corpo e as ento<strong>na</strong>ções da voz. Fiquei satisfeita em constatar que eles memorizavam


as falas <strong>do</strong> texto que ela levou como proposta para uma montagem de espetáculo. A<br />

relação dela com os alu<strong>no</strong>s era muito amigável, respeitosa e, o mais interessante, é<br />

que quan<strong>do</strong> ela resolvia fazer alguma modificação ou tomar alguma decisão, ela<br />

sempre consultava a opinião <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s.<br />

No dia 19 de outubro de 2010, os alu<strong>no</strong>s foram leva<strong>do</strong>s pela professora para<br />

assistirem o espetáculo “Os Três Mosqueteiros” da Cia Henrique Camargo 19 , <strong>no</strong><br />

Teatro Rio Vermelho – Centro de Convenções de Goiânia. Senti-me privilegiada em<br />

ter participa<strong>do</strong> deste momento, pois foi muito interessante to<strong>do</strong> o trabalho realiza<strong>do</strong><br />

pela professora antes e depois da ida ao <strong>teatro</strong>, de<strong>no</strong>mi<strong>na</strong>da por ela, de Aula de<br />

Campo. Na aula anterior, ela fez explicações sobre o palco italia<strong>no</strong> e falou para os<br />

alu<strong>no</strong>s observarem a atuação <strong>do</strong>s atores, os figuri<strong>no</strong>s, o cenário, a ilumi<strong>na</strong>ção, a<br />

so<strong>no</strong>plastia e tu<strong>do</strong> o que acontecesse durante o espetáculo. Na aula posterior,<br />

formamos um círculo e cada alu<strong>no</strong> fez as suas observações com relação ao<br />

espetáculo, a professora também fez seus apontamentos e eu também comentei<br />

sobre minhas observações, foi bastante interessante toda a discussão surgida após<br />

a apreciação realizada.<br />

Observei nessa experiência, que os <strong>desafios</strong> nessa escola são supera<strong>do</strong>s de<br />

forma gradativa, o empenho e dedicação da professora são fatores que auxiliam <strong>na</strong><br />

superação e desenvolvimento da escola em relação às especificidades <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>teatro</strong>. O apoio e respeito à área cresce <strong>na</strong> medida em que o professor vai<br />

conquistan<strong>do</strong> seu espaço e mostran<strong>do</strong> um bom empenho <strong>no</strong> seu trabalho.<br />

As meto<strong>do</strong>logias de ensi<strong>no</strong> aplicadas também favoreciam <strong>na</strong> interação <strong>do</strong>s<br />

alu<strong>no</strong>s <strong>na</strong>s aulas, evitan<strong>do</strong> dispersão, agitação, agressividade ou desinteresse, pois<br />

eles eram leva<strong>do</strong>s a manter o foco <strong>na</strong> atividade proposta e <strong>no</strong> objetivo a ser<br />

alcança<strong>do</strong>. Outro fator que considerei importante em minha análise foi o fato da<br />

professora se reportar aos alu<strong>no</strong>s para decisões conjuntas, o alu<strong>no</strong> assim, se sente<br />

valoriza<strong>do</strong> e, portanto, se compromete mais. Pela razão da escola oferecer um<br />

espaço adequa<strong>do</strong> para as aulas de <strong>teatro</strong>, não se perdia tempo com a retirada de<br />

carteiras e nem atrapalhava as aulas das outras turmas. Desse mo<strong>do</strong>, considero que<br />

19 “A Cia. Henrique Camargo tem sua sede em Goiânia – Goiás – e a sua frente os diretores José<br />

Carlos Vitale (Produtor) e Henrique Camargo (Coreógrafo e Diretor Artístico). A característica da Cia<br />

Henrique Camargo são trabalhos didáticos, bem adapta<strong>do</strong>s, educacio<strong>na</strong>is, frisan<strong>do</strong> estilo e época,<br />

ricos em figuri<strong>no</strong>s, cenários e coreografias, proporcio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> ao público um excelente entretenimento.<br />

Os espetáculos da Cia Henrique Camargo têm a característica registrada de produções para o “family<br />

entertainment” “ (Disponível em: . Acesso<br />

em: 10/12/2010).


essa escola em especial, não apresenta um quadro crítico em relação às condições<br />

de trabalho <strong>do</strong> professor.<br />

Em minha última tentativa, a outra escola pesquisada foi indicação de minha<br />

orienta<strong>do</strong>ra. O professor se mostrou bastante interessa<strong>do</strong> pelo meu trabalho e logo<br />

marcamos minha visita à escola, foi quan<strong>do</strong> conheci a sala de <strong>teatro</strong>, que é grande,<br />

limpa, ventilada e ilumi<strong>na</strong>da. Também conheci a sala de vídeo, onde acontecem<br />

algumas as aulas de <strong>teatro</strong>. Em um diálogo com o professor, ele explicou que<br />

mesmo sen<strong>do</strong> forma<strong>do</strong> em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Goiás, não<br />

conseguia ministrar aulas somente de <strong>teatro</strong>, exigência esta que não era da direção<br />

da escola e, sim, <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s, pois também solicitam aulas de artes visuais e de<br />

música. Para ele, ao mesmo tempo em que esta situação se mostra como um<br />

desafio é, contu<strong>do</strong>, uma oportunidade de aprendiza<strong>do</strong> e ampliação <strong>do</strong> conhecimento<br />

estético artístico, pois <strong>no</strong> planejamento das aulas ele estuda teorias e técnicas das<br />

artes visuais e da música para ensi<strong>na</strong>r os alu<strong>no</strong>s. Um exemplo que experienciei foi<br />

uma aula em que ele iniciou expla<strong>na</strong>n<strong>do</strong> sobre o que é Fotografia, explican<strong>do</strong> como<br />

foi seu surgimento e as evoluções que sofreu ao longo <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s através das<br />

mudanças tec<strong>no</strong>lógicas. O mais importante é que ele sempre fazia relações entre o<br />

que era ensi<strong>na</strong><strong>do</strong> com os conteú<strong>do</strong>s teatrais, estabelecen<strong>do</strong> uma ponte entre as<br />

linguagens artísticas. Mas, é importante refletir até que ponto este professor precisa<br />

se submeter a este tipo de situação. Acredito que ele não tem esta obrigação, além<br />

de ter a liberdade de aceitar ou não a solicitação feita pelos alu<strong>no</strong>s. A sua formação<br />

foi em Artes Cênicas, portanto, a sua prioridade é dar aulas de <strong>teatro</strong> e, se ele achar<br />

necessário, poderá estender o conteú<strong>do</strong> para outras modalidades artísticas.<br />

Como pude observar, há um planejamento prévio de suas aulas e, assim<br />

como a professora citada <strong>na</strong> experiência anterior, ele também estabelece uma<br />

relação respeitosa e amigável com os alu<strong>no</strong>s. Acompanhei e observei somente três<br />

aulas de 110 minutos cada uma, mas apesar <strong>do</strong> pouco tempo, foi suficiente para<br />

minha análise. O desafio apresenta<strong>do</strong> pelo professor em relação à cobrança da<br />

abordagem das outras linguagens artísticas, referente à ideia da polivalência <strong>no</strong><br />

ensi<strong>no</strong> das artes, é supera<strong>do</strong> pelo intercâmbio que o <strong>do</strong>cente consegue estabelecer,<br />

com base em um estu<strong>do</strong> diário das outras modalidades artísticas.<br />

O tempo desti<strong>na</strong><strong>do</strong> às aulas de <strong>teatro</strong> é peque<strong>no</strong> em relação às outras<br />

discipli<strong>na</strong>s da matriz curricular, que de acor<strong>do</strong> com meu entendimento, soa como<br />

certo preconceito, pois a discipli<strong>na</strong> Artes não é me<strong>no</strong>s importante que as outras. E, o


ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> é um processo que necessita de uma seqüência e aprofundamento,<br />

de contínua reflexão, pois o aprendiza<strong>do</strong> efetiva-se <strong>na</strong> prática e também <strong>na</strong> teoria.<br />

Assim, <strong>na</strong> atual conjuntura, teoria e prática são esmagadas em uma carga horária<br />

mínima, pouco representativa para uma abordagem qualitativa <strong>do</strong> trabalho artístico.<br />

Para o complemento de minha análise, considerei importante que os<br />

professores observa<strong>do</strong>s respondessem um questionário (instrumento de coleta de<br />

da<strong>do</strong>s). Os da<strong>do</strong>s da entrevista apontaram questões desafia<strong>do</strong>ras, como por<br />

exemplo: a não valorização da discipli<strong>na</strong>, pois não é considerada como essencial<br />

para o desenvolvimento huma<strong>no</strong>, mas como um instrumento para as apresentações<br />

das datas comemorativas. Em se tratan<strong>do</strong> da valorização <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> da arte, pode-se<br />

considerar que é uma conquista gradativa resultante <strong>do</strong> esforço e das atitudes de<br />

cada professor. Na época em que havia problemas com relação ao espaço e aos<br />

materiais, os professores os superavam <strong>no</strong> improviso e <strong>na</strong> re-construção simbólica,<br />

utilizan<strong>do</strong> espaços alter<strong>na</strong>tivos e materiais recicláveis os adaptan<strong>do</strong> ao trabalho de<br />

criação.<br />

Na pesquisa de campo tive a oportunidade de observar <strong>desafios</strong> semelhantes<br />

aos encontra<strong>do</strong>s em meu perío<strong>do</strong> de estágio. Ela me proporcio<strong>no</strong>u um significativo<br />

aprendiza<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> por base os estu<strong>do</strong>s teóricos, a observação, reflexão e análise<br />

geral da prática <strong>do</strong>cente.


CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A legalização <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>no</strong> Brasil ainda é muito recente. Tanto em<br />

minhas considerações, quanto <strong>na</strong>s considerações <strong>do</strong>s professores observa<strong>do</strong>s, foi<br />

constata<strong>do</strong> que ela fortaleceu bastante o ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> e o desenvolvimento da<br />

pesquisa nessa área, mas, as condições ainda são precárias e desafia<strong>do</strong>ras à<br />

prática <strong>do</strong>cente. Desse mo<strong>do</strong>, considero que a formação acadêmica <strong>do</strong> professor<br />

passa a ter relevante importância para que a prática pedagógica seja consistente,<br />

adequada, asseguran<strong>do</strong> competência e qualificação <strong>no</strong> desenvolvimento das ações<br />

educacio<strong>na</strong>is <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>. E inclusive, forçan<strong>do</strong> a criar espaços de trabalho <strong>na</strong>s<br />

escolas.<br />

A formação continuada, que se faz necessária para o aprimoramento <strong>do</strong>s<br />

conhecimentos específicos <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>, pode ocorrer por meio de cursos de<br />

especialização e pós-graduação, através de constantes leituras, estu<strong>do</strong>s, pesquisas<br />

e práticas autô<strong>no</strong>mas. Ela pode contribuir também <strong>no</strong> aperfeiçoan<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

conhecimento teórico-prático; e <strong>no</strong> desenvolvimento de habilidades pedagógicas e<br />

meto<strong>do</strong>lógicas, que sejam adequadas para alcançar os objetivos específicos da<br />

discipli<strong>na</strong>.<br />

O professor, nesse senti<strong>do</strong>, precisa sempre se atualizar em relação às<br />

mudanças que acontecem continuamente <strong>na</strong> sociedade, a fim de perceber a<br />

realidade que o cerca, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se um cidadão reflexivo, crítico e ativo <strong>na</strong><br />

transformação social e, ao mesmo tempo, estimular esta mesma postura <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s.<br />

A formação acadêmica de qualidade e a contínua qualificação <strong>do</strong>cente<br />

contribuem para a superação <strong>do</strong>s <strong>desafios</strong>, pois o conhecimento e sua contínua<br />

revisão, atualização e percepção crítica proporcio<strong>na</strong> a ampliação das capacidades<br />

<strong>do</strong> indivíduo de resolver problemas.<br />

Outro aspecto considera<strong>do</strong> importante para a superação <strong>do</strong>s <strong>desafios</strong><br />

pedagógicos é a auto-avaliação feita pelo professor, que é a reflexão crítica com<br />

relação a sua própria prática pedagógica. Como diz Paulo Freire 20 : “É pensan<strong>do</strong><br />

criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”<br />

20 “Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997) foi<br />

um educa<strong>do</strong>r e filósofo brasileiro” (Disponível em: . Acesso<br />

em: 11/11/2010).


(1996, p. 39). Na auto-avaliação, portanto, o <strong>do</strong>cente a<strong>na</strong>lisa o que pode ser<br />

melhora<strong>do</strong> e modifica<strong>do</strong> em sua postura <strong>na</strong> sala de aula, consideran<strong>do</strong> o fato de que<br />

os <strong>desafios</strong> encontra<strong>do</strong>s <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> esfera pública provêm da relação<br />

professor-alu<strong>no</strong>, professor-conteú<strong>do</strong>, professor-conteú<strong>do</strong>-prática, ou seja, muitas<br />

dificuldades se concentram <strong>na</strong> mediação <strong>do</strong> conhecimento.<br />

Considera-se fundamental o reconhecimento e valorização <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> matriz<br />

curricular, pela possibilidade de contribuir <strong>na</strong> formação <strong>do</strong> alu<strong>no</strong> e <strong>no</strong><br />

desenvolvimento de sua consciência ética, estética e artística.<br />

Quan<strong>do</strong> <strong>no</strong>s reportamos para a necessidade de transformações <strong>na</strong>s<br />

condições <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>, concor<strong>do</strong> que estas devem ser pensadas e<br />

praticadas coletivamente, tanto por parte <strong>do</strong>s professores, como por parte <strong>do</strong>s<br />

alu<strong>no</strong>s, da direção, da família, da comunidade e, sobretu<strong>do</strong>, <strong>do</strong> poder público. Pois é<br />

importante e necessária a contribuição de to<strong>do</strong>s <strong>na</strong> busca de melhorias estruturais e<br />

educacio<strong>na</strong>is que o ambiente escolar necessita.<br />

Portanto, as desafia<strong>do</strong>ras e complexas questões enfrentadas pelo professor<br />

de <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> escola, que foram a<strong>na</strong>lisadas <strong>na</strong> presente pesquisa, levaram-me a<br />

compreender a dinâmica <strong>do</strong> contexto escolar e da realidade educacio<strong>na</strong>l de duas<br />

escolas de Goiânia. Nesse âmbito, os estágios supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong>s e a pesquisa de<br />

campo me proporcio<strong>na</strong>ram uma experiência enriquece<strong>do</strong>ra, pois pude relacio<strong>na</strong>r o<br />

que foi estuda<strong>do</strong> e discuti<strong>do</strong> <strong>no</strong> campo teórico com a prática desafia<strong>do</strong>ra da escola,<br />

poden<strong>do</strong> também, verificar que algumas dessas dificuldades estão sen<strong>do</strong> superadas<br />

graças ao desempenho criativo, improvisa<strong>do</strong> e das significativas conquistas <strong>do</strong>s<br />

professores de <strong>teatro</strong>.<br />

Logo, tal experiência se tor<strong>na</strong> a base preparatória para uma futura carreira<br />

<strong>do</strong>cente empenhada <strong>na</strong> luta pela transformação <strong>do</strong> crítico quadro em que se<br />

encontra a realidade <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>. Através da interação das práticas teatrais<br />

com as diversas áreas <strong>do</strong> conhecimento, proporcio<strong>na</strong>-se um espaço para trabalhos<br />

interdiscipli<strong>na</strong>res que podem promover reflexões educacio<strong>na</strong>is preocupadas com a<br />

melhora <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong>. O <strong>teatro</strong> <strong>no</strong> contexto curricular requer a equivalência das<br />

conquistas meto<strong>do</strong>lógicas com uma estrutura adequada, para que assim, o ensi<strong>no</strong><br />

se processe de forma a contribuir para a formação e para o desenvolvimento <strong>do</strong>s<br />

alu<strong>no</strong>s de forma integral e efetiva.


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. Acesso em: 11/11/2010.


ANEXOS


UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS<br />

Escola de Música e Artes Cênicas<br />

Pesquisa para o TCC – Título: Desafios e <strong>superações</strong> <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong><br />

educação formal em Goiânia.<br />

Orienta<strong>do</strong>ra: Profa. Rosane Christi<strong>na</strong> de Oliveira<br />

Pesquisa<strong>do</strong>ra: Vanessa Siqueira Branquinho<br />

Escola Pesquisada: Centro de Ensi<strong>no</strong> e Pesquisa Aplicada à Educação<br />

(CEPAE)<br />

Professor (a) Entrevista<strong>do</strong> (a): Simone Aparecida <strong>do</strong>s Passos<br />

Data da entrevista: 03/11/2010<br />

Questionário<br />

1. Para você, qual é a importância da Lei de Diretrizes e Bases da Educação<br />

Nacio<strong>na</strong>l - LDB (Lei nº 9.394/96) para o ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> escola?<br />

A lei é algo muito importante dentro de uma sociedade. No enuncia<strong>do</strong> de uma lei<br />

encontramos os discursos que uma sociedade assume como unidade de<br />

pensamento. Por isso, para que uma lei entre em vigência são necessários muitos<br />

debates e um longo diálogo sobre sua necessidade, aplicabilidade e cumprimento.<br />

No que concerne a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio<strong>na</strong>l (LDBEN<br />

9394/96) constatamos um percurso historicamente bem complexo. Ao que se refere<br />

ao ensi<strong>no</strong> de arte, a LDBEN 9394/96 oportunizou uma organização mais<br />

contemporânea das necessidades da escola brasileira, o estabeleceu como<br />

componente obrigatório da matriz curricular. Registra-se <strong>na</strong> lei que “O ensi<strong>no</strong> da arte<br />

constituirá componente curricular obrigatório, <strong>no</strong>s diversos níveis da educação<br />

básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s” (§ 2º, LDB<br />

9394/96). Esta obrigatoriedade contribui para a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

cultural <strong>do</strong> alu<strong>no</strong> e da sociedade.


2. Você acha que as orientações <strong>do</strong>s Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is<br />

(PCNs) de Arte e, mais especificamente, de Teatro, são necessárias e<br />

importantes para a prática <strong>do</strong>cente <strong>na</strong> escola? Por quê?<br />

Os Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is são um instrumento importante para o<br />

desenvolvimento da atividade artística <strong>na</strong> escola. Possuir um <strong>do</strong>cumento como as<br />

demais discipli<strong>na</strong>s tratan<strong>do</strong> da especificidade <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> e seu diálogo com o saber<br />

escolar e a sociedade é uma importante ferramenta de valorização, esclarecimento e<br />

emancipação da arte <strong>na</strong> educação básica. Diferente da LDBEN (9394/96) não tem<br />

obrigatoriedade de lei. Sua função está mais para trazer assertivas a respeito da arte<br />

<strong>na</strong> escola e as possibilidades que o educa<strong>do</strong>r pode encontrar em sua prática<br />

<strong>do</strong>cente. A escrita deste <strong>do</strong>cumento traz em linhas gerais parâmetros da educação<br />

em arte, não podemos afirmar que ele responde a toda a demanda da arte <strong>na</strong><br />

escola, que contempla toda a complexidade <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> de linguagens artísticas. Mas<br />

com certeza é um <strong>do</strong>cumento que baliza o ensi<strong>no</strong> de arte como discipli<strong>na</strong> da matriz<br />

curricular tão importante como as demais discipli<strong>na</strong>s. Ele é uma ação afirmativa da<br />

arte <strong>na</strong> escola.<br />

3. Você acha que sua formação acadêmica contribui para a sua prática <strong>do</strong>cente<br />

<strong>na</strong> escola? Em quais aspectos?<br />

A formação de um educa<strong>do</strong>r não se dá unicamente pelos bancos da universidade.<br />

Educação e formação são processos contínuos que não necessariamente<br />

acontecem sistematicamente dentro de uma matriz curricular. Contu<strong>do</strong>, são <strong>na</strong>s<br />

instituições de ensi<strong>no</strong> que aprendemos a pensar e a fazer educação de forma<br />

consciente, didática e pedagógica. Assim, a universidade e o curso de graduação<br />

são o lugar por excelência onde o educa<strong>do</strong>r aprende a ser, aprende a fazer, aprende<br />

a ensi<strong>na</strong>r e a aprender. A prática <strong>do</strong>cente de um indivíduo bem forma<strong>do</strong> se dá de<br />

forma diferenciada.<br />

4. Você, como professor (a), tem interesse em atualizar e aprimorar os seus<br />

conhecimentos sobre <strong>teatro</strong>, através de congressos, cursos de especialização<br />

e pós-graduação, mestra<strong>do</strong>, <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, entre outros? Por quê?<br />

O processo de formação de um professor não finda. A cada dia ele tem que<br />

reconhecer e conhecer a sociedade em que está inseri<strong>do</strong>. O conteú<strong>do</strong> que ministra<br />

somente terá senti<strong>do</strong> caso faça parte da roti<strong>na</strong> da comunidade em que ele participa.<br />

Saber-se cidadão, saber-se participante de uma sociedade é característica maior de<br />

um professor e esta consciência de ser deve ser desenvolvida <strong>no</strong>s educan<strong>do</strong>s. Um


professor deve constantemente estar atento ao que sua área de atuação dialoga e a<br />

realidade social. Por isto, participar de atividade de aprimoramento <strong>do</strong> conhecimento<br />

é muito importante.<br />

5. Em sua opinião, quais são as contribuições <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> formação e<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> alu<strong>no</strong>?<br />

O ensi<strong>no</strong> de <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> Educação Básica se configura como uma experiência<br />

modifica<strong>do</strong>ra. Esta discipli<strong>na</strong> tem um caráter muito próprio e auxilia e<strong>no</strong>rmemente <strong>no</strong><br />

desenvolvimento da comunicação sobre nós e sobre os outros. A capacidade<br />

reflexiva, crítica e criativa é desenvolvida e não se limita à absorção de idéias<br />

prontas ou impostas, mas a construção de atitude de sujeito. A amplitude de<br />

possibilidades que o <strong>teatro</strong> abarca faz a mediação das teorias e das práticas que o<br />

alu<strong>no</strong> conhece, oportunizam a ressignificação de seus conhecimentos.<br />

6. Quais são os <strong>desafios</strong> estruturais e pedagógicos que você encontra em sua<br />

prática <strong>do</strong>cente para o ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> escola?<br />

A obrigatoriedade <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> de arte <strong>no</strong> Brasil é recente, por isto, a adequação<br />

espacial da escola para ministrar aulas ainda é deficiente. Mesmo, porque a<br />

obrigatoriedade <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> não traz a especificidade da linguagem artística<br />

ministrada o que abre para a concepção de diferentes organizações espaciais.<br />

Assim, os espaços da arte <strong>na</strong> escola ainda estão em construção e adaptação. A<br />

tradição deste ensi<strong>no</strong> ainda é recente. No caso especifico, de <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> instituição<br />

que faço parte, a sala desti<strong>na</strong>da ao ensi<strong>no</strong> de <strong>teatro</strong> é conquista recente.<br />

7. Quais são as estratégias (didáticas; pedagógicas; meto<strong>do</strong>lógicas; entre<br />

outras) que você utiliza para superar estes <strong>desafios</strong>?<br />

Trabalhar <strong>na</strong> escola básica se caracteriza como uma atividade dinâmica. Nada é<br />

igual ao dia anterior, o planejamento não é estático, ele se molda ao dia vivi<strong>do</strong>, ao<br />

aqui agora que o alu<strong>no</strong> vivencia. Por isto, o professor deve flexibilizar sua prática<br />

para que consiga superar os <strong>desafios</strong> diários da educação, não se engessan<strong>do</strong> em<br />

uma única meto<strong>do</strong>logia.<br />

8. Se achar necessário, faça outras observações sobre a sua prática <strong>do</strong>cente<br />

<strong>na</strong> escola.


UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS<br />

Escola de Música e Artes Cênicas<br />

Pesquisa para o TCC – Título: Desafios e <strong>superações</strong> <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong><br />

educação formal em Goiânia.<br />

Orienta<strong>do</strong>ra: Profa. Rosane Christi<strong>na</strong> de Oliveira<br />

Pesquisa<strong>do</strong>ra: Vanessa Siqueira Branquinho<br />

Escola Pesquisada: Colégio Estadual Waldemar Mundim<br />

Professor (a) Entrevista<strong>do</strong> (a): Kléber Alves Silva<br />

Data da entrevista: 11/11/2010<br />

Questionário<br />

1. Para você, qual é a importância da Lei de Diretrizes e Bases da Educação<br />

Nacio<strong>na</strong>l - LDB (Lei nº 9.394/96) para o ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> escola?<br />

Sem dúvida as leis de diretrizes e bases da educação, são de fundamental<br />

importância para to<strong>do</strong> o processo educativo, uma vez que definem e dirigem o rumo<br />

que a educação deve seguir, <strong>no</strong>rmatizan<strong>do</strong> e amparan<strong>do</strong> os valores presentes <strong>na</strong><br />

troca entre ensi<strong>no</strong> e aprendizagem.<br />

2. Você acha que as orientações <strong>do</strong>s Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is<br />

(PCNs) de Arte e, mais especificamente, de Teatro, são necessárias e<br />

importantes para a prática <strong>do</strong>cente <strong>na</strong> escola? Por quê?<br />

Sim, pois compreendem três pilares que <strong>na</strong> minha opinião são extremamente<br />

importantes para o desenvolvimento <strong>do</strong> indivíduo <strong>no</strong> que diz respeito a educação<br />

através <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>, sen<strong>do</strong> eles; A) O <strong>teatro</strong> como expressão e comunicação, B) O<br />

<strong>teatro</strong> como produção coletiva, C) O <strong>teatro</strong> como produto cultural e apreciação<br />

estética. Através de tais pilares é possível trabalhar o início, meio e fim de um<br />

processo, levan<strong>do</strong> o educan<strong>do</strong> a diferentes níveis de experimentações e,<br />

consequentemente, ao aprendiza<strong>do</strong>.


3. Você acha que sua formação acadêmica contribui para a sua prática <strong>do</strong>cente<br />

<strong>na</strong> escola? Em quais aspectos?<br />

Sem dúvida! É através da formação acadêmica que é possível tor<strong>na</strong>r científico e<br />

racio<strong>na</strong>l to<strong>do</strong>s os conhecimentos e experimentações adquiri<strong>do</strong>s ao longo de uma<br />

vida em contato com a arte teatral, desta forma, levar para a prática <strong>do</strong>cente um<br />

conhecimento que tenha consistência e que seja atrativo, despertan<strong>do</strong> o interesse e<br />

levan<strong>do</strong> ao aprendiza<strong>do</strong>.<br />

Inúmeras são as contribuições da formação acadêmica para o ensi<strong>no</strong> e a <strong>do</strong>cência,<br />

sen<strong>do</strong> elas: o conhecimento da educação e da arte teatral, organização e<br />

meto<strong>do</strong>logia, o <strong>do</strong>mínio e foco de um processo com um fim enraiza<strong>do</strong> em um<br />

processo educativo e etc.<br />

4. Você, como professor (a), tem interesse em atualizar e aprimorar os seus<br />

conhecimentos sobre <strong>teatro</strong>, através de congressos, cursos de especialização<br />

e pós-graduação, mestra<strong>do</strong>, <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, entre outros? Por quê?<br />

Sempre! "professores não podem se distinguir de educa<strong>do</strong>res", e para um bom<br />

educa<strong>do</strong>r é necessário o conhecimento científico presente <strong>na</strong>s atualizações como<br />

congressos, pós graduações... Seria hipocrisia também, deixar de mencio<strong>na</strong>r que<br />

tais "atualizações" fazem parte <strong>do</strong> pla<strong>no</strong> de carreira previsto pelo esta<strong>do</strong>, município e<br />

etc. Assim, devi<strong>do</strong> à má remuneração <strong>do</strong> profissio<strong>na</strong>l da educação, o que resta são<br />

estes recursos que além <strong>do</strong> conhecimento servirão para um melhor salário.<br />

5. Em sua opinião, quais são as contribuições <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> formação e<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> alu<strong>no</strong>?<br />

O <strong>teatro</strong> permite uma gama de experimentações, levan<strong>do</strong> o educan<strong>do</strong> ao mais<br />

perfeito contato com ele próprio e com a sociedade em que está inseri<strong>do</strong>; deste<br />

mo<strong>do</strong> possibilitan<strong>do</strong>-o a um diagnóstico e um olhar critico, de forma que ele tenha<br />

um posicio<strong>na</strong>mento de si mesmo e <strong>do</strong> meio social. Através da expressão, o indivíduo<br />

se insere em um mun<strong>do</strong> inventa<strong>do</strong> e este mun<strong>do</strong> se transforma em válvula de<br />

escape onde ele representa e deixa vir a to<strong>na</strong> os seus me<strong>do</strong>s, anseios e várias<br />

outras questões que se findarão com uma solução que<br />

o próprio educan<strong>do</strong> encontrará. Tais manifestos se traduzem em uma <strong>no</strong>va visão de<br />

mun<strong>do</strong> com um importante aspecto social.


6. Quais são os <strong>desafios</strong> estruturais e pedagógicos que você encontra em sua<br />

prática <strong>do</strong>cente para o ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>na</strong> escola?<br />

Primeiramente o não reconhecimento da linguagem teatral e sua importância para o<br />

processo educativo, que está presente <strong>na</strong> forma como a discipli<strong>na</strong> é ofertada e como<br />

é tratada: "__ Vamos fazer um <strong>teatro</strong> pro dia <strong>do</strong>s índios", ou seja, deixa de exercer o<br />

seu caráter fundamental e passa a ser um complemento, um enfeite para a<br />

escola. Em segun<strong>do</strong> lugar, a precariedade de espaço e equipamentos para que o<br />

trabalho seja desenvolvi<strong>do</strong>. Claro que não é possível generalizar! No meu ponto de<br />

vista, a gestão exerce um importante papel para que tais fatos não existam, cabe a<br />

ela valorizar e entender as linguagens artísticas como forma<strong>do</strong>ras de um ambiente<br />

cultural.<br />

7. Quais são as estratégias (didáticas; pedagógicas; meto<strong>do</strong>lógicas; entre<br />

outras) que você utiliza para superar estes <strong>desafios</strong>?<br />

Primeiro a adaptação, ao espaço e ao ambiente escolar, já dizia o dita<strong>do</strong> que "o bom<br />

ator é aquele que sabe improvisar"! O profissio<strong>na</strong>l de <strong>teatro</strong> sente <strong>na</strong> pele tal termo,<br />

pois se vê força<strong>do</strong> a fazer um trabalho de excelência com nenhum recurso!<br />

8. Se achar necessário, faça outras observações sobre a sua prática <strong>do</strong>cente<br />

<strong>na</strong> escola.<br />

Cabe aqui ressaltar que, todas as escolas têm interesses, posicio<strong>na</strong>mentos e<br />

meto<strong>do</strong>logias diferentes, principalmente quan<strong>do</strong> se trata das linguagens artísticas; e<br />

que nem todas fazem a opção de um projeto que trabalhe expressão dramática de<br />

seus alu<strong>no</strong>s. Sen<strong>do</strong> assim, o profissio<strong>na</strong>l desta área quase sempre é direcio<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

para um ensi<strong>no</strong> curricular e regular em sala de aula; o que contribui para um<br />

fortalecimento da linguagem "<strong>teatro</strong>" dentro da discipli<strong>na</strong> "arte", visto que de acor<strong>do</strong><br />

com os parâmetros curriculares, a discipli<strong>na</strong> "arte" é dividida em 4 linguagens.<br />

Todavia, existe uma e<strong>no</strong>rme dificuldade em trabalhar somente os conteú<strong>do</strong>s de<br />

<strong>teatro</strong>, pois a cobrança por parte <strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s e, até mesmo da escola, é um fator<br />

determi<strong>na</strong>nte, que está enraizada <strong>na</strong> idéia <strong>do</strong> professor polivalente, "aquele que<br />

sabe pintar, desenhar, cantar e fazer <strong>teatro</strong>".


EMENTAS DAS DISCIPLINAS MENCIONADAS NO TRABALHO<br />

(Tanto da UFU como da <strong>UFG</strong>)<br />

TEATRO EDUCAÇÃO<br />

Introdução à teoria <strong>do</strong> jogo: estrutura, elementos e classificação. O jogo como<br />

elemento fundamental da cultura huma<strong>na</strong>. Jogo dramático / jogo teatral: suas<br />

concepções e aplicabilidade em crianças, jovens e adultos. Abordagem histórica <strong>do</strong><br />

ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong>. O ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> <strong>teatro</strong> <strong>no</strong> Brasil e suas relações com as principais<br />

tendências da prática educacio<strong>na</strong>l.<br />

PEDAGOGIA DO TEATRO I<br />

O pa<strong>no</strong>rama histórico <strong>do</strong> Teatro <strong>na</strong> Educação, fundamentan<strong>do</strong> a reflexão sobre o<br />

fazer pedagógico e estético atual em consonância com os estu<strong>do</strong>s da<br />

contemporaneidade com as interfaces entre as Áreas: Educação (a psicogênese <strong>do</strong><br />

desenvolvimento huma<strong>no</strong>) e Teatro (<strong>no</strong>ções e práticas em voga). O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

parâmetros curriculares e outros <strong>do</strong>cumentos de cunho oficial, complementan<strong>do</strong> e<br />

permitin<strong>do</strong> um posicio<strong>na</strong>mento crítico frente à área <strong>do</strong> conhecimento em questão.<br />

PEDAGOGIA DO TEATRO II<br />

Criar um repertório com abordagens meto<strong>do</strong>lógicas diversificadas para a<br />

aprendizagem em Teatro ou ten<strong>do</strong> esta área de conhecimento como um <strong>do</strong>s eixos<br />

de um trabalho interdiscipli<strong>na</strong>r.<br />

PROJETO INTEGRADO DE PRÁTICA EDUCATIVA (PIPE)<br />

Observação e integração ao contexto das escolas e outros espaços.<br />

Desenvolvimento de ações didáticas colocan<strong>do</strong> em uso os conhecimentos<br />

apreendi<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s diferentes tempos e espaços curriculares. Identificação, análise e a<br />

busca de alter<strong>na</strong>tivas para situações problema <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> formal (educação básica) e<br />

<strong>do</strong> informal, encontradas <strong>no</strong> desenvolvimento de projetos de <strong>teatro</strong> e educação.<br />

Oportunidade de problematizar situação e, a partir delas, iniciar-se <strong>no</strong><br />

desenvolvimento de pesquisa <strong>na</strong> área educacio<strong>na</strong>l.<br />

ESTÁGIO SUPERVISIONADO – LICENCIATURA<br />

Vivência de processos de investigação e problematização da realidade de educação,<br />

a partir <strong>do</strong> campo de estágio e <strong>do</strong>s aportes teóricos da pedagogia, ten<strong>do</strong> em vista o<br />

desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e compromisso inerente à profissão<br />

<strong>do</strong>cente. Desenvolvimento de projeto prático utilizan<strong>do</strong> os conhecimentos das<br />

técnicas e méto<strong>do</strong>s teatrais aprendi<strong>do</strong>s durante o curso, aplican<strong>do</strong>-os junto à<br />

Escolas de ensi<strong>no</strong> formal e informal, de 1º, 2º e 3º graus. Os estágios terão sempre<br />

a orientação de um professor. O projeto deverá ser realiza<strong>do</strong> em grupo (<strong>no</strong> mínimo<br />

<strong>do</strong>is alu<strong>no</strong>s) e aprova<strong>do</strong> pelo orienta<strong>do</strong>r que estabelecerá o contato com instituições<br />

de ensi<strong>no</strong>, oficial e/ou priva<strong>do</strong> que poderão abrigar o estágio. O estágio<br />

supervisio<strong>na</strong><strong>do</strong> da licenciatura observa as seguintes ênfases: <strong>no</strong> conhecimento da<br />

organização <strong>do</strong> trabalho pedagógico desenvolvi<strong>do</strong> <strong>no</strong> campo de estágio; <strong>na</strong> coleta<br />

sistemática de da<strong>do</strong>s e elaboração <strong>do</strong> projeto de ensi<strong>no</strong>-aprendizagem; <strong>no</strong><br />

desenvolvimento e avaliação <strong>do</strong> projeto de ensi<strong>no</strong> – aprendizagem; <strong>na</strong><br />

sistematização, análise e apresentação de relatório <strong>do</strong> trabalho desenvolvi<strong>do</strong>.


POLÍTICAS EDUCACIONAIS<br />

A educação <strong>no</strong> contexto das transformações da sociedade contemporânea; a<br />

relação Esta<strong>do</strong> e políticas educacio<strong>na</strong>is; as políticas, estrutura e organização da<br />

educação escolar <strong>no</strong> Brasil a partir da década de 1990; a regulamentação <strong>do</strong><br />

sistema educacio<strong>na</strong>l e da educação básica; as políticas educacio<strong>na</strong>is em debate.<br />

FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO<br />

A educação como processo social; a educação brasileira <strong>na</strong> experiência histórica <strong>do</strong><br />

Ocidente; a ideologia liberal e os princípios da educação pública; sociedade, cultura<br />

e educação <strong>no</strong> Brasil; os movimentos educacio<strong>na</strong>is e a luta pelo ensi<strong>no</strong> publico <strong>no</strong><br />

Brasil, a relação entre a esfera publica e privada <strong>no</strong> campo da educação popular.<br />

FUNDAMENTOS DE ARTE-EDUCAÇÃO<br />

A arte-educação: aspectos históricos, sociais, políticos, psicológicos e estéticos. Os<br />

teóricos da arte: Herbert Read, Viktor Löwenfeld, Walter Benjamin, Fayga Ostrower,<br />

A<strong>na</strong> Mãe Barbosa e outros. A arte-educação <strong>no</strong> Brasil (escolas e movimentos).<br />

Fundamentação e ampliação <strong>do</strong> referencial teórico, prático e meto<strong>do</strong>lógico <strong>do</strong>s<br />

discentes através da análise <strong>do</strong>s elementos históricos e conceituais <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> da<br />

arte-educação <strong>no</strong> Brasil.<br />

LINGUAGEM DRAMÁTICA NA EDUCAÇÃO – JOGOS TEATRAIS<br />

Os fundamentos <strong>do</strong>s jogos teatrais, da ludicidade huma<strong>na</strong> e da improvisação como<br />

fator de desenvolvimento motor, cognitivo e psico-social. A linguagem dramática<br />

como instrumento pedagógico a ser desenvolvi<strong>do</strong> e aplica<strong>do</strong> em todas as discipli<strong>na</strong>s<br />

da grade curricular. O drama criativo e a prática da imagi<strong>na</strong>ção para a criação de<br />

jogos dirigi<strong>do</strong>s.<br />

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO I<br />

Introdução ao estu<strong>do</strong> da Psicologia: fundamentos históricos e epistemológicos; a<br />

relação Psicologia e Educação. Abordagens teóricas: comportamental e psica<strong>na</strong>lítica<br />

e suas contribuições para a construção <strong>do</strong> desenvolvimento cognitivo, afetivo, social<br />

e psicomotor e suas implicações <strong>no</strong> processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem.<br />

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO II<br />

Abordagens teóricas: psicologia genética de Piaget, psicologia sócio-histórica de<br />

Vygotsky e suas contribuições para a compreensão <strong>do</strong> desenvolvimento cognitivo,<br />

afetivo, social e psicomotor e suas implicações <strong>no</strong> processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem.<br />

DIDÁTICA DO TEATRO I<br />

Fundamentação e ampliação <strong>do</strong> referencial teatral teórico, prático e meto<strong>do</strong>lógico:<br />

conceitos e história <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> teatral. O Teatro e suas interfaces com as expressões<br />

artísticas: artes visuais, literatura, música, dança e <strong>no</strong>vas mídias. A Arte-Educação<br />

<strong>no</strong> Brasil, sua trajetória, importância e aplicação <strong>na</strong>s escolas de ensi<strong>no</strong> fundamental<br />

e médio.<br />

DIDÁTICA DO TEATRO II<br />

Abordagens atuais <strong>do</strong> Teatro <strong>na</strong> Escola: <strong>teatro</strong> em sala-de-aula, extracurricular,<br />

como eixo curricular, como ofici<strong>na</strong>s tópicas de curta duração. Construção,<br />

Articulação e Transformação <strong>do</strong> Texto Dramático e <strong>do</strong> Texto Teatral.


DIDÁTICA DO TEATRO III<br />

Teatro e Universidade: ensi<strong>no</strong>, pesquisa e extensão. Dimensões estéticas, artísticas<br />

e pedagógicas <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>do</strong> Teatro em nível de terceiro grau.

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