estrada de ferro mauá - o trem do desenvolvimento urbano ... - CBTU

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1º Concurso de Monografia CBTU 2005 – A Cidade nos Trilhos A Variante do Caminho Novo ou Caminho do Proença (FIGURA 3), aberto por Bernardo Soares de Proença entre 1722-1725, foi uma opção mais rápida ao Caminho Novo descerrado por Garcia Rodrigues Paes, em 1700. Por encurtar este caminho em quatro dias, passando por trechos menos íngremes de serra, tornou-se o “Caminho Novo” na prática, levando ao desuso o Caminho que se iniciava no Porto do Pilar. FIGURA 3 -Variante do Caminho Novo Início da subida, Vila Inhomirim Foto do autor. A partir de 1723, portanto, é em Magé, mais precisamente no Porto da Estrela, que se inicia a principal e mais movimentada Estrada Real do Brasil, unindo a capital do Império à Província das Minas Gerais. Embarcações conectavam o Rio de Janeiro – Cais dos Mineiros, situado no centro, em frente à Rua da Alfândega – ao Porto da Estrela, através das águas da Baía de Guanabara e do leito do Rio Estrela, até a confluência de seus formadores, os rios Inhomirim e Saracuruna e, a partir daí, seguiam as tropas para as Minas Gerais através da Variante do Caminho Novo. Nesta época, o Porto da Estrela era o segundo mais movimentado de todo território brasileiro, somente superado pelo do Rio de Janeiro. A Variante do Caminho Novo foi utilizada durante todo o século XVIII. Em 1799, após sucessivos pedidos de melhoria da estrada, o príncipe regente D. João aprovou a obra de calçamento da sua parte mais íngreme. Este calçamento existe até hoje, é tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional desde 1937 e ainda apresenta alguns trechos em razoáveis condições de preservação. Em 1841, o major engenheiro alemão Júlio Frederico Koeler foi encarregado pelo Imperador, D. Pedro II, de construir um novo e melhor caminho, de Porto da Estrela a Petrópolis, onde a família imperial costumava passar temporadas. Surgia assim, paralela à Variante do Caminho Novo, a estrada Normal da Serra da Estrela, levando a primeira ao desuso. 13

1º Concurso de Monografia CBTU 2005 – A Cidade nos Trilhos Calçada por paralelepípedos desde o final do século XIX, é utilizada até os dias de hoje, sendo conhecida atualmente como "Estrada Velha". Em 1854, por iniciativa de Irineu Evangelista de Sousa – o Barão de Mauá, era inaugurada a primeira estrada de ferro brasileira, ligando o porto de Mauá – estação de Mauá – a Fragoso, em um percurso de cerca de 14 km. 5 Com bitola de 1,676 m, ali rodou a “Baronesa”, a primeira locomotiva a operar no Brasil. A viagem a Petrópolis começava por via marítima, até Porto Mauá, depois por trem até Raiz da Serra e seguia por diligência, na estrada Normal da Serra da Estrela. O advento da ferrovia, cuja estação inicial, Mauá, ficava distante poucos quilômetros do Porto da Estrela, motivou, com o tempo, a natural e gradual desativação deste último. A Estrada de Ferro - EF Mauá foi estendida em 1856 até Raiz da Serra (atual Vila Inhomirim) e dali pretendia subir a serra de Petrópolis para alcançar essa cidade, fato que ocorreu apenas 30 anos mais tarde, mas por outra empresa, a EF Príncipe do Grão Pará, que acabou por comprar a EF Mauá em 1888 e reduzir sua bitola para métrica para acabar com a baldeação em Raiz da Serra. Como a estação de Piabetá foi ligada mais tarde ao Rio de Janeiro por linha férrea da EF Leopoldina, o transporte pela baía foi sendo cada vez menos utilizado, deixando com pouco movimento a estação e o porto de Mauá, repetindo de certa forma o que já ocorrera, sucessivamente, com os portos do Pilar e da Estrela. Com o advento do automóvel, e com a imprensa fazendo pesadas críticas ao abandono do tradicional caminho para a Cidade Imperial, o governo federal mandou construir uma nova alternativa para vencer a Serra do Mar. Em 25 de agosto de 1928, com oito metros de largura de plataforma, era inaugurada pelo presidente Washington Luís a nova estrada Rio / Petrópolis, passando pelo município de Caxias. Esta estrada, até hoje em uso, foi responsável pelo declínio da ligação rodoviária Rio / Petrópolis / Minas através de Magé. Em meados dos anos 60, o serviço ferroviário de passageiros no trecho Piabetá-Guia de Pacobaíba foi extinto. A estação e a linha foram abandonadas e, embora tombadas pelo Patrimônio Histórico, permanecem no descaso. 3.4.2 Ligação Leste-Oeste A ligação ferroviária contornando a Baía de Guanabara e passando por Magé se deu apenas no ano de 1926, por conta de uma região de alagadiço existente no fundo da baía. Era operada pela Estrada de Ferro Leopoldina e era conhecida como Primeira Linha Tronco, unindo o Rio de Janeiro (Estação Barão de Mauá) a Vitória 6 . Em meados do século XX foi implantada a rodovia Rio Bahia, BR 116, atravessando de oeste a leste o município de Magé. Esta rodovia apresentou-se como uma das principais opções de ligação entre os dois lados da baía. Inaugurada em 1974, a Ponte Rio Niterói atraiu para si todo o movimento de veículos transportados pelas barcas e grande parte do tráfego que contornava a Baía, passando por Magé. 5 www. estacoesferroviarias.com.br e www.transportes.gov.br 6 Rodriguez, 2004 14

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

A Variante <strong>do</strong> Caminho Novo ou Caminho <strong>do</strong> Proença (FIGURA 3), aberto por Bernar<strong>do</strong> Soares <strong>de</strong><br />

Proença entre 1722-1725, foi uma opção mais rápida ao Caminho Novo <strong>de</strong>scerra<strong>do</strong> por Garcia<br />

Rodrigues Paes, em 1700. Por encurtar este caminho em quatro dias, passan<strong>do</strong> por trechos menos<br />

íngremes <strong>de</strong> serra, tornou-se o “Caminho Novo” na prática, levan<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>suso o Caminho que se<br />

iniciava no Porto <strong>do</strong> Pilar.<br />

FIGURA 3 -Variante <strong>do</strong> Caminho Novo Início da subida, Vila Inhomirim<br />

Foto <strong>do</strong> autor.<br />

A partir <strong>de</strong> 1723, portanto, é em Magé, mais precisamente no Porto da Estrela, que se inicia a<br />

principal e mais movimentada Estrada Real <strong>do</strong> Brasil, unin<strong>do</strong> a capital <strong>do</strong> Império à Província das<br />

Minas Gerais.<br />

Embarcações conectavam o Rio <strong>de</strong> Janeiro – Cais <strong>do</strong>s Mineiros, situa<strong>do</strong> no centro, em frente à Rua<br />

da Alfân<strong>de</strong>ga – ao Porto da Estrela, através das águas da Baía <strong>de</strong> Guanabara e <strong>do</strong> leito <strong>do</strong> Rio<br />

Estrela, até a confluência <strong>de</strong> seus forma<strong>do</strong>res, os rios Inhomirim e Saracuruna e, a partir daí,<br />

seguiam as tropas para as Minas Gerais através da Variante <strong>do</strong> Caminho Novo.<br />

Nesta época, o Porto da Estrela era o segun<strong>do</strong> mais movimenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong> território brasileiro,<br />

somente supera<strong>do</strong> pelo <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

A Variante <strong>do</strong> Caminho Novo foi utilizada durante to<strong>do</strong> o século XVIII. Em 1799, após sucessivos<br />

pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> melhoria da <strong>estrada</strong>, o príncipe regente D. João aprovou a obra <strong>de</strong> calçamento da sua<br />

parte mais íngreme. Este calçamento existe até hoje, é tomba<strong>do</strong> pelo Patrimônio Histórico Nacional<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1937 e ainda apresenta alguns trechos em razoáveis condições <strong>de</strong> preservação.<br />

Em 1841, o major engenheiro alemão Júlio Fre<strong>de</strong>rico Koeler foi encarrega<strong>do</strong> pelo Impera<strong>do</strong>r, D.<br />

Pedro II, <strong>de</strong> construir um novo e melhor caminho, <strong>de</strong> Porto da Estrela a Petrópolis, on<strong>de</strong> a família<br />

imperial costumava passar temporadas. Surgia assim, paralela à Variante <strong>do</strong> Caminho Novo, a<br />

<strong>estrada</strong> Normal da Serra da Estrela, levan<strong>do</strong> a primeira ao <strong>de</strong>suso.<br />

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