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estrada de ferro mauá - o trem do desenvolvimento urbano ... - CBTU

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ESTRADA DE FERRO MAUÁ<br />

O TREM DO DESENVOLVIMENTO URBANO DE MAGÉ<br />

Autores: Isabel Cristina <strong>do</strong>s Reis Lima e Silva<br />

Raul Cahet Lisboa


1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

RESUMO<br />

A preservação da riqueza e da diversida<strong>de</strong> ambiental, o resgate e a valorização da história local e o<br />

restabelecimento <strong>do</strong> transporte sobre trilhos como fio condutor <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>urbano</strong> formam<br />

a base <strong>de</strong>sta monografia, que tem por objetivo o melhoramento das condições <strong>de</strong> vida da população<br />

<strong>de</strong> Magé, assim como a inserção <strong>de</strong>sta região no panorama turístico nacional e internacional. Ten<strong>do</strong><br />

como objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> a bacia <strong>do</strong> rio Inhomirim, proce<strong>de</strong>u-se ao seu diagnóstico sob os aspectos<br />

históricos, culturais, ambientais, <strong>de</strong>mográficos, econômicos, habitacionais, sanitários, <strong>de</strong> infra-<br />

estrutura e <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> urbana. Foram assim <strong>de</strong>tectadas as principais carências e as maiores<br />

potencialida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> espaço estuda<strong>do</strong>, sempre trabalhan<strong>do</strong> com a hipótese <strong>de</strong> que estas últimas,<br />

<strong>de</strong>vidamente <strong>de</strong>senvolvidas, po<strong>de</strong>m contribuir para a solução das primeiras. As propostas geradas<br />

são <strong>de</strong> múltipla or<strong>de</strong>m e localização, mas têm como característica comum o enfrentamento <strong>do</strong>s<br />

problemas estruturais que afligem a população da Baixada Fluminense. Propõe-se, em suma,<br />

promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>urbano</strong> da região através <strong>de</strong> várias ações, entre as quais se <strong>de</strong>staca, por<br />

seu papel estrutura<strong>do</strong>r, a reintrodução <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>rno Sistema <strong>de</strong> Transporte sobre Trilhos no leito<br />

da <strong>de</strong>sativada Estrada <strong>de</strong> Ferro Mauá.<br />

1


1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

SUMÁRIO<br />

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS................................................... 4<br />

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 6<br />

2 OBJETIVOS ............................................................................................... 7<br />

3 O MUNICÍPIO DE MAGÉ........................................................................ 8<br />

3.1 Localização e quadro natural.................................................................. 8<br />

3.2 Situação ambiental................................................................................... 9<br />

3.3 Evolução institucional e econômica........................................................ 10<br />

3.4 Evolução <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> transportes..................................................... 11<br />

3.4.1 Ligação Norte-Sul.............................................................................. 11<br />

3.4.2 Ligação Leste-Oeste........................................................................... 14<br />

3.5 Demografia............................................................................................... 15<br />

3.6 Educação e economia............................................................................... 16<br />

3.7 Saneamento básico e resíduos sóli<strong>do</strong>s....................................................... 16<br />

3.8. Sistema viário e transportes.................................................................... 17<br />

3.8.1 Sistema Ro<strong>do</strong>viário........................................................................... 17<br />

3.8.2 Transporte Ferroviário...................................................................... 18<br />

3.8.3 Transporte Hidroviário...................................................................... 19<br />

3.8.4 Hábitos <strong>de</strong> Viagem da População........................................................ 20<br />

3.9 Patrimônio histórico, cultural, ambiental e turístico................................. 22<br />

4 ÁREA DE INTERVENÇÃO: BACIA DO RIO INHOMIRIM.................. 24<br />

4.1 Localização................................................................................................. 24<br />

4.2 Situação ambiental...................................................................................... 24<br />

4.3 População.................................................................................................... 25<br />

4.4 Infraestrutura............................................................................................... 25<br />

4.5 Patrimônio histórico e arquitetônico............................................................ 26<br />

2


1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

5 PROPOSTAS................................................................................................ 33<br />

5.1 Concepção geral........................................................................................ 33<br />

5.2 Revitalização da Bacia <strong>do</strong> Rio Inhomirim................................................. 35<br />

5.2.1 Educação Ambiental............................................................................ 35<br />

5.2.2 Despoluição da Bacia.......................................................................... 35<br />

5.2.3 Gestão.................................................................................................. 36<br />

5.3 Preservação <strong>do</strong> patrimônio histórico e arquitetônico................................ 36<br />

5.4 Transporte <strong>de</strong> massa.................................................................................. 37<br />

5.4.1 Eixo Ferroviário Norte Sul................................................................. 38<br />

5.4.2 Ligação Hidroviária Rio / Magé......................................................... 38<br />

5.4.3 Transporte Ro<strong>do</strong>viário – Terminais <strong>de</strong> Integração............................. 39<br />

5.5 Revitalização da EF Mauá.......................................................................... 39<br />

5.6 Complexo <strong>de</strong> transportes, cultura e turismo <strong>de</strong> Mauá................................ 39<br />

5.7 Complexo comercial e logístico <strong>de</strong> Bongaba.............................................. 42<br />

5.8 Escola <strong>de</strong> Atletismo e Esportes Mané Garrincha........................................ 44<br />

5.9 Centro <strong>de</strong> pesquisas sobre a Mata Atlântica e Museu Botânico................. 44<br />

5.10 Projeto <strong>estrada</strong> real e programa <strong>de</strong> incentivo à instalação <strong>de</strong> negócios.... 44<br />

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 45<br />

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 46<br />

8 ANEXOS – BIOGRAFIAS DE PERSONAGENS FAMOSOS LIGADOS<br />

A MAGÉ............................................................................................................ 47<br />

8.1 Barão <strong>de</strong> Langs<strong>do</strong>rff..................................................................................... 47<br />

8.2 Irineu Evangelista <strong>de</strong> Sousa, o Barão <strong>de</strong> Mauá............................................ 47<br />

8.3 Manoel <strong>do</strong>s Santos, Garrincha...................................................................... 48<br />

3


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

ASEP-RJ - Agência Regula<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Serviços Públicos Concedi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro<br />

AGETRANSP - Agência Regula<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Serviços Públicos Concedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Transportes<br />

Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e <strong>de</strong> Ro<strong>do</strong>vias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro<br />

BNDES - Banco Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico e Social<br />

CENTRAL - Companhia Estadual <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Transporte e Logística<br />

CONAMA - Conselho Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

CONERJ - Companhia <strong>de</strong> Navegação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

CRT - Concessionária Rio Teresópolis S.A.<br />

DNER - Departamento Nacional <strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong> Rodagem<br />

FEEMA - Fundação Estadual <strong>de</strong> Engenharia <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

FIEMG - Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

FINEP - Financia<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Projetos<br />

FUNDREN - Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro<br />

IBGE - Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />

IBRE - Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Economia da Fundação Getúlio Vargas<br />

IDH - Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano<br />

INEPAC - Instituto Estadual <strong>do</strong> Patrimônio Cultural<br />

IPAHB - Instituto <strong>de</strong> Pesquisas e Análises Históricas e <strong>de</strong> Ciências Sociais da<br />

Baixada Fluminense<br />

NASA - National Aeronautics and Space Administration<br />

PDBG - Programa <strong>de</strong> Despoluição da Baía <strong>de</strong> Guanabara<br />

PNDU - Política Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Urbano<br />

4


1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

RMRJ - Região Metropolitana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

TCE-RJ - Tribunal <strong>de</strong> Contas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

VLTd - Veículo Leve sobre Trilhos Diesel<br />

5


1 INTRODUÇÃO<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

O município <strong>de</strong> Magé faz parte da Região Metropolitana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro – RMRJ, é habita<strong>do</strong> por<br />

população majoritariamente pobre e apresenta hoje, entre outros, problemas estruturais nas áreas <strong>de</strong><br />

Saneamento, Meio Ambiente, Transporte Público, Geração <strong>de</strong> Trabalho e Renda, Educação, Cultura<br />

e Preservação <strong>do</strong> Patrimônio Histórico.<br />

Entretanto, Magé <strong>de</strong>tém uma história riquíssima, já ten<strong>do</strong> abriga<strong>do</strong> em seu território, mais<br />

especificamente na bacia <strong>do</strong> Rio Inhomirim, o segun<strong>do</strong> porto mais importante <strong>do</strong> país – o Porto da<br />

Estrela, somente supera<strong>do</strong> pelo <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro; o trecho inicial da <strong>estrada</strong> colonial mais<br />

movimentada – a Variante <strong>do</strong> Caminho Novo para Minas Gerais; o primeiro sítio particular<br />

<strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à pesquisa botânica em solo brasileiro – a Fazenda da Mandioca, pertencente ao diplomata<br />

e naturalista Barão Langs<strong>do</strong>rff; a primeira <strong>ferro</strong>via – a Estrada <strong>de</strong> Ferro Mauá, implantada pelo<br />

Barão <strong>de</strong> Mauá; a fábrica <strong>de</strong> pólvora que abasteceu nossas forças armadas durante a Guerra <strong>do</strong><br />

Paraguai; um <strong>do</strong>s maiores parques têxteis; as primeiras revoltas operárias <strong>de</strong> inspiração anarquista<br />

da nação brasileira; além <strong>de</strong> ser a terra natal <strong>do</strong> internacional Garrincha – apeli<strong>do</strong> <strong>de</strong> Manoel <strong>do</strong>s<br />

Santos, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s melhores joga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tempos.<br />

O município também possui uma natureza privilegiada, representada por uma das últimas reservas<br />

<strong>de</strong> Mata Atlântica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, manguezais, praias, a Baía <strong>de</strong> Guanabara, belíssimas montanhas e rios<br />

encachoeira<strong>do</strong>s.<br />

Magé é igualmente <strong>do</strong>tada <strong>de</strong> especial vocação logística, por ser banhada pela “<strong>estrada</strong> natural” da<br />

Baía <strong>de</strong> Guanabara, cortada por uma das mais importantes ro<strong>do</strong>vias fe<strong>de</strong>rais brasileiras, a BR 116, e<br />

servida por quatro ramais <strong>ferro</strong>viários, um <strong>do</strong>s quais <strong>de</strong>sativa<strong>do</strong>, a EF Mauá, que corta<br />

longitudinalmente a bacia <strong>do</strong> rio Inhomirim.<br />

A presente Monografia tem como objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e <strong>de</strong> intervenção a bacia <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s principais<br />

corpos d’água <strong>de</strong> Magé, o rio Inhomirim, on<strong>de</strong> se concentra a maioria da população municipal e<br />

gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> patrimônio histórico, natural e logístico acima cita<strong>do</strong>.<br />

Objetivan<strong>do</strong> sanar as carências <strong>de</strong> infra-estrutura urbana lá observadas e, simultaneamente, explorar<br />

<strong>de</strong> forma responsável o imenso potencial da região, foi aqui gera<strong>do</strong> um conjunto <strong>de</strong> propostas,<br />

complementares entre si, <strong>de</strong>ntre as quais se <strong>de</strong>staca, por seu papel estrutural e articula<strong>do</strong>r, a<br />

implantação <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> passageiros baseada na tecnologia <strong>do</strong> Veículo Leve sobre<br />

Trilhos Diesel – VLTd no leito da extinta EF Mauá.<br />

Através da acessibilida<strong>de</strong> plena a ser proporcionada pelo sistema <strong>de</strong> VLTd a to<strong>do</strong>s os outros<br />

equipamentos <strong>urbano</strong>s aqui igualmente propostos, estará sen<strong>do</strong> promovi<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>urbano</strong> integra<strong>do</strong> e equilibra<strong>do</strong> da bacia <strong>do</strong> Rio Inhomirim e, simultaneamente, inserida a região no<br />

panorama turístico regional, nacional e até mesmo internacional, com forte e positiva repercussão<br />

social e econômica sobre to<strong>do</strong> município <strong>de</strong> Magé e gran<strong>de</strong> parte da Região Metropolitana <strong>do</strong> Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro.<br />

6


2 OBJETIVOS<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

O elenco <strong>de</strong> propostas apresentadas nesta Monografia tem como principal objetivo a melhoria das<br />

condições <strong>de</strong> vida da população que vive, trabalha e estuda no município <strong>de</strong> Magé, em pleno acor<strong>do</strong><br />

com o que preconiza o Ministério das Cida<strong>de</strong>s.<br />

O Ministério das Cida<strong>de</strong>s foi cria<strong>do</strong> em 2003 com o objetivo <strong>de</strong> integrar e <strong>de</strong>senvolver as áreas <strong>de</strong><br />

Habitação, Saneamento, Mobilida<strong>de</strong> e Urbanismo. Formulou, entre outras, a Política Nacional <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Urbano – PNDU, cujos principais objetivos são:<br />

• Reduzir o déficit habitacional qualitativo e quantitativo.<br />

• Promover o acesso universal ao saneamento ambiental.<br />

• Ampliar a mobilida<strong>de</strong> urbana com segurança, priorizan<strong>do</strong> o transporte coletivo.<br />

• Promover a melhoria da qualida<strong>de</strong> ambiental urbana.<br />

• Integrar as ações <strong>de</strong> política urbana com as ações <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego, trabalho e renda.<br />

O presente trabalho, ao propor um conjunto integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações voltadas para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>urbano</strong> da área da bacia <strong>do</strong> rio Inhomirim, persegue os mesmos objetivos da PNDU.<br />

Estas propostas surgem quase que naturalmente a partir da caracterização geográfica, ambiental,<br />

histórica e <strong>de</strong>mográfica <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Magé, assim como <strong>do</strong> diagnóstico <strong>de</strong> sua infraestrutura<br />

urbana e das condições em que vive sua população, conforme se verá a seguir.<br />

7


3 O MUNICÍPIO DE MAGÉ<br />

3.1 Localização e quadro natural 1<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Magé pertence à Região Metropolitana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro – RMRJ, que também abrange os<br />

municípios <strong>de</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, Belford Roxo, Duque <strong>de</strong> Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri,<br />

Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queima<strong>do</strong>s, São Gonçalo, São João <strong>de</strong><br />

Meriti, Seropédica e Tanguá. O território municipal se limita com Petrópolis ao norte, Guapimirim<br />

a leste, Duque <strong>de</strong> Caxias a oeste e com a Baia <strong>de</strong> Guanabara ao sul. (FIGURA 1)<br />

FIGURA 1 – Magé e a Região Metropolitana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Mapa elabora<strong>do</strong> pelo autor.<br />

O município tem uma área total <strong>de</strong> 386,8 Km 2 , correspon<strong>de</strong>ntes a 8,3% da área da Região<br />

Metropolitana. Compõe-se, na atualida<strong>de</strong>, <strong>do</strong>s distritos <strong>de</strong> Magé (1 o distrito - se<strong>de</strong>), Santo Aleixo<br />

(2 o distrito), Agrícola <strong>de</strong> Rio <strong>do</strong> Ouro (3 o distrito), Suruí (4 o distrito), Guia <strong>de</strong> Pacobaíba (5 o<br />

distrito) e Vila Inhomirim (6 o distrito). A se<strong>de</strong> municipal está situada a uma distância <strong>de</strong> 50 Km da<br />

capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, o município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

1 FUNDREN, s.d., PMM, 2004 (Diagnóstico), PMM, 2004 (Magé) e TCE-RJ, 2004<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Po<strong>de</strong>-se caracterizar no município três áreas bastante distintas, verifican<strong>do</strong>-se uma correlação entre<br />

as condições naturais <strong>de</strong>stas e a forma <strong>de</strong> ocupação e o aproveitamento econômico <strong>do</strong> território<br />

municipal.<br />

A primeira é a área da serra <strong>do</strong> Mar, ao norte <strong>do</strong> município, com gran<strong>de</strong>s massas rochosas. A<br />

cobertura vegetal é <strong>de</strong> matas primárias e secundárias <strong>de</strong>nsas, sen<strong>do</strong> que em alguns trechos <strong>de</strong><br />

patamares aparecem manchas <strong>de</strong> pastagens e em outros trechos <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>clive, nos grotões,<br />

plantações <strong>de</strong> bananeiras. O microclima nesta área é <strong>de</strong> temperaturas baixas e chuvas abundantes <strong>de</strong><br />

origem orográfica, com maior intensida<strong>de</strong> no verão. É nesta área que nascem os rios que banham o<br />

município. Na área da serra, localiza-se parte <strong>do</strong> Parque Nacional da Serra <strong>do</strong>s Órgãos, com se<strong>de</strong><br />

em Teresópolis e subse<strong>de</strong> em Magé.<br />

A segunda área, plana e semiplana, situada na parte mais central <strong>do</strong> município, <strong>de</strong>senvolve-se no<br />

senti<strong>do</strong> oeste-leste e é caracteriza<strong>do</strong> por colinas meia-laranja (morros <strong>de</strong> piemonte). Inician<strong>do</strong>-se na<br />

base da serra e terminan<strong>do</strong> na baixada, limita-se a su<strong>de</strong>ste por áreas normalmente inundáveis que,<br />

po<strong>de</strong>m esten<strong>de</strong>r-se até o litoral. Nesta área encontram-se os melhores solos para a agropecuária. A<br />

cobertura vegetal é variável, pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> nos morros mais altos matas secundárias, capoeiras e<br />

capoeirões; nas colinas, vegetação arbustiva, gramíneas e árvores isoladas, forman<strong>do</strong> pequenos<br />

conjuntos. O clima é quente e úmi<strong>do</strong>. Cabe ressaltar que os núcleos <strong>urbano</strong>s <strong>do</strong> município estão<br />

assenta<strong>do</strong>s nesta área, principalmente na faixa <strong>de</strong> transição entre a parte semiplana e a <strong>de</strong> baixada.<br />

A terceira área, <strong>de</strong> baixada, é parte sujeita a inundações periódicas e parte permanentemente<br />

inundada. Pre<strong>do</strong>mina a vegetação <strong>de</strong> brejos e manguezais. Os solos da baixada são <strong>do</strong> tipo<br />

hidromórfico, refletem o excesso <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> ten<strong>do</strong> uma composição, ex<strong>trem</strong>amente salina na parte<br />

influenciada pelas marés. Espelhan<strong>do</strong> as condições topográficas da área, os rios têm configurações<br />

meândricas, com lento escoamento. Apesar das condições ina<strong>de</strong>quadas à ocupação urbana as<br />

parcelas contíguas ao núcleo <strong>de</strong> Magé estão loteadas.<br />

Não existe uma separação rígida entre as áreas <strong>de</strong>scritas, pois elas se interligam e às vezes se<br />

sobrepõem, dificultan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las.<br />

Os numerosos cursos d’água nascem nas Serras <strong>do</strong>s Órgãos e Estrela, atravessam o território<br />

municipal no senti<strong>do</strong> norte-sul e têm importância fundamental no quadro <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

agropecuário local, na produção industrial e no processo <strong>de</strong> urbanização <strong>do</strong> município.<br />

Desembocam to<strong>do</strong>s na Baía <strong>de</strong> Guanabara, como os rios Iriri, Suruí, Santo Aleixo ou Ronca<strong>do</strong>r,<br />

Magé e o Estrela, forma<strong>do</strong> com a união <strong>do</strong> Inhomirim e o Imbariê.<br />

3.2 Situação ambiental 2<br />

To<strong>do</strong> a área municipal <strong>de</strong> Magé faz parte da gran<strong>de</strong> Bacia da Baía <strong>de</strong> Guanabara, cuja <strong>de</strong>gradação<br />

ambiental é conhecida, embora seja, há mais <strong>de</strong> cinco anos, alvo <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Despoluição da<br />

Baía <strong>de</strong> Guanabara - PDBG. As principais causas <strong>de</strong> sua persistente <strong>de</strong>gradação são:<br />

Desmatamento - A carência <strong>de</strong> habitação para a população <strong>de</strong> baixa renda resultou na ocupação<br />

espontânea <strong>de</strong> áreas ina<strong>de</strong>quadas à urbanização: encostas íngremes, margens <strong>de</strong> rios e áreas<br />

inundáveis. Retirada a floresta, no solo <strong>de</strong>sprotegi<strong>do</strong> aumentam os <strong>de</strong>slizamentos <strong>de</strong> encostas e as<br />

2 www.baia<strong>de</strong>guanabara.org.br<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

enxurradas, causan<strong>do</strong> assoreamento e obstrução <strong>do</strong>s rios com lama e lixo. As calhas assim<br />

obstruídas provocam inundações <strong>de</strong> áreas urbanizadas.<br />

Destruição <strong>de</strong> manguezais - A <strong>de</strong>struição <strong>do</strong>s manguezais causa a redução da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reprodução <strong>de</strong> diversas espécies <strong>de</strong> vida aquática e intensifica o processo <strong>de</strong> assoreamento que, ao<br />

longo <strong>do</strong> tempo, resulta na progressiva redução <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> da Baía.<br />

Aterros - A superfície original da Baía <strong>de</strong> Guanabara sofreu uma redução <strong>de</strong> 30%, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos<br />

aterros <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a criar novas áreas <strong>de</strong> urbanização. Tais interferências no ambiente natural<br />

causam sérias alterações no sistema <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> águas, reduzin<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

auto<strong>de</strong>puração da Baía e causan<strong>do</strong> danos à vida aquática.<br />

Deficiência <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> saneamento básico - A falta <strong>de</strong> tratamento <strong>do</strong>s esgotos sanitários é a<br />

principal fonte <strong>de</strong> poluição da Baía <strong>de</strong> Guanabara. Em áreas mais pobres da Bacia esgotos correm a<br />

céu aberto. Os efluentes sanitários acabam chegan<strong>do</strong> in natura à Baía, receptora natural <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

rios, canais e galerias.<br />

Ineficiência na coleta e <strong>de</strong>stino final <strong>do</strong> lixo - A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> coleta e a falta <strong>de</strong> locais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s<br />

para receber o lixo gera<strong>do</strong> pela população são um <strong>do</strong>s principais problemas da Bacia da Baía <strong>de</strong><br />

Guanabara, causan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s danos ambientais. Das quase 13.000 t/dia <strong>de</strong> lixo geradas, 4.000 t/dia<br />

não chegam a ser coletadas, sen<strong>do</strong> vazadas em terrenos baldios, rios e canais.<br />

Poluição industrial - Estima-se que 64 toneladas <strong>de</strong> carga orgânica e 7 toneladas <strong>de</strong> óleo são<br />

<strong>de</strong>spejadas por dia na Baía, conten<strong>do</strong> 0,3 tonelada <strong>de</strong> metais pesa<strong>do</strong>s como chumbo, cromo, zinco e<br />

mercúrio. As principais responsáveis por essa carga poluente são as indústrias alimentícias e<br />

químicas, especialmente as petroquímicas.<br />

Aci<strong>de</strong>ntes ambientais - Somem-se ainda os aci<strong>de</strong>ntes com vazamento <strong>de</strong> óleo, que ocorrem com<br />

certa freqüência nas refinarias, portos comerciais, estaleiros e postos <strong>de</strong> combustíveis. O mais<br />

recente ocorreu em janeiro <strong>de</strong> 2000, quan<strong>do</strong> 1,3 milhão <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> óleo da Petrobrás vazou na Baía<br />

<strong>de</strong> Guanabara, causan<strong>do</strong> danos aos manguezais, às praias e à população em geral.<br />

3.3 Evolução institucional e econômica 3<br />

O <strong>de</strong>sbravamento da região <strong>de</strong> Magé data <strong>do</strong>s primeiros tempos coloniais <strong>do</strong> Brasil.<br />

Em 1565, após a expulsão <strong>do</strong>s franceses <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, Simão da Mota é agracia<strong>do</strong> por Mem <strong>de</strong><br />

Sá com uma sesmaria e edifica sua moradia no Morro da Pieda<strong>de</strong>, próximo <strong>do</strong> qual, ainda hoje,<br />

existe o porto <strong>de</strong> mesmo nome, a poucos quilômetros da atual se<strong>de</strong> municipal.<br />

Alguns anos <strong>de</strong>pois, Simão da Mota, com outros portugueses e inúmeros escravos, transferiu-se<br />

para a localida<strong>de</strong> Magepe-Mirim, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se originou a atual cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Magé.<br />

Na época, viviam na região índios da tribo <strong>do</strong>s Tamoios, <strong>do</strong>s quais não restam vestígios. A<br />

povoação foi elevada à categoria <strong>de</strong> freguesia em 1696. Próximo dali também se <strong>de</strong>senvolveu, a<br />

partir <strong>de</strong> 1643, a localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nossa Senhora da Guia <strong>de</strong> Pacobaíba, que foi reconhecida como<br />

freguesia em 1755.<br />

3 TCE-RJ, 2004<br />

10


1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Devi<strong>do</strong> ao esforço <strong>do</strong>s coloniza<strong>do</strong>res e à fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo, Magepe-Mirim e Guia <strong>de</strong> Pacobaíba<br />

gozaram <strong>de</strong> uma situação invejável no perío<strong>do</strong> colonial.<br />

Tanto numa quanto noutra, o elemento negro, introduzi<strong>do</strong> em gran<strong>de</strong> número, muito contribuiu para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento da agricultura e elevação <strong>do</strong> nível econômico local.<br />

Em 7 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1789 Magé foi elevada à categoria <strong>de</strong> vila, obten<strong>do</strong>, assim, sua emancipação, com<br />

território constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> terras <strong>de</strong>smembradas <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Santana <strong>de</strong> Macacu e da cida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, inclusive as ilhas <strong>do</strong> arquipélago <strong>de</strong> Paquetá, na Baía <strong>de</strong> Guanabara.<br />

No ano <strong>de</strong> 1810, foi a localida<strong>de</strong> tornada Baronato e no ano seguinte, elevada a Viscondato. Em<br />

1857, foram-lhe atribuí<strong>do</strong>s foros <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>.<br />

Com a abolição da escravatura, houve consi<strong>de</strong>rável êxo<strong>do</strong> <strong>do</strong>s antigos escravos, ocasionan<strong>do</strong> forte<br />

crise econômica. Esse fato, alia<strong>do</strong> à insalubrida<strong>de</strong> da região, fez com que <strong>de</strong>saparecessem as<br />

gran<strong>de</strong>s plantações, periódicas ou permanentes.<br />

O aban<strong>do</strong>no das terras provocou a obstrução <strong>do</strong>s rios que cortam quase toda a baixada <strong>do</strong> território<br />

municipal, alagan<strong>do</strong>-a. Daí originou-se o grassamento da malária, que reduziu a população local e<br />

paralisou por várias décadas o <strong>de</strong>senvolvimento econômico da região.<br />

Contu<strong>do</strong>, sua localização privilegiada, próxima a cida<strong>de</strong>s importantes, trouxe nova fase <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento no século XX, com a implantação <strong>de</strong> várias indústrias, especialmente as têxteis.<br />

Em 1992, Guapimirim, então terceiro distrito <strong>de</strong> Magé, adquire sua autonomia, com redução<br />

expressiva <strong>do</strong> território mageense.<br />

3.4 Evolução <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> transportes 4<br />

A história <strong>do</strong>s caminhos e transportes <strong>de</strong> Magé é tão importante que se confun<strong>de</strong> com a própria<br />

história <strong>do</strong> município e é um relato <strong>de</strong> sucessivas soluções geográficas e tecnológicas, seja para<br />

vencer as escarpas da Serra <strong>do</strong> Mar, interposta entre a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e Minas Gerais<br />

(direção norte-sul), seja para unir os <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da Baía <strong>de</strong> Guanabara (direção leste-oeste).<br />

Ao longo <strong>de</strong>ste processo, cada nova solução implantada provoca a obsolescência da antece<strong>de</strong>nte.<br />

3.4.1 Ligação Norte-Sul<br />

Nos séculos XVII e XVIII, foram cria<strong>do</strong>s, sucessivamente, três caminhos oficiais ligan<strong>do</strong> as<br />

províncias <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> Minas Gerais. Reconheci<strong>do</strong>s pela Coroa portuguesa, possuíam<br />

guardas e/ou casas <strong>de</strong> registro e eram <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à passagem <strong>do</strong> ouro e das pedras preciosas<br />

extraídas nas Minas Gerais. Eram eles:<br />

• Caminho Velho <strong>do</strong> Ouro – <strong>de</strong> Paraty até Minas, passan<strong>do</strong> por São Paulo;<br />

4 INEPAC, 2004<br />

11


1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

• Caminho Novo <strong>do</strong> Ouro ou Caminho <strong>de</strong> Garcia Rodrigues Paes – <strong>do</strong> Porto <strong>do</strong> Pilar, localiza<strong>do</strong><br />

no atual município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, até Minas;<br />

• Variante <strong>do</strong> Caminho Novo – <strong>do</strong> Porto da Estrela, localiza<strong>do</strong> no atual município <strong>de</strong> Magé, até<br />

encontrar o Caminho Novo na região <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul. (FIGURA 2)<br />

FIGURA 2 - Mapa das Estradas Reais <strong>do</strong>s Séculos XVII e XVIII<br />

Mapa elabora<strong>do</strong> pelo autor sobre imagem disponibilizada pela Nasa.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

A Variante <strong>do</strong> Caminho Novo ou Caminho <strong>do</strong> Proença (FIGURA 3), aberto por Bernar<strong>do</strong> Soares <strong>de</strong><br />

Proença entre 1722-1725, foi uma opção mais rápida ao Caminho Novo <strong>de</strong>scerra<strong>do</strong> por Garcia<br />

Rodrigues Paes, em 1700. Por encurtar este caminho em quatro dias, passan<strong>do</strong> por trechos menos<br />

íngremes <strong>de</strong> serra, tornou-se o “Caminho Novo” na prática, levan<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>suso o Caminho que se<br />

iniciava no Porto <strong>do</strong> Pilar.<br />

FIGURA 3 -Variante <strong>do</strong> Caminho Novo Início da subida, Vila Inhomirim<br />

Foto <strong>do</strong> autor.<br />

A partir <strong>de</strong> 1723, portanto, é em Magé, mais precisamente no Porto da Estrela, que se inicia a<br />

principal e mais movimentada Estrada Real <strong>do</strong> Brasil, unin<strong>do</strong> a capital <strong>do</strong> Império à Província das<br />

Minas Gerais.<br />

Embarcações conectavam o Rio <strong>de</strong> Janeiro – Cais <strong>do</strong>s Mineiros, situa<strong>do</strong> no centro, em frente à Rua<br />

da Alfân<strong>de</strong>ga – ao Porto da Estrela, através das águas da Baía <strong>de</strong> Guanabara e <strong>do</strong> leito <strong>do</strong> Rio<br />

Estrela, até a confluência <strong>de</strong> seus forma<strong>do</strong>res, os rios Inhomirim e Saracuruna e, a partir daí,<br />

seguiam as tropas para as Minas Gerais através da Variante <strong>do</strong> Caminho Novo.<br />

Nesta época, o Porto da Estrela era o segun<strong>do</strong> mais movimenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong> território brasileiro,<br />

somente supera<strong>do</strong> pelo <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

A Variante <strong>do</strong> Caminho Novo foi utilizada durante to<strong>do</strong> o século XVIII. Em 1799, após sucessivos<br />

pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> melhoria da <strong>estrada</strong>, o príncipe regente D. João aprovou a obra <strong>de</strong> calçamento da sua<br />

parte mais íngreme. Este calçamento existe até hoje, é tomba<strong>do</strong> pelo Patrimônio Histórico Nacional<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1937 e ainda apresenta alguns trechos em razoáveis condições <strong>de</strong> preservação.<br />

Em 1841, o major engenheiro alemão Júlio Fre<strong>de</strong>rico Koeler foi encarrega<strong>do</strong> pelo Impera<strong>do</strong>r, D.<br />

Pedro II, <strong>de</strong> construir um novo e melhor caminho, <strong>de</strong> Porto da Estrela a Petrópolis, on<strong>de</strong> a família<br />

imperial costumava passar temporadas. Surgia assim, paralela à Variante <strong>do</strong> Caminho Novo, a<br />

<strong>estrada</strong> Normal da Serra da Estrela, levan<strong>do</strong> a primeira ao <strong>de</strong>suso.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Calçada por paralelepípe<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final <strong>do</strong> século XIX, é utilizada até os dias <strong>de</strong> hoje, sen<strong>do</strong><br />

conhecida atualmente como "Estrada Velha".<br />

Em 1854, por iniciativa <strong>de</strong> Irineu Evangelista <strong>de</strong> Sousa – o Barão <strong>de</strong> Mauá, era inaugurada a<br />

primeira <strong>estrada</strong> <strong>de</strong> <strong>ferro</strong> brasileira, ligan<strong>do</strong> o porto <strong>de</strong> Mauá – estação <strong>de</strong> Mauá – a Fragoso, em um<br />

percurso <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 14 km. 5<br />

Com bitola <strong>de</strong> 1,676 m, ali ro<strong>do</strong>u a “Baronesa”, a primeira locomotiva a operar no Brasil.<br />

A viagem a Petrópolis começava por via marítima, até Porto Mauá, <strong>de</strong>pois por <strong>trem</strong> até Raiz da<br />

Serra e seguia por diligência, na <strong>estrada</strong> Normal da Serra da Estrela.<br />

O advento da <strong>ferro</strong>via, cuja estação inicial, Mauá, ficava distante poucos quilômetros <strong>do</strong> Porto da<br />

Estrela, motivou, com o tempo, a natural e gradual <strong>de</strong>sativação <strong>de</strong>ste último.<br />

A Estrada <strong>de</strong> Ferro - EF Mauá foi estendida em 1856 até Raiz da Serra (atual Vila Inhomirim) e dali<br />

pretendia subir a serra <strong>de</strong> Petrópolis para alcançar essa cida<strong>de</strong>, fato que ocorreu apenas 30 anos<br />

mais tar<strong>de</strong>, mas por outra empresa, a EF Príncipe <strong>do</strong> Grão Pará, que acabou por comprar a EF Mauá<br />

em 1888 e reduzir sua bitola para métrica para acabar com a bal<strong>de</strong>ação em Raiz da Serra.<br />

Como a estação <strong>de</strong> Piabetá foi ligada mais tar<strong>de</strong> ao Rio <strong>de</strong> Janeiro por linha férrea da EF<br />

Leopoldina, o transporte pela baía foi sen<strong>do</strong> cada vez menos utiliza<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> com pouco<br />

movimento a estação e o porto <strong>de</strong> Mauá, repetin<strong>do</strong> <strong>de</strong> certa forma o que já ocorrera,<br />

sucessivamente, com os portos <strong>do</strong> Pilar e da Estrela.<br />

Com o advento <strong>do</strong> automóvel, e com a imprensa fazen<strong>do</strong> pesadas críticas ao aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong><br />

tradicional caminho para a Cida<strong>de</strong> Imperial, o governo fe<strong>de</strong>ral man<strong>do</strong>u construir uma nova<br />

alternativa para vencer a Serra <strong>do</strong> Mar. Em 25 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1928, com oito metros <strong>de</strong> largura <strong>de</strong><br />

plataforma, era inaugurada pelo presi<strong>de</strong>nte Washington Luís a nova <strong>estrada</strong> Rio / Petrópolis,<br />

passan<strong>do</strong> pelo município <strong>de</strong> Caxias. Esta <strong>estrada</strong>, até hoje em uso, foi responsável pelo <strong>de</strong>clínio da<br />

ligação ro<strong>do</strong>viária Rio / Petrópolis / Minas através <strong>de</strong> Magé.<br />

Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 60, o serviço <strong>ferro</strong>viário <strong>de</strong> passageiros no trecho Piabetá-Guia <strong>de</strong> Pacobaíba<br />

foi extinto. A estação e a linha foram aban<strong>do</strong>nadas e, embora tombadas pelo Patrimônio Histórico,<br />

permanecem no <strong>de</strong>scaso.<br />

3.4.2 Ligação Leste-Oeste<br />

A ligação <strong>ferro</strong>viária contornan<strong>do</strong> a Baía <strong>de</strong> Guanabara e passan<strong>do</strong> por Magé se <strong>de</strong>u apenas no ano<br />

<strong>de</strong> 1926, por conta <strong>de</strong> uma região <strong>de</strong> alagadiço existente no fun<strong>do</strong> da baía. Era operada pela Estrada<br />

<strong>de</strong> Ferro Leopoldina e era conhecida como Primeira Linha Tronco, unin<strong>do</strong> o Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(Estação Barão <strong>de</strong> Mauá) a Vitória 6 .<br />

Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX foi implantada a ro<strong>do</strong>via Rio Bahia, BR 116, atravessan<strong>do</strong> <strong>de</strong> oeste a<br />

leste o município <strong>de</strong> Magé. Esta ro<strong>do</strong>via apresentou-se como uma das principais opções <strong>de</strong> ligação<br />

entre os <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da baía.<br />

Inaugurada em 1974, a Ponte Rio Niterói atraiu para si to<strong>do</strong> o movimento <strong>de</strong> veículos transporta<strong>do</strong>s<br />

pelas barcas e gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> tráfego que contornava a Baía, passan<strong>do</strong> por Magé.<br />

5 www. estacoes<strong>ferro</strong>viarias.com.br e www.transportes.gov.br<br />

6 Rodriguez, 2004<br />

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3.5 Demografia 7<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

De acor<strong>do</strong> com o censo <strong>do</strong> IBGE <strong>de</strong> 2000, Magé tinha uma população <strong>de</strong> 205.830 habitantes,<br />

correspon<strong>de</strong>ntes a 1,9% <strong>do</strong> contingente da RMRJ, com uma proporção <strong>de</strong> 96,9 homens para cada<br />

100 mulheres. A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica era <strong>de</strong> 558 habitantes por km 2 , contra 2.380 habitantes por<br />

km 2 da RMRJ.<br />

O município apresentou uma taxa média <strong>de</strong> crescimento, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1991 a 2000, <strong>de</strong> 2,57% ao<br />

ano, contra 1,17% na RM e 1,30% no Esta<strong>do</strong>. Sua taxa <strong>de</strong> urbanização correspon<strong>de</strong> a 94,2% da<br />

população, enquanto que, na Região Metropolitana, tal taxa correspon<strong>de</strong> a 99,5%. A faixa etária<br />

pre<strong>do</strong>minante encontra-se entre os 10 e 39 anos, e os i<strong>do</strong>sos representam 9% da população <strong>do</strong><br />

município, contra 20% <strong>de</strong> crianças entre 0 e 9 anos.<br />

Magé tem um contingente <strong>de</strong> 136.745 eleitores, aproximadamente 62% da população. O município<br />

tem um número total <strong>de</strong> 74.373 <strong>do</strong>micílios, com uma taxa <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> 78%. Dos 16.011<br />

<strong>do</strong>micílios não ocupa<strong>do</strong>s, 39% têm uso ocasional, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o perfil turístico local.<br />

A população local distribui-se no território municipal conforme gráfico a seguir, on<strong>de</strong> se observa<br />

que o distrito <strong>de</strong> Inhomirim possui 49% da população municipal, enquanto que Magé, a se<strong>de</strong>,<br />

apenas 27%. Tal fato se explica pelo evi<strong>de</strong>nte transbordamento <strong>do</strong> município vizinho <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong><br />

Caxias, “cola<strong>do</strong>” ao distrito <strong>de</strong> Inhomirim.<br />

FIGURA 4 –Distribuição da população por distrito (Censo 2.000)<br />

Fonte: TCE-RJ, 2004.<br />

7 PMM, 2004 (Diagnóstico), PMM, 2004 (Magé) e TCE-RJ, 2004.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Em Magé, a distribuição da população no território municipal se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada,<br />

geran<strong>do</strong> o aparecimento <strong>de</strong> vários núcleos <strong>de</strong> habitação subnormais.<br />

O município concentra 1,2% da população <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> que vive em favelas. Comparan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s censos <strong>de</strong> 1991 e 2000, percebe-se que a evolução <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios subnormais apresentou<br />

gran<strong>de</strong>s variações e que Magé apresentou um crescimento sete vezes maior <strong>de</strong> sua população<br />

favelada.<br />

3.6 Educação e economia 8<br />

Magé tem Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano - IDH que o coloca na 57 a posição no esta<strong>do</strong>. Uma<br />

das razões é sua taxa <strong>de</strong> alfabetização <strong>de</strong> 91% da população, contra uma média <strong>de</strong> 94% no esta<strong>do</strong>.<br />

O município tem mostra<strong>do</strong> crescimento <strong>do</strong> acesso <strong>de</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes ao ensino<br />

fundamental. A re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> Magé teve 58% <strong>de</strong> aumento no número <strong>de</strong> estudantes e<br />

acréscimo <strong>de</strong> 56% no quantitativo <strong>de</strong> professores.<br />

Ressaltam-se os entraves das 1ª, 5ª e 8ª séries. A taxa <strong>de</strong> aprovação, na re<strong>de</strong> municipal, foi <strong>de</strong> 76%<br />

na primeira série, atingin<strong>do</strong> a 61 a colocação no esta<strong>do</strong>. A 5ª série teve um total <strong>de</strong> 79% aprova<strong>do</strong>s,<br />

ocupan<strong>do</strong> o 17º lugar. A 8ª série teve um total <strong>de</strong> 97% aprova<strong>do</strong>s, ocupan<strong>do</strong> o 5º lugar. A taxa <strong>de</strong><br />

concluintes no ensino fundamental evoluiu 92% em cinco anos. Subsistem condições educacionais<br />

<strong>de</strong>sfavoráveis como 46% <strong>de</strong> distorção série-ida<strong>de</strong> na 5ª série e 45% na 8ª série da re<strong>de</strong> local, contra<br />

44% e 40%, respectivamente, na média <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />

Há forte correlação entre anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e classe <strong>de</strong> rendimento mensal das pessoas. Em Magé, 67%<br />

da população não têm o curso fundamental completo e 71% não têm rendimento ou percebem até 3<br />

salários-mínimos. No ano <strong>de</strong> 2002 o Produto Interno Bruto – PIB <strong>de</strong> Magé estava em 22 o lugar<br />

<strong>de</strong>ntre os noventa e <strong>do</strong>is municípios fluminenses, mas o PIB per capita <strong>do</strong> município foi <strong>de</strong> R$<br />

3.120,00, o que representa a 80ª colocação no esta<strong>do</strong>.<br />

3.7 Saneamento básico e resíduos sóli<strong>do</strong>s 9<br />

Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s apura<strong>do</strong>s no ano 2000, no tocante ao abastecimento <strong>de</strong> água, Magé tem 46,7% <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>micílios com acesso à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição, 47,7% com acesso à água através <strong>de</strong> poço ou nascente<br />

e 5,7% têm outra forma <strong>de</strong> acesso à mesma. O total distribuí<strong>do</strong> alcança 9.784 metros cúbicos por<br />

dia, <strong>do</strong>s quais 70% passam por tratamento convencional e o restante por simples <strong>de</strong>sinfecção<br />

(cloração).<br />

O principal consumo <strong>de</strong> água <strong>do</strong> município é o <strong>do</strong>miciliar. Este consumo é medi<strong>do</strong> através <strong>de</strong><br />

hidrômetro em apenas 30% das residências, nas restantes o consumo é estima<strong>do</strong> 10 .<br />

8 TCE-RJ, 2004<br />

9 TCE-RJ, 2004<br />

10 PMM,2004 (Diagnóstico)<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

A re<strong>de</strong> coletora <strong>de</strong> esgoto sanitário chega a 29,8% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios <strong>do</strong> município; outros 32,9% têm<br />

fossa séptica, 8,9% utilizam fossa rudimentar, 22,1% estão liga<strong>do</strong>s a uma vala, e 5,1% são lança<strong>do</strong>s<br />

diretamente em um corpo receptor (rio, lagoa ou mar). O esgoto não passa por tratamento e é<br />

lança<strong>do</strong> no rio e na baía.<br />

Magé tem 84,1% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios com coleta regular <strong>de</strong> lixo, outros 2,4% têm seu lixo joga<strong>do</strong> em<br />

terreno baldio ou logra<strong>do</strong>uro, e 12,3% o queimam. Em 2000, o total <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s<br />

somava 225 toneladas por dia, cujo <strong>de</strong>stino era 5 vaza<strong>do</strong>uros a céu aberto (lixões).<br />

3.8 Sistema viário e transportes 11<br />

3.8.1 Sistema Ro<strong>do</strong>viário<br />

Ro<strong>do</strong>vias Fe<strong>de</strong>rais – As ro<strong>do</strong>vias fe<strong>de</strong>rais BR-116 e BR-493 são as principais vias <strong>de</strong> acesso ao<br />

município e também são utilizadas como principais vias <strong>de</strong> ligação interdistritais. Possuem poucos<br />

retornos e um gran<strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> veículos principalmente <strong>de</strong> caminhões, o que dificulta a circulação<br />

entre núcleos <strong>urbano</strong>s.<br />

A ro<strong>do</strong>via BR 116 foi em parte privatizada (trecho BR 040 / Além Paraíba) e é operada pela<br />

Concessionária Rio Teresópolis S.A. – CRT. A data <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> concessão foi 22/11/1995, sen<strong>do</strong><br />

a duração <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> 25 anos. O início da operação (cobrança <strong>de</strong> pedágio) foi 22/3/1996. O<br />

trecho da ro<strong>do</strong>via BR 116 – <strong>do</strong> entroncamento com BR 040 a Além Paraíba – opera<strong>do</strong> pela CRT<br />

possui extensão <strong>de</strong> 142,5 km, 25,4 km <strong>do</strong>s quais <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Magé. A tarifa atualmente cobrada para<br />

automóveis é <strong>de</strong> R$ 5,40. Tal cobrança penaliza fortemente a população e a economia <strong>do</strong> município<br />

<strong>de</strong> Magé, além <strong>de</strong> promover sua <strong>de</strong>sarticulação interdistrital.<br />

Este corre<strong>do</strong>r viário <strong>de</strong> ligação leste-oeste, divi<strong>de</strong> o município e distritos, mas não possui passarelas,<br />

o que causa um número razoável <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trânsito, conforme relatos <strong>de</strong> transeuntes. O trecho<br />

da BR-493 é o mais precário, com somente duas pistas em mão dupla e pavimentação mal<br />

conservada.<br />

Ro<strong>do</strong>vias Estaduais e Municipais – Em Magé as Estradas Municipais (MGE) e Estaduais (RJ)<br />

fazem, geralmente, as ligações norte-sul entre as BRs e os principais núcleos <strong>urbano</strong>s. Poucas<br />

interligam núcleos <strong>urbano</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente como é o caso da Estrada Municipal <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong> Ouro<br />

(MGE-101), que liga o 1 o distrito ao 6 o no senti<strong>do</strong> leste-oeste, e a Estrada Municipal Suruí (MGE-<br />

103), que liga o 5 o ao 4 o distrito.<br />

A maioria já possui pavimentação em asfalto, normalmente aplicada sobre a pavimentação antiga <strong>de</strong><br />

paralelepípe<strong>do</strong>s. Como a manutenção é precária, as fissuras e buracos em vários pontos dificultam a<br />

circulação <strong>de</strong> veículos.<br />

O principal projeto viário volta<strong>do</strong> para o município <strong>de</strong> Magé é a implantação <strong>do</strong> anel ro<strong>do</strong>viário (RJ<br />

109), entre o porto <strong>de</strong> Sepetiba e a BR 040, contornan<strong>do</strong> a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (FIGURA 5).<br />

Esta <strong>estrada</strong> dará continuida<strong>de</strong> à ro<strong>do</strong>via BR 116, carrean<strong>do</strong> por Magé o tráfego da Via Dutra e da<br />

Ro<strong>do</strong>via Rio Santos com <strong>de</strong>stino à região <strong>do</strong>s lagos, ao norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, ao Espírito Santo e ao<br />

nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> país, recolocan<strong>do</strong> Magé no mapa logístico nacional. A ro<strong>do</strong>via cortará toda a Baixada<br />

Fluminense, passan<strong>do</strong> pelos municípios <strong>de</strong> Itaguaí, Seropédica, Japeri, Nova Iguaçu, Duque <strong>de</strong><br />

Caxias, Magé, Guapimirim e Itaguaí.<br />

11 www.crt.com.br, PMM, 2004 (Magé), www.sectran.gov.br e TCE-RJ, 2004<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

A construção <strong>do</strong> anel ro<strong>do</strong>viário <strong>de</strong>verá reduzir o tráfego <strong>de</strong> caminhões na Avenida Brasil e na<br />

Ponte Rio-Niterói. Os cálculos são <strong>de</strong> que cerca <strong>de</strong> 800 caminhões <strong>de</strong>ixarão <strong>de</strong> trafegar pelas duas<br />

vias para passar a usar o novo caminho. O anel ro<strong>do</strong>viário será construí<strong>do</strong> em pista dupla.<br />

FIGURA 5 – Projeto <strong>do</strong> Anel Ro<strong>do</strong>viário (RJ 109)<br />

Mapa elabora<strong>do</strong> pelo autor.<br />

3.8.2 Transporte Ferroviário<br />

O município <strong>de</strong> Magé é servi<strong>do</strong> por duas linhas <strong>ferro</strong>viárias <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> passageiros e uma<br />

terceira exclusiva para o transporte <strong>de</strong> cargas.<br />

A primeira, operada pela empresa SUPERVIA, oferece o serviço Saracuruna X Vila Inhomirim em<br />

composição movida a locomotiva elétrica, ao preço <strong>de</strong> R$ 1,65 (um real e sessenta e<br />

cinco centavos). Os passageiros vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro são obriga<strong>do</strong>s a transbordar na estação<br />

Saracuruna (Caxias), última a operar trens elétricos. A partir daí embarcam em composição<br />

tracionada por locomotiva diesel, a qual percorre o trecho Saracuruna / Vila Inhomirim.<br />

Os intervalos pratica<strong>do</strong>s pela SUPERVIA nos horários <strong>de</strong> maior movimento para Vila Inhomirim,<br />

em dias úteis, giram em torno <strong>de</strong> 35 a 60 minutos, sen<strong>do</strong> 113 minutos (quase duas horas) o tempo<br />

oficial total <strong>de</strong> viagem entre Central e Vila Inhomirim.<br />

A Agência Regula<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Serviços Públicos Concedi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro – ASEP-RJ<br />

foi criada pela Lei estadual 2686/97, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1997. Em substituição a esta, a partir <strong>de</strong><br />

23/06/05, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Lei Estadual 4.555 <strong>de</strong> 06/06/05, foi criada a Agência Regula<strong>do</strong>ra <strong>de</strong><br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Serviços Públicos Concedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e <strong>de</strong><br />

Ro<strong>do</strong>vias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro – AGETRANSP, com a função específica <strong>de</strong> regular e<br />

fiscalizar os serviços <strong>de</strong> transportes concedi<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, entre eles os presta<strong>do</strong>s<br />

pela SUPERVIA.<br />

O segun<strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> passageiros sobre trilhos é presta<strong>do</strong> pela Companhia Estadual <strong>de</strong><br />

Engenharia <strong>de</strong> Transporte e Logística – CENTRAL, a empresa responsável pela infra-estrutura e<br />

pela operação <strong>do</strong> trecho <strong>ferro</strong>viário Saracuruna – Magé – Guapimirim.<br />

Suas duas locomotivas a diesel não conseguem <strong>de</strong>senvolver uma velocida<strong>de</strong> razoável, atrasan<strong>do</strong><br />

sempre os escassos horários. Os vagões na maioria não possuem luminárias, não existem vidros nas<br />

janelas, as portas não fecham, não há conforto e higiene. O perigo ronda todas as viagens, não só<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> <strong>de</strong>ficitário comboio, como também nas passagens <strong>de</strong> nível, pois na maioria não existe<br />

sinalização sonora nem visual.<br />

Este trecho interliga os municípios <strong>de</strong> Caxias, Magé e Guapimirim, fazen<strong>do</strong> também conexão com o<br />

sistema <strong>ferro</strong>viário concedi<strong>do</strong> à SUPERVIA, na estação <strong>de</strong> Saracuruna. A tarifa cobrada é <strong>de</strong> R$<br />

0,60, e o transporte diário nos trechos - cerca <strong>de</strong> 1.100 passageiros por dia – é muito mo<strong>de</strong>sto<br />

compara<strong>do</strong> à população <strong>do</strong>s municípios servi<strong>do</strong>s.<br />

3.8.3 Transporte Hidroviário<br />

Em 12 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998, o Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro transferiu à iniciativa privada o<br />

controle acionário da Companhia <strong>de</strong> Navegação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro – CONERJ, sob<br />

regime <strong>de</strong> concessão e pelo prazo <strong>de</strong> 25 anos, renováveis.<br />

A empresa BARCAS S.A. foi constituída após vencer a licitação e sua composição acionária inclui<br />

as empresas Andra<strong>de</strong> Gutierrez, Viação 1001, Wilson Sons e RJ Administração e Participações.<br />

O Contrato <strong>de</strong> Concessão regula a exploração, pela Concessionária, <strong>de</strong> serviço público <strong>de</strong> transporte<br />

aquaviário <strong>de</strong> passageiros e veículos, mediante concessão, nas linhas que especifica, nas categorias<br />

<strong>de</strong> linha social, seletiva e seletiva especial (<strong>de</strong> veículos).<br />

A concessionária Barcas S.A., <strong>de</strong>tentora <strong>de</strong> várias concessões hidroviárias no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, entre elas a ligação Rio (Praça XV) / Magé (Guia <strong>de</strong> Pacobaíba), tinha 24 meses para<br />

implantá-la e, como não a realizou, <strong>de</strong>corri<strong>do</strong> o prazo legal, per<strong>de</strong>u os direitos sobre a linha.<br />

Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a solicitação da Prefeitura <strong>de</strong> Magé, o Governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro publicou,<br />

em 27/12/2002, o <strong>de</strong>creto que cria a linha hidroviária <strong>de</strong> transporte coletivo <strong>de</strong> passageiros, ligan<strong>do</strong><br />

Magé ao Rio <strong>de</strong> Janeiro, pela Baía <strong>de</strong> Guanabara.<br />

De concreto, entretanto, nada ocorreu e o município <strong>de</strong> Magé, assim como to<strong>do</strong>s os outros banha<strong>do</strong>s<br />

pela Baía <strong>de</strong> Guanabara continuam, à exceção <strong>do</strong> Rio e <strong>de</strong> Niterói, sem ligação por via aquática.<br />

3.8.4 Hábitos <strong>de</strong> Viagem da População<br />

Segun<strong>do</strong> a Pesquisa O/D (Relatório <strong>de</strong> Apresentação <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s da Pesquisa Origem Destino),<br />

realizada em 2003 e 2004 no âmbito <strong>do</strong> Plano Diretor <strong>de</strong> Transporte Urbano da Região<br />

Metropolitana <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e encomenda<strong>do</strong> pela CENTRAL, originam-se em Magé<br />

cerca <strong>de</strong> 404.000 viagens diárias, o que coloca este município em oitavo lugar <strong>de</strong>ntre os 20<br />

municípios consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, por ocasião <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, como integrantes da RMRJ.<br />

19


1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Este volume <strong>de</strong> viagens representa 2% das (quase) 20 milhões <strong>de</strong> viagens diariamente realizadas na<br />

RMRJ.<br />

Em Magé, 28 % das viagens são motivadas por trabalho e 50 % por estu<strong>do</strong>. Chama nossa atenção a<br />

pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong> motivo Estu<strong>do</strong> exatamente naqueles municípios cuja população tem menor po<strong>de</strong>r<br />

aquisitivo. Tal fato <strong>de</strong>nota, provavelmente, as condições <strong>de</strong> subemprego a que está submetida uma<br />

elevada parcela <strong>do</strong>s seus mora<strong>do</strong>res.<br />

Das 404.000 viagens originadas em Magé, 70,27 % (quase o <strong>do</strong>bro da média metropolitana) são<br />

realizadas <strong>de</strong> forma não motorizada (a pé ou bicicleta), o que correspon<strong>de</strong> ao segun<strong>do</strong> mais eleva<strong>do</strong><br />

percentual <strong>de</strong>ste modal registra<strong>do</strong> em toda RMRJ, somente supera<strong>do</strong> pelo encontra<strong>do</strong> no município<br />

vizinho <strong>de</strong> Guapimirim (77,67 %).<br />

Esta é uma característica comum aos municípios periféricos da RMRJ, o que po<strong>de</strong> ser explica<strong>do</strong>,<br />

isolada ou conjuntamente, por um conjunto <strong>de</strong> fatores:<br />

• baixo po<strong>de</strong>r aquisitivo <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res;<br />

• existência <strong>de</strong> condições topográficas favoráveis ao uso da bicicleta;<br />

• carência <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> transporte coletivo;<br />

Conseqüentemente, e também comparan<strong>do</strong> com o restante <strong>do</strong>s 20 municípios da RMRJ, Magé<br />

apresenta o terceiro mais baixo percentual (25,51 %) <strong>de</strong> viagens realizadas por coletivos, superan<strong>do</strong><br />

apenas Tanguá (25,39 %) e Guapimirim (18,33 %). A participação das viagens em transporte<br />

coletivo em Magé é quase a meta<strong>de</strong> da média observada na RMRJ.<br />

De forma análoga, Magé apresenta o segun<strong>do</strong> mais baixo percentual (4,22 %) <strong>de</strong> viagens realizadas<br />

por veículos particulares, superan<strong>do</strong> apenas Guapimirim (4,00%).<br />

Com base nesta mesma Pesquisa, analisan<strong>do</strong>-se exclusivamente as viagens com <strong>de</strong>stino fora <strong>do</strong><br />

território municipal, origina-se na macrozona 12 “Fun<strong>do</strong> da Baía” (formada pelos municípios <strong>de</strong><br />

Magé e Guapimirim), com <strong>de</strong>stino a outras macrozonas da RMRJ, um total <strong>de</strong> 13.299 viagens na<br />

hora-pico da manhã (FIG. 6)<br />

12 Enten<strong>de</strong>-se por Macrozona uma agregação <strong>de</strong> Zonas <strong>de</strong> Tráfego, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, em algumas situações, a uma<br />

agregação <strong>de</strong> municípios e, no caso da cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, a uma subdivisão <strong>do</strong> território municipal.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

FIGURA 6 – Resulta<strong>do</strong>s da Pesquisa Origem Destino<br />

Mapa elabora<strong>do</strong> pelo autor.<br />

Observa-se a pre<strong>do</strong>minância da macrozona “Duque <strong>de</strong> Caxias”, formada exclusivamente pelo<br />

município <strong>de</strong> mesmo nome, como o principal <strong>de</strong>stino externo das viagens originadas na macrozona<br />

“Fun<strong>do</strong> da Baía”, com um total <strong>de</strong> 6.487 viagens.<br />

Segue-se como segun<strong>do</strong> principal <strong>de</strong>stino o município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> suas 9 Macrozonas<br />

totalizam uma atração <strong>de</strong> 6.164 viagens na hora <strong>do</strong> pico da manhã. Destas nove, <strong>de</strong>stacam-se as<br />

macrozonas “Centro”, atrain<strong>do</strong> 1.821 viagens, “Mauá Caju”, com 1.695 viagens e “Norte”, com<br />

1.304 viagens.<br />

Também foram analisa<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Censo Demográfico Brasileiro <strong>de</strong> 2000, mais<br />

especificamente os resulta<strong>do</strong>s da pergunta “Município ou País On<strong>de</strong> Trabalha ou Estuda”, incluída<br />

na pesquisa da amostra. 13<br />

De acor<strong>do</strong> com estes da<strong>do</strong>s, a esmaga<strong>do</strong>ra maioria (80,27 %) das viagens iniciadas em Magé<br />

<strong>de</strong>stina-se ao próprio município. Este da<strong>do</strong> certamente obriga o planeja<strong>do</strong>r a voltar gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong><br />

sua atenção às condições municipais <strong>de</strong> circulação e transporte a que está submetida hoje a<br />

população <strong>de</strong> Magé, já que lá mesmo se encontra a maior <strong>de</strong>manda.<br />

13 IBGE, 2004<br />

21


1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

3.9 Patrimônio histórico, cultural, ambiental e turístico 14<br />

Ao longo <strong>de</strong> sua história, o território <strong>de</strong> Magé recebeu várias benfeitorias e prédios, <strong>do</strong>s quais resta<br />

um número razoável. Esse patrimônio histórico foi tomba<strong>do</strong> tanto em nível nacional quanto<br />

estadual.<br />

Relação <strong>do</strong>s Bens Tomba<strong>do</strong>s pela União ou pelo Esta<strong>do</strong> no Município <strong>de</strong> Magé:<br />

• Estrada <strong>de</strong> Mauá a Fragoso (linha <strong>de</strong> <strong>ferro</strong> e estação da Guia <strong>de</strong> Pacobaíba)<br />

• Trecho da Calçada <strong>de</strong> Pedra, ou Caminho <strong>de</strong> Inhomirim (Caminhos <strong>de</strong> Minas)<br />

• Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora da Guia <strong>de</strong> Pacobaíba<br />

• Igreja <strong>de</strong> São Nicolau<br />

• Capela <strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>do</strong>s Remédios<br />

• Capela <strong>de</strong> São Francisco <strong>de</strong> Croará<br />

• Capela <strong>de</strong> Nossa Senhora da Conceição<br />

• Capela <strong>de</strong> Santa Ana<br />

• Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora da Pieda<strong>de</strong><br />

• Capela <strong>de</strong> Nosso Senhor <strong>do</strong> Bonfim<br />

• Capela <strong>de</strong> Santo Aleixo<br />

• Capela <strong>de</strong> Nossa Senhora da Conceição<br />

• Trecho da Serra <strong>do</strong> Mar / Mata Atlântica<br />

Além <strong>de</strong>sses, o município <strong>de</strong>tém outros pontos <strong>de</strong> interesse histórico e arquitetônico:<br />

• Porto e Capela <strong>de</strong> Nossa Senhora da Estrela<br />

• Paiol <strong>de</strong> Pólvora da Fábrica Estrela<br />

• Fábrica <strong>de</strong> Pólvora Estrela<br />

• Fazenda Cor<strong>do</strong>aria<br />

• Fazenda Vila Real<br />

• Estação <strong>de</strong> Raiz da Serra<br />

• Cia América Fabril (Pau Gran<strong>de</strong>)<br />

14 INEPAC, 2004 ,PMM, s.d. (Dignóstico)<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

As manifestações culturais <strong>do</strong> município são caracterizadas, basicamente, por festas religiosas e<br />

cívicas, tradicionais na cida<strong>de</strong>. Em seu calendário <strong>de</strong> eventos <strong>de</strong>stacam-se:<br />

• Festa <strong>de</strong> Santo Aleixo, 17 <strong>de</strong> julho;<br />

• Festa <strong>de</strong> Nossa Senhora da Pieda<strong>de</strong>, 14 <strong>de</strong> setembro;<br />

• Festa <strong>de</strong> Aniversário <strong>do</strong> Município, 2 <strong>de</strong> outubro.<br />

Magé também possui uma natureza exuberante, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam inúmeras atrações naturais:<br />

• Serra <strong>do</strong>s Órgãos, seção da Serra <strong>do</strong> Mar que abrange o município <strong>de</strong> Magé, Petrópolis e<br />

Teresópolis. Nela estão localiza<strong>do</strong>s alguns atrativos naturais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> beleza paisagística<br />

como: Pedra <strong>do</strong> Sino, Nariz <strong>do</strong> Fra<strong>de</strong>, Escalavra<strong>do</strong>, Campo <strong>de</strong> Antas e o famoso De<strong>do</strong> <strong>de</strong> Deus,<br />

que se localiza geograficamente em Magé, mas i<strong>de</strong>ntifica-se como marca turística <strong>de</strong><br />

Teresópolis. De qualquer ponto <strong>de</strong> Magé po<strong>de</strong>-se apreciar a beleza <strong>de</strong> seu recorte montanhoso e,<br />

na região mais elevada <strong>do</strong> município, avista-se em dias claros, <strong>de</strong> vários pontos da Serra <strong>do</strong>s<br />

Órgãos, a Baía <strong>de</strong> Guanabara em to<strong>do</strong> seu esplen<strong>do</strong>r, o oceano, a Baixada Fluminense e o<br />

Gran<strong>de</strong> Rio.<br />

• Cachoeira <strong>do</strong> Monjolo, composta <strong>de</strong> três quedas principais e piscinas naturais.<br />

• Morro Dois Irmãos, com 1.050 metros <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, é forma<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is cumes próximos um ao<br />

outro, com gran<strong>de</strong> semelhança entre si.<br />

• Poço da Sereia, ampla piscina natural, possui águas claras, transparentes e frias.<br />

• Poço <strong>do</strong> Silvestre, Açu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santo Aleixo, Cascata <strong>do</strong> rio Baioba.<br />

• Poço <strong>do</strong> Tamanqueiro, forma<strong>do</strong> por três piscinas naturais, a maior <strong>de</strong>las com 20 metros <strong>de</strong><br />

diâmetro.<br />

• Poço Doze-Doze, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam no leito <strong>do</strong> rio formações rochosas que atingem alturas <strong>de</strong> 5<br />

metros a 6 metros, fica no rio Pau-Gran<strong>de</strong>, que tem gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pequenas quedas d'água e<br />

várias piscinas naturais.<br />

• Poço Macumba, localiza<strong>do</strong> no aci<strong>de</strong>nta<strong>do</strong> rio An<strong>do</strong>rinhas, tem 18 metros <strong>de</strong> diâmetro.<br />

• Praia <strong>de</strong> Mauá, localizada no fun<strong>do</strong> da Baía <strong>de</strong> Guanabara, em área <strong>de</strong> 7km <strong>de</strong> praias, tem fun<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> lama e lo<strong>do</strong> e pequenas faixas <strong>de</strong> areia. Acha-se circundada por bares e moradias, forman<strong>do</strong><br />

uma gran<strong>de</strong> colônia <strong>de</strong> pesca<strong>do</strong>res.<br />

• Praias <strong>de</strong> São Francisco, Anil, Pieda<strong>de</strong> e Mauá.<br />

• Ilhas Caraíbas.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

4 ÁREA DE INTERVENÇÃO: BACIA DO RIO INHOMIRIM 15<br />

4.1 Localização<br />

A bacia <strong>do</strong> rio Inhomirim abrange uma área aproximada <strong>de</strong> 150 km² e limita-se com as seguintes<br />

bacias: Piabanha, ao norte; Saracuruna, a oeste; e Suruí, a leste. Ao sul o limite se faz com a Baía <strong>de</strong><br />

Guanabara. A bacia <strong>do</strong> rio Inhomirim insere-se principalmente no município <strong>de</strong> Magé, mas também<br />

abrange uma pequena área <strong>de</strong> Petrópolis. (ver FIGURA 7, p. 42)<br />

O Distrito <strong>de</strong> Vila Inhomirim, 6º Distrito <strong>de</strong> Magé, está inseri<strong>do</strong> parcialmente na bacia <strong>do</strong> Rio<br />

Inhomirim, e é aqui <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> pela disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e por sua razoável coincidência<br />

geográfica com a bacia <strong>de</strong> mesmo nome.<br />

O Distrito <strong>de</strong> Vila Inhomirim localiza-se a oeste <strong>do</strong> município, junto à divisa com o município <strong>de</strong><br />

Duque <strong>de</strong> Caxias; ao Norte é forma<strong>do</strong> por uma gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> área inserida na APA Petrópolis; ao<br />

Sul, está <strong>de</strong>limita<strong>do</strong> pelo Rio Inhomirim e faz divisa com o 5º Distrito - Guia <strong>de</strong> Pacobaíba; a Leste<br />

confronta-se com o recém cria<strong>do</strong> 3º Distrito Agrícola – Rio d’Ouro.<br />

4.2 Situação ambiental<br />

O rio Inhomirim é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> a Resolução CONAMA n o 020 <strong>de</strong> 18/06/86, que classifica<br />

as águas <strong>do</strong>ces, salobras e salinas, como <strong>de</strong> Classe 2.<br />

A FEEMA faz o controle da qualida<strong>de</strong> das águas <strong>do</strong>s rios da bacia nos pontos <strong>de</strong> amostragem<br />

Estrela (ES-400) e Inhomirim (IN-460) e os resulta<strong>do</strong>s das análises são divulga<strong>do</strong>s<br />

periodicamente 16 .<br />

A parte alta da bacia acha-se recoberta por vegetação arbórea, com remanescentes <strong>de</strong> Mata<br />

Atlântica protegi<strong>do</strong>s sob a tutela fe<strong>de</strong>ral no Parque Nacional da Serra <strong>do</strong>s Órgãos, cuja área abrange<br />

parte <strong>de</strong> Magé, e na Área <strong>de</strong> Proteção Ambiental <strong>de</strong> Petrópolis, que ocupa também áreas <strong>do</strong>s<br />

municípios <strong>de</strong> Magé e Duque <strong>de</strong> Caxias.<br />

A baixada apresenta ainda vegetação característica <strong>de</strong> meio salobro, com manguezais e áreas<br />

inundadas. Nesta área o rio Inhomirim, após receber o seu afluente Saracuruna, passa a <strong>de</strong>nominarse<br />

rio Estrela até sua <strong>de</strong>sembocadura na Baía <strong>de</strong> Guanabara.<br />

Como estão localiza<strong>do</strong>s em áreas com pouca <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, esses rios possuem suas águas com a<br />

qualida<strong>de</strong> comprometida ambientalmente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a alguns fatores, tais como: a expansão urbana<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada, efeitos <strong>de</strong> assoreamento e entulhamento com lixo <strong>urbano</strong> e lançamento <strong>de</strong> esgotos<br />

industriais e <strong>do</strong>mésticos, o que vem a dificultar o <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s pesqueiras e<br />

turísticas.<br />

O município <strong>de</strong> Magé faz a disposição <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s <strong>urbano</strong>s no vaza<strong>do</strong>uro localiza<strong>do</strong> no<br />

Distrito <strong>de</strong> Vila Inhomirim, em Bongaba, às margens <strong>do</strong> rio Inhomirim (cerca <strong>de</strong> 190 toneladas/dia).<br />

15 PMM, 2004 (Magé)<br />

16 www.baia<strong>de</strong>guanabara.org.br<br />

24


4.3 População<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Um eleva<strong>do</strong> grau <strong>de</strong> urbanização ocorre, principalmente, nas áreas da parte média da bacia, mas<br />

também nas áreas mais baixas, on<strong>de</strong> os aterros estão ce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> lugar a uma crescente ocupação<br />

humana.<br />

O 6º Distrito <strong>de</strong> Magé - Vila Inhomirim se <strong>de</strong>staca no município <strong>de</strong> Magé, com 101.509 habitantes,<br />

em sua maioria assenta<strong>do</strong>s em área urbana.<br />

Sen<strong>do</strong> o maior em <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica, com o núcleo <strong>urbano</strong> mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> <strong>do</strong> Município,<br />

possui uma boa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comércio e serviços e é o elo <strong>de</strong> ligação com outros gran<strong>de</strong>s municípios da<br />

região (Duque <strong>de</strong> Caxias, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Petrópolis e etc.).<br />

Seu crescimento populacional se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada, com a criação <strong>de</strong> vários núcleos <strong>de</strong><br />

habitação subnormais que ocupam área <strong>de</strong> risco e áreas “non aedificandi” como faixas marginais <strong>de</strong><br />

rios, da Estrada <strong>de</strong> Ferro e da APA - Petrópolis, junto a Raiz da Serra.<br />

O 6º Distrito possui a maior taxa <strong>de</strong> crescimento populacional <strong>do</strong> Município, sen<strong>do</strong> o mais atingi<strong>do</strong><br />

pelo rápi<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> urbanização, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE. Entre os anos <strong>de</strong> 1950 e 1970, a<br />

população urbana passou <strong>de</strong> 24.1% para 84.5% da população total; supõe-se que um <strong>do</strong>s fatores<br />

para este extraordinário crescimento foi a proximida<strong>de</strong> com os Municípios <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias e <strong>do</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, gran<strong>de</strong>s centros industriais da Região Metropolitana.<br />

Apesar <strong>do</strong> Distrito em questão ser o economicamente mais importante <strong>do</strong> Município, é possível<br />

perceber-se na sua periferia áreas <strong>de</strong> ex<strong>trem</strong>a pobreza, sem nenhum tipo <strong>de</strong> infra-estrutura básica.<br />

Verifica-se também que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> famílias que recorre a invasões é gran<strong>de</strong>, uma vez que não<br />

conseguem comprovar renda familiar para sua inserção nos Programas formula<strong>do</strong>s pelo Governo<br />

Fe<strong>de</strong>ral como os programas da CEF e <strong>do</strong> próprio Esta<strong>do</strong>.<br />

4.4 Infraestrutura<br />

Revelam-se gran<strong>de</strong>s diferenças entre as variadas regiões que compõem o Distrito <strong>de</strong> Vila<br />

Inhomirim. Dentro <strong>de</strong> Piabetá, muito próximo ao gran<strong>de</strong> centro, há loteamentos corta<strong>do</strong>s por valas<br />

negras e alguns importantes canais trazem suas margens ocupadas por população <strong>de</strong> baixa renda. A<br />

poucos minutos das belezas naturais e da tranqüilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pau Gran<strong>de</strong>, temos o bairro <strong>de</strong> Parque<br />

Estrela, necessitan<strong>do</strong> <strong>de</strong> intervenções infra-estruturais básicas.<br />

A falta <strong>de</strong> infra-estrutura urbana é uma constante. Ruas esburacadas, em terra batida, casas sem<br />

água encanada, com valas a céu aberto que trazem como conseqüência diretas <strong>do</strong>enças <strong>de</strong><br />

veiculação hídrica e mau cheiro.<br />

A água consumida pelo Distrito é proveniente <strong>do</strong> Rio Cachoeira Gran<strong>de</strong> que nasce na Serra <strong>do</strong>s<br />

Órgãos e possui uma vazão <strong>de</strong> 600 litros por segun<strong>do</strong>. Sua captação é feita em uma estação no pé<br />

da serra, com vazão <strong>de</strong> 120 litros por segun<strong>do</strong>, porém, por perda na re<strong>de</strong>, apenas 50 litros por<br />

segun<strong>do</strong> chegam à mesma. Esta estação não possui reservatório, a água é conduzida por uma caixa<br />

<strong>de</strong> passagem para sedimentação, e posteriormente aplica-se somente cloro, na medida em que a<br />

água é consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Como um pólo irradia<strong>do</strong>r, <strong>do</strong> terminal ro<strong>do</strong>viário, centro <strong>de</strong> Piabetá, aten<strong>de</strong>-se através <strong>de</strong> linhas<br />

municipais intradistritais, bairros tais como: Barreira (Japonês), Maurimárcia, Parque <strong>do</strong>s Artistas<br />

(Guarani), Pau Gran<strong>de</strong> (via Rua “J” e Ilha ), Raiz da Serra (via Ilha e Cemitério), Ponte Preta.<br />

Recentemente foi instituí<strong>do</strong> o SCTP – Sistema Complementar <strong>de</strong> Transporte Público, ou seja, o<br />

chama<strong>do</strong> transporte alternativo, agora com respal<strong>do</strong> legal, vistoria<strong>do</strong>s e fiscaliza<strong>do</strong>s pela Prefeitura,<br />

contan<strong>do</strong>, ao to<strong>do</strong> com nove linhas intradistritais.<br />

No que se refere as linhas intermunicipais, existem ônibus para Central-Via BR-116/BR-040,<br />

Central – Via Imbariê, estas, tarifas “A”, Petrópolis, Saracuruna, Niterói e São Paulo (com uma<br />

parada diária).<br />

Piabetá é também atendi<strong>do</strong> pelo ramal <strong>ferro</strong>viário Vila Inhomirim da Super Via para Saracuruna -<br />

Raiz da Serra.<br />

4.5 Patrimônio histórico e arquitetônico<br />

Destacamos a seguir o patrimônio localiza<strong>do</strong> no foco geográfico <strong>do</strong> presente trabalho – eixo da EF<br />

Mauá, <strong>de</strong>ntro da bacia <strong>do</strong> Rio Inhomirim (FIGURA 7):<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

FIGURA 7 - Patrimônio histórico situa<strong>do</strong> na bacia <strong>do</strong> rio Inhomirim e adjacências<br />

Mapa elabora<strong>do</strong> pelo autor.<br />

Estação Guia <strong>de</strong> Pacobaíba – Primeira estação <strong>ferro</strong>viária <strong>do</strong> Brasil, localizada na Praia <strong>de</strong> Mauá.<br />

Foi construída em 1854, quan<strong>do</strong> da abertura da primeira <strong>estrada</strong> <strong>de</strong> <strong>ferro</strong>. Em 1945, o nome da<br />

histórica estação <strong>de</strong> Mauá foi altera<strong>do</strong> para Guia <strong>de</strong> Pacobaíba, vin<strong>do</strong> da antiga freguesia. O prédio<br />

que hoje ali está não é o mesmo da inauguração em 1854, mas sua data <strong>de</strong> construção não é<br />

conhecida.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

A Casa <strong>do</strong> Agente foi construída no início <strong>do</strong> século XX. O Cais <strong>de</strong> Mauá, gran<strong>de</strong> obra <strong>de</strong><br />

engenharia, avança cerca <strong>de</strong> 250 metros pela Baía <strong>de</strong> Guanabara. No passa<strong>do</strong> serviu como<br />

atraca<strong>do</strong>uro <strong>de</strong> embarcações <strong>de</strong> porte.<br />

FIGURA 8 – Cais <strong>do</strong> Porto <strong>de</strong> Mauá FIGURA 9 – Estação Guia <strong>de</strong> Pacobaíba<br />

Também conheci<strong>do</strong> como Píer e Casa <strong>do</strong> Agente<br />

Foto <strong>do</strong> autor Foto <strong>do</strong> autor<br />

Porto da Estrela – localiza<strong>do</strong> no encontro <strong>do</strong>s rios Inhomirim e Imbariê, no sopé da elevação on<strong>de</strong><br />

está a capela <strong>de</strong> N. Sra. da Estrela <strong>do</strong>s Mares. Foi o segun<strong>do</strong> porto mais importante <strong>do</strong> país<br />

(FIGURA 10). Consiste hoje em uma muralha <strong>de</strong> arrimo com cerca <strong>de</strong> 80 m ao longo <strong>do</strong> rio<br />

Inhomirim, que termina em uma escada <strong>de</strong> acesso ao largo que se formava ao início da Vila da<br />

Estrela. (FIGURA 11)<br />

FIGURA 10 - Porto da Estrela no início <strong>do</strong> século XIX – Aguada <strong>de</strong> W. J. Burchell<br />

Fonte: Ferrez,1981<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

FIGURA 11.-Ruínas atuais <strong>do</strong> Porto da Estrela<br />

Fonte: INEPAC, 2004.<br />

Foto: Maria Conceição Rosa, site <strong>do</strong> IPAHB<br />

FIGURA 12 -Ruínas da Igreja N. Sra. da Estrela <strong>do</strong>s Mares<br />

Fonte: INEPAC<br />

Construída em 1650 por Simão Botelho, <strong>de</strong>u<br />

início à Vila da Estrela, e era ponto<br />

obrigatório <strong>de</strong> passagem <strong>do</strong>s viajantes e<br />

tropeiros que seguiam rumo ao sertão <strong>do</strong><br />

país.<br />

Implantada sobre o morro que emerge entre<br />

os rios Imbariê e Inhomirim, está voltada<br />

para a Serra da Estrela.<br />

A extinção da Vila da Estrela, em fins <strong>do</strong><br />

século XIX, <strong>de</strong>u início ao processo <strong>de</strong><br />

arruinamento da Igreja, quan<strong>do</strong> a imagem <strong>de</strong><br />

N.S. da Estrela foi transferida para a matriz<br />

da freguesia em Raiz da Serra.<br />

29


foto: Maria Conceição Rosa, site <strong>do</strong> IPAHB<br />

FIGURA 13 - Ruínas da construção Três Portas<br />

Fonte: INEPAC<br />

Foto: Maria Conceição Rosa, site <strong>do</strong><br />

IPAHB<br />

FIGURA 14 - Igreja N. Sra. <strong>do</strong>s Remédios<br />

Fonte: IPAHB<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Conhecida como Armazém ou Casa das Três<br />

Portas, situa-se no sopé <strong>do</strong> morro da Capela,<br />

a cerca <strong>de</strong> 100 m da escadaria <strong>do</strong> porto da<br />

Estrela.<br />

As pesquisas indicam algumas funções para<br />

esta construção, como, por exemplo, Casa <strong>de</strong><br />

Câmara e Ca<strong>de</strong>ia e residência. Somente uma<br />

prospecção arqueológica po<strong>de</strong>rá revelar com<br />

precisão as funções <strong>de</strong>sta edificação, assim<br />

como vestígios <strong>de</strong> outras que existiram na<br />

Vila .<br />

A Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>do</strong>s Remédios,<br />

construída em 1740, está situada numa pequena<br />

elevação, com a frente voltada para o sul e<br />

litoral da Baia da Guanabara, na localida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Mauá, 5º Distrito <strong>de</strong> Magé, e ainda conserva<br />

algumas características originais (apesar <strong>de</strong><br />

modificada) sobressain<strong>do</strong> sua silhueta a gran<strong>de</strong><br />

distância na paisagem horizontal <strong>do</strong>s<br />

manguezais.<br />

Atualmente habitações vêm ocupan<strong>do</strong> os flancos<br />

<strong>do</strong> morro, e começam a interferir na sua<br />

visibilida<strong>de</strong>.<br />

Tombada provisoriamente pelo INEPAC, seu<br />

esta<strong>do</strong> atual <strong>de</strong> conservação é ruim.<br />

30


Foto: Maria Conceição Rosa, site <strong>do</strong> IPAHB<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

FIGURA 15 - Ruínas da Igreja <strong>de</strong> N. Sra. da Pieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Inhomirim<br />

Fonte: INEPAC, 2004.<br />

A igreja <strong>de</strong> N. Sra. da Pieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Inhomirim foi edificada no início <strong>do</strong><br />

século XVIII, próxima ás margens <strong>do</strong><br />

rio Inhomirim.<br />

Nesta igreja foi batiza<strong>do</strong> Luiz Alves<br />

<strong>de</strong> Lima, futuro Duque <strong>de</strong> Caxias,<br />

nasci<strong>do</strong> nesta freguesia em 25 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 1803.<br />

Está implantada hoje em meio a <strong>do</strong>is<br />

cemitérios, um original e outro mais<br />

recente, e também ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

vaza<strong>do</strong>uro <strong>de</strong> lixo <strong>de</strong> Magé.<br />

Permanece ainda funcionan<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong><br />

os cultos realiza<strong>do</strong>s no espaço da<br />

capela e altar-mor.<br />

31


5 PROPOSTAS<br />

5.1 Concepção geral<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

O elenco <strong>de</strong> propostas apresentadas a seguir tem como principais objetivos a melhoria das<br />

condições <strong>de</strong> vida da população que vive, trabalha e estuda no município <strong>de</strong> Magé e sua inserção no<br />

panorama turístico regional, nacional e internacional.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um conjunto integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações voltadas para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>urbano</strong> da área da<br />

bacia <strong>do</strong> Rio Inhomirim situada <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites municipais <strong>de</strong> Magé, o que também correspon<strong>de</strong><br />

à área <strong>de</strong> influência da <strong>de</strong>sativada EF Mauá.<br />

São propostas intervenções nas áreas <strong>de</strong> Transportes, Cultura, Ciências, Educação, Esporte, Lazer,<br />

Preservação <strong>do</strong> Patrimônio Histórico e Arquitetônico, Infra-estrutura Turística, Urbanismo,<br />

Saneamento e Meio Ambiente, a serem implantadas <strong>de</strong> forma coor<strong>de</strong>nada.<br />

O primeiro grupo <strong>de</strong> intervenções promove a revitalização ambiental da bacia <strong>do</strong> rio Inhomirim, <strong>de</strong><br />

forma compatível com o Programa <strong>de</strong> Despoluição da Baía <strong>de</strong> Guanabara.<br />

O segun<strong>do</strong> grupo está volta<strong>do</strong> para a restauração <strong>do</strong> patrimônio histórico e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

pesquisas científicas, incluin<strong>do</strong> a restauração <strong>de</strong> vários sítios históricos (igrejas, fazendas, etc.)<br />

situa<strong>do</strong>s na bacia <strong>do</strong> rio Inhomirim, <strong>de</strong>ntre eles o trecho remanescente da antiga Estrada Real entre<br />

Vila Inhomirim e Petrópolis.<br />

O terceiro grupo <strong>de</strong> intervenções inclui a recuperação da linha <strong>ferro</strong>viária da antiga EF Mauá, entre<br />

Guia <strong>de</strong> Pacobaíba (Mauá) e Vila Inhomirim, a operação regular <strong>de</strong> um serviço <strong>de</strong> Veículos Leves<br />

sobre Trilhos a Diesel – VLTd neste trecho, exatamente para assegurar acessibilida<strong>de</strong> às <strong>de</strong>mais<br />

propostas, e a operação <strong>de</strong> um <strong>trem</strong> histórico nos finais <strong>de</strong> semana e feria<strong>do</strong>s, também neste mesmo<br />

trecho.<br />

O quarto grupo propõe a extensão para Magé da atual linha <strong>de</strong> transporte hidroviário <strong>de</strong> passageiros<br />

existente entre o Rio <strong>de</strong> Janeiro e Paquetá, antecedida da dragagem <strong>do</strong> novo trecho.<br />

O quinto grupo <strong>de</strong> ações visa dar suporte ao visitante e ao turista em Magé, abrangen<strong>do</strong> a instalação<br />

<strong>de</strong> “Centros <strong>de</strong> Informações Turísticas” e a divulgação para os empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res locais <strong>de</strong> técnicas<br />

<strong>de</strong> hotelaria, recepção e turismo ecológico-cultural.<br />

O sexto grupo <strong>de</strong> intervenções está vincula<strong>do</strong> à estação Guia <strong>de</strong> Pacobaíba, abrangen<strong>do</strong> a<br />

construção <strong>de</strong> um atraca<strong>do</strong>uro para barcos, <strong>de</strong> um terminal <strong>de</strong> integração intermodal, além da<br />

criação <strong>do</strong> Complexo <strong>de</strong> Cultura e Turismo <strong>de</strong> Mauá, o que inclui o “Museu Ferroviário Barão <strong>de</strong><br />

Mauá”, a recuperação <strong>do</strong> patrimônio imobiliário <strong>ferro</strong>viário lá existente, a implantação <strong>de</strong> área <strong>de</strong><br />

eventos e a execução <strong>de</strong> projeto paisagístico.<br />

O sétimo grupo <strong>de</strong> propostas, foca<strong>do</strong> na estação Bongaba, preconiza a construção e a exploração <strong>de</strong><br />

um centro universitário conjuga<strong>do</strong> a um shopping-center, complexo <strong>de</strong> serviços e terminal <strong>de</strong><br />

transportes.<br />

O oitavo grupo <strong>de</strong> propostas locais se refere à criação, próximo à estação <strong>de</strong> Fragoso, da Escola <strong>de</strong><br />

Atletismo e <strong>de</strong> Esportes “Mané Garrincha”. Esta Escola, dirigida sobretu<strong>do</strong> à infância da região,<br />

32


1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

abrigaria também um pequeno Museu, que po<strong>de</strong>ria ser visita<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s aqueles que quiserem ter<br />

contato com a memória <strong>do</strong> mais famoso filho <strong>de</strong> Magé.<br />

O nono e último grupo <strong>de</strong> intervenções abrange a construção <strong>do</strong> “Portal da Estrada Real” e a<br />

implantação <strong>do</strong> “Centro <strong>de</strong> Pesquisa e Museu Botânico Barão <strong>de</strong> Langs<strong>do</strong>rff” na antiga fazenda da<br />

Mandioca, próximos à estação <strong>de</strong> Vila Inhomirim.<br />

Figura 16 – Intervenções Regionais<br />

Mapa elabora<strong>do</strong> pelo autor sobre imagem disponibilizada pela Nasa..<br />

33


Figura 17 – Intervenções Localizadas<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Mapa elabora<strong>do</strong> pelo autor sobre imagem disponibilizada pela Nasa.<br />

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5.2 Revitalização da bacia <strong>do</strong> rio inhomirim<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Qualquer programa sustentável <strong>de</strong> promoção turística que se formule para essa área não po<strong>de</strong>rá<br />

prescindir, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, <strong>de</strong> um esforço eficaz e recuperação ambiental.<br />

A revitalização <strong>do</strong> rio Inhomirim <strong>de</strong>verá ter como base a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da<br />

população que resi<strong>de</strong> no seu entorno e a valorização <strong>de</strong>ste curso d’água como elemento<br />

indispensável ao meio ambiente <strong>urbano</strong>.<br />

Sugerimos três gran<strong>de</strong>s grupos <strong>de</strong> ações e projetos: educação ambiental, <strong>de</strong>spoluição da bacia e<br />

gestão.<br />

5.2.1 Educação Ambiental<br />

O papel da escola na gestão da bacia hidrográfica é fundamental. É preciso trabalhar a educação<br />

ambiental na sala <strong>de</strong> aula com conhecimentos que aju<strong>de</strong>m os alunos a i<strong>de</strong>ntificar problemas<br />

ambientais, compreendê-los e agir sobre eles.<br />

A educação ambiental <strong>de</strong>ve atingir também o setor empresarial, que não raro se mostra antagônico<br />

às questões <strong>de</strong> preservação ambiental e patrimonial. A busca <strong>de</strong> tecnologias limpas é essencial para<br />

minimizar as ativida<strong>de</strong>s impactantes que são necessárias ao mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno.<br />

A agricultura tradicional é também uma fonte <strong>de</strong> poluição <strong>do</strong>s recursos hídricos. Nesse senti<strong>do</strong>, o<br />

incentivo à agricultura orgânica e ecológica, como forma <strong>de</strong> evitar o uso <strong>de</strong> agroquímicos que<br />

coloquem em risco a saú<strong>de</strong>, tanto <strong>de</strong> produtores, como <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res e <strong>de</strong>mais seres vivos <strong>de</strong>ve<br />

fazer parte <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> educação ambiental, que vise a requalificação das águas da bacia.<br />

5.2.2 Despoluição da Bacia<br />

A revitalização <strong>do</strong> rio Inhomirim passa necessariamente pela <strong>de</strong>spoluição <strong>de</strong> suas águas.<br />

Há que se implantar interceptores e estações <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgotos - ETE; coibir ligações <strong>de</strong><br />

esgoto clan<strong>de</strong>stinas em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> águas pluviais; cobrar a implantação <strong>de</strong> ETE’s nas indústrias e o<br />

monitoramento <strong>do</strong>s efluentes industriais.<br />

Outra medida que se propõe é a recomposição, nos trechos em que se fizerem necessários, das<br />

matas ciliares com espécies nativas da região. O reflorestamento da mata ciliar reduz a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sedimentos que vão para o curso <strong>do</strong> rio e, conseqüentemente, melhora sua vazão.<br />

Há também que <strong>de</strong>sassoreá-lo, retiran<strong>do</strong> parte <strong>do</strong> material carrea<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

ocupação <strong>de</strong> sua bacia.<br />

Torna-se necessária uma atenção especial à impermeabilização <strong>do</strong> solo <strong>urbano</strong>, que vem<br />

dificultan<strong>do</strong> a infiltração das águas e aumentan<strong>do</strong> a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> escoamento superficial,<br />

corroboran<strong>do</strong> as inundações periódicas que tantos transtornos causam à população.<br />

O <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong> lixo nos córregos influencia na qualida<strong>de</strong> da água e facilita a proliferação <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças<br />

no seu entorno. É necessário intensificar a coleta regular <strong>de</strong> lixo e instalar lixeiras e caçambas nos<br />

locais on<strong>de</strong> a população tradicionalmente o <strong>de</strong>posita; proce<strong>de</strong>r à retirada <strong>de</strong> lixo <strong>do</strong> leito <strong>do</strong> rio e <strong>de</strong><br />

35


1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

suas margens, regularmente, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a inibir este tipo <strong>de</strong> ação. Por fim, implantar um sistema <strong>de</strong><br />

coleta seletiva, utilizan<strong>do</strong> lixeiras i<strong>de</strong>ntificadas.<br />

Recomenda-se, se possível, a eliminação <strong>do</strong> vaza<strong>do</strong>uro <strong>de</strong> lixo <strong>de</strong> Bongaba, vizinho às ruínas da<br />

Igreja <strong>de</strong> N. Sra. da Pieda<strong>de</strong> e situa<strong>do</strong> às margens <strong>do</strong> rio Inhomirim, e a implantação <strong>de</strong> um novo<br />

aterro sanitário em local mais apropria<strong>do</strong>.<br />

Complementarmente, o po<strong>de</strong>r público po<strong>de</strong>rá organizar programas <strong>de</strong> a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> Rio Inhomirim,<br />

para recuperar e preservar os mananciais.<br />

5.2.3 Gestão<br />

Para que todas as ações no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> revitalizar o rio Inhomirim se viabilizem, a municipalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>verá prever um plano <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> forma a coor<strong>de</strong>nar, angariar recursos e executar as obras<br />

necessárias.<br />

Sugerimos a estruturação <strong>de</strong> um Comitê da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Inhomirim a ser articula<strong>do</strong><br />

com o da Baía <strong>de</strong> Guanabara, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a criar um fórum <strong>de</strong> discussões sobre os problemas<br />

enfrenta<strong>do</strong>s e as soluções cabíveis e que oriente sobre o manejo integra<strong>do</strong> e sustentável das subbacias<br />

hidrográficas.<br />

Sugere-se, por fim, a criação <strong>de</strong> Consórcio Municipal, reunin<strong>do</strong> as prefeituras <strong>de</strong> Magé e Petrópolis,<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à proteção da bacia <strong>do</strong> rio Inhomirim.<br />

5.3 Preservação <strong>do</strong> patrimônio histórico e arquitetônico<br />

O ato <strong>de</strong> preservar faz parte <strong>de</strong> uma tomada <strong>de</strong> consciência <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>,<br />

permitin<strong>do</strong> ao cidadão se situar na história da cida<strong>de</strong> – se reconhecer nesse passa<strong>do</strong> e se integrar no<br />

espaço construí<strong>do</strong>, forman<strong>do</strong> sua personalida<strong>de</strong> enquanto ser componente <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> contexto<br />

sócio-cultural.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, as novas intervenções <strong>de</strong>vem contemplar as necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> tempo presente, mas<br />

resguardan<strong>do</strong> os valores coletivos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, buscan<strong>do</strong> evitar que as transformações da cida<strong>de</strong><br />

caminhem ao sabor das circunstâncias e <strong>do</strong>s modismos da época, ao sabor <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>s políticas ou<br />

individuais. 17<br />

Para o patrimônio localiza<strong>do</strong> no âmbito <strong>de</strong>ste trabalho, recomenda-se:<br />

Estrada Real: a Variante <strong>do</strong> Caminho Novo<br />

• Retirada da pavimentação <strong>de</strong> cimento no trecho inicial <strong>de</strong> subida.<br />

• Limpeza, abertura e consolidação da trilha em toda a extensão, <strong>de</strong> Vila Inhomirim ao Alto da<br />

Serra.<br />

• Controle da ocupação irregular das áreas <strong>de</strong> proteção ambiental que circundam a Estrada Real.<br />

17 PLAMBEL, 1988<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

• Implantação <strong>do</strong> Portal da Estrada Real na antiga usina <strong>de</strong> força da Fabrica da Estrela – ver foto<br />

abaixo. Este local será <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a dar apoio aos caminhantes da Estrada Real, prestan<strong>do</strong>-lhes<br />

to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> informação, comercialização <strong>de</strong> produtos (tênis, camisetas, bonés, bloquea<strong>do</strong>r solar,<br />

mapas, livros, etc.),<br />

• contratação <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> guia, além <strong>de</strong> dispor <strong>de</strong> instalações sanitárias e espaço para<br />

exposições temporárias.<br />

Estrada Normal da Estrela<br />

• Controle da ocupação irregular das áreas <strong>de</strong> proteção ambiental que circundam a Estrada<br />

Normal da Estrela.<br />

Vila e Porto da Estrela<br />

• Execução <strong>de</strong> prospecção arquitetônica e arqueológica <strong>de</strong> toda a área da Vila.<br />

• Consolidação das ruínas <strong>do</strong> Porto, da Igreja N. Sra. Estrela <strong>do</strong>s Mares e da construção Três<br />

Portas.<br />

• Tombamento <strong>de</strong> toda a área da Vila da Estrela.<br />

Igreja N. Sra. <strong>do</strong>s Remédios<br />

• Restauração <strong>do</strong> prédio.<br />

Ruínas da Igreja <strong>de</strong> N. Sra. da Pieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Inhomirim<br />

• Restauração <strong>do</strong> prédio e consolidação das ruínas.<br />

• Tombamento.<br />

• Transferência <strong>do</strong> vaza<strong>do</strong>uro <strong>de</strong> lixo vizinho.<br />

5.4 Transporte <strong>de</strong> massa<br />

Magé <strong>de</strong>fronta-se, na área <strong>de</strong> trânsito e transporte, com <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios:<br />

• superar a situação <strong>de</strong> isolamento externo e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarticulação interna a que está submetida;<br />

• potencializar sua localização estratégica em benefício da geração <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong> postos <strong>de</strong><br />

trabalho no município.<br />

Para tanto, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>urbano</strong> que propomos cria interações eficientes entre o<br />

uso <strong>do</strong> solo, o sistema viário, a infra-estrutura logística, o transporte público e os meios não<br />

motoriza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> transporte.<br />

Seja em respeito à população resi<strong>de</strong>nte no município, seja para viabilizar qualquer projeto turístico<br />

na região, torna-se imperioso melhorar substancialmente as atualmente precárias condições <strong>de</strong><br />

acesso, por transporte público, entre Magé e o restante da Região Metropolitana.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Nossa solução para os transportes públicos tem como base a criação <strong>de</strong> uma ligação marítima entre<br />

o centro da cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (Praça XV) e o porto <strong>de</strong> Mauá, <strong>do</strong>n<strong>de</strong> se conecta com uma<br />

linha <strong>de</strong> VLTd cruzan<strong>do</strong> o município <strong>de</strong> Magé na direção Sul / Norte (Mauá / Vila Inhomirim)<br />

através da restauração, em bitola métrica, da EF Mauá. Este novo serviço irá se integrar na estação<br />

Bongaba com o serviço <strong>ferro</strong>viário Saracuruna / Guapimirim, presta<strong>do</strong> pela CENTRAL e na estação<br />

Vila Inhomirim com o serviço Saracuruna / Vila Inhomirim, presta<strong>do</strong> pela SUPERVIA.<br />

5.4.1 Eixo Ferroviário Norte Sul<br />

A nova infra e superestrutura <strong>ferro</strong>viárias a serem implantadas no eixo Mauá / Vila Inhomirim<br />

<strong>de</strong>verão permitir o tráfego <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnos VLTd. É também nesta via <strong>ferro</strong>viária que circulará o Tem<br />

Histórico ligan<strong>do</strong> Mauá à Raiz da Serra.<br />

Propõe-se, em adição, a construção e a exploração, vincula<strong>do</strong>s à estação <strong>ferro</strong>viária <strong>de</strong> Bongaba, <strong>de</strong><br />

um terminal <strong>de</strong> integração e <strong>de</strong> um shopping-center.<br />

Passeios e ciclovias <strong>de</strong>verão ser projeta<strong>do</strong>s e implanta<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> território municipal, com<br />

geometria e pavimentação a<strong>de</strong>quadas e <strong>de</strong>vidamente beneficia<strong>do</strong>s com mobiliário <strong>urbano</strong>,<br />

arborização e sinalização. Bicicletários supervisiona<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão ser instala<strong>do</strong>s junto às estações.<br />

A travessia <strong>ferro</strong>viária EF Mauá X Rod. BR 116 não po<strong>de</strong>rá ser em nível, por razões óbvias <strong>de</strong><br />

segurança. Por este motivo, propõe-se a edificação <strong>de</strong> um viaduto ro<strong>do</strong>viário sobre a EF Mauá, o<br />

qual será também <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> para o acesso à estação <strong>de</strong> Bongaba e construções anexas.<br />

A implantação <strong>de</strong> toda esta infra-estrutura – <strong>ferro</strong>via, viaduto ro<strong>do</strong>viário e shopping, será arcada por<br />

capital priva<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> licitação da concessão <strong>do</strong> serviço <strong>ferro</strong>viário e da exploração comercial<br />

<strong>do</strong> shopping, a ser realizada pela Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Magé, em comum acor<strong>do</strong> com o Governo<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

5.4.2 Ligação Hidroviária Rio / Magé<br />

Ao projeta<strong>do</strong> eixo <strong>ferro</strong>viário Norte Sul propõe-se a conexão, em Guia <strong>de</strong> Pacobaíba, <strong>de</strong> uma linha<br />

regular <strong>de</strong> transporte hidroviário <strong>de</strong> passageiros entre o Rio <strong>de</strong> Janeiro (Praça XV) e Magé (Mauá),<br />

conforme já previsto nos planos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Município. Esta ligação po<strong>de</strong>rá se dar através da<br />

extensão da ligação por barcas existente hoje entre a Praça XV e Paquetá, antecedida por uma<br />

dragagem entre Paquetá e o porto <strong>de</strong> Mauá.<br />

Esta linha utilizará um novo atraca<strong>do</strong>uro <strong>de</strong> embarcações a ser construí<strong>do</strong> em Guia <strong>de</strong> Pacobaíba<br />

(Mauá), paralelo ao píer histórico existente, vincula<strong>do</strong> à estação <strong>ferro</strong>viária histórica <strong>de</strong> mesmo<br />

nome e a um terminal <strong>de</strong> integração intermodal, possibilitan<strong>do</strong> a conexão <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> transporte<br />

hidroviário, <strong>ferro</strong>viário e ro<strong>do</strong>viário.<br />

Aí também serão instala<strong>do</strong>s o Museu Ferroviário “Barão <strong>de</strong> Mauá”, on<strong>de</strong> ficará exposta a<br />

“Baronesa”, o Espaço <strong>de</strong> Eventos e um estacionamento, conforme <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> no item seguinte.<br />

A fonte <strong>de</strong> recursos para todas estas intervenções em Mauá também será privada, através <strong>de</strong><br />

licitação da concessão <strong>do</strong> serviço hidroviário intermunicipal a ser realizada pelo Governo Estadual.<br />

Com as conexões previstas para acontecer em Mauá e em Bongaba, a ligação marítima Rio-Magé<br />

estará aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> também aos mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Guapimirim, Itaboraí, Teresópolis, Petrópolis e Duque<br />

<strong>de</strong> Caxias, o que aumenta muito suas condições <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> financeira.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

5.4.3 Transporte Ro<strong>do</strong>viário – Terminais <strong>de</strong> Integração<br />

Dos <strong>do</strong>is terminais <strong>de</strong> integração previstos, <strong>de</strong> Mauá e <strong>de</strong> Bongaba, partirão várias linhas <strong>de</strong> ônibus,<br />

micro-ônibus e vans para diversos <strong>de</strong>stinos nos municípios <strong>de</strong> Magé, Caxias, Petrópolis,<br />

Guapimirim e Itaboraí.<br />

Como estes <strong>do</strong>is terminais também contarão com amplos estacionamentos, é previsível que sejam<br />

bastante utiliza<strong>do</strong>s por mora<strong>do</strong>res motoriza<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stes municípios que prefiram evitar as quase<br />

sempre congestionadas Av. Brasil e Linha Vermelha em seu caminho para o Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

trocan<strong>do</strong>-as por uma confortável viagem <strong>de</strong> embarcação que se venha implantar na ligação Rio /<br />

Magé.<br />

5.5 Revitalização da EF Mauá<br />

A revitalização <strong>de</strong> uma <strong>ferro</strong>via histórica, no grau <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>no em que se encontra a EF Mauá, não<br />

é uma tarefa fácil.<br />

Muitas questões têm <strong>de</strong> ser solucionadas, como a recuperação da linha férrea e estações, a<br />

fabricação <strong>de</strong> uma réplica da composição <strong>ferro</strong>viária original, ou a disponibilização <strong>de</strong> <strong>trem</strong><br />

histórico movi<strong>do</strong> a vapor, a integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong> material exposto à ação <strong>do</strong> tempo e <strong>de</strong> malfeitores, a<br />

viabilida<strong>de</strong> financeira da operação, etc.<br />

O ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> nossas propostas está na utilização <strong>de</strong>ste mesmo leito <strong>ferro</strong>viário por um<br />

serviço regular e pendular <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> passageiros, o VLTd, <strong>de</strong>vidamente inseri<strong>do</strong> em uma re<strong>de</strong><br />

integrada <strong>de</strong> transporte público, conforme <strong>de</strong>scrito nos capítulos anteriores.<br />

A compatibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is serviços, o histórico e o pendular, estará assegurada pelos horários <strong>de</strong><br />

operação <strong>do</strong> primeiro, restritos aos finais <strong>de</strong> semana e feria<strong>do</strong>s, que não coinci<strong>de</strong>m com os perío<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> maior solicitação <strong>do</strong> <strong>trem</strong> pendular, normalmente em dias úteis.<br />

5.6 Complexo <strong>de</strong> transportes, cultura e turismo <strong>de</strong> Mauá<br />

Marco inicial <strong>de</strong> toda a intervenção, por toda significação histórica que possui e por sua localização<br />

impactante, situada a beira-mar, junto à Baía <strong>de</strong> Guanabara, com magnífica vista <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

Niterói e as ilhas <strong>de</strong> Paquetá e <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r, o complexo <strong>de</strong> Mauá / Guia <strong>de</strong> Pacobaíba será um<br />

espaço <strong>de</strong> uso múltiplo.<br />

Abrigará as funções <strong>de</strong> transporte da população local e visitante, preservação <strong>de</strong> edificações<br />

históricas e da <strong>estrada</strong> <strong>de</strong> <strong>ferro</strong> Mauá e Píer, promoção <strong>de</strong> eventos culturais, institucionais e<br />

educacionais, entre outros.<br />

Toda a área receberá tratamento paisagístico, compatibilizan<strong>do</strong> e integran<strong>do</strong> os diversos usos, <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> a conferir legibilida<strong>de</strong> e unida<strong>de</strong> ao conjunto <strong>de</strong> intervenções, harmonizan<strong>do</strong>-o com o<br />

patrimônio existente.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

FIGURA 18 - Planta <strong>de</strong> situação Complexo <strong>de</strong> Guia <strong>de</strong> Pacobaíba<br />

Elaborada pelo autor<br />

40


• Terminal <strong>de</strong> Integração Multimodal<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

O Terminal <strong>de</strong> Integração Multimodal e Complexo Turístico <strong>de</strong> Mauá foi concebi<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />

interferir o mínimo possível na paisagem, uma vez que por questões operacionais e técnicas ele será<br />

instala<strong>do</strong> na área <strong>de</strong> preservação rigorosa.<br />

Ele foi concebi<strong>do</strong> com cobertura semelhante à <strong>do</strong> Galpão <strong>de</strong> Manutenção / Museu Ferroviário,<br />

sustentada por pilares cônicos <strong>de</strong> aço inox. Não haverá pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vedação. As lojas e instalações<br />

sanitárias formarão um bloco in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

Aí <strong>de</strong>verá também ser instala<strong>do</strong> bicicletário coberto e vigia<strong>do</strong>, <strong>de</strong> forma a aten<strong>de</strong>r a uma gran<strong>de</strong><br />

parcela da população que utiliza este meio <strong>de</strong> transporte.<br />

O novo atraca<strong>do</strong>uro será forma<strong>do</strong> por um píer <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, sem qualquer tipo <strong>de</strong> cobertura, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />

a integrá-lo com o projeto.<br />

• Praça <strong>de</strong> Eventos<br />

Situada na porção leste da área, este será o gran<strong>de</strong> espaço para a realização <strong>de</strong> espetáculos <strong>de</strong> luz e<br />

som, festas populares e religiosas e espaço <strong>de</strong> lazer para a população. Aí po<strong>de</strong>rão, por exemplo,<br />

serem encenadas óperas, especialmente encomendadas, alusivas às histórias da Estrada Real / Barão<br />

<strong>de</strong> Mauá / Conquista <strong>de</strong> Magé / Mata Atlântica, etc.<br />

• Estacionamento / Área <strong>de</strong> Estocagem<br />

Situa<strong>do</strong> na porção <strong>do</strong> terreno <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> da <strong>estrada</strong> real <strong>de</strong> Magé, funcionará um estacionamento<br />

para veículos e área <strong>de</strong> estocagem para transporte coletivo.<br />

• Mangue<br />

Na porção su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> terreno, foi <strong>de</strong>ixada uma área para a recuperação e preservação <strong>do</strong> manguezal<br />

existente. Trata-se <strong>de</strong> um ecossistema peculiar e característico <strong>do</strong> litoral <strong>de</strong> Magé.<br />

• Píer<br />

O Píer metálico histórico será manti<strong>do</strong> como monumento, uma vez que seu esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração<br />

está bastante avança<strong>do</strong>. Sugerimos que estu<strong>do</strong>s sejam feitos para que se possa estabilizar o processo<br />

corrosivo para que ele continue a ser uma referência ao perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tráfego intenso <strong>do</strong> século XIX e<br />

início <strong>do</strong> século XX <strong>do</strong> qual foi palco. (ver FIGURA 17, p. 43)<br />

• Estação Guia <strong>de</strong> Pacobaíba<br />

Esta edificação voltará a assumir o papel da estação da linha férrea com bilheteria, sala <strong>de</strong> espera,<br />

sanitários e lojinha <strong>de</strong> souvenir, sen<strong>do</strong> para isso totalmente restaurada. (ver FIGURA 18, p. 43)<br />

• Casa <strong>do</strong> Agente<br />

Esta edificação, remanescente da arquitetura resi<strong>de</strong>ncial <strong>ferro</strong>viária, <strong>de</strong>verá abrigar a administração<br />

<strong>do</strong> complexo <strong>de</strong> Guia <strong>de</strong> Pacobaíba. (ver FIGURA 18, p. 43)<br />

41


1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

• Galpão <strong>de</strong> Manutenção / Museu Ferroviário<br />

A concepção <strong>do</strong> projeto para a instalação <strong>do</strong> Galpão <strong>de</strong> Manutenção / Museu Ferroviário partiu da<br />

idéia <strong>de</strong> um galpão <strong>de</strong> formas arrojadas aliadas à simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução e utilização <strong>de</strong> materiais<br />

bonitos e duráveis.<br />

No primeiro piso ficará a oficina <strong>de</strong> manutenção e guarda <strong>de</strong> trens históricos (entre elas a<br />

“Baronesa”), almoxarifa<strong>do</strong>, administração, recepção, souvenires, lanchonete e instalações sanitárias.<br />

No mezanino ficará o acervo <strong>do</strong> Museu Ferroviário (mobiliário, <strong>do</strong>cumentos, fotografias,<br />

equipamentos leves, etc.). Neste mesmo piso será instala<strong>do</strong> também um mini-auditório, on<strong>de</strong> serão<br />

realiza<strong>do</strong>s projeções, reuniões, encontros, palestras, etc.<br />

O galpão abrigará a dupla função <strong>de</strong> espaço operacional e museológico. Nesse senti<strong>do</strong> passa a ter<br />

uma concepção mais contemporânea <strong>de</strong> museu on<strong>de</strong> além da função da guarda e conservação <strong>de</strong><br />

acervo, ele se torna vivo na medida em que também <strong>de</strong>sempenha uma função operacional<br />

(manutenção <strong>do</strong> material rodante), aberta à visitação. A circulação vertical se dará por meio <strong>de</strong><br />

escadas e eleva<strong>do</strong>r, para facilitar o acesso às pessoas com mobilida<strong>de</strong> reduzida e <strong>de</strong>ficiente físicos.<br />

No la<strong>do</strong> externo será implanta<strong>do</strong> um gira<strong>do</strong>r <strong>de</strong> trens, que além <strong>de</strong> sua função operacional,<br />

funcionará como uma atração a mais para o museu.<br />

5.7 Complexo educacional, comercial e logístico <strong>de</strong> Bongaba<br />

Propõe-se a construção e a exploração, vincula<strong>do</strong>s à estação <strong>ferro</strong>viária <strong>de</strong> Bongaba, <strong>de</strong> um terminal<br />

<strong>de</strong> integração, <strong>de</strong> um centro universitário e <strong>de</strong> um shopping-center, acresci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> posto <strong>de</strong> serviços<br />

para automóveis, hotel, estacionamento, praça <strong>de</strong> alimentação e cinema.<br />

Não se <strong>de</strong>ve esquecer que Magé é hoje ex<strong>trem</strong>amente carente <strong>de</strong> boas instalações <strong>de</strong> hospedagem,<br />

alimentação e lazer, assim como não possui atualmente nenhum gran<strong>de</strong> supermerca<strong>do</strong> nem<br />

nenhuma escola <strong>de</strong> nível superior. Como todas estas facilida<strong>de</strong>s estão previstas para serem<br />

implantadas juntamente à estação <strong>ferro</strong>viária, ao terminal <strong>de</strong> integração e ao shopping, é <strong>de</strong> se<br />

esperar que venham acarretar em gran<strong>de</strong> atrativida<strong>de</strong> para o complexo, inclusive extrapolan<strong>do</strong> as<br />

fronteiras municipais.<br />

O acesso <strong>de</strong> veículos ao Complexo <strong>de</strong> Bongaba estará assegura<strong>do</strong> pelo novo viaduto ro<strong>do</strong>viário e<br />

pela rotatória que será implantada sob este.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

FIGURA 19 - Planta <strong>de</strong> situação Complexo <strong>de</strong> Bongaba<br />

Fonte: elaborada pelo autor<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

5.8 Escola <strong>de</strong> Atletismo e Esportes Mané Garrincha<br />

Nossa proposta é a <strong>de</strong> se criar na região <strong>de</strong> Fragoso / Pau Gran<strong>de</strong> uma Escola <strong>de</strong> Atletismo e <strong>de</strong><br />

Esportes com o nome <strong>de</strong> Garrincha, seu mais famoso filho. Esta Escola, dirigida sobretu<strong>do</strong> à<br />

infância da região, abrigaria também um pequeno Museu, que po<strong>de</strong>ria ser visita<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s aqueles<br />

que quiserem ter um contato mais próximo com a memória <strong>de</strong>ste gran<strong>de</strong> joga<strong>do</strong>r brasileiro.<br />

5.9 Centro <strong>de</strong> pesquisas sobre a mata atlântica e museu botânico Barão <strong>de</strong> Langs<strong>do</strong>rff<br />

Propomos a implantação, na região <strong>de</strong> Vila Inhomirim (se possível, no próprio terreno original da<br />

Fazenda da Mandioca), <strong>de</strong> um Centro <strong>de</strong> Pesquisas Sobre a Mata Atlântica e Museu Botânico Barão<br />

<strong>de</strong> Langs<strong>do</strong>rff, que sirva <strong>de</strong> testemunho vivo da passagem <strong>de</strong>ste ilustre cientista pelas terras<br />

brasileiras e, mais especificamente, por Magé.<br />

Lá po<strong>de</strong>rão os pesquisa<strong>do</strong>res se aprofundar nos estu<strong>do</strong>s sobre a ecologia local –Mata Atlântica e<br />

Manguezais, assim como po<strong>de</strong>rão os mora<strong>do</strong>res da Baixada Fluminense e visitantes conhecerem<br />

melhor a importância <strong>de</strong> um tema tão vital para a presente e as futuras gerações.<br />

5.10 Projeto <strong>estrada</strong> real e programa <strong>de</strong> incentivo à instalação <strong>de</strong> negócios volta<strong>do</strong>s para o<br />

turismo cultural e <strong>de</strong> aventura 18<br />

O Projeto Estrada Real envolve o Ministério <strong>do</strong> Turismo, o Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às Micro e<br />

Pequenas Empresas – SEBRAE, a Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais – FIEMG, o<br />

Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais e centenas <strong>de</strong> municípios fluminenses, mineiros e paulistas<br />

situa<strong>do</strong>s ao longo das três Estradas Reais citadas no capítulo 3.4 (Caminho Velho, Caminho Novo e<br />

Variante <strong>do</strong> Caminho Novo – ver FIGURA 2, p. 16).<br />

Este Projeto visa <strong>de</strong>senvolver, ao longo <strong>do</strong>s trechos remanescentes das Estradas Reais, as<br />

potencialida<strong>de</strong>s turísticas da região – turismo arquitetônico, histórico, cultural, ecológico, <strong>de</strong><br />

aventura e <strong>de</strong> peregrinação. Estes gêneros <strong>de</strong> turismo, altamente promissores, po<strong>de</strong>rão colocar Magé<br />

e os <strong>de</strong>mais municípios envolvi<strong>do</strong>s no Projeto, numa rota semelhante ao Caminho <strong>de</strong> Santiago <strong>de</strong><br />

Compostella, na Espanha, percorri<strong>do</strong> anualmente por centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> visitantes <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o<br />

mun<strong>do</strong>.<br />

Magé po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sempenhar um papel <strong>de</strong> extraordinária importância neste Projeto, por ser o<br />

marco inicial da Variante <strong>do</strong> Caminho Novo.<br />

Várias oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio surgirão para dar suporte à indústria turística, como pousadas,<br />

restaurantes, centros <strong>de</strong> artesanato, serviços <strong>de</strong> guia, aluguel <strong>de</strong> equipamentos, etc., geran<strong>do</strong> renda e<br />

emprego junto à população local.<br />

18 Fonte: www.<strong>estrada</strong>real.org.br<br />

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Magé é um diamante bruto que merece ser lapida<strong>do</strong>.<br />

As idéias aqui elencadas para o eixo da linha férrea Mauá – Vila Inhomirim, objetivam<br />

primeiramente resgatar a dignida<strong>de</strong> da gran<strong>de</strong> população que habita a região, impactan<strong>do</strong><br />

positivamente na geração <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho e renda, além <strong>de</strong> imediata melhoria na<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. As vantagens <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista ambiental, da mobilida<strong>de</strong> e da cultura são<br />

evi<strong>de</strong>ntes.<br />

O segun<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> impacto se dará em boa parte da Região Metropolitana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, que<br />

passará a dispor <strong>de</strong> novas alternativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento, cultura e lazer.<br />

O esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e o País também perceberão, a médio e a longo prazo, os efeitos sobre a<br />

economia advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s melhoramentos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m logística propostos, assim como um significativo<br />

aumento <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong> turistas nacionais e estrangeiros, atraí<strong>do</strong>s pelas novas e fortes atrações <strong>do</strong><br />

local.<br />

Por fim, o financiamento <strong>de</strong> todas as intervenções propostas não se apoiará somente nas finanças da<br />

União, Esta<strong>do</strong> e Município, mas também estará alicerça<strong>do</strong> em gran<strong>de</strong>s aportes <strong>de</strong> capital priva<strong>do</strong>,<br />

atraí<strong>do</strong>s pelo significativo fluxo <strong>de</strong> pessoas e cargas que se prevê para a região, assim como pela<br />

vinculação <strong>de</strong> suas marcas a projetos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> e sucesso.<br />

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

FERREZ, Gilberto. O Brasil <strong>do</strong> primeiro reina<strong>do</strong> visto pelo botânico William John Burchell,<br />

1825/1829. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Fund. J. Moreira Salles, Pró-Memória, 1981. 172 p.<br />

FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE<br />

JANEIRO – FUNDREN. Plano Diretor <strong>de</strong> Magé 1991-1995. Rio <strong>de</strong> Janeiro: s.d.<br />

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Censo Demográfico 2000;<br />

questionário da amostra; microda<strong>do</strong>s. 2ª ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: IBGE, 2004.<br />

INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL – INEPAC. Projeto Inventário <strong>de</strong> Bens<br />

Culturais Imóveis; <strong>de</strong>senvolvimento territorial caminhos singulares <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. Rio <strong>de</strong> Janeiro: INEPAC / SEBRAE RJ, 2004. v. 2. 172p.<br />

OLIVÉ, Raphael. Guia Estrada Real para Caminhantes. Ed. Estrada Real, 2002. 106 p.<br />

PLANEJAMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE - PLAMBEL. O acervo<br />

arquitetônico e urbanístico da se<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sabará. Belo Horizonte: PLAMBEL, 1988. 162 p.<br />

PREFEITURA MUNICIPAL DE MAGÉ, Secretaria Municipal <strong>de</strong> Planejamento e Habitação.<br />

Diagnóstico Vila Inhomirim 6 o Distrito – Magé: PMM, 2004.<br />

__. Município <strong>de</strong> Magé – Magé: PMM, 2004.<br />

RODRIGUEZ, Helio Suêvo. A Formação das Estradas <strong>de</strong> Ferro no Rio <strong>de</strong> Janeiro; o resgate <strong>de</strong><br />

sua memória. Brasil: Memória <strong>do</strong> Trem, 2004. 192 p.<br />

SECRETARIA DE ESTADO DE TRANSPORTES DO RIO DE JANEIRO. Plano Diretor <strong>de</strong><br />

Transporte Urbano da Região Metropolitana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. 2005. (CD-ROM)<br />

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - TCE-RJ. Estu<strong>do</strong> socioeconômico<br />

2004; Magé. Rio <strong>de</strong> Janeiro: TCE-RJ / SGP- RJ, 2004. 104 p.<br />

www.antt.gov.br , visita<strong>do</strong> em abril <strong>de</strong> 2005.<br />

www.baia<strong>de</strong>guanabara.org.br, visita<strong>do</strong> em abril <strong>de</strong> 2005.<br />

www.central.rj.gov.br, visita<strong>do</strong> em abril <strong>de</strong> 2005.<br />

www.cida<strong>de</strong>s.gov.br visita<strong>do</strong> em abril <strong>de</strong> 2005.<br />

www.crt.com.br, visita<strong>do</strong> em abril <strong>de</strong> 2005.<br />

www.<strong>de</strong>tran.rj.gov.br, visita<strong>do</strong> em abril <strong>de</strong> 2005.<br />

www.estacoes<strong>ferro</strong>viarias.com.br, visita<strong>do</strong> em abril <strong>de</strong> 2005.<br />

www.zulu.ssc.nasa.gov/mrsid/, visita<strong>do</strong> em abril <strong>de</strong> 2005.<br />

www.sectran.rj.gov.br/saiba_tarifas.asp, visita<strong>do</strong> em abril <strong>de</strong> 2005.<br />

www.transportes.gov.br, visita<strong>do</strong> em abril <strong>de</strong> 2005.<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

8 ANEXOS - BIOGRAFIAS DE PERSONAGENS FAMOSOS LIGADOS A MAGÉ<br />

8.1 Barão <strong>de</strong> langs<strong>do</strong>rff 19<br />

Naturalista e diplomata germânico nasci<strong>do</strong> em 1774 em Wöllstein, Prússia, mais<br />

conheci<strong>do</strong> por seu nome em russo, Grigori Ivanovitch, o Barão <strong>de</strong> Langs<strong>do</strong>rff ficou famoso<br />

por sua heróica expedição pelo interior <strong>do</strong> Brasil, in<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo ao Pará, via Cuiabá,<br />

em toscas canoas pelos rios, no século XIX. Membro da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong> São<br />

Petersburgo foi nomea<strong>do</strong> cônsul-geral da Rússia no Rio <strong>de</strong> Janeiro, aqui se instalan<strong>do</strong> em<br />

abril <strong>de</strong> 1813.<br />

Adquiriu uma fazenda, <strong>de</strong>nominada Mandioca, na Raiz da Serra <strong>de</strong> Magé, on<strong>de</strong>,<br />

paralelamente às funções <strong>de</strong> cônsul, exerceu intensa ativida<strong>de</strong> científica. Refratário à<br />

escravidão, substitui o trabalho escravo por trabalho assalaria<strong>do</strong>, buscan<strong>do</strong> imigrantes em<br />

sua terra natal, a Alemanha. A<strong>de</strong>pto da policultura, canalizou rios, mo<strong>de</strong>rnizou engenhos<br />

<strong>de</strong> farinha e milho e construiu fábricas e olarias. Mantinha biblioteca <strong>de</strong> História Natural,<br />

museu <strong>de</strong> nossas fauna e flora e um Jardim Botânico.<br />

A 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1829, foi resolvida a mudança da Fábrica <strong>de</strong> Pólvora da Lagoa<br />

Rodrigo <strong>de</strong> Freitas para a Raiz da Serra <strong>de</strong> Petrópolis, sen<strong>do</strong> localizada em terrenos que<br />

até então compreendiam as Fazendas da Mandioca, Velasco e Cor<strong>do</strong>aria.<br />

De volta à Europa, aposentou-se e morreu em 1852 em Freiburg im Breisgau, Alemanha.<br />

8.2 Irineu Evangelista <strong>de</strong> Sousa, o Barão <strong>de</strong> Mauá 20<br />

De ascendência humil<strong>de</strong>, Irineu Evangelista <strong>de</strong> Sousa nasceu em Arroio Gran<strong>de</strong>,<br />

município <strong>de</strong> Jaguarão, RS, em 28 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1813. Não é fácil <strong>de</strong>limitar a área da<br />

ação <strong>de</strong> Mauá, industrial e banqueiro (feito Barão em 1854 e Viscon<strong>de</strong> em 1874). Mu<strong>do</strong>use<br />

para o Rio <strong>de</strong> Janeiro ainda menino, e aqui <strong>de</strong>senvolveu sua vida <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r.<br />

Em 1845, à frente <strong>de</strong> ousa<strong>do</strong> empreendimento, levanta os estaleiros da Companhia Ponta<br />

<strong>de</strong> Areia, Niterói, com que inicia a indústria naval brasileira. Em 11 anos, o<br />

estabelecimento fabrica 72 navios, a vapor e a vela.<br />

Entusiasta <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> transporte, especialmente das <strong>ferro</strong>vias, a ele se <strong>de</strong>vem os<br />

primeiros trilhos lança<strong>do</strong>s em terra brasileira e a primeira locomotiva. Apoiou<br />

financeiramente a Estrada <strong>de</strong> Ferro Dom Pedro II (<strong>de</strong>pois Estrada <strong>de</strong> Ferro Central <strong>do</strong><br />

Brasil), mesmo saben<strong>do</strong> que, pelo seu traça<strong>do</strong>, iria <strong>de</strong>sfechar golpe mortal na chamada<br />

Estrada <strong>de</strong> Ferro <strong>de</strong> Petrópolis. Além <strong>de</strong>ssas duas, Mauá participou direta ou<br />

indiretamente na construção das cinco primeiras <strong>ferro</strong>vias inauguradas no Brasil: no norte,<br />

a Recife - São Francisco (Recife and S. Francisco Railway) e a Bahia - São Francisco<br />

(Bahia and S. Francisco Railway Co.). Obra inteiramente sua, como o foi a primeira<br />

<strong>de</strong>ssas <strong>estrada</strong>s, é a Santos - Jundiaí (<strong>de</strong>pois S. Paulo Railway), a quinta inaugurada no<br />

Brasil (16 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1867).<br />

19 Alcin<strong>do</strong> Sodré, site <strong>do</strong> Instituto Histórico <strong>de</strong> Petrópolis, Maria Conceição Rosa – IPAHB e www.nascente .com.br<br />

20 www.transportes.gov.br<br />

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia <strong>CBTU</strong> 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Também no setor bancário <strong>de</strong>sempenha Mauá papel pioneiro. Em 1851 organiza o Banco<br />

<strong>do</strong> Brasil e, em 1852, funda a casa bancária Mauá, Mac Gregor & Cia., com agência em<br />

Londres. A ele se <strong>de</strong>ve, ainda, o primeiro <strong>de</strong>sses estabelecimentos funda<strong>do</strong> no Uruguai -<br />

o Banco Mauá Y Cia. (1857), com autorização para emitir papel-moeda. O Banco Mauá Y<br />

Cia. esten<strong>de</strong>u-se a Buenos Aires.<br />

Ocorre, em 1864, a primeira crise econômica no Segun<strong>do</strong> Reina<strong>do</strong>, em conseqüência <strong>de</strong><br />

especulação <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res estrangeiros e agravada pela guerra <strong>do</strong> Paraguai. Cinco<br />

bancos vão à falência, entres eles, em 1866, o Banco Mauá, Mac Gregor & Cia.<br />

Segue-se, no Brasil, um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> relativo progresso, após a guerra <strong>do</strong> Paraguai. Em<br />

1873, sobrevém nova e mais séria crise econômica e Mauá é força<strong>do</strong> a pedir moratória, a<br />

que se seguiu longa <strong>de</strong>manda judicial.<br />

Em sua famosa “Exposição aos cre<strong>do</strong>res e ao público” (1878), Mauá faz um relato<br />

<strong>de</strong>talha<strong>do</strong> <strong>do</strong>s empreendimentos em que se lançou, a partir <strong>de</strong> 1846. Consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como<br />

sua autobiografia, o trabalho é escrito em estilo objetivo, mas não lhe faltam passagens<br />

<strong>de</strong> um certo amargor.<br />

Doente, mina<strong>do</strong> pelo diabetes, só <strong>de</strong>scansou <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pagar o último vintém, vin<strong>do</strong> a<br />

falecer em 21 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1889.<br />

8.3 Manoel <strong>do</strong>s Santos, Garrincha<br />

Manuel <strong>do</strong>s Santos, o mais famoso joga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> futebol gera<strong>do</strong> em terras fluminenses,<br />

nasceu em 28 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1933, em Pau Gran<strong>de</strong>, distrito <strong>de</strong> Magé. O apeli<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Garrincha foi da<strong>do</strong> por sua irmã mais velha e veio <strong>do</strong> nome <strong>de</strong> um passarinho que ele<br />

caçava nos arre<strong>do</strong>res da cida<strong>de</strong>.<br />

A fase ascen<strong>de</strong>nte da sua carreira <strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> 1953 até o bicampeonato mundial, em 1962.<br />

Ao <strong>de</strong>screver a arrasa<strong>do</strong>ra estréia <strong>de</strong> Garrincha na Copa <strong>de</strong> 58, contra a Rússia, o<br />

jornalista Ruy Castro escreveu: “A partir daquele dia, <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> existir botafoguenses,<br />

tricolores, rubro-negros, gremistas ou corintianos puros. To<strong>do</strong>s passariam a ser<br />

Garrincha, mesmo quan<strong>do</strong> ele jogasse contra seus clubes”.<br />

Garrincha ficou famoso internacionalmente pelos dribles <strong>de</strong>sconcertantes aplica<strong>do</strong>s com<br />

suas pernas tortas, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> por muitos como o maior joga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

tempos, superior inclusive, ao “rei” Pelé.<br />

Ao final <strong>de</strong> 1962, Garrincha contabilizava, entre outras conquistas, <strong>do</strong>is títulos mundiais<br />

pela seleção brasileira e três títulos <strong>de</strong> campeão carioca pelo Botafogo.<br />

Morreu pobre e esqueci<strong>do</strong>, em 20 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1983.<br />

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