16.04.2013 Views

1 - Agrupamento de Escolas de Atouguia da Baleia

1 - Agrupamento de Escolas de Atouguia da Baleia

1 - Agrupamento de Escolas de Atouguia da Baleia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

NEWSLETTER<br />

2012<br />

janeiro > março’12<br />

e d i ç ã o d i g i t a l<br />

…eu sou uma pessoa<br />

que só escreveu<br />

alguns versos, não<br />

entendo a razão disto<br />

1 | newsletter | http://atb23.net<br />

março 01<br />

ISSN 1647-7248<br />

tudo.<br />

Mariano Calado


Sumário<br />

Neste<br />

número<br />

PoDe<br />

LeR<br />

Editorial<br />

Biografia<br />

Vi<strong>da</strong>s<br />

Biblioteca<br />

Mariano<br />

Calado<br />

Poesia<br />

e Len<strong>da</strong>s<br />

Um outro<br />

olhar<br />

Viagens<br />

pela leitura<br />

Escritores<br />

Leituras<br />

Património<br />

Guilherme<br />

<strong>de</strong> Corni<br />

Agen<strong>da</strong><br />

><br />

1 | newsletter | http://atb23.net<br />

1


<strong>Agrupamento</strong> <strong>de</strong> <strong>Escolas</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Atouguia</strong> <strong>da</strong> <strong>Baleia</strong> - P r O d U ç ã o<br />

Newsletter<br />

Janeiro - Março<br />

.março.2012 | ISSN 1647-7278<br />

: Trimestral| : <strong>Agrupamento</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Escolas</strong> <strong>de</strong> <strong>Atouguia</strong> <strong>da</strong> <strong>Baleia</strong><br />

R. Victor Baltazar,2525-079 <strong>Atouguia</strong> <strong>da</strong> <strong>Baleia</strong>,<br />

tel. 262 757270, fax 262 757271 |<br />

info@eb23-atouguia-baleia.rcts.pt<br />

http://atb23.net<br />

Ana Batalha, Helena<br />

Martinho, Maria João Rodrigues, Inês Santos,<br />

Eduar<strong>da</strong> Rocha e Mariana Silva Gomes.<br />

Direcção <strong>da</strong> Escola Secundária <strong>de</strong><br />

Peniche pela cedência dos artigos publicados na<br />

Pai<strong>de</strong>ia (2011), Revista <strong>de</strong> Cultura e Ciência,<br />

relacionados com a homenagem a Mariano Caldo.<br />

Mariano Calado<br />

Editorial<br />

Director<br />

Como dizia o poeta, é com alguma<br />

sau<strong>da</strong><strong>de</strong> do futuro que viramos uma<br />

página na forma <strong>de</strong> informar e<br />

divulgar as notícias do nosso<br />

agrupamento. O “<strong>Baleia</strong> Jornalista”,<br />

jornal trimestral do <strong>Agrupamento</strong><br />

ganhou o respectivo e merecido<br />

direito à reforma, após muitos<br />

números recheados <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste<br />

agrupamento, dos seus alunos, dos<br />

seus professores e <strong>da</strong> sua<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. É uma reforma honrosa,<br />

um pouco antecipa<strong>da</strong> por via dos<br />

elevados custos que implicava e pela<br />

emergência <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong><br />

comunicar. Em tempos <strong>de</strong> crise,<br />

importa gerir os recursos sem<br />

prejudicar os objectivos e metas a<br />

que nos propomos, mas sabendo<br />

efectuar a<strong>da</strong>ptações e introduzir<br />

melhorias.<br />

Neste caso, lançamos agora o 1º<br />

número <strong>da</strong> nossa “NEWSLETTER”. O<br />

suporte digital é mais ecológico, mais<br />

económico e mais rápido e tem um<br />

potencial <strong>de</strong> leitores muito maior,<br />

pois não se cinge a um número <strong>de</strong><br />

tiragem <strong>de</strong> exemplares. No entanto, o<br />

suporte físico do jornal permitia-nos<br />

alcançar outro público. Os leitores <strong>da</strong><br />

nova “newsletter” e do “<strong>Baleia</strong><br />

Jornalista” não se sobrepõem<br />

necessariamente.<br />

A nossa “newsletter” <strong>de</strong>verá ter<br />

como complemento e suplemento<br />

uma atenção do leitor às páginas <strong>de</strong><br />

novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s constantes<br />

<strong>da</strong> página institucional do<br />

<strong>Agrupamento</strong> <strong>de</strong> <strong>Escolas</strong> <strong>de</strong> <strong>Atouguia</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>Baleia</strong>. A nossa “newsletter”,<br />

articula<strong>da</strong> com a página institucional,<br />

proporcionará aos leitores uma maior<br />

interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o nosso<br />

agrupamento, bem como uma maior<br />

actuali<strong>da</strong><strong>de</strong> nos temas tratados.<br />

Para o lançamento <strong>da</strong> nossa<br />

“newsletter” escolhemos um tema e<br />

uma figura incontornável no cenário<br />

cultural <strong>da</strong> nossa região. O seu<br />

contributo para a nossa cultura, a<br />

nossa História e o nosso Património,<br />

constitui um cimento imprescindível<br />

à construção <strong>da</strong> nossa i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e ao<br />

esclarecimento do nosso sentimento<br />

<strong>de</strong> pertença. Sem bairrismos obtusos,<br />

o ci<strong>da</strong>dão Mariano Calado, o escritor<br />

Mariano Calado, o historiador, o<br />

poeta… evi<strong>de</strong>nciam-nos alguém que<br />

nos mostra o orgulho e amor <strong>de</strong> ser e<br />

<strong>de</strong> pertencer a esta região, a esta<br />

terra, a esta comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Finalmente, uma palavra <strong>de</strong> bom<br />

augúrio para os próximos números<br />

<strong>de</strong>ste novo veículo <strong>da</strong> nossa<br />

comunicação, na preocupação<br />

constante <strong>de</strong> estreitar os laços com a<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> local extra-muros do<br />

nosso agrupamento. Que esta<br />

Newsletter seja mais um instrumento<br />

que nos aju<strong>de</strong> a alargar o nosso<br />

horizonte cultural e abra mais uma<br />

janela sobre o que nós somos … <strong>de</strong><br />

acordo com a mensagem fulcral do<br />

nosso projecto educativo: “I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

& Desenvolvimento”.<br />

2 | newsletter | http://atb23.net<br />

2


vi<strong>da</strong>s<br />

BIOGRAFIA<br />

Calado, Mariano, (2011) Percurso Biográfico. Pai<strong>de</strong>ia, Revista <strong>de</strong> Cultura e Ciência, 2, 23<br />

3 | newsletter | http://atb23.net<br />

3


10 Junho <strong>de</strong> 1928 Almeirim<br />

Formação, Activi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Profissional, Literária e Artística<br />

CaLaDo, MaRiAnO, (2011) Percurso Biográfio. Pai<strong>de</strong>ia, Revista <strong>de</strong> Cultura e Ciência,<br />

2, 21-28<br />

Formação<br />

Frequentou a escola primária em Peniche (Escola Nº I, segun<strong>da</strong> sala do lado<br />

poente), <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1935 a Junho <strong>de</strong> 1939).<br />

Frequentou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1939, o antigo Liceu Nacional Sá <strong>da</strong> Ban<strong>de</strong>ira,<br />

<strong>de</strong> Santarém. Residindo com familiares em Almeirim, <strong>de</strong>slocava-se diariamente, com<br />

outros colegas <strong>de</strong> 10, 11 e 12 anos, <strong>de</strong> bicicleta, fazendo (i<strong>da</strong> e volta) os sete<br />

quilómetros que o levavam ao Liceu.<br />

Em Janeiro <strong>de</strong> 1942, no início do 2º. período do 3º ano, interrompeu os estudos,<br />

por via <strong>de</strong> doença óssea que o reteve no leito durante quatro meses.<br />

De Outubro <strong>de</strong> 1942 a Junho <strong>de</strong> 1943, repetiu o 3º ano liceal no extinto Instituto<br />

D.Luís <strong>de</strong> Ataí<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Peniche.<br />

Em Outubro <strong>de</strong> 1943 voltou a frequentar o Liceu Nacional Sá <strong>da</strong> Ban<strong>de</strong>ira, em<br />

Santarém, tendo concluído, em Junho, o 4º ano (…) E, em Julho <strong>de</strong>sse mesmo ano,<br />

voltou a ser apoquentado pela anterior doença óssea, que, <strong>de</strong>sta vez, o levou a ficar<br />

retido, <strong>de</strong>itado, num tabuleiro-cama, durante três anos, fazendo helioterapia em<br />

Peniche, nomea<strong>da</strong>mente na zona do santuário <strong>de</strong> Nossa Senhora dos Remédios.<br />

Em 1964, inscreveu-se na Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Políticas <strong>de</strong> Madrid e matriculouse<br />

no Instituto Superior <strong>de</strong> Psicologia Aplica<strong>da</strong> (ISPA) (…) tendo concluído o curso<br />

<strong>de</strong> Psicologia Social em 1968.<br />

(…) Em 1999, realizou o mestrado <strong>de</strong> História Regional e Local, na facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

letras <strong>da</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, com a dissertação Fortificações <strong>da</strong> Região <strong>de</strong><br />

Peniche, tendo obtido a classificação <strong>de</strong> Muito Bom.(…)<br />

Activi<strong>da</strong><strong>de</strong> Profissional<br />

No final <strong>de</strong> 1949 concorreu a uma vaga <strong>de</strong> regente escolar, tendo sido colocado<br />

(…) na al<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> Moita (…) (Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Rainha), com uma única turma <strong>de</strong> alunos <strong>da</strong><br />

1ª. à 4ª. classe, experiência difícil mas gratificante e muito rica do ponto <strong>de</strong> vista<br />

humano.<br />

No final <strong>de</strong> 1950 fez concurso para o Banco Nacional Ultramarino, on<strong>de</strong> foi<br />

admitido em Fevereiro <strong>de</strong> 1952 e on<strong>de</strong> trabalhou até meados <strong>de</strong> 1965.<br />

Em Setembro <strong>de</strong> 1965 foi convi<strong>da</strong>do a ingressar na Lisnave – Estaleiros navais <strong>de</strong><br />

Lisboa para fun<strong>da</strong>r e orientar a revista mensal «Lisnave», <strong>de</strong> informação e formação,<br />

pelo que saiu do B.N.U. com licença ilimita<strong>da</strong>.<br />

Em 1971 <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> exercer a anterior função e passou a orientar o Serviço <strong>de</strong><br />

Psicologia <strong>da</strong> Lisnave, do qual foi responsável até 1984.<br />

(…)<br />

Em 1984, saiu <strong>da</strong> Lisnave, reingressando no Banco Nacional Ultramarino, como<br />

psicólogo, cargo que exerceu até 1989, reformando-se <strong>da</strong> Banca nesta <strong>da</strong>ta. ”<br />

[A partir <strong>da</strong>qui <strong>de</strong>dicou-se a muitas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s: foi orientador <strong>de</strong> seminários <strong>de</strong><br />

Dinâmica <strong>de</strong> Grupo, formador no Instituto Superior <strong>de</strong> Gestão, diretor do<br />

Psicolabor-Centro <strong>de</strong> Psicologia, Formação e Organização, monitor <strong>de</strong> seminários ,<br />

diretor-conservador do Museu <strong>de</strong> Peniche, professor <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong><br />

Recursos Humanos, professor <strong>da</strong>s ca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> Psicologia Social e <strong>de</strong><br />

Psicossociologia <strong>da</strong>s Organizações, professor-bibliotecário, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong><br />

Assembleia Geral <strong>de</strong> Escola, membro do Conselho <strong>de</strong> Re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> revista<br />

Intervenção Social.]<br />

Activi<strong>da</strong><strong>de</strong> Literária e Artística<br />

“Começou a publicar os seus primeiros trabalhos literários com 14 anos, em o<br />

Tiroliro, suplemento infantil, suplemento infantil do diário A Voz (…)<br />

Profun<strong>da</strong>mente interessado pelo estudo <strong>da</strong> Língua e encontrando no passatempoarte<br />

do Charadismo um óptimo meio para o seu <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>dicou-se a ele,<br />

também <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 14 anos, tanto em <strong>de</strong>cifração, como em produção, com o<br />

pseudónimo «O<strong>da</strong>lac» (…)<br />

Em 1949, dirigiu na revista Flama a secção semanal «Avoz <strong>da</strong> Esfinge». Na mesma<br />

<strong>da</strong>ta, fundou no seminário leiriense A Voz <strong>de</strong> Domingo, a secção «Busílis» e, na<br />

déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 50, dirigiu na revista A Lente a secção «Eureka»e, no jornal juventu<strong>de</strong><br />

Operária, a secção «Nas Horas <strong>de</strong> Folgar», esta sob o pseudónimo Ana Sabichão.<br />

(…)<br />

[Publicou] “em 1950, o seu primeiro livro(!), o pequeno manual Como fazer e<br />

<strong>de</strong>cifrar chara<strong>da</strong>s …<br />

Em 1948 estreia-se como amador <strong>de</strong> teatro (…)<br />

Em 1950, com Manuel Marques Ferreira (…) escreve, pagina e publica o número<br />

único do jornal O Penichense (…)<br />

A partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 50 colaborou (com poemas, contos, ensaios e trabalhos <strong>de</strong><br />

recreio charadístico) em vários jornais e revistas (…)<br />

Orientou o quinzenário Jornal do Mar (…) <strong>de</strong> 1969 a 1974.<br />

Tem praticamente concluído (…) um Auxiliar <strong>de</strong> Arcaísmos, com a compilação <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> onze mil entra<strong>da</strong>s.<br />

(…)<br />

Colaborou na produção, realização ou interpretação <strong>de</strong> programas radiofónicos<br />

(…)<br />

Colaborou, em Alma<strong>da</strong>, na formação do Cine-clube, numa exposição <strong>de</strong> poesia<br />

ilustra<strong>da</strong> e encenou, para alunos <strong>de</strong> um colégio do ensino secundário, uma peça <strong>de</strong><br />

Gil Vicente.<br />

Encenou, em Lisboa, uma peça num acto (…)<br />

A convite do director do Teatro <strong>de</strong> Ensaio (…) interpretou um dos personagens <strong>da</strong><br />

peça «O Homem <strong>da</strong> Flor na Boca» <strong>de</strong> Luigi Piran<strong>de</strong>lo.<br />

(...)<br />

Em 1958, foi um dos intérpretes do famoso e ousado programa <strong>de</strong> Matos Maia «A<br />

invasão dos Marcianos» (réplica <strong>de</strong> «A guerra dos mundos», <strong>de</strong> Orson Welles)<br />

transmitido por Rádio Renascença e que tanta celeuma levantou e causou fúria entre a<br />

Censura <strong>de</strong> então.<br />

Em 1983, foi <strong>de</strong> novo um dos intérpretes <strong>de</strong> outro inteligente e ousado programa<br />

(«Quando os cientistas sonham»), igualmente <strong>de</strong> Matos Maia, no Rádio Clube<br />

Português.<br />

Em 2010 criou, para a 102FM RÁDIO, um apontamento sobre os 100 anos <strong>da</strong><br />

implantação <strong>da</strong> República em Peniche, <strong>de</strong> que foi um dos intérpretes, tendo sido<br />

transmitido no dia 7 <strong>de</strong> Outubro.<br />

4 | newsletter | http://atb23.net<br />

4


CALADO<br />

5 | newsletter | http://atb23.net<br />

5


16 <strong>de</strong> Fevereiro<br />

Inauguração <strong>da</strong> Biblioteca<br />

Mariano Calado<br />

No dia 16 <strong>de</strong> fevereiro a biblioteca <strong>da</strong><br />

Escola Básica 2,3 <strong>de</strong> <strong>Atouguia</strong> <strong>da</strong> <strong>Baleia</strong><br />

passou a chamar-se biblioteca Mariano<br />

Calado.<br />

Esta cerimónia <strong>de</strong> homenagem foi<br />

integra<strong>da</strong> na 8ª entrega dos prémios<br />

Guilherme <strong>de</strong> Corni, que anualmente,<br />

premeia os alunos com melhores<br />

resultados escolares. Ao longo <strong>da</strong>s três<br />

semanas anteriores, um conjunto <strong>de</strong><br />

professores, funcionários, encarregados<br />

<strong>de</strong> educação e alunos ensaiou músicas,<br />

leituras, dramatizações e <strong>de</strong>clamações <strong>de</strong><br />

poemas <strong>de</strong>ste ilustre poeta, escritor,<br />

ensaísta …<br />

A homenagem a Mariano Calado vem<br />

recor<strong>da</strong>r as múltiplas dimensões que<br />

marcam a sua vi<strong>da</strong> e a sua personali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Através <strong>da</strong> escrita, soube protagonizar <strong>de</strong><br />

forma ímpar a gran<strong>de</strong>za do <strong>de</strong>stino<br />

individual e coletivo <strong>da</strong> sua gente. É<br />

merecedor <strong>de</strong> uma gratidão que nos<br />

compromete a todos, porque é o nosso<br />

mundo, a nossa terra, as nossas gentes, o<br />

nosso património natural e construído, as<br />

nossas tradições, a nossa natureza, que<br />

convergem como trajecto colectivo na sua<br />

obra.<br />

A noite iniciou-se com a leitura<br />

expressiva do poema Cantilena <strong>de</strong><br />

Peniche (A Fuga do Silêncio), pelos<br />

professores Joel Leal, Fernando Oliveira,<br />

Val<strong>de</strong>miro Rodrigues e pelas professoras<br />

Graciosa Damas, Sílvia Alves, Ana Paula<br />

Rodrigues e Isabel Cunha. A acompanhar,<br />

o som flutuante do oboé tocado pela<br />

professora Lin<strong>da</strong> Comendinha que<br />

interpretou a peça Metamorfose Arethusa<br />

para oboé <strong>de</strong> Benjamin Britten.<br />

De segui<strong>da</strong>, iniciou-se o primeiro<br />

conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>clamações dos alunos; a<br />

Ana Russo do 6º D <strong>de</strong>clamou o poema<br />

, com a<br />

dramatização e o vigor que já a<br />

caracterizam, o Tomás Coelho do 6ºD<br />

<strong>de</strong>clamou o poema A Minha Terra (Raízes<br />

<strong>de</strong> Maresia) com teatrali<strong>da</strong><strong>de</strong> e segurança<br />

e a Mariana Gomes do 6ºB o poema João<br />

Paulo (A Fuga do Silêncio) com a<br />

emotivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a firmeza necessárias a um<br />

pai que fala para o seu filho.<br />

A segun<strong>da</strong> interpretação realiza<strong>da</strong> pelos<br />

professores fez-se com o poema A Rosa,<br />

Agora (A Fuga do Silêncio).<br />

Seguiu-se o segundo conjunto <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>clamações dos alunos; a Margari<strong>da</strong><br />

Silva do 7º F <strong>de</strong>clamou o poema Espelho<br />

<strong>de</strong> Mim (Raízes <strong>de</strong> Maresia), com<br />

sentimento e <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za, a Carolina<br />

Spínola do 7ºE o poema Ser Outra Vez<br />

Criança (A Fuga do Silêncio), <strong>de</strong>clamado<br />

com a sua voz doce e clara, e o Henrique<br />

Santos do 7º D o poema Vai<strong>da</strong><strong>de</strong> (A Fuga<br />

do Silêncio), <strong>de</strong> mãos nos bolsos,<br />

conforme lhe pediram, e muito<br />

<strong>de</strong>scontraído.<br />

O poema Gaivota Menina (Nau dos<br />

Corvos) foi dito alterna<strong>da</strong>mente pela<br />

Carolina Spínola do 7ºE, pela Ana Russo<br />

e pelo Tomás Coelho do 6ºD, que o<br />

<strong>de</strong>clamaram com muita graça, ao ritmo <strong>de</strong><br />

uma pequena coreografia.<br />

A terceira leitura dos professores foi o<br />

poema Minha Peniche (Fogo <strong>de</strong><br />

Santelmo) e foi li<strong>da</strong> somente pelas<br />

professoras Graciosa Damas, Sílvia Alves,<br />

Ana Paula Rodrigues e Isabel Cunha que<br />

encheram a sala com as suas vozes claras<br />

e ternas.<br />

Seguiu-se o terceiro conjunto <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>clamações dos alunos; o João Fortunato<br />

do 7ºA <strong>de</strong>clamou o poema Voo Branco<br />

(Fogo <strong>de</strong> Santelmo), cheio <strong>de</strong> vivaci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

a Alexandra Bastos do 7ºF o poema On<strong>da</strong>s<br />

(A Fuga do Silêncio), interpretado com<br />

sereni<strong>da</strong><strong>de</strong>, e a Laura Pinto do 7º A o<br />

poema Raiva Insatisfeita (A Fuga do<br />

Silêncio) com muito ardor e veemência.<br />

A quarta e última leitura coube, <strong>de</strong>sta vez, só<br />

aos professores Joel Leal, Fernando Oliveira e<br />

Val<strong>de</strong>miro Rodrigues com o poema Vagas <strong>de</strong><br />

Lezíria (Raízes <strong>de</strong> Maresia). O tom grave, alto e<br />

dramático resumiu a vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um sujeito poético<br />

(Mariano Calado?) e revelou a dicotomia<br />

presente na sua vi<strong>da</strong>: o mar e a terra.<br />

A Representante dos Encarregados <strong>de</strong><br />

Educação, a Dr.ª Paula Serafim leu o poema<br />

Proa (A Fuga do Silêncio), mas antes fez, <strong>de</strong><br />

improviso, uma quadra muito engraça<strong>da</strong> e muito<br />

a propósito.<br />

Já quase no fim, pu<strong>de</strong>mos rir e sorrir com a<br />

pequena dramatização do poema Ti Caçoa (Nau<br />

dos Corvos) feita pelas simpáticas Goretti<br />

Valenove e Alice Cor<strong>de</strong>iro. Vesti<strong>da</strong>s a rigor,<br />

como man<strong>da</strong> o figurino, a Goretti era a varina<br />

que apregoava o famoso pregão <strong>da</strong> ti Caçoa “-<br />

Sardinha fresca! É aproveitar, fregueses!” Muito<br />

<strong>de</strong>scontraí<strong>da</strong>, envolta num lindo xaile azul, as<br />

argolas e o fio <strong>de</strong> ouro a contrastarem e levando<br />

na cabeça um cesto cheio <strong>de</strong> sardinhas<br />

pratea<strong>da</strong>s, a Goretti gritou o pregão várias vezes,<br />

assim como a interpelação “Não vai uma<br />

sardinha, amor?”. O próprio Mariano não<br />

escapou e aceitou duas sardinhas que a Goretti<br />

lhe ofereceu, as quais foram costura<strong>da</strong>s por ela<br />

própria numa tar<strong>de</strong> e noite <strong>de</strong> sábado. Vesti<strong>da</strong> a<br />

pescador, <strong>de</strong> boné e com um bigo<strong>de</strong> que por<br />

vezes lhe caía e o qual, com certa graça, num<br />

<strong>de</strong>terminado momento o arrancou <strong>de</strong> vez, estava<br />

a Alice que lhe perguntou “A sardinha tá boa, ti<br />

Caçoa?”<br />

Assistimos, pois, ao <strong>de</strong>senrolar e ao fim do<br />

diálogo <strong>de</strong>sta ven<strong>de</strong>dora e cliente tão especiais,<br />

para ouvirmos <strong>de</strong>pois o poema <strong>da</strong> Ti Palmira<br />

Paleca (Nau dos Corvos) <strong>de</strong>clamado pela Filipa<br />

Laranjeiro, pela Carolina Prioste e pelo Xavier<br />

Ferreira do 8ºB. Com coragem, gritaram, a bom<br />

gritar, pela petinga, pelo carapau, pelo sargo,<br />

pelo cantaril, pelo robalo, pelo safio, pela sar<strong>da</strong>,<br />

pela boga, pelo chicharro, pelo bodião, pela<br />

faneca, enfim por todos os peixes cantados e<br />

apregoados pela ti Palmira canta<strong>de</strong>ira e, no fim,<br />

concluíram em coro, e com muita graça que “a ti<br />

Palmira Paleca /era leva<strong>da</strong> <strong>da</strong> breca.”<br />

Estas leituras foram sendo intercala<strong>da</strong>s com a<br />

entrega dos diplomas e dos prémios aos alunos.<br />

A tuna também quis prestar a sua homenagem e<br />

cantou e tocou a música dos Cabeça no Ar Há<br />

Baile na Biblioteca.<br />

No final, após ter <strong>de</strong>scerrado a placa, coloca<strong>da</strong><br />

à entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> biblioteca e que contém o seu nome<br />

e o seu retrato, Mariano Calado agra<strong>de</strong>ceu com<br />

visível emoção. Na sua sincera e imensa<br />

humil<strong>da</strong><strong>de</strong> disse “ … eu sou uma pessoa que só<br />

escreveu alguns versos, não entendo a razão<br />

disto tudo … ” É este facto, além <strong>de</strong> muitíssimos<br />

outros, que são do conhecimento <strong>de</strong> todos<br />

aqueles que o estimam e o admiram, que<br />

mostram por que razão a biblioteca se chama<br />

agora Mariano Calado.<br />

A Direção, a equipa <strong>da</strong> BE e do PTE agra<strong>de</strong>cem<br />

a todos os que participaram e tornaram possível<br />

esta cerimónia.<br />

6 | newsletter | http://atb23.net<br />

6


Poesia<br />

VAGAS DA<br />

LEZÍRIA<br />

Mariano Calado, Raízes <strong>de</strong> Maresia<br />

NA lezíria do meu sonho,<br />

NAS vagas do meu querer,<br />

NO leito do meu <strong>de</strong>stino,<br />

FUI poeta,<br />

FUI escritor,<br />

FUI barqueiro,<br />

FUI campino,<br />

FUI toureiro<br />

E pescador,<br />

FUI tudo o que sempre quis<br />

ENTRE os meus próprios <strong>de</strong>stroços.<br />

SÓ não pu<strong>de</strong> ser menino,<br />

- que o não quiseram meus ossos.<br />

A ROSA AGORA<br />

Mariano Calado, A Fuga do Silêncio<br />

Não me falem do barco on<strong>de</strong> chorei,<br />

não me falem do barco on<strong>de</strong> sofri,<br />

não me falem do barco on<strong>de</strong> matei,<br />

não me falem do barco on<strong>de</strong> morri.<br />

Falem-me, sim, do barco on<strong>de</strong> sonhei<br />

a esperança que hoje, e sempre, ain<strong>da</strong> me inva<strong>de</strong>,<br />

falem-me, sim, do barco on<strong>de</strong> pisei<br />

os passos <strong>de</strong> lutar pela liber<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Que eu quero não errar como quem erra<br />

e sentir fundo, e bem, como quem sente<br />

amar, <strong>de</strong> mar a mar, a minha terra,<br />

amar, <strong>de</strong> mar a mar, a minha gente.<br />

Que este som, este grito, esta raiz<br />

que o vento traz, em lágrimas <strong>de</strong> outrora,<br />

que este ser e não ser, no meu país,<br />

são o perfume <strong>de</strong> uma rosa, agora.<br />

POVO QUE<br />

VIVES DO MAR<br />

Mariano Calado, Nau dos Corvos<br />

Povo que vives do mar,<br />

que no mar vives e<br />

sonhas,<br />

ah, meu povo <strong>de</strong> cantar,<br />

meu povo <strong>de</strong> sol a sol,<br />

meu povo <strong>de</strong> mar a<br />

mar,<br />

meu povo <strong>de</strong> mareantes<br />

<strong>de</strong> naufrágios e chorar,<br />

meu povo <strong>de</strong> velejar<br />

com sereias e ternura,<br />

companhia do meu<br />

sonhar,<br />

que vives com a loucura<br />

<strong>de</strong> len<strong>da</strong>s para contar,<br />

traineira <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong><br />

to<strong>da</strong> <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>s vesti<strong>da</strong>.<br />

Oh, vai, meu povo<br />

moreno,<br />

oh, vai, minha terraforça<br />

Que tens a força do<br />

mar,<br />

que matas a fome e o<br />

frio<br />

à sombra do teu navio,<br />

Nau dos Corvos, minha<br />

nau<br />

Que não se <strong>de</strong>ixa<br />

afun<strong>da</strong>r.<br />

Como eu te quero, meu<br />

povo,<br />

sempre antigo e sempre<br />

novo,<br />

meu povo <strong>de</strong> mar a<br />

mar!<br />

7 | newsletter | http://atb23.net<br />

7


Poesia<br />

CANTILENA DE<br />

PENICHE<br />

Era uma vez uma ilha,<br />

um coração <strong>de</strong> mar, feito<br />

<strong>de</strong> luz,<br />

on<strong>de</strong> abun<strong>da</strong>vam os<br />

coelhos e os veados<br />

e on<strong>de</strong> crescia a planta do<br />

alcaçuz.<br />

E foi então que um<br />

airinho,<br />

<strong>de</strong> branco e negro vestido,<br />

abriu as asas do sonho,<br />

esvoaçou<br />

e poisou<br />

<strong>de</strong> canto em canto,<br />

baila<strong>de</strong>iro e divertido<br />

e entreteve-se, rasgando<br />

carreiros<br />

e mais carreiros,<br />

carreiros, praias e grutas,<br />

esculpindo maravilhas,<br />

figuras <strong>de</strong> enfeitiçar,<br />

nos rochedos que<br />

encantava<br />

no milagre <strong>de</strong> voar.<br />

Ai, meu Peniche azul,<br />

alga <strong>de</strong> sol e <strong>de</strong> mar,<br />

rocha <strong>de</strong> amor e luz<br />

e <strong>de</strong> sonhar.<br />

Ai, meu Peniche azul,<br />

do Quebrado e <strong>da</strong><br />

Camboa,<br />

do Abalo e <strong>da</strong> Papoa<br />

e <strong>da</strong> Galé imponente.<br />

Ai, Peniche dos Remédios<br />

dos círios santos <strong>da</strong> gente,<br />

do meu Revelim, janela<br />

aberta ao azul que<br />

espanta,<br />

<strong>da</strong> Varan<strong>da</strong> <strong>de</strong> Pilatos,<br />

do Carvoeiro a alertar<br />

os caminheiros do mar,<br />

do marítimo odor <strong>da</strong>s<br />

camarinhas<br />

que apetece comer e<br />

respirar,<br />

<strong>da</strong> Nau dos Corvos que<br />

nunca<br />

o mar consegue vergar!<br />

Da Berlenga vista ao<br />

poente,<br />

estrela do mar,<br />

<strong>de</strong>ita<strong>da</strong>,<br />

sossega<strong>da</strong>,<br />

abrindo os braços ao sul.<br />

Ai, Peniche, meu Peniche<br />

dos Passos <strong>de</strong> Leonor,<br />

on<strong>de</strong> Leonor tanto amou!<br />

Do Carreiro <strong>de</strong> Joanes<br />

e do Portinho <strong>da</strong> Areia,<br />

on<strong>de</strong> a poesia é o bailado<br />

do sonho <strong>de</strong> uma sereia.<br />

Ai, Peniche <strong>da</strong> Furninha<br />

on<strong>de</strong> o passado ficou,<br />

testemunho <strong>de</strong> uma<br />

história<br />

que uma memória<br />

guardou.<br />

Mas, ai, que o airinho<br />

acor<strong>da</strong><br />

ao som <strong>de</strong> gritos <strong>de</strong><br />

espanto<br />

e começou a chorar.<br />

Ai, Peniche <strong>da</strong> Ribeira,<br />

do Portinho do Revés,<br />

on<strong>de</strong> as traineiras apontam<br />

ao futuro o gurupés,<br />

on<strong>de</strong> os cabazes, saltando<br />

<strong>da</strong>s mãos dos homens do<br />

mar,<br />

têm asas <strong>de</strong> gaivota<br />

sobre os barcos, a voar,<br />

e on<strong>de</strong> a sardinha, <strong>de</strong><br />

prata,<br />

pequenina, graciosa,<br />

salta e rechina, gostosa,<br />

saborosa<br />

e bem assa<strong>da</strong><br />

nas braseiras <strong>de</strong> escarlata,<br />

do perfume que entontece<br />

nos tachos <strong>de</strong> cal<strong>de</strong>ira<strong>da</strong>!<br />

E os médões<br />

açoitados pelo vento<br />

são moinhos tecendo<br />

ilusões,<br />

são sorrisos <strong>de</strong> sereia<br />

em sete praias <strong>de</strong> encanto,<br />

são beijos <strong>de</strong> maré cheia<br />

nos sonhos do nosso<br />

espanto!<br />

Ai, meu Peniche <strong>da</strong>s<br />

ren<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> bilros teci<strong>da</strong>s,<br />

teci<strong>da</strong>s à mão,<br />

quais len<strong>da</strong>s,<br />

quais pren<strong>da</strong>s,<br />

do sonho nasci<strong>da</strong>s<br />

nos piques-milagre<br />

<strong>da</strong> cor do açafrão,<br />

gera<strong>da</strong>s,<br />

no gerar <strong>de</strong> maravilhas,,<br />

do amor <strong>da</strong>s almofa<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> algodão.<br />

Meu Peniche <strong>da</strong> História,<br />

dos lusitanos, árabes,<br />

romanos,<br />

<strong>da</strong>s muralhas,<br />

dos fortes, dos fortins e<br />

baluartes,<br />

<strong>da</strong> Fortaleza, on<strong>de</strong> o cantar<br />

<strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

silenciou os gritos <strong>da</strong><br />

opressão<br />

dos cárceres que, a ter, fora<br />

força<strong>da</strong>.<br />

Meu Peniche do mar, meu<br />

sofredor<br />

<strong>da</strong>s invasões <strong>da</strong>s águias<br />

traiçoeiras,<br />

que tantos dos teus filhos<br />

violentaram!<br />

Meu Peniche dos dramas,<br />

dos naufrágios,<br />

dos homens que, por actos<br />

<strong>de</strong> heroísmo,<br />

se foram do silêncio<br />

libertando,<br />

velas ao alto, abertas à<br />

norta<strong>da</strong>,<br />

mãos finca<strong>da</strong>s nos remos <strong>de</strong><br />

salvar,<br />

re<strong>de</strong>s finca<strong>da</strong>s nas águas<br />

<strong>de</strong> pescar.<br />

E foi então que o airinho,<br />

<strong>de</strong> branco e negro vestido,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> rasgar carreiros,<br />

carreiros, praias e grutas,<br />

esculpindo maravilhas,<br />

figuras <strong>de</strong> enfeitiçar,<br />

nos rochedos que encantava<br />

no milagre <strong>de</strong> voar,<br />

abriu as asas do sonho<br />

e poisou,<br />

mais uma vez,<br />

<strong>de</strong> canto em canto,<br />

baila<strong>de</strong>iro e divertido,<br />

silenciou no seu canto<br />

os apelos dos naufrágios<br />

e a norta<strong>da</strong> arrefece,<br />

que transforma em<br />

pesa<strong>de</strong>los<br />

o mar que, tonto, entontece,<br />

que faz magoar os ossos<br />

e o coração arrefece<br />

e pôs Peniche a cantar,<br />

Peniche que era uma ilha<br />

um coração <strong>de</strong> mar feito <strong>de</strong><br />

luz,<br />

on<strong>de</strong> abun<strong>da</strong>vam os coelhos<br />

e os veados<br />

e on<strong>de</strong> crescia a planta do<br />

alcaçuz.<br />

E pôs Peniche a cantar,<br />

menina e noiva do mar.<br />

8 | newsletter | http://atb23.net<br />

8


Len<strong>da</strong>s<br />

LENDA DE PENICHE<br />

Um dia, nas águas sossega<strong>da</strong>s <strong>da</strong> praia do Carreiro do Cabo,<br />

entretinha-se a mulher <strong>de</strong> um pescador a <strong>da</strong>r banho a uma sua<br />

filhinha <strong>de</strong> tenra i<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

As on<strong>da</strong>s vinham beijar <strong>de</strong> mansinho as areias doura<strong>da</strong>s e<br />

finas que <strong>de</strong>sciam dos médões rasteiros dos Remédios em<br />

ondulações bran<strong>da</strong>s e preguiçosas.<br />

Entrementes, perante a surpresa <strong>da</strong> mãe, a<br />

criança saltou dos braços maternos e, com<br />

um brilho estranho <strong>de</strong> felici<strong>da</strong><strong>de</strong> nos olhos e<br />

um sorriso a divinizar-lhe as feições, atirou- “<br />

se ao mar. Espanto, gritos <strong>de</strong> receio <strong>de</strong> que a<br />

menina se afogasse, correria assusta<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />

outras mulheres que se encontravam<br />

também ali perto, à beira-mar. Mas, perante<br />

o assombro dos presentes, a menina emergiu<br />

<strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s, calma, serenamente <strong>de</strong>ixando-se<br />

apertar nos braços <strong>da</strong> mãe que chorava <strong>de</strong><br />

alegria por tornar a vê-la. Mas a criança <strong>da</strong>va<br />

a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> vir diferente: o olhar, o sorriso, os cabelos castanhos<br />

e ondulados, irradiavam reflexos maravilhosos <strong>de</strong> uma<br />

estranha felici<strong>da</strong><strong>de</strong> e como que exultava uma animação maior<br />

em to<strong>da</strong> ela.<br />

Passaram-se anos sobre este dia. A criança crescera em<br />

graça e beleza; uma graça e uma beleza que fariam adivinhar<br />

a presença misteriosa <strong>de</strong> qualquer sortilégio. Os pais bebiam<br />

os ares pela filha e na<strong>da</strong> encontravam <strong>de</strong> singular no seu<br />

convívio; mas as mulheres que haviam assistido à cena <strong>de</strong> anos<br />

antes — velhas mulheres embioca<strong>da</strong>s cheias <strong>de</strong> crendices e <strong>de</strong><br />

assombros — pressentiam naquela existência como que um<br />

halo sobrenatural, qualquer coisa <strong>de</strong> misterioso que não<br />

sabiam explicar. E, à boca pequena, maravilha<strong>da</strong>s do seu<br />

próprio receio, iam contando que, algum dia a moça se<br />

transformaria em sereia, por ter recebido os po<strong>de</strong>res do<br />

encanto quando surgira do mar, estranhamente feliz.<br />

Ora, um dia, o filho do ouvidor do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Atouguia</strong>,<br />

<strong>de</strong>slumbrado pelo fascínio irradiante <strong>da</strong> rapariga, apaixonouse<br />

loucamente por ela. Mas não <strong>de</strong>ixou o seu amor ser tão puro<br />

e tão forte que, à sombra do po<strong>de</strong>rio e dos Privilégios <strong>de</strong> que<br />

seu pai gozava, a não tivesse seduzido e abandonado<br />

miseravelmente.<br />

A donzela, humilha<strong>da</strong> e cheia <strong>de</strong> vergonha, carpiu<br />

largamente a sua <strong>de</strong>sgraça. A beleza que a todos assombrava<br />

pela sua singulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, foi-a ela per<strong>de</strong>ndo, dia após dia,<br />

perante as lágrimas tristes dos pais que a adoravam e que na<strong>da</strong><br />

podiam fazer para o evitar. Até que o seu <strong>de</strong>sgosto <strong>de</strong> amor a<br />

levou à morte, sendo leva<strong>da</strong> a enterrar no adro <strong>da</strong> igreja <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora <strong>da</strong> Vitória, à altura existente no Cabo<br />

Carvoeiro.<br />

Certa noite, voltava o moço sedutor <strong>de</strong> uma festa nos<br />

Remédios em que tomara parte, seguindo pela costa a caminho<br />

<strong>da</strong> Ribeira, on<strong>de</strong> morava. Não muito longe do Carreiro do<br />

Cabo, ouviu uma voz harmoniosa entoando<br />

os versos <strong>de</strong> uma canção nostálgica. Com<br />

mil cui<strong>da</strong>dos, não fosse surpreen<strong>de</strong>r e<br />

assustar a dona <strong>de</strong> voz tão bela, aproximouse.<br />

E, cheio <strong>de</strong> admiração, viu, senta<strong>da</strong><br />

junto <strong>de</strong> uma gruta existente ali perto, uma<br />

mulher, extraordinariamente formosa.<br />

À luz do luar que recortava figuras<br />

”<br />

Peniche na História e na Len<strong>da</strong>,<br />

Edicão <strong>de</strong> Autor, 1991, p.416-417<br />

estranhas e sinistras pelos rochedos,<br />

pareceu-lhe, cheio <strong>de</strong> assombro, o vulto <strong>da</strong><br />

sua antiga namora<strong>da</strong>. Acercou-se, cheio <strong>de</strong><br />

receio e curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>. A mulher, porém, ao pressenti-lo,<br />

<strong>de</strong>sapareceu misteriosamente.<br />

Mas aquela visão <strong>de</strong>ixara o moço estupefacto e ansioso. E,<br />

na noite seguinte, voltou <strong>de</strong> novo a passar perto <strong>da</strong> gruta,<br />

ouvindo novamente a mesma voz a entoar a canção triste <strong>da</strong><br />

véspera; lá estava a mesma mulher, esbelta e enigmática,<br />

senta<strong>da</strong> à beira <strong>da</strong> rocha. Aproximou-se, tentando tocar-lhe<br />

para certificar-se do que os seus olhos viam mas no momento<br />

em que o ousou fazer, ela voltou-se inespera<strong>da</strong>mente para ele<br />

e enlaçou-o, gritando numa voz estranha e ameaçadora que<br />

chegara finalmente a hora <strong>de</strong> ele expiar o crime <strong>da</strong> sua<br />

<strong>de</strong>sonra. O seu grito teve o condão <strong>de</strong> enfurecer as on<strong>da</strong>s do<br />

mar, que se levantaram e ergueram, raivosas, até ao cimo <strong>da</strong><br />

gruta, arrastando os dois jovens, no meio <strong>de</strong> um turbilhão <strong>de</strong><br />

espuma, para o fundo dos abismos.<br />

Alguns dias <strong>de</strong>pois, foi encontrado junto do Médão Gran<strong>de</strong><br />

o corpo do infeliz sedutor, lamentavelmente pisado e moído<br />

como se tivesse sido exposto a bárbaras torturas.<br />

Quanto à donzela seduzi<strong>da</strong>, diz o povo que se transformou<br />

realmente numa sereia — como o haviam pressentido as velhas<br />

mulheres embioca<strong>da</strong>s, cheias <strong>de</strong> crendices e <strong>de</strong> assombros —<br />

e que, saudosa dos seus amores, to<strong>da</strong>s as noites em que o mar<br />

se pavoneia, sereno, acarinhando a terra e o luar brilha no céu<br />

escuro espargindo um manto <strong>de</strong> prata por sobre os rochedos<br />

<strong>de</strong> recortes sinistros, volta à gruta misteriosa em que o<br />

mancebo a encontrara. E aí, entre a hora fantasmagórica <strong>da</strong><br />

meia-noite e as duas <strong>da</strong> madruga<strong>da</strong>, eleva a sua mágoa para os<br />

céus, em cânticos <strong>de</strong> tal maneira tristes e requebrados,<br />

melodiosos e encantadores, que enternecem e fazem<br />

chegar lágrimas aos olhos dos ru<strong>de</strong>s pescadores que<br />

passam a caminho do mar alto, ou dos caminhantes que<br />

se aventuram a horas tão mortas por caminhos tão<br />

escusos e perigosos…<br />

CALADO, Mariano, Peniche na História e na Len<strong>da</strong>,<br />

Peniche, Edição do Autor, 1991, p.416-417<br />

9 | newsletter | http://atb23.net<br />

9


Um outro olhar<br />

Mariano Calado<br />

Foi-me proposta a realização <strong>de</strong> um artigo<br />

acerca <strong>de</strong> um dos maiores amigos que<br />

Peniche tem. Des<strong>de</strong> a sua infância, em parte<br />

passa<strong>da</strong> a olhar o mar, a partir dos Remédios,<br />

cresceu uma afeição e um sentimento <strong>de</strong><br />

pertença, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente acarinhado ao longo<br />

dos anos que se lhe seguiram. A ligação que<br />

criou com Peniche e as suas gentes, nunca<br />

parou <strong>de</strong> crescer, eu diria mesmo que se<br />

agigantou, tornando o seu nome uma<br />

referência incontornável, quer ao nível cívico<br />

e <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia activa, quer a nível <strong>da</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

do Património e <strong>da</strong> História Local e Regional.<br />

Efectivamente, Mariano Calado, como penso<br />

que já se tornou evi<strong>de</strong>nte, sendo pois a ele<br />

que me refiro, é e será, sempre que se falar<br />

<strong>de</strong> Peniche e <strong>da</strong> sua História e Cultura, um<br />

nome e uma obra vasta, dificilmente<br />

alcançável no carinho e no conhecimento<br />

que altruisticamente sempre pôs ao serviço<br />

<strong>de</strong>sta “Terra que o mar abraça”.<br />

Não se trata aqui <strong>de</strong> fazer qualquer<br />

panegírico. Os elogios para uma figura como<br />

Mariano Calado ficam sempre curtos e<br />

aquém <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, como eu a conheço, no<br />

que se refere a este ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro penichense ou<br />

penicheiro, conforme for do agrado do leitor.<br />

O Mariano Calado, o poeta e sobretudo o<br />

historiador é aquele que eu aqui pretendo<br />

evocar. O meu colega <strong>de</strong> mestrado, que me<br />

honra com a sua amiza<strong>de</strong>, o meu colega <strong>de</strong><br />

combates pelo património <strong>de</strong> Peniche,<br />

sempre ao lado <strong>da</strong>s causas humanas e<br />

culturais do nosso concelho, é <strong>de</strong>le que<br />

pretendo, sem a arrogância ou o atrevimento<br />

<strong>de</strong> presumir <strong>de</strong>masiado acerca <strong>da</strong> sua<br />

paciência e bonomia, escrever algumas<br />

linhas apenas para sublinhar o quanto o<br />

admiramos, eu e muitos que em Peniche<br />

vivem.<br />

A diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> intervenção literária e<br />

científica <strong>de</strong> Mariano Calado, traduzi<strong>da</strong> em<br />

poema, verso, prosa, discurso científico,<br />

romance, romance histórico, abarca<br />

vertentes que tem como máximo<br />

<strong>de</strong>nominador comum a sua <strong>de</strong>dicação a<br />

Peniche e à sua região. Ao longo dos anos em<br />

que tem vivido na região que adoptou como<br />

sua, tem tido uma intensa e eleva<strong>da</strong><br />

participação humanista, construindo uma<br />

imagem <strong>de</strong> empenhado e profundo<br />

conhecedor <strong>da</strong>s coisas e <strong>da</strong>s causas em que<br />

se envolve, sempre em nome dos elevados<br />

padrões do amor e <strong>da</strong> amiza<strong>de</strong> que <strong>de</strong>vota à<br />

nossa terra e à sua população. Se Mariano<br />

Calado não é um penichense, nado e criado,<br />

trata-se apenas <strong>de</strong> uma contingência, pois<br />

pelo estatuto que alcançou ele é já “nosso”,<br />

isto é pertence a Peniche, faz parte do nosso<br />

património e <strong>da</strong> nossa história e cultura,<br />

constituindo uma ban<strong>de</strong>ira e um exemplo<br />

para todos os que aqui nasceram.<br />

O que acabo <strong>de</strong> escrever é uma singela<br />

constatação, <strong>de</strong> todos conheci<strong>da</strong>. O Mariano<br />

Calado honra-nos com a sua amiza<strong>de</strong> e<br />

enriquece-nos com o seu conhecimento, o<br />

qual partilha generosamente, em conversas,<br />

em palestras, colóquios e intervenções<br />

públicas, mas também em artigos e livros. A<br />

sua escrita, prodigiosa pela habili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

comunicacional e pelo ênfase <strong>da</strong>do ao verbo,<br />

torna-se um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro edifício <strong>de</strong> cultura e<br />

<strong>de</strong> conhecimento, em que o autor abre a sua<br />

alma e nos <strong>de</strong>ixa antever e perceber através<br />

dos seus olhos feitos letra, um mundo, ora<br />

poético ora científico, ora lúdico ora<br />

paladino <strong>de</strong> causas.<br />

Centrando agora a nossa atenção sobre a<br />

sua obra, po<strong>de</strong>ríamos dizer que dificilmente<br />

po<strong>de</strong>mos distinguir, <strong>de</strong> entre o que já<br />

publicou, algum livro que mais se <strong>de</strong>staque.<br />

To<strong>da</strong> a sua obra, qualitativamente, se<br />

encontra num limiar bastante elevado, quer<br />

a nível científico quer a nível literário,<br />

tornando injusto <strong>de</strong>stacar este ou aquele<br />

título. De resto, em Mariano Calado a poesia<br />

e a prosa estão repassa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> História e por<br />

outro lado a sua produção historiográfica é<br />

um excelente exemplo <strong>de</strong> que se po<strong>de</strong> juntar<br />

a riqueza literária ao discurso científico, com<br />

ganhos significativos para o leitor. Longe vão<br />

os tempos em que a prosa científica tinha<br />

que ser enfadonha e <strong>de</strong>spi<strong>da</strong> <strong>de</strong> artifício e<br />

beleza literária para ser leva<strong>da</strong> a sério.<br />

O nosso Mariano Calado abre o discurso<br />

historiográfico a um patamar <strong>de</strong> beleza <strong>da</strong><br />

palavra escrita que aligeira a tarefa do leitor,<br />

o qual é conduzido pelos factos, fontes, análises e<br />

interpretações <strong>de</strong> forma agradável, em que<br />

transparece a vitali<strong>da</strong><strong>de</strong> e o alinhamento do autor,<br />

sem que se perca a História-Ciência.<br />

Sem recorrer ao romance histórico, em que<br />

Mariano Calado também fez a sua incursão em<br />

, trata-se <strong>de</strong> um autor<br />

que alcança facilmente no seu discurso histórico,<br />

escrito ou falado, um saudável equilíbrio entre a<br />

fluência e serie<strong>da</strong><strong>de</strong> científica e a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e o<br />

entusiasmo emotivo <strong>da</strong> forma. Naquela obra, o<br />

conhecimento histórico, factual e concreto,<br />

adquirido pelo autor ao longo <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> pesquisa<br />

permite-lhe criar um ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong>, um enredo e<br />

um ambiente credível para um romance histórico<br />

sucedido. Relacionando o que po<strong>de</strong>ria ter sido em<br />

1699, com o que ocorreu em 1976, utilizando a<br />

credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s fontes históricas e preenchendo os<br />

espaços e as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do enredo com uma<br />

prolífica imaginação, servindo um objectvo final,<br />

cívico, construtivo, apelativo e actual: o direito dos<br />

povos a intervir e a fazer o seu futuro e as diferentes<br />

imagens do “mal”, ou os males <strong>de</strong> ontem e <strong>de</strong> hoje.<br />

Mas como dizíamos há pouco, se nos parece<br />

qualitativamente injusto <strong>de</strong>stacar um título ou outro,<br />

já <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> expressão e conhecimento <strong>da</strong> sua<br />

obra junto do público em geral, a sua marca mais<br />

emblemática é, sem dúvi<strong>da</strong>,<br />

. Publicado na sua 1ª edição em 1962 e<br />

sucessivamente reeditado, é sem dúvi<strong>da</strong> a gran<strong>de</strong><br />

obra <strong>de</strong> referência, abarcando a pré-história e<br />

história locais, abor<strong>da</strong>ndo também temáticas mais<br />

ou menos antropológicas/sociológicas e<br />

patrimoniais, sobretudo nos domínios <strong>da</strong> len<strong>da</strong>s e<br />

tradições, fazendo uma abun<strong>da</strong>nte referenciação <strong>de</strong><br />

fontes e autores que em diferentes momentos<br />

aludiram a esta região.<br />

Obviamente, “Peniche na História e na Len<strong>da</strong>”,<br />

tratando-se <strong>de</strong> uma primeira incursão no domínio<br />

historiográfco, sofreu ao longo dos anos e <strong>da</strong>s suas<br />

sucessivas reedições, um trabalho <strong>de</strong> afeiçoamento<br />

aos <strong>de</strong>senvolvimentos que o autor foi ele próprio<br />

sofrendo, quer no seu percurso individual quer no<br />

sentido do aprofun<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s temátcas abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s, até à<br />

sua 4ª edição em 1991.<br />

A Obra e o Autor são naturalmente filhos do seu<br />

tempo, como diria Fernand Brau<strong>de</strong>l, e assim o<br />

mesmo acontece com Peniche na História e na<br />

Len<strong>da</strong>, cujo alcance só po<strong>de</strong>rá ser ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente<br />

apreendido através <strong>de</strong> outros títulos que Mariano<br />

Calado levou ao prelo e que tratam <strong>de</strong> temáticas mais<br />

parcelares, menos gerais mas que dão conta <strong>de</strong> uma<br />

extraordinária maturação <strong>da</strong> componente<br />

historiográfica, metodológica e epistemológica. É<br />

neste contexto que se integram e <strong>de</strong>verão enten<strong>de</strong>r<br />

as extraordinárias contribuições <strong>de</strong>: Da ilha <strong>de</strong><br />

Peniche, editado em 1994; Peniche no século XVIII ;<br />

As Memórias Paroquiais, <strong>de</strong> 1996; Visão Cronológica<br />

<strong>da</strong> História <strong>de</strong> Peniche, editado em 1999;<br />

Fortificações <strong>da</strong> Região <strong>de</strong> Peniche, <strong>de</strong> 2000; História<br />

<strong>da</strong>s Ren<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Bilros <strong>de</strong> Peniche, em 2003.<br />

Exploremos esta bibliografia. Da Ilha <strong>de</strong> Peniche,<br />

abor<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s mais interessantes características <strong>da</strong><br />

nossa região: a sua evolução geomorfológica. Esta<br />

evolução <strong>da</strong> morfologia <strong>da</strong> costa condiciona to<strong>da</strong> a<br />

relação <strong>de</strong>sta população com o mar e o respectivo<br />

interland. Mariano Calado, sustentado por fontes<br />

<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente trabalha<strong>da</strong>s do ponto <strong>de</strong> vista científico,<br />

apresenta aqui uma perspectiva evolutiva <strong>da</strong> costa <strong>de</strong><br />

Peniche e a sua relação com o povoamento<br />

respectivo. Os avanços e recuos do mar, claramente<br />

documentados, apresentam-nos um dinamismo<br />

costeiro que coloca a ilha <strong>de</strong> Peniche na chama<strong>da</strong><br />

“Crónica <strong>de</strong> Osberno” (séc. XII), <strong>da</strong>ndo conta do<br />

10 | newsletter | http://atb23.net<br />

10


Um outro olhar<br />

do progressivo assoreamento <strong>da</strong> foz do rio<br />

<strong>de</strong> S. Domingos; a formação <strong>da</strong> lagoa <strong>de</strong><br />

Peniche, com as difíceis travessias do istmo,<br />

inicialmente temporário e progressivamente<br />

ca<strong>da</strong> vez mais estável, até apresentar a<br />

configuração dos nossos dias.<br />

As memórias paroquiais, publica<strong>da</strong>s em<br />

1996, por Mariano Calado, constituem uma<br />

inequívoca intervenção do autor no domínio<br />

<strong>da</strong> publicação <strong>de</strong> fontes históricas. Trata-se<br />

<strong>de</strong> um trabalho menos interpretativo, mas<br />

on<strong>de</strong> as notas <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> página conferem um<br />

sentido orientador e complementar <strong>de</strong><br />

informação ao leitor. Mariano Calado<br />

aparece nessa obra com uma abor<strong>da</strong>gem<br />

científica, fascina<strong>da</strong> pelo discurso em<br />

primeira mão prestado pelos párocos <strong>da</strong>s<br />

diferentes freguesias dos então concelhos <strong>de</strong><br />

<strong>Atouguia</strong> e <strong>de</strong> Peniche. A pedido do rei, são<br />

remetidos inquéritos à elite letra<strong>da</strong> do século<br />

XVIII em Portugal para que <strong>de</strong>screvam os<br />

aspectos mais marcantes <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> freguesia.<br />

As respostas são um repositório fun<strong>da</strong>mental<br />

e esclarecedor do séc. XVIII nesta nossa<br />

região, tocando to<strong>da</strong>s as vertentes <strong>da</strong><br />

activi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana aqui <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>.<br />

A Visão Cronológica <strong>da</strong> História <strong>de</strong><br />

Peniche, constitui um precioso auxiliar para<br />

quem preten<strong>da</strong> iniciar o contacto com a<br />

História local, na medi<strong>da</strong> em que<br />

sequencializa alguns dos momentos<br />

marcantes <strong>da</strong> história <strong>da</strong> região, <strong>de</strong> uma<br />

forma sintética e prática. Não fazendo uso <strong>de</strong><br />

um aparato bibliográfico ou <strong>da</strong> indicação <strong>de</strong><br />

fontes históricas, ao contrário <strong>da</strong> obra<br />

anteriormente <strong>de</strong>scrita, serve um público<br />

diferente, menos iniciado nas li<strong>de</strong>s<br />

historiográficas. Deste modo, Mariano<br />

Calado consegue alcançar uma outra<br />

audiência, menos interessa<strong>da</strong> na faceta<br />

científica e mais <strong>da</strong><strong>da</strong> a procurar o “simples”<br />

saber mais acerca <strong>da</strong> sua terra.<br />

Como Mariano Calado enten<strong>de</strong>u muito<br />

bem, as populações só valorizam o que<br />

conhecem e se não lhes for <strong>da</strong><strong>da</strong><br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer melhor a sua<br />

terra, a sua história e o seu património, como<br />

po<strong>de</strong>ríamos então esperar que os nossos<br />

conterrâneos valorizassem e se revissem<br />

num sentimento <strong>de</strong> pertença ca<strong>da</strong> vez mais<br />

apertado acerca do seu passado. Não o<br />

passado pelo passado, mas o conhecimento<br />

e valorização do passado como meio <strong>de</strong><br />

clarificação e assunção <strong>de</strong> referenciais que<br />

sejam reconhecidos e compreendidos como<br />

alicerces do futuro e que garantam uma base<br />

sóli<strong>da</strong> e estável para a construção <strong>da</strong>s<br />

gerações futuras.<br />

Assim, o historiador Mariano Calado, não<br />

esgota a sua intervenção historiográfica,<br />

produzindo ao serviço <strong>de</strong> elites<br />

ensimesma<strong>da</strong>s <strong>de</strong> adoradoras <strong>da</strong> musa <strong>da</strong><br />

História, antes procura colocar a História <strong>da</strong><br />

nossa região ao alcance e ao serviço <strong>de</strong> mais<br />

e mais gente. Não se trata <strong>de</strong> exaltar<br />

saudosismos ou <strong>de</strong> exibição <strong>de</strong><br />

conhecimento, trata-se, com Mariano Calado,<br />

<strong>de</strong> uma partilha generosa e entusiasta <strong>de</strong><br />

informação, para claramente se mostrar a<br />

firmeza dos alicerces culturais <strong>da</strong>s gentes<br />

que fizeram o que nós hoje somos,<br />

garantindo a segurança e a esperança na<br />

construção <strong>de</strong> um futuro sustentado.<br />

Em 2000, Mariano Calado dá ao prelo as<br />

Fortificações <strong>da</strong> região <strong>de</strong> Peniche. Trata-se<br />

<strong>de</strong> um trabalho científico, apurado e<br />

<strong>de</strong>cantado, que teve por base a sua tese <strong>de</strong><br />

mestrado em História Regional e Local, a<br />

qual foi reconheci<strong>da</strong> com a máxima avaliação<br />

pelo respectivo júri na Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras<br />

<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa.<br />

A temática gira em torno <strong>da</strong> temática do<br />

património militar no concelho <strong>de</strong> Peniche, o<br />

qual apesar <strong>de</strong> riquíssimo está<br />

constantemente sob risco <strong>de</strong> per<strong>da</strong>, quer pela<br />

acção humana quer pela acção <strong>da</strong>s<br />

intempéries ou pelo simples e palatino<br />

<strong>de</strong>sgaste provocado pelo tempo e pelo mar.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um brilhante e completo périplo<br />

pelas fortificações <strong>de</strong> Peniche, ao longo do<br />

tempo e <strong>da</strong>s gentes que nelas e com elas<br />

conviveram.<br />

Esta obra recoloca claramente a perspectiva<br />

<strong>da</strong>s fortificações <strong>de</strong> Peniche naquilo <strong>de</strong> que<br />

efectivamente se trata. A memória curta,<br />

apesar <strong>de</strong> ser extremamente importante po<strong>de</strong><br />

ser bastante redutora quando analisamos<br />

elementos estruturantes do quotidiano <strong>da</strong>s<br />

populações, com longevi<strong>da</strong><strong>de</strong> multissecular.<br />

Efectivamente, hoje, a fortaleza <strong>de</strong> Peniche<br />

é confundi<strong>da</strong> com a prisão que durante<br />

déca<strong>da</strong>s serviu o Estado Novo. Mariano<br />

Calado não preten<strong>de</strong> nem efectua o<br />

branqueamento <strong>de</strong>sse período, nem <strong>de</strong>ssa<br />

utlização, mas preten<strong>de</strong> mais que abor<strong>da</strong>r o<br />

século XX, <strong>da</strong>r voz aos restantes séculos <strong>de</strong><br />

história <strong>da</strong>s fortfcações do concelho, pelo que<br />

<strong>de</strong> positvo fizeram pelos povos <strong>de</strong>sta região (e<br />

mesmo do país): <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong>s populações contra<br />

corsários, piratas, invasores (franceses, Ingleses) e<br />

guerras civis.<br />

As fortificações <strong>de</strong> Peniche, na óptica <strong>de</strong> Mariano<br />

Calado, não são só sentinelas nas muralhas e<br />

sol<strong>da</strong>dos nas casernas. As fortificações são-nos<br />

apresenta<strong>da</strong>s como um elemento <strong>de</strong> ligação e<br />

interacção com as populações locais, nem sempre<br />

uma sombra positiva ou negativa, mas sempre um<br />

elemento fun<strong>da</strong>mental na evolução dos dinamismos<br />

<strong>da</strong> região.<br />

Finalmente, com a História <strong>da</strong>s Ren<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Bilros<br />

<strong>de</strong> Peniche, Mariano Calado surge-nos também<br />

como um historiador do quotidiano. Des<strong>de</strong> sempre<br />

associado ao associativismo em prol do património<br />

local, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu início, Mariano Calado associou<br />

o seu nome à <strong>de</strong>fesa e promoção <strong>de</strong>sse elemento tão<br />

fortemente i<strong>de</strong>ntitário como são as ren<strong>da</strong>s <strong>de</strong> bilros<br />

na nossa região. A beleza e o potencial que este<br />

património representa, mereceram–lhe uma<br />

especial atenção e resultou na obra com mais<br />

cui<strong>da</strong>dosa apresentação gráfica e <strong>de</strong> maior<br />

plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>. É nas suas páginas que encontramos a<br />

beleza <strong>da</strong> História associa<strong>da</strong> à beleza <strong>da</strong> escrita e à<br />

beleza <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s <strong>de</strong> bilros.<br />

A História <strong>da</strong>s Ren<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Bilros <strong>de</strong> Peniche,<br />

edita<strong>da</strong> em 2003, será sem qualquer dúvi<strong>da</strong> a obra<br />

<strong>de</strong> referência para esta temática historiográfica e<br />

constitui um importantíssimo contributo para a<br />

preservação <strong>de</strong>ste património. Outro aspecto<br />

interessante nesta obra, foi o recurso a um tipo <strong>de</strong><br />

fontes históricas cujo uso é muito menos frequente<br />

do que as fontes escritas, estou a referir-me aos<br />

testemunhos orais. Note-se que este tipo <strong>de</strong> fonte<br />

exige outro tipo <strong>de</strong> intervenção em termos <strong>de</strong> crítica<br />

histórica, mas resulta normalmente num manancial<br />

informativo que ao ser reduzido a escrito alcança<br />

uma pereni<strong>da</strong><strong>de</strong> que a história recente raramente<br />

usufrui.<br />

Joeirar fontes <strong>da</strong> actuali<strong>da</strong><strong>de</strong> revelam-se um<br />

escolho por vezes <strong>de</strong>masiado difícil <strong>de</strong> remover<br />

para um historiador incauto. Não foi o caso <strong>de</strong><br />

Mariano Calado, o qual conseguiu seleccionar a<br />

informação necessária, suficiente e correcta para<br />

ultrapassar o anedotário <strong>da</strong> história com letra<br />

pequena e alcançar um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro ex- libris em<br />

<strong>de</strong>fesa do património <strong>da</strong> sua região.<br />

Em matéria historiográfica este foi o mais recente<br />

contributo <strong>de</strong> Mariano Calado, embora este meu<br />

amigo sempre consiga surpreen<strong>de</strong>r-nos com novas<br />

i<strong>de</strong>ias, novos projectos e novas publicações. Assim,<br />

aguardo com expectativa o título <strong>da</strong> próxima.<br />

A escrever <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1955, Mariano Calado conce<strong>de</strong>u<br />

à poesia uma gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> sua alma, felizmente<br />

que sobrou bastante para os restantes géneros e<br />

forma literárias e culturais. O seu primeiro livro, <strong>de</strong><br />

poesia, Mar <strong>de</strong> Sempre, foi publicado em 1955.<br />

Depois <strong>de</strong> O Abismo e as Estrelas (1957) e <strong>de</strong> Fogo<br />

<strong>de</strong> Santelmo, em 1995 publicou Raízes <strong>de</strong> Maresia,<br />

on<strong>de</strong> se respiram, em permanente entusiasmo pela<br />

aventura e pela beleza e numa surpreen<strong>de</strong>nte<br />

simbiose, os cheiros a mar e a campina. Em 2005,<br />

sob o título , publicou novos<br />

poemas.<br />

Em 2009, surge o mais recente livro <strong>de</strong> poesia <strong>de</strong><br />

Mariano Calado, , com o mar e a<br />

História sempre no horizonte poético, Mariano<br />

apresenta-se-nos num percurso feito <strong>de</strong> muitos<br />

passos e carregado <strong>de</strong> afectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> .<br />

BATALHA, Ana, (2011) Percurso Biográfico. Pai<strong>de</strong>ia, Revista <strong>de</strong><br />

Cultura e Ciência, 2, 37-42<br />

11 | newsletter | http://atb23.net<br />

11


Elisabete Jacinto<br />

viagens<br />

pela<br />

leitura...<br />

Sala <strong>de</strong> Leitura <strong>da</strong> Biblioteca<br />

12 | newsletter | http://atb23.net<br />

12


16 fev<br />

A v i s i t a d e<br />

E l i s a b e t e J a c i n t o<br />

EsCrItOrEs<br />

Inês Santos<br />

5D - N11<br />

No dia 14 <strong>de</strong> fevereiro, Elisabete Jacinto, a escritora <strong>de</strong> “Os<br />

Portugas No Dakar” e “Irina no master rali”, veio visitar-nos na<br />

biblioteca <strong>da</strong> escola EB23 <strong>de</strong> <strong>Atouguia</strong> <strong>da</strong> <strong>Baleia</strong>.<br />

Mas, além <strong>de</strong> escritora, ela é também piloto <strong>de</strong> ralis… <strong>de</strong> camiões…<br />

Que emoção!! Quando nos disseram, ficámos entusiasmados. Será<br />

que po<strong>de</strong>ríamos <strong>da</strong>r uma voltinha no seu camião? Talvez ela nos<br />

levasse ao Paris-Dakar!<br />

A escritora começou por mostrar umas fotografias e explicar como<br />

eram os ralis quando faziam o Paris-Dakar. Mostrou-nos qual era o<br />

percurso do rali, referiu que o acampamento era muito gran<strong>de</strong> e que<br />

usavam sacos <strong>de</strong> lixo preto nas pernas para os proteger do frio<br />

(nunca tinha pensado nisso, mas qualquer dia vou experimentar!).<br />

Explicou-nos também o que acontecia quando tinham um aci<strong>de</strong>nte –<br />

primeiro, os pilotos tinham <strong>de</strong> acionar uma antena ou carregar num<br />

botão para a organização saber on<strong>de</strong> estavam. Mas, quando se<br />

magoavam gravemente, podiam não conseguir fazer isto e então<br />

começaram a usar um sinal <strong>de</strong> GPS. Assim, sabem sempre on<strong>de</strong><br />

estão e o sinal dá um alerta quando há um aci<strong>de</strong>nte. Muito melhor!!<br />

De segui<strong>da</strong> a escritora tirou algumas dúvi<strong>da</strong>s aos alunos e, para<br />

encerrar a seção, <strong>de</strong>u a todos os alunos, que quiseram, um postal<br />

autografado com a fotografia do seu camião. Quem quis também<br />

pô<strong>de</strong> comprar um dos seus livros.<br />

Foi uma tar<strong>de</strong> e peras!!!!<br />

13 | newsletter | http://atb23.net<br />

13


P a t r i m ó n i o<br />

L o c a l<br />

Visita <strong>de</strong> Estudo do 3.º<br />

ano<br />

30 <strong>de</strong> Janeiro<br />

Prof.Helena Martinho<br />

PAA<br />

Foram visita<strong>da</strong>s as Igrejas <strong>de</strong> S. Leonardo e <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora <strong>da</strong> Conceição, assim como a fonte gótica, que<br />

não passou <strong>de</strong>spercebi<strong>da</strong> aos olhares atentos dos<br />

alunos.<br />

Foi uma visita interessante e enriquecedora em<br />

conteúdo. Desta forma os alunos fizeram <strong>de</strong>senhos a<br />

carvão com base nestes monumentos e também<br />

recorrendo ao site atouguiavirtual .<br />

(Visita <strong>de</strong> estudo realiza<strong>da</strong> no dia trinta <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2012 à locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Atouguia</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>Baleia</strong>.)<br />

14 | newsletter | http://atb23.net<br />

14


Fevereiro<br />

14 jan<br />

Histórias com<br />

Livros<br />

LeItUrAs<br />

Eduar<strong>da</strong> Rocha<br />

7D N11<br />

15 | newsletter | http://atb23.net<br />

15


16 <strong>de</strong> Fevereiro<br />

16 fev<br />

P r é m i o s<br />

G u i l h e r m e d e<br />

C o r n i<br />

Mariana Silva Gomes<br />

N.º 13 - 6.º B<br />

A sessão teve início por volta <strong>da</strong>s 20:30h, com um momento <strong>de</strong><br />

poesia, interpretado por professores e alunos, no qual eu também<br />

<strong>de</strong>clamei um poema, chamava-se e fui a terceira aluna a<br />

<strong>de</strong>clamar.<br />

A cerimónia começou com um poema que foi <strong>de</strong>clamado por<br />

alguns professores e acompanhado a Oboé, tocado pela prof.<br />

Lin<strong>da</strong>, uma <strong>da</strong>s professoras <strong>de</strong> música <strong>da</strong> escola.<br />

A cerimónia <strong>de</strong>correu no refeitório <strong>da</strong> escola, mas não o parecia,<br />

mais parecia um auditório.<br />

Em primeiro lugar proce<strong>de</strong>u-se a entrega dos diplomas <strong>de</strong> Mérito<br />

por or<strong>de</strong>m crescente (<strong>de</strong> 5ºs para 9ºs anos) e <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> a entrega<br />

dos prémios.<br />

No intervalo entre a entrega <strong>de</strong> diplomas e prémios <strong>de</strong> Mérito <strong>de</strong><br />

ca<strong>da</strong> ano escolar, existia sempre um momento <strong>de</strong> poesia.<br />

Os poemas interpretados nesta noite foram <strong>da</strong> autoria <strong>de</strong> Mariano<br />

Calado, escritor que escreveu muito sobre esta zona e o convi<strong>da</strong>do<br />

homenageado nesta noite.<br />

No final <strong>da</strong> cerimónia houve uma pequena atuação <strong>da</strong> tuna <strong>da</strong><br />

escola, e <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> foi apresentado o novo nome para biblioteca<br />

<strong>da</strong> E.B 2,3 <strong>de</strong> <strong>Atouguia</strong> <strong>da</strong> <strong>Baleia</strong>:<br />

- “Biblioteca Mariano Calado”.<br />

8.ª sessão <strong>da</strong> entrega dos prémios Guilherme <strong>de</strong> Corni<br />

Eu gostei muito <strong>da</strong> cerimónia, acho que foi muito bonita e uma mereci<strong>da</strong><br />

homenagem a um gran<strong>de</strong> escritor como é Mariano Calado.<br />

Acho que todos os meus colegas e professores estiveram muito bem nos<br />

poemas que <strong>de</strong>clamaram.<br />

16 | newsletter | http://atb23.net<br />

16


<strong>Agrupamento</strong> <strong>de</strong><br />

escolas <strong>de</strong> atouguia<br />

<strong>da</strong> baleia<br />

I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

Desenvolvimento<br />

Um espaço <strong>de</strong> informação e formação 2012<br />

AGENDA<br />

Dia <strong>da</strong> Música em Maio<br />

mai<br />

17 | newsletter | http://atb23.net<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!