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JE590DEZ09 - Exército

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82<br />

Análise da Batalha<br />

A importância da batalha de Toro visualiza-se na<br />

proeminência dos chefes militares presentes,<br />

concretamente, o rei e o príncipe de Portugal, de<br />

um lado, o príncipe herdeiro de Aragão e o<br />

condestável de Castela, do outro. Toro é uma<br />

batalha em que dois exércitos de potencial<br />

equivalente se defrontam na procura de um<br />

resultado politicamente definitivo. Porém, apesar<br />

do valor individual demonstrado, o resultado é<br />

militarmente indefinido.<br />

Para isso muito contribuíram as condições em<br />

que a batalha se desenrolou. O terreno,<br />

relativamente plano e empapado, conjugado<br />

com as condições meteorológicas adversas e o<br />

cair da noite apresentam-se como um factor<br />

multiplicador dos desacertos tácticos de ambos<br />

os contendores. A ausência de planeamento fica<br />

patente nos esquemas de manobra adoptados<br />

por ambos os adversários em Peleagonzalo. A<br />

opção de uma reserva fraca, no centro do<br />

dispositivo de Fernando, indicia o<br />

conhecimento que este detém da ameaça<br />

portuguesa, permitindo-lhe colocar o máximo<br />

potencial na frente. Para D. Afonso V, o<br />

desconhecimento do potencial de combate do<br />

inimigo é notório. Por isso necessita de uma<br />

reserva forte situada o mais próximo possível da<br />

frente, de modo a reduzir os prazos de<br />

intervenção e, assim, assegurar a necessária<br />

flexibilidade durante a batalha. Além do mais, a<br />

reserva situa-se num local servido de caminhos<br />

que facilitam a sua intervenção e<br />

cumulativamente garante profundidade ao<br />

dispositivo na ala direita.<br />

O resultado indeciso da batalha começa a<br />

desenhar-se logo pós o soar das trombetas. Em<br />

Toro denota-se falta de coesão nos<br />

dispositivos, que é maximizada pela ausência de<br />

comando e controlo por parte dos dois<br />

monarcas. Afonso V, ao mais puro estilo<br />

medieval, coloca-se junto da vanguarda, o que<br />

lhe retira capacidade de tomar decisões durante<br />

o desenrolar da batalha, permitindo que cada<br />

“troço” combata de per si. A ala direita é<br />

rompida e coloca-se em fuga, desorganizando a<br />

reserva e a peonagem que estava na sua<br />

retaguarda. Falta de liderança? Moral baixa? O<br />

facto é que esta retirada se apresentou fatal para<br />

a vanguarda. Sem possibilidade de repor a frente<br />

na ala direita, D. Afonso V vê-se envolvido e<br />

colocado perante a contingência de combater<br />

em duas direcções. A ala esquerda,<br />

http://purl.pt<br />

Batalha de Toro.<br />

contrariamente à primeira, é bem sucedida<br />

na refrega inicial. Porém, a falta de coordenação<br />

e de comando e controlo impedem uma acção<br />

de conjunto do “grupo” de D. João,<br />

desconhecedor das ocorrências da batalha<br />

no seu todo.<br />

Fernando de Aragão, numa posição<br />

resguardada, deixa ao livre arbítrio do<br />

comandante da sua vanguarda o desenrolar da<br />

acção. Neste sentido, se o combate inicial terá<br />

resultados positivos para o partido castelhano,<br />

em virtude da manobra de envolvimento<br />

produzida pela sua ala esquerda, a ausência do<br />

rei é determinante para a retirada do<br />

contestável de Castela, impossibilitado de fazer<br />

a exploração do sucesso. Esta retirada<br />

castelhano-aragonesa permite a D. João<br />

permanecer no campo de batalha, por três<br />

horas, dando, perante os costumes, a vitória<br />

aos portugueses.<br />

Toro é, acima de tudo, uma batalha de grandes<br />

feitos individuais mas, militarmente, uma derrota<br />

de ambos os contendores e uma prova da<br />

“pequenez” táctica dos dois comandantes, que<br />

se permitiram abandonar o campo de batalha<br />

como desconhecedores do seu desenlace.<br />

http://www.vidaslusofonas.pt<br />

D. J

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