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JE590DEZ09 - Exército

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Descrição da Batalha<br />

Situada a meio caminho entre Zamora e<br />

Tordesilhas (localidades leonesas emblemáticas<br />

na História de Portugal), Toro é uma pequena<br />

vila que D. Afonso V transformou em base<br />

operacional da campanha em Castela. Em<br />

meados de Fevereiro de 1476, o monarca sai de<br />

Toro e marcha para Zamora, que Fernando de<br />

Aragão submete a um cerco a partir das<br />

muralhas a norte. Sem capacidade militar para<br />

romper o assédio do adversário e levar auxílio<br />

aos sitiados no castelo, D. Afonso V monta<br />

arraial na margem esquerda do Douro, junto da<br />

ponte e em linha de vista com a porta sul,<br />

fortificando o terreno. Dessa forma, controlando<br />

o itinerário de exfiltração e mantendo o exército<br />

de Fernando sob pressão, D. Afonso V espera<br />

provocar batalha. No campo contrário,<br />

Fernando, enquanto recebe reforços de Isabel, a<br />

partir de Burgos, e “mede” a força de D. Afonso<br />

V, propõe tréguas, que resultam inócuas face às<br />

exigências territoriais do rei português.<br />

Decorridos cerca de quinze dias e perante o<br />

impasse, agravado por condições climatéricas<br />

adversas que minam o moral da tropa, a 1 de<br />

Março D. Afonso V levanta o arraial e decide<br />

recolher a Toro. É nesta altura que Fernando,<br />

liberto de pressão, abandona Zamora e marcha<br />

na peugada do inimigo. Envia uma força de<br />

cavalaria ligeira a esclarecer a situação, que<br />

estreita contacto com a guarda da retaguarda e é<br />

repelida. Então, perto do fim da tarde, o grosso<br />

do exército castelhano depara-se com o exército<br />

português na veiga de Toro, nas cercanias de<br />

Peleagonzalo. Feito o contacto, os dois exércitos<br />

“medem-se” e os respectivos comandantes<br />

determinam dar batalha, conscientes que o seu<br />

resultado decidirá a sorte da guerra.<br />

A região de Peleagonzalo, relativamente plana, é<br />

delimitada a Norte e a Oeste pelo rio Douro, e a<br />

Sul pelas elevações de Castro Queimado. Com a<br />

frente para Sudoeste, o exército de Afonso V<br />

adoptou a seguinte ordem de batalha: na<br />

vanguarda, com peças artilhadas à sua frente,<br />

estava o senhor da Feria com os seus homens<br />

de armas, no centro da qual se posicionou o<br />

«Africano» com o estandarte real; na ala direita,<br />

apoiada no rio Douro, estava o arcebispo de<br />

Toledo, com as suas lanças, e as forças do<br />

Duque de Guimarães e de Vila Real; na ala<br />

esquerda, apoiado nas cercanias da serra, o<br />

príncipe D. João organizou uma força menos<br />

numerosa que as restantes, mas “cortesaã e mui<br />

limpa”, que contava com os espingardeiros do<br />

bispo de Évora, que lhe guarneciam o flanco<br />

direito, e um grupo de fiéis da “sua casa” e de<br />

besteiros, que sustentavam o flanco esquerdo; a<br />

reserva estava sob o comando do Conde de<br />

Monsanto que, juntamente com os quatro<br />

corpos de peonagem, foi colocada na<br />

retaguarda, junto ao Rio Douro. A hoste<br />

castelhana, cujo potencial se equivalia ao<br />

português (cerca de 10 000 homens),<br />

posicionou-se da seguinte forma: na vanguarda,<br />

a guarda real, comandada pelo mordomo-mor<br />

Henrique, onde se distribuíram os<br />

espingardeiros; na ala direita, sob o comando de<br />

Álvaro de Mendoza, seis pequenos troços de<br />

homens de armas, fronteiro ao contingente de D.<br />

João; a ala esquerda, comandada pelo Duque de<br />

Alba, estava no enfiamento do Arcebispo de<br />

Toledo e compreendia cavalaria e<br />

espingardeiros; a peonagem encontrava-se à<br />

retaguarda da vanguarda, preenchendo os seus<br />

intervalos, sob o comando de D. Fernando; a<br />

“encerrar” o dispositivo encontrava-se uma<br />

pequena reserva.<br />

Portanto, os dois exércitos organizados para a<br />

batalha encaixavam um no outro: formavam em<br />

duas linhas, a vanguarda e as alas consistiam<br />

em troços de cavalaria e espingardeiros, a<br />

segunda linha, apeada, era constituída por<br />

piqueiros e besteiros, enquanto um pequeno<br />

núcleo de reserva montada (superior no<br />

dispositivo português) aguardava as<br />

contingências da batalha. As diferenças<br />

estavam na peonagem, que no caso português<br />

se situava à retaguarda da reserva e,<br />

principalmente, ao nível dos comandantes, pois<br />

D. Afonso V estava na linha da frente,<br />

enquanto D. Fernando se resguardou na linha<br />

de peonagem.<br />

Debaixo de chuva e na fase crepuscular de um<br />

frio dia de Inverno, as trombetas dos<br />

contendores dão o sinal de início da batalha e<br />

os gritos de guerra impelem os homens a medir<br />

forças. Iniciava-se a batalha de Toro, marcada<br />

pela confusão de decisões contraditórias e<br />

ataques simultâneos que redundou no seu<br />

fraccionamento, com resultados divergentes.<br />

Assim, enquanto as vanguardas se<br />

entrechocam, do lado do rio o Duque de Alba<br />

acomete a força do Arcebispo de Toledo e, na<br />

direcção oposta, D. João irrompe contra o flanco<br />

de Álvaro de Mendoza.<br />

O ataque da cavalaria e dos espingardeiros do<br />

Duque de Alba rompe a ala direita portuguesa,<br />

desorganizando-a, criando uma situação de

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