JE590DEZ09 - Exército
JE590DEZ09 - Exército
JE590DEZ09 - Exército
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Cronologia<br />
1432 (Janeiro) – Nasce,<br />
em Sintra, o infante<br />
D. Afonso.<br />
1438 (Novembro) –<br />
Afonso V, com seis anos<br />
de idade, é aclamado rei<br />
de Portugal, por morte<br />
de D. Duarte; Infante<br />
D. Pedro regente do reino.<br />
1448 (Agosto) –<br />
D. Afonso V assume<br />
a governação do reino.<br />
1449 (Maio) – Batalha<br />
da Alfarrobeira e morte<br />
do Infante D. Pedro.<br />
1452 – Descoberta das<br />
ilhas ocidentais dos<br />
Açores (Flores e Corvo).<br />
1458 (Outubro) – Conquista<br />
de Alcácer Ceguer.<br />
1461-62 – Descobrimento<br />
das ilhas de Cabo<br />
Verde.<br />
1469 – Arrendamento<br />
do comércio da Guiné<br />
a Fernão Gomes.<br />
1471 – Conquista<br />
de Arzila (após insucesso<br />
em 1463) e ocupação<br />
de Tânger.<br />
1472 – Descoberta<br />
dos Camarões e da Ilha<br />
Formosa.<br />
1475 (Maio) – Invasão<br />
e guerra contra Castela;<br />
casa com a princesa D.<br />
Joana e proclama-se rei<br />
de Portugal, Leão<br />
e Castela.<br />
1475 (Setembro) –<br />
Tratado de aliança com<br />
a França de Luís XI.<br />
1476 (1 de Março) –<br />
Batalha de Toro.<br />
1479 (Setembro) –<br />
Firma o Tratado<br />
de Alcáçovas com os reis<br />
Católicos.<br />
1481 (Agosto) –<br />
Morte de D. Afonso V.<br />
D. Afonso V<br />
e a Batalha de Toro<br />
O Comandante<br />
Filho de D. Duarte e de D. Leonor de Aragão,<br />
D. Afonso V é aclamado com apenas seis<br />
anos de idade, tornando-se no décimo terceiro<br />
Rei de Portugal e terceiro da Dinastia de Avis.<br />
O seu reinado surge marcado, internamente,<br />
pelo regresso a uma mentalidade feudal mediante<br />
o fortalecimento das casas senhoriais<br />
em detrimento da Coroa.<br />
A acção governativa de D. Afonso V divide-se<br />
em três períodos distintos: o primeiro decorre<br />
desde a sua aclamação ao trono (1438) até ao<br />
desfecho da batalha da Alfarrobeira (1449); o<br />
segundo é marcado pelas expedições ao Norte de<br />
África, que lhe fazem merecer o epíteto de «O<br />
Africano» e acrescentar ao título de «Rei de<br />
Portugal e dos Algarves», a referência «de aquém<br />
e além-mar em África»; a terceira fase integra a<br />
tentativa de união ibérica sob o ceptro<br />
português, chegando a intitular-se rei “per graça<br />
de Deus Rei de Castela e de Léon e de Portugal e<br />
de Toledo e de Galiza e de Sevilha e de Córdoba e<br />
de Múrcia e de Jaen e dos Algarves daquém e de<br />
Além-mar em África e das Aljariza e de Gibraltar e<br />
senhor de Biscaia e de Molina”.<br />
Com uma situação interna estável, D. Afonso V<br />
concentra-se na expansão no Norte de África,<br />
que adia devido à queda de Constantinopla<br />
(1453) e à penetração otomana na Europa,<br />
correspondendo ao apelo de cruzada lançado<br />
pelo Papa Calisto III (1456) com a preparação de<br />
um exército de cerca de 12 000 homens. Contudo,<br />
a morte do Papa cancela o projecto e D. Afonso V<br />
recupera a ideia de conquista no Norte de África.<br />
Consequentemente, conquista Alcácer Ceguer<br />
(1458) e ocupa Arzila e Tânger (1471). A sua<br />
presença no comando dos exércitos no norte de<br />
África granjeia-lhe grande prestígio por toda a<br />
Europa. Para além destes feitos, D. Afonso V<br />
subsidia as explorações no oceano Atlântico e<br />
arrenda o comércio na Guiné a Fernão Gomes,<br />
comerciante de Lisboa, por duzentos mil réis<br />
anuais, na condição de descobrir todos os anos<br />
cem léguas de costa da Serra Leoa para sul<br />
(1469). Desta forma, a exploração da costa<br />
africana atinge o cabo de Santa Catarina<br />
(Gabão), em 1475.<br />
GOMES, Saul, D. Afonso V, Circulo de Leitores, 2006<br />
D. Afonso V.<br />
A empresa das conquistas africanas com que de<br />
D. Afonso V «cravou» o estandarte português<br />
nas terras entre o rio do Ouro e o cabo de Santa<br />
Catarina foi, depois, abandonada em detrimento<br />
do projecto de união ibérica, aproveitando uma<br />
crise sucessória na coroa castelhana e a<br />
aproximação desta a Aragão. Neste contexto, a<br />
aura vitoriosa do rei de Portugal e as liberdades<br />
concedidas à fidalguia portuguesa motivaram<br />
uma franja da nobreza castelhana a solicitar a sua<br />
intervenção. D. Afonso V aproxima-se, então, da<br />
França de Luís XI, negociando uma aliança<br />
ofensiva contra Aragão, em 1475, e ataca nesse<br />
mesmo ano território castelhano. A batalha de<br />
Toro é o culminar de todo o processo.<br />
Será a desastrosa campanha militar em Castela a<br />
causa da perda da influência de D. Afonso V ante<br />
a nobreza castelhana, o rei Luís XI de França e o<br />
Sumo Pontífice. A recuperação do prestígio da<br />
Coroa portuguesa caberá ao filho e sucessor, D.<br />
João II, que privilegiará a estratégia política em<br />
detrimento da militar.<br />
73