JE590DEZ09 - Exército
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passou a ser venerado como padroeiro contra a peste,<br />
a fome e a guerra.<br />
Foi sobretudo no século XVI que o culto a São<br />
Sebastião se intensificou no nosso País. D. Sebastião<br />
foi, aliás, baptizado com o seu nome, em 1554, por ter<br />
nascido em 20 de Janeiro, dia em que se assinala a<br />
morte do mártir. São Sebastião constitui-se, assim<br />
como o patrono de todos os Artilheiros desde o início<br />
do séc. XVI.<br />
No princípio do século XVI, a classe militar foi<br />
particularmente atingida pela peste, pelo que os<br />
artilheiros invocaram o auxílio de São Sebastião, tido<br />
como protector contra a peste, a fome e a guerra. À<br />
data, os artilheiros da Corte, instalados no Castelo de<br />
S. Jorge, em Lisboa, agradeceram ao seu santo protector<br />
por os ter poupado e constituíram a Irmandade<br />
de São Sebastião. Os artilheiros da Guarnição de<br />
Lisboa, denominados por bombardeiros, mandaram<br />
erguer em 1505, uma pequena ermida dedicada a São<br />
Sebastião, padroeiro e advogado da peste, em<br />
cumprimento da promessa feita ao mártir pelo fim da<br />
epidemia, que nesse ano assolou toda a cidade, tendo<br />
vitimado muitos habitantes.<br />
Mais tarde, em 1569, a peste provocou novamente<br />
uma enorme mortandade em Lisboa: morreram 50 a<br />
60 mil pessoas, numa população de 120 mil habitantes.<br />
Segundo relatos da época, registavam-se por dia mais<br />
de 600 funerais. A epidemia era de tal ordem que, como<br />
havia falta de gente para enterrar os mortos, foi<br />
necessário libertar os presos para esta missão. El-Rei<br />
D. Sebastião e parte da Corte refugiaram-se em Sintra<br />
e a rainha D. Catarina, sua avó, foi para Alenquer. Em<br />
pânico, o povo e a nobreza de Lisboa invocaram em<br />
seu auxílio a Mãe do Céu. Por esse motivo, D.<br />
Sebastião terá pedido uma relíquia significativa de S.<br />
Sebastião, para que a mortandade provocada pela<br />
cólera tivesse um fim, pelo que terá sido enviado de<br />
Roma um braço de São Sebastião.<br />
Assim, e após a chegada das relíquias de São<br />
Sebastião, a peste reduziu-se e como foram atendidos<br />
nas suas preces, mandaram, em prova de gratidão,<br />
fazer uma imagem da Virgem, que foi benzida com o<br />
nome de Nossa Senhora da Saúde. A imagem ficou<br />
então exposta à veneração pública na ermida do<br />
Colégio de Jesus dos Meninos Órfãos.<br />
A 20 de Abril de 1570, teve lugar a primeira<br />
procissão em honra de Nossa Senhora da Saúde,<br />
decorrendo sem interrupções, durante 341 anos −<br />
desde 1570 até 1910, sempre com grande pompa<br />
religiosa e militar (apelidada variadíssimas vezes por<br />
Procissão dos Artilheiros). Com a implantação da<br />
República, seguiu-se um interregno que perdurou até<br />
21 de Abril de 1940, data em que se reatou esta antiga<br />
manifestação de fé e de religiosidade, permanecendo<br />
até aos dias de hoje.<br />
Fonte: Judah Benoliel, 1958, Arquivo Municipal de Lisboa – AFML A43114<br />
Ermida de Nossa Senhora da Saúde.<br />
Padroeira da Artilharia<br />
Por volta de 1959, o debate sobre quem deveria<br />
ser a padroeira da Artilharia entrou na temática dos<br />
números 405 e 406 da Revista de Artilharia. Num<br />
artigo da autoria do General Monteiro do Amaral,<br />
questionava-se qual o dia da Arma, qual a padroeira e<br />
qual o patrono da Artilharia Portuguesa.<br />
Por fim, em Agosto de 1959 no número 407/408 da<br />
Revista de Artilharia, o Coronel de Artilharia, Marino<br />
da Cunha Sanches Ferreira, num artigo intitulado<br />
“Pontos nos ii”, levanta e responde à temática iniciada<br />
pelo General Monteiro Amaral referindo:<br />
“Sabemos que por proposta do Exmº General<br />
Correia Leal, quando ocupava o lugar de Director<br />
da Arma, foi indicada Santa Bárbara para padroeira<br />
da artilharia portuguesa. Essa proposta foi enviada<br />
ao Estado-Maior do <strong>Exército</strong> e mandada submeter<br />
ao estudo da Comissão de História Militar, que lhe<br />
deve ter dado parecer favorável, visto que foi já<br />
oficialmente considerada como padroeira da<br />
Artilharia Portuguesa, afirmação esta baseada na<br />
leitura da Ordem de Serviço nº 106 de 4 de Maio<br />
último, da Escola Prática de Artilharia, assinada<br />
pelo seu Comandante, Coronel Carlos Vidal de<br />
Campos Andrada, que diz”:<br />
Art.º 17 − Dia Festivo da E.P.A. -<br />
Segundo comunica o Q.G. da 4ª R.M. em nota nº<br />
137/1 − P.º 219.2 de 27-4-59, foi o seguinte o despacho<br />
de Sua Excelência acerca do assunto em epígrafe:<br />
“1 − Informo V. Ex.ª que, por despacho de 14 do<br />
corrente de Sua Excelência o Subsecretário de Estado<br />
do <strong>Exército</strong>, é considerada Santa Bárbara como<br />
padroeira da Artilharia Portuguesa.<br />
2 − Deve, portanto o dia da E.P.A. ser transferido<br />
para 4 de Dezembro − Dia daquele Santo − e não para<br />
20 de Janeiro.”