JE590DEZ09 - Exército
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A vontade de devolver o poder e as responsabilidades às autoridades nacionais não deve traduzir-se em saídas precipitadas<br />
e sem estratégia.<br />
às autoridades nacionais não deve traduzir-se em<br />
saídas precipitadas e sem estratégia. Isto significa que<br />
os doadores internacionais devem estar preparados<br />
para sair, mas apenas quando os padrões<br />
internacionais tiverem sido atingidos. A programação<br />
deve ter este desígnio muito presente.<br />
As organizações internacionais que não tenham<br />
doutrinas militares e policiais definidas (não obstante<br />
os recursos e a experiência que possuam) devem<br />
abster-se de liderar missões de construção de<br />
capacidade nacionais para boa governação do sector<br />
de segurança. Em Timor, uma das críticas que se ouve<br />
é que cada acção de formação tem a marca da<br />
nacionalidade do formador, precisamente porque as<br />
Nações Unidas não têm uma doutrina que os enquadre<br />
a todos. Aqui, a competição entre modelos e agendas<br />
nacionais é uma constante.<br />
A coordenação internacional deverá ser preparada<br />
desde o planeamento e não tentada no terreno. O que<br />
as experiências demonstram é que os doadores não<br />
comunicam entre si e raramente reconhecem que o<br />
modelo do outro é melhor do que o seu. Assim, a<br />
apropriação nacional dos programas e da sua<br />
coordenação, possibilitada pela construção de<br />
capacidades nacionais para o efeito, parece ser a<br />
resposta a essa descoordenação.<br />
Esta preparação do governo para assumir as suas<br />
responsabilidades passa por uma mudança de atitude<br />
da comunidade de doadores que deverá permitir que<br />
sejam os próprios timorenses a escolher quais os<br />
modelos de polícia, de forças armadas, de sistema<br />
judicialque preferem, bem como de quem querem que<br />
os ajude a implementá-los. A solução chave na mão,<br />
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do tipo aqui têm um modelo e um agente de<br />
implementação, e que tem sido seguida em relação a<br />
Timor, tem sido rejeitada pelas lideranças políticas e<br />
militares locais.<br />
Mais uma vez a solução é timorizar o processo:<br />
construir capacidades para que o governo, o parlamento,<br />
o sistema judicial, a sociedade civil e todos os<br />
outros actores saibam identificar as suas necessidades<br />
de segurança, escolher de entre todas as opções<br />
disponíveis o modelo que melhor se lhes adapta e, de<br />
acordo com normas internacionais exigentes,<br />
escolherem e trilharem o seu próprio caminho.<br />
O caminho em diante é cheio de obstáculos, mas<br />
fazendo justiça e reforçando o estado de direito, a boa<br />
governação e reforma do seu sector de segurança<br />
serão uma consequência e uma etapa para um Timor-<br />
Leste mais desenvolvido, mais pacífico e mais seguro.<br />
O preço de não escolher este caminho será a próxima<br />
crise.JE<br />
1 Initiative for Peacebuilding, Country Case Study: Timor-<br />
Leste, Security Sector Reform in Timor-Leste, Junho 2009, p. 8.<br />
2 Mónica Ferro, “Chasing Failure Away in Timor-Leste,”<br />
DAXIYANGGUO, Revista Portuguesa de Estudos Asiáticos,<br />
12, 2007, Instituto do Oriente, Lisboa, http://ioriente.<br />
iscsp.utl.pt/revista_12.pdf p. 94<br />
3 Idem.<br />
4 Sérgio Vieira de Mello, UNTAET: Lessons to learn for<br />
future United Nations Peace Operations, Presentation to the<br />
Oxford University European Affairs Society, Oxford, 26 de<br />
Outubro de 2001<br />
5 Cfr. UNTAET Press Office, Fact Sheet 6 – Law and<br />
Order, Abril 2002.<br />
UN Photo - Martine Perret