16.04.2013 Views

JE590DEZ09 - Exército

JE590DEZ09 - Exército

JE590DEZ09 - Exército

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

instituições de segurança, é solicitado à UNMIT que<br />

continue a apoiar o Governo de Timor-Leste nestes<br />

esforços 15 .<br />

Para este efeito, destacamos o programa de revisão<br />

e levantamento das necessidades do sector de<br />

segurança 16 , o programa de apoio ao desenvolvimento<br />

de uma capacidade nacional para uma boa governação<br />

do sector de segurança 17 e, ainda, o Projecto de Justiça<br />

também do PNUD 18 .<br />

De facto, há uma evidente abundância de<br />

parceiros e de programas de RSS em Timor-Leste sem<br />

que a coordenação esteja assegurada ou a<br />

sobreposição seja evitada. Neste sentido, os esforços<br />

recentes do governo de apropriação do processo<br />

parecem-nos um passo na direcção certa.<br />

RSS made in Timor-Leste<br />

O governo timorense, no seu programa (com uma<br />

parte intitulada especificamente Reforma do Sector<br />

de Segurança) na forma como constitui o seu<br />

organograma e nas suas declarações revela vontade<br />

de construir uma capacidade nacional para gestão e<br />

governação do seu sector de segurança. Esta evolução<br />

é resultado de dois fluxos de sinal divergente: por um<br />

lado, a desejável timorização do processo que significa<br />

que têm que ser os timorenses, em processos<br />

inclusivos, apartidários, a consensualizarem quais são<br />

as suas necessidades de segurança e quais os meios<br />

que deverão ser cativados para garantia da mesma;<br />

pelo outro, algum desconforto e descrédito na forma<br />

como os actores internacionais o têm estado a fazer,<br />

de cima para baixo, de fora para dentro, mais orientados<br />

pelas suas agendas do que para as necessidades do<br />

beneficiário 19 .<br />

A criação do Grupo para a Reforma e Desenvolvimento<br />

do Sector de Segurança é sintomático desta<br />

mudança de paradigma. Para além desta, há várias<br />

reformas a destacar: o Decreto-Lei que aprova a Lei<br />

Orgânica do Ministério da Defesa e da Segurança, a<br />

Proposta de Lei de Segurança Nacional (que regulamenta<br />

a cooperação entre a PNTL, as F-F-DTL e a<br />

Protecção Civil), a Revisão da Lei do Serviço Militar<br />

(e respectiva regulamentação), a Proposta de Lei de<br />

Defesa Nacional. Em fase de aprovação encontramse<br />

diplomas relevantes, tais como a Lei da Programação<br />

Militar e o Código de Justiça Militar; a definição<br />

de um novo Conceito e Sistema de Formação e a<br />

criação de um novo Conceito de Emprego das Forças<br />

Armadas. O forte investimento que o Governo está a<br />

fazer em infra-estruturas e equipamento para as forças<br />

de segurança melhorará a eficácia das mesmas e<br />

aumentará a auto-estima dos seus elementos.<br />

São passos no caminho certo, mas que não<br />

dispensam a monitorização e aconselhamento<br />

internacional no que diz respeito a ajudar os timorenses<br />

a escolherem o melhor modelo para o seu sector<br />

de segurança e a sujeição destes a boas práticas<br />

identificadas.<br />

O caminho em diante<br />

O caminho em diante foi o título do primeiro<br />

relatório de desenvolvimento humano de Timor-<br />

Leste, em 2002. Além de ter identificado a pobreza<br />

como o principal desafio que Timor-Leste teria que<br />

vencer, o Relatório demonstra como um compromisso<br />

com o desenvolvimento humano pode pôr o<br />

país num caminho de paz e prosperidade. É esse<br />

compromisso que tem que ser recuperado, reconhecendo<br />

que sem segurança nenhum dos dividendos<br />

da paz será sustentável, como a destruição de<br />

infra-estruturas e o elevado número de pessoas<br />

internamente deslocadas, provocados pela crise de<br />

2006, tão bem demonstraram.<br />

Construir um sector de segurança eficiente e<br />

eficaz, profissional, integrando todos grupos<br />

diferenciados do país, cumprindo uma agenda de<br />

direitos humanos, sujeito ao primado do direito e a<br />

mecanismos de controlo parlamentar e civil e a<br />

padrões e normas internacionais de boa governação<br />

é uma missão quase impossível, sobretudo num<br />

estado em situação de fragilidade como é Timor-<br />

Leste. Uma reforma tão profunda como a que é<br />

necessária implicaria uma espécie de pausa na<br />

segurança – uma situação em que o país pararia e<br />

cessariam as necessidades de segurança enquanto<br />

se procederia à reforma. Na impossibilidade deste<br />

cenário, as forças de segurança têm que ser<br />

reformadas enquanto executam o seu papel que<br />

também vai sendo reformado, acrescentando mais<br />

desafios a um processo que nunca é simples, nem<br />

rápido, nem passível de ser aprendido num sítio e<br />

aplicado a outro, de tão distintas que são as<br />

condições no terreno.<br />

Não obstante estes constrangimentos, há uma<br />

série de recomendações que Timor-Leste e os seus<br />

parceiros podem seguir tentando optimizar recursos<br />

e resultados.<br />

A RSS é um processo de longa duração, de<br />

gerações, com medidas de impacto rápido, mas que<br />

devem ser sempre pensadas para cada caso concreto<br />

e de forma sustentável. Esta sustentabilidade<br />

é garantida pelo empenho das lideranças nacionais,<br />

pela definição de objectivos claros, pela programação<br />

e financiamento adequados, mas também por<br />

alguma flexibilidade do projecto original que<br />

permita adapta-lo às dinâmicas de cada caso.<br />

Como Timor-Leste já o demonstrou antes, a<br />

vontade de devolver o poder e as responsabilidades<br />

37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!