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JE590DEZ09 - Exército

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tinham sido membros da polícia indonésia acusados<br />

de corrupção e violações de direitos humanos. A<br />

PNTL acabou por incluir antigos membros da polícia<br />

indonésia ao lado de recrutas sem qualquer<br />

experiência e alguns postos elevados, incluindo o<br />

de comandante, foram ocupados por timorenses<br />

que tinham pertencido à polícia indonésia 6 .<br />

As sementes para as cisões e tensões dentro<br />

das forças de segurança estavam lançadas. A falta<br />

de estatuto da Polícia (que estava mal equipada e<br />

mal preparada), o descontentamento generalizado<br />

pelos salários baixos e falta de infra-estruturas e<br />

equipamento adequado, o ressentimento contra os<br />

que tinham trabalhado nas forças indonésias e as<br />

evidentes tensões entre os protagonistas políticos<br />

timorenses, em especial entre o Presidente da<br />

República e o Primeiro-Ministro, alimentaram um<br />

clima de instabilidade e frustração social. A crise de<br />

2006, a chamada “crise dos peticionários”, apenas<br />

veio juntar a este contexto as acusações de<br />

discriminação e politizar um conflito que nunca<br />

havia sido relevante: as rivalidades inter-regionais<br />

entre loromunus e lorosaes.<br />

A Crise dos peticionários<br />

Foi a crise de 2006, a tal dos<br />

peticionários, que fez com que a questão<br />

da Reforma do Sector de Segurança<br />

subisse ao topo da agenda timorense com<br />

carácter de urgência.<br />

A crise de 2006 é profundamente<br />

complexa e teve como catalisador<br />

o despedimento de cerca de 600<br />

soldados das F-FDTL, em<br />

Março de 2006, que<br />

reivindicavam não terem<br />

sido promovidos por<br />

motivos de discriminação.<br />

As manifestações em Díli, em Abril,<br />

rapidamente revelaram que os<br />

manifestantes estavam altamente politizados,<br />

alinhados partidariamente e que a questão tinha mais<br />

a ver com o controlo do poder político no país do<br />

que com a alegada discriminação. A mobilização de<br />

grupos de jovens foi o corolário da exploração política<br />

do descontentamento provocado pela falta de<br />

emprego e de oportunidades de uma larga maioria<br />

da população. Em 28 de Abril, quando a violência<br />

eclodiu, as imagens de jovens, polícias e forças armadas<br />

combatendo nas ruas deixou prever o pior:<br />

que a mais jovem nação do mundo estivesse a<br />

caminho de se tornar no seu mais recente Estado<br />

falhado 7 .<br />

O saldo final da crise foi um sector de segurança<br />

desacreditado, disfuncional e um pedido de apoio<br />

internacional para a reposição da ordem e da paz em<br />

Timor. Timor-Leste não foi capaz de lidar com os<br />

problemas que esta crise pôs a descoberto; as<br />

demissões de Xanana Gusmão e de Mari Alkatiri<br />

levaram o país a eleições antecipadas e os problemas<br />

do sector de segurança foram relegados para<br />

segundo plano, preparando o cenário para os<br />

atentados de Fevereiro de 2008 e prolongando a<br />

situação das pessoas internamente deslocadas que<br />

apenas agora regressaram a casa. Um exemplo cabal<br />

de que procrastinar apenas torna a solução mais<br />

difícil.<br />

A Revisão e Reforma do Sector<br />

de Segurança<br />

O mês de Abril de 2006 revelou a ausência de<br />

uma política de segurança nacional e graves falhas<br />

na legislação sobre segurança; uma polícia com baixo<br />

prestígio e um excesso de interferência política na<br />

sua actuação; falta de transparência e de mecanismos<br />

de controlo político, tais como supervisão parlamentar<br />

e judicial para ambas as forças de segurança.<br />

Uma crise que estava à espera de acontecer.<br />

Ao estabelecer a<br />

UNMIT, o<br />

Conselho de<br />

Segurança<br />

advoga explicitamente<br />

necessidade<br />

de uma<br />

revisão integrada<br />

do sector<br />

de segurança8<br />

. O relatório<br />

do SG, do mesmo mês,<br />

afirma que a superação da crise<br />

recente implicava uma abordagem<br />

holística ao sector de segurança, em que<br />

se identificassem as necessidades e futuros<br />

papéis da polícia e das forças armadas, bem como as<br />

formas pelas quais se pudesse transformar uma<br />

relação competitiva numa relação cooperativa9 e 10 untaet-cap www.diggerhistory.info.jpg<br />

.<br />

Está assim montado o palco para que a RSS fosse<br />

a protagonista dos esforços de cooperação<br />

internacional.<br />

Em Timor-Leste estão em curso vários programas<br />

de RSS executados por organizações internacionais<br />

ou bilateralmente. A falta de coordenação entre<br />

doadores internacionais tem-se revelado contraproducente<br />

e apenas o novo paradigma que parece<br />

surgir, em que o governo se apropria dessa<br />

coordenação, parece poder resgatar alguma eficácia<br />

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