JE590DEZ09 - Exército
JE590DEZ09 - Exército
JE590DEZ09 - Exército
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Foto: arquivo JE<br />
Foto: arquivo JE<br />
As intervenções da ONU após a Guerra-fria<br />
(Cambodja, Somália, Bósnia-Herzegovina e Ruanda)<br />
ocorreram em ambientes voláteis, de alto risco e<br />
incerteza e em guerras civis de contornos mutáveis.<br />
Nestas operações, é fundamental que os contornos<br />
do uso da força sejam definidos sem margem para<br />
ambiguidades. É necessário “[…] que decisões<br />
políticas claras precedam e sustentem um mandato<br />
[…] na execução das tarefas, a importância da eficácia<br />
militar cresce à medida que a intensidade da operação<br />
aumenta, até que no limiar do enforcement colectivo,<br />
se torna a chave principal do sucesso.” 37<br />
Trata-se de operações que têm vindo a ser<br />
designadas, na gíria, como missões de “middle<br />
ground” ou “grey area operations” por se encontrarem<br />
a meio caminho entre o peacekeeping tradicional<br />
e o peace-enforcement 38 . Brian Urquhart, um dos<br />
30 Donald C. F. Daniel e Bradd C. Hayes, Securing<br />
Observance of UN Mandates Through the Employment of<br />
Military Force, in Pugh, op. cit., p. 108.<br />
31 Jane Boulden, The United Nations and Mandate<br />
Enforcement, Kingston, Ontário, Centre for International<br />
Relations/Institut Quebécois des Hautes Études Internationales,<br />
1999, p. 3.<br />
32 Id., p. 4.<br />
33 Meu itálico.<br />
34 Artigo 48.º § 2 (meu itálico).<br />
35 UN Organization Mission in the Democratic Republic<br />
of Congo; Resolução 1484 de 30 de Maio de 2003.<br />
36 Inicialmente, certos Estados ofereceram-se para liderar<br />
a ISAF numa base semestral. O primeiro foi o Reino Unido,<br />
seguido pela Turquia. A terceira missão da ISAF, a partir de<br />
Fevereiro de 2003, foi liderada conjuntamente pela Alemanha<br />
e pela Holanda, com o apoio da NATO. Desde 11 de Agosto de<br />
2003, a ISAF é liderada pela NATO e financiada pelos Estados-<br />
Membros que contribuem com tropas (v. http://www.nato.int/<br />
issues/afghanistan/evolution.htm e http://www.afnorth.<br />
artífices do peacekeeping onusiano, admitiu a<br />
necessidade de encontrar uma opção intermédia que<br />
se situe entre o binário peacekeeping - peaceenforcement:<br />
“É necessária uma terceira categoria de<br />
operações internacionais militares algures entre o<br />
peacekeeping e o enforcement em larga escala. Seria<br />
destinada a pôr fim à violência descontrolada e a criar<br />
um grau razoável de paz e ordem, de forma a que o<br />
trabalho humanitário possa prosseguir e que o<br />
processo de reconciliação possa ter início […] ao<br />
contrário das forças de peacekeeping, tais tropas<br />
incorreriam, pelo menos inicialmente, em alguns riscos<br />
em combate para controlar a violência: consistiriam<br />
essencialmente em acções armadas de polícia.” 39<br />
O uso da força em missão de peacekeeping é uma<br />
matéria polémica e os debates em curso sobre esta<br />
matéria não são sempre definitivos. O General Michael<br />
Rose, antigo comandante da UNPROFOR, inventou<br />
a expressão “linha de Mogadíscio” (“Mogadishu<br />
line”) − que depois se popularizou nos debates da<br />
área − para transmitir a ideia dos riscos que se incorre<br />
ao ultrapassar a fronteira que separa o peacekeeping<br />
do enforcement. O General Rose diz que o nível de<br />
força que supera os requerimentos do peacekeeping<br />
é como “[…] atravessar a fronteira - a linha de<br />
Mogadíscio - que separa os não-combatentes dos<br />
combatentes.” O General Rose afirma que “[…] é<br />
óbvio que, quando uma força militar está ao serviço<br />
de uma missão humanitária de peacekeeping, estálhe<br />
interdito, pela sua natureza e regras de<br />
empenhamento, actuar como combatente.” 40 O General<br />
Rose conclui que “[…] a necessidade de manter o<br />
consentimento e a imparcialidade, por um lado, e a<br />
necessidade de usar a força, por outro, devem ser<br />
reconciliados, se a comunidade internacional pretender<br />
que o peacekeeping continue a ser uma opção viável<br />
para a resolução internacional de conflitos.” 41 JE<br />
nato.int/ISAF/about/about/_history.htm).).<br />
37 Mackinlay e Chopra, op. cit., p. 118.<br />
38 Também designadas como “Capítulo VI+”, “Capítulo<br />
VI e Meio”, “Segundo Nível”, “Wider Peacekeeping” e<br />
“Peacekeeping Musculado ou Robusto”: v. Robert M. Cassidy,<br />
“Armed Humanitarian Operations”, Working Paper da<br />
CIAONET, 1998, p. 1. V. Peter Viggo Jakobsen, “The<br />
Emerging Consensus on Grey Area Peace Operations<br />
Doctrine: Will It Last and Enhance Operational<br />
Effectiveness?”, International Peacekeeping, vol. 7, nº 3,<br />
Outono de 2000, pp. 38-47. V. também a posição de Michael<br />
Pugh, “From Mission Cringe to Mission Creep?”, in Pugh<br />
(ed.), op. cit., p. 191.<br />
39 Sir Brian Urquhart, “Who Can Stop Civil Wars?”, The<br />
New York Times, 29 de Dezembro de 1991, secção 4, p. 9.<br />
40 Sir Michael Rose, “Military Aspects of Peacekeeping”,<br />
in Wolfgang Biermann e Martin Vadset (eds.), UN<br />
Peacekeeping in Trouble: Lessons Learned from the Former<br />
Yugoslavia, Aldershot, Ashgate, 1998, p. 159.<br />
41 Ibid.<br />
31