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ALÉM DA ENXADA, A UTOPIA: - Repositórios Digitais da UFSC

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ousadia que custava caro e “se o velho vinha a saber, surrava! E deixava sem almoço, sem<br />

janta, eles castigavam a piaza<strong>da</strong> naquele tempo. E como que a piaza<strong>da</strong> crescia bem! Crescia<br />

no caminho certo. Invés hoje não tem mais quem vai no caminho certo 36 ”. Agressões físicas<br />

não eram comuns, porque bastava um gesto, um olhar. “Se era não, era não. Se diziam sim,<br />

era porque tinha que ser. Não era que nem hoje que se dá um tapa e depois dá dó, vai atrás,<br />

<strong>da</strong>í acostuma. Muito diferente hoje 37 ”. O não e o sim são descritos pela entrevista<strong>da</strong> como o<br />

certo e o errado. Eram essas palavras que ensinavam a distinguir o vício <strong>da</strong> virtude, o bem<br />

do mal. Para manter a ordem e a obediência entre os numerosos filhos e guiá-los no<br />

caminho certo,<br />

A faleci<strong>da</strong> mãe <strong>da</strong>va só uma encara<strong>da</strong>. Quando muito ela te pegava por<br />

um braço e te <strong>da</strong>va uma chacoalha<strong>da</strong>. Era um sistema mais europeu, um<br />

sistema impositor. Tinha gente lá e eles diziam pra ir brincar, não se<br />

ficava muito com pessoas de i<strong>da</strong>de, criança era separa<strong>da</strong>. Nós brincava,<br />

mas também tinha a obrigação de trabalhar: meio-dia na aula e meio-dia<br />

na enxa<strong>da</strong>, não tinha moleza. Só que naquela época não tinha tanta coisa<br />

que nem hoje. Porque hoje, ou é o esporte, ou é o estudo, ou é isso ou<br />

aquilo, você tá ocupado. Mas naquela época não tinha o que fazer 38 .<br />

A alegria e a criativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s crianças não raras vezes se distanciavam dos<br />

conselhos dos mais velhos, embora “não era criança que nem agora, a gente obedecia mais,<br />

não tinha que dizer ‘olha lá fora o bicho’ 39 ”. Algumas vezes as histórias de aparições eram<br />

cria<strong>da</strong>s pelos pais para servirem de controle e exemplo aos filhos, de forma que muitas<br />

crianças cresciam assusta<strong>da</strong>s e reprimi<strong>da</strong>s, acreditando “na história de algum bicho, bruxa<br />

ou capeta. Não vai, não bestema, porque o capeta te pega com a forca. Me assustavam<br />

muitas vezes 40 ”. Essas ameaças não eram muito aconselháveis para bem educar os<br />

36 SIMONI, Olímpio. Entrevista cita<strong>da</strong>, p. 01.<br />

37 FASOLO, Amélia. Entrevista cita<strong>da</strong>, p. 05.<br />

38 CAON, Raul. Entrevista cita<strong>da</strong>, p.10.<br />

39 COVATTI, Alma. Entrevista cita<strong>da</strong>, p. 08.<br />

40 FIORESE, Maria. Entrevista cita<strong>da</strong>, p. 17.<br />

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