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ALÉM DA ENXADA, A UTOPIA: - Repositórios Digitais da UFSC

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Os mais indecisos a migrar acabavam convencidos com a vin<strong>da</strong> de uma ou mais<br />

famílias conheci<strong>da</strong>s. Outros ain<strong>da</strong> emprestavam dinheiro para que os seus conterrâneos<br />

também mu<strong>da</strong>ssem, como na família Santinon: “compremos a terra aqui por sorte do meu<br />

cunhado, porque senão, que dinheiro? 127 ”. O senhor Aurélio Sordi também conta que<br />

“viemos aqui pra Santa Catarina porque a terra era boa, todos compravam pra cá, to<strong>da</strong>s as<br />

famílias grandes vinham pra cá. Aqui quase é só de Guaporé e Serafina que moram, todos<br />

compravam e vinham pra cá com as famílias. Não tinha mais terra lá, oito, dez ca<strong>da</strong><br />

família 128 ”. Promover a vin<strong>da</strong> de pessoas de mesma origem étnica para ocupar a região foi<br />

uma <strong>da</strong>s estratégias <strong>da</strong>s companhias de colonização para garantir o sucesso <strong>da</strong> empresa.<br />

Apesar de muitos colonos se preocuparem em conhecer e preparar o local antes de<br />

migrar definitivamente com a família, não raras vezes muitos partiam com vagas<br />

referências sobre o lugar para o qual se dirigiam. Isso indica que o sonho de ter uma<br />

proprie<strong>da</strong>de era maior que o medo de arriscar. Vejamos o relato do senhor Evaristo Colpo:<br />

As estra<strong>da</strong>s, quando viemos de mu<strong>da</strong>nça, ele fazia as curvas pra descer lá<br />

de Xavantina, a carroceria raspava no barranco. Era estreitinha! Às<br />

vezes, o motorista se descuidou um pouquinho, rapava o barranco <strong>da</strong><br />

estra<strong>da</strong>. [...] Nós não sabia onde nós vinha, tinha só o lugar indicado, mas<br />

nós não sabia. Distrito de Anita Garibaldi, e Linha <strong>da</strong>s Palmeiras 129 .<br />

Venci<strong>da</strong>s as dificul<strong>da</strong>des <strong>da</strong> viagem, o colono deparava-se com um local bastante<br />

diferente <strong>da</strong>quilo que imaginava, como conta o senhor Ângelo Dal Bosco:<br />

Vim pra cá casado, tinha trinta e dois anos. Lá no Rio Grande a vi<strong>da</strong> era<br />

sofri<strong>da</strong> também, mas nem tanto porque já tinha escola, o primário. Aqui o<br />

comércio ficava longe dez quilômetros, lá também, só que tinha estra<strong>da</strong>,<br />

caminhão. Só que lá também, pra vim o caminhão tinha que ser estra<strong>da</strong><br />

enxuta, senão não vinha, naquele tempo não tinha cascalho, na<strong>da</strong>, as<br />

estra<strong>da</strong>s se arrumava a picareta, se fazia hora chover, atolava 130 .<br />

127 SANTINON, Abraminho. Entrevista cita<strong>da</strong>, p. 03.<br />

128 SORDI, Aurélio. Entrevista cita<strong>da</strong>, p. 01.<br />

129 COLPO, Evaristo. Entrevista cita<strong>da</strong>, p. 02 – 03.<br />

130 <strong>DA</strong>L BOSCO, Ângelo. Entrevista cita<strong>da</strong>, p. 04.<br />

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