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ALÉM DA ENXADA, A UTOPIA: - Repositórios Digitais da UFSC

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Após o sucesso do livro de More, o tempo se encarregou de modificar a palavra<br />

utopia. Do simples nome de uma ilha, passou a ser usa<strong>da</strong> para explicar também fenômenos<br />

anteriores à sua existência, como por exemplo, “A República” de Platão e a “Ci<strong>da</strong>de do<br />

Sol” de Campanella, o que evidencia a grandeza e a importância do pensamento de More.<br />

Na presente pesquisa o termo utopia não será delimitado em seu sentido original, nem<br />

tampouco será enfatizado apenas a “incessante viagem <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de em direção ao país<br />

que não existe, a busca <strong>da</strong> ilha feliz, concebi<strong>da</strong> nas maneiras as mais diversas e registra<strong>da</strong>s<br />

em formas literárias as mais varia<strong>da</strong>s 9 ”. Trata-se, antes de tudo, de rastrear os sonhos e as<br />

experiências dos imigrantes italianos e seus descendentes que migraram para o Oeste<br />

catarinense no período citado, buscando compreender o referido conceito não enquanto a<br />

busca por lugares impossíveis, mas como um impulso responsável por ações concretas,<br />

destacando também como os migrantes construíram a sua utopia.<br />

Para melhor compreender o conceito de utopia e a sua relação com a migração e<br />

colonização ítalo-brasileira no Oeste de Santa Catarina, o paese della cuccagna, ou país <strong>da</strong><br />

cocanha, é um elemento não menos importante. Trata-se de uma len<strong>da</strong> de origem<br />

medieval 10 que perpassou séculos e embalou os sonhos dos imigrantes italianos que vieram<br />

para o Brasil no final do séc. XIX e início do séc. XX. Há indícios de que o termo seja<br />

proveniente ou do latim coquere (cozinhar), através <strong>da</strong> derivação cocanha ou coucagno<br />

(petisco doce), ou do neerlandês cockaenge, pequeno pastel doce que era feito em algumas<br />

festas anuais 11 .<br />

9<br />

SZACKI, Jerzi. As utopias ou a felici<strong>da</strong>de imagina<strong>da</strong>. [Trad. Rubem César Fernandes]. Rio de Janeiro,<br />

Paz e Terra, 1972. p. 03.<br />

10<br />

A primeira referência documenta<strong>da</strong> sobre o termo <strong>da</strong>ta de 1142, mas a maior difusão <strong>da</strong> len<strong>da</strong> ocorreu nos<br />

séc. XVI – XVII, quando ela conheceu 12 variantes na França, 22 na Alemanha, 33 na Itália e 40 em<br />

Flandres. In: JÚNIOR, Hilário Franco. As utopias medievais. São Paulo: Brasiliense, 1992. p. 46.<br />

11<br />

Idem, ibidem.<br />

27

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