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ALÉM DA ENXADA, A UTOPIA: - Repositórios Digitais da UFSC

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Igreja institucionalizou determinados dias para a realização de festejos populares, sendo o<br />

carnaval mais conhecido por ter incorporado vários destes festejos e assim sobrevivido até<br />

os nossos dias 152 . Conforme a própria palavra, carnaval pode ser interpreta<strong>da</strong> como carne<br />

vale, ou seja, é permitido o consumo desse alimento sem restrições. Na I<strong>da</strong>de Média, na<br />

chama<strong>da</strong> Terça-Feira Gor<strong>da</strong> que antecedia a quaresma, além dos festejos era permitido o<br />

consumo exagerado desse alimento. Já na véspera de Natal o costume de abater animais de<br />

grande porte, como porcos e bois, pode ter sua origem também no mesmo período, quando<br />

a Europa se preparava para enfrentar o rigoroso inverno. A necessi<strong>da</strong>de de alimentos<br />

calóricos para superar o frio, bem como a falta de espaço e alimento adequado para todos<br />

os animais influenciava o abate dos mesmos 153 .<br />

Como grande parte <strong>da</strong>s festas cita<strong>da</strong>s aconteciam uma vez por ano, entre os<br />

imigrantes italianos tais dias eram sagrados, <strong>da</strong>í a escolha e preparação de alimentos que<br />

normalmente não eram servidos nas refeições ordinárias. O calendário dos italianos que<br />

migraram era, portanto, baseado na religião católica, que acabou por determinar também o<br />

ritmo e o estilo de vi<strong>da</strong> dos seus descendentes. As refeições dos dias especiais eram,<br />

portanto, símbolos de respeito às <strong>da</strong>tas religiosas, um momento sagrado de<br />

confraternização e uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> família. Dessa forma, se durante a semana o alimento tinha a<br />

finali<strong>da</strong>de de repor as energias gastas com o trabalho, nos dias festivos era um elo com o<br />

sobrenatural que servia para unir o material e o sagrado: comia-se e festejava-se em honra<br />

aos santos e santas de devoção, esperando-se a proteção destes. Atentemos para o relato do<br />

senhor Evaristo Colpo:<br />

152 Veja-se: BAKHTIN, Mikhail. Apresentação do problema. In: A cultura popular na I<strong>da</strong>de Média e no<br />

Renascimento: o contexto de François Rabelais. [ Trad. Yara Fratescchi]. São Paulo: HUCITEC; Brasília:<br />

UnB, 1993.<br />

153 JÚNIOR, Hilário Franco. Op. cit. p. 66.<br />

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