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ALÉM DA ENXADA, A UTOPIA: - Repositórios Digitais da UFSC

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personali<strong>da</strong>des <strong>da</strong> colonização de ascendência européia – pioneiros, diretores, homens de<br />

negócios, políticos de expressão – precisam ser trata<strong>da</strong>s pelo historiador, um belo<br />

espetáculo se faz também com a participação de atores pouco conhecidos. Insinuar o<br />

contrário seria eticamente reprovável, uma vez que a condição social, econômica, étnica, de<br />

gênero e credo ou posição política jamais poderiam significar critérios de exclusão em<br />

História. Trata-se então de tentar perceber quais os critérios <strong>da</strong> inclusão. Há de se concor<strong>da</strong>r<br />

que a condição humana é talvez a mais forte, senão a única motivação para se estu<strong>da</strong>r as<br />

vivências do Homem, porque afinal “as vi<strong>da</strong>s humanas têm necessi<strong>da</strong>de e merecem ser<br />

conta<strong>da</strong>s 13 ”. É por isso que, na deficiência de documentos escritos que permitam a<br />

compreensão <strong>da</strong> experiência de homens e mulheres migrantes no Oeste catarinense, foi<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> priori<strong>da</strong>de às fontes orais, toma<strong>da</strong>s como pistas que podem revelar além do que<br />

parecem sugerir sobre a cultura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des de ascendência italiana.<br />

Desde os Annales formalizaram-se os estudos sobre os excluídos <strong>da</strong> História. De<br />

Marc Bloch e Lucien Frebvre, passando por Fernand Braudel e chegando a Jacques Le<br />

Goff e Carlo Ginsburg, entre muitos outros, a História não é mais puramente factual,<br />

tampouco apenas narrativa e descomprometi<strong>da</strong>. Do contrário, velhos paradigmas foram<br />

derrubados e a historiografia se renovou, buscou novos campos, abor<strong>da</strong>gens e<br />

problemáticas até então pouco explorados pelos historiadores; o cotidiano ganhou ênfase e<br />

indivíduos comuns passaram a ser personagens ativos na construção do passado.<br />

Para sustentar a abor<strong>da</strong>gem <strong>da</strong> investigação, foram considera<strong>da</strong>s algumas<br />

conjecturas teórico-metodológicas <strong>da</strong> História Cultural. Essa tendência se dispõe a<br />

compreender a cultura a partir de uma perspectiva abrangente que engloba, além <strong>da</strong>s<br />

13<br />

RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa (Tomo I). [Trad. Constança Marcondes Cesar]. Campinas: Papirus,<br />

1994. p. 116.<br />

13

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