ALÉM DA ENXADA, A UTOPIA: - Repositórios Digitais da UFSC
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forma<strong>da</strong>s junto ao caminho de tropas que ligava Palmas e a região missioneira 10 . A<br />
principal ativi<strong>da</strong>de econômica dos caboclos era a agricultura de subsistência, o corte de<br />
erva-mate e o tropeirismo. Um terceiro grupo a se estabelecer na região foi o de<br />
ascendência européia, principalmente alemães, italianos e poloneses, vindos do Rio Grande<br />
do Sul a partir <strong>da</strong>s primeiras déca<strong>da</strong>s do século XX.<br />
Ao iniciar a pesquisa, constatei que um dos problemas <strong>da</strong> historiografia sobre o<br />
Oeste de Santa Catarina é a dificul<strong>da</strong>de de acesso aos estudos realizados, pois grande parte<br />
<strong>da</strong> produção acadêmica não está publica<strong>da</strong>. Por outro lado, as pesquisas acessíveis<br />
apresentam lacunas principalmente em relação aos eventos que não tiveram como palco os<br />
locais de maior concentração populacional como Chapecó e Cruzeiro, hoje Joaçaba. Ao<br />
mesmo tempo, muitos estudos enfatizam quase que exclusivamente o desenvolvimento<br />
econômico, social e político dos núcleos urbanos citados, desconsiderando o cotidiano,<br />
medos e aspirações <strong>da</strong>s pessoas comuns que habitaram ou habitam a região. Não é minha<br />
intenção negar a importância dessas análises, apenas gostaria de apresentar lugares e<br />
indivíduos pouco considerados pelos pesquisadores 11 , acreditando que “os fenômenos<br />
previamente considerados como bastante descritos e compreendidos assumem significados<br />
novos quando se altera a escala de observação 12 ”. Mesmo reconhecendo que as grandes<br />
10<br />
O gado deixado pelos jesuítas quando <strong>da</strong> destruição <strong>da</strong>s reduções jesuítico-guaranis (1750) do Rio Grande<br />
do Sul abastecia o sudeste principalmente no período <strong>da</strong> mineração. Os animais eram transportados pelo<br />
planalto, nos caminhos de Lages. Em 1820, a região, que antes pertencia à Província de São Paulo, passou a<br />
fazer parte de Santa Catarina e os tropeiros foram obrigados a pagar impostos pela travessia <strong>da</strong>s tropas. Uma<br />
<strong>da</strong>s alternativas foi buscar outros trajetos para o transporte e a criação do gado, tendo início então a ocupação<br />
dos campos de Guarapuava (1836), Palmas (1839), Erê e Irani, na direção Oeste de Lages. In: RENK, Arlene.<br />
A luta <strong>da</strong> erva: um ofício étnico no Oeste catarinense. Chapecó: Grifos, 1997. p. 32 - 49.<br />
11<br />
A exemplo de RENK, Arlene, Op. cit.; RADIM, José Carlos. Ítalo-brasileiros em Joaçaba. Florianópolis:<br />
<strong>UFSC</strong>, 1995. Dissertação (Mestrado em História); NO<strong>DA</strong>RI, Eunice S. A renegociação <strong>da</strong> etnici<strong>da</strong>de no<br />
Oeste de Santa Catarina (1917–1954). Porto Alegre: PUCRS,1999. Tese (Doutorado em História); WERLE,<br />
André C. O Reino jesuítico-germânico nas margens do Rio Uruguai: aspectos <strong>da</strong> formação <strong>da</strong> Colônia<br />
Porto Novo (Itapiranga). Florianópolis: <strong>UFSC</strong>, 2001. Dissertação (Mestrado em História); entre outros.<br />
12<br />
LEVI, Giovanni. Sobre a micro-história. In: BURKE, Peter. A escrita <strong>da</strong> história: novas perspectivas. 2ª<br />
ed. São Paulo: UNESP, 1992. p. 141.<br />
12