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DIA 20 DE OUTUBRO - Redetec

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professor Eusebi, o valor agregado seria a utilidade percebida menos os custos econômicos.<br />

Como inferir o valor econômico de um anticorpo contra o câncer, por exemplo, uma vez que<br />

a utilidade percebida desse anticorpo seria semelhante à utilidade percebida da água no<br />

deserto?<br />

JOSÉ FERNANDO PEREZ<br />

O câncer é um desafio enorme. Eu não sou médico, não faço exercício legal da<br />

profissão, estou apenas citando fontes respeitáveis. A visão atual sobre tratamento de<br />

câncer diz que ele será cada vez mais personalizado, mais individual. Os anticorpos<br />

monoclonais, que falamos aqui, ilustram muito bem isso. Na verdade, estamos tratando<br />

pacientes com tumor de ovário – fazendo testes clínicos – e não é simplesmente tumor de<br />

ovário. Antes de o paciente ser elegível para o teste, você precisa verificar se o tumor desse<br />

paciente expressa o antígeno, se ele tem o alvo. Cada tipo de tumor tem a sua coleção<br />

específica de alvos, é algo bastante personalizado. A visão que existe é de que o câncer é<br />

uma doença que não será curada, ela será controlável, assim como é controlável a<br />

hipertensão, o colesterol, a diabetes. É uma doença que será tratada para o futuro, assim<br />

como a AIDS, com um coquetel de drogas.<br />

Existe um estado interessante do Grupo Goldman Sachs que mostra porque o<br />

câncer é uma excelente oportunidade para a área de biotecnologia. Há necessidades<br />

médicas muito claras, existe uma demanda de mercado muito forte. É água no deserto<br />

realmente, mas, pelo contrário, cada vez mais existirão mais drogas, muitas vezes para o<br />

mesmo tumor. Só para dar exemplo, existe um anticorpo monoclonal muito bem sucedido no<br />

mercado. Chama­se Herceptin, reproduzido pelo Genentech e distribuído pela Roche no<br />

Brasil. Ele é usado para tratamento de câncer de mama, mas não são todas as pacientes<br />

que tem tumor de mama que podem usar esse anticorpo, só 22% dos tumores expressam<br />

esse antígeno. Portanto, tem o alvo a que se liga esse anticorpo. Desses 22% que tem o<br />

antígeno, somente 25% respondem ao tratamento. Ou seja, estamos falando da ordem de 5<br />

ou 6% de pacientes que são tratados.<br />

Na realidade, embora seja água no deserto, isso permite que sejam feitos valuation<br />

models muito precisos. Agora, é um problema sério, até para países ricos. Para você ter<br />

uma idéia, no Reino Unido, o Herceptin é um modelo importante para o nosso valuation<br />

model, onde o testamos inclusive. A droga está aprovada desde 1997, mas o Reino Unido e<br />

a Austrália só aprovaram o uso da droga em <strong>20</strong>06, por questões de preço, porque realmente<br />

é um tratamento muito caro.<br />

Eu acho que o nosso projeto tem um potencial muito grande se for bem sucedido em<br />

suas metas, de poder fazer um tratamento a um preço muito mais baixo do que vem sendo<br />

praticado por essas drogas que estão no mercado. Para você ter uma idéia, um tratamento<br />

com o Herceptin, a cada três semanas o paciente tem que receber uma dose que custa oito<br />

mil reais. E se o tratamento for bem sucedido, o paciente continua com isso até o resto da<br />

vida, porque o anticorpo é usado não para tratar o tumor, mas tratar a situação de<br />

metástases.<br />

Embora o câncer seja um desafio enorme para a sociedade, o investidor só vai<br />

colocar o recurso ali se ele tiver um valuation model muito bem elaborado.<br />

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