DIA 20 DE OUTUBRO - Redetec
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Por que uma empresa como essa pode dar certo no Brasil? O primeiro fato é que<br />
sabemos que tem gente altamente qualificada para tocar esse projeto. Esse é o principal<br />
recurso. Interessante que temos hospitais, muito curioso isso, existe uma infraestrutura<br />
nesse país que foi criada por multinacionais, multinacionais farmacêuticas, que realizam<br />
testes clínicos aqui. Ao realizarem esses testes aqui, criaram uma competência nos<br />
hospitais. Os hospitais estão equipados, tem médicos, técnicos, competência para a<br />
realização de testes clínicos e tem também uma excelente infraestrutura de serviços. Por<br />
exemplo, para se fazer um teste clínico do tipo o que Recepta faz hoje, fazse necessário<br />
contratar uma clínica, uma empresa, para coordenar um teste clínico em mais de seis ou<br />
sete hospitais multicêntricos. Ao conversar com muitas dessas empresas, pelo menos duas<br />
delas disseram frases desse tipo: “professor, é uma emoção falar de teste clínico em<br />
português”. Isso porque realmente foi uma realidade criada por instituições multinacionais<br />
que está ociosa para inovação aqui no Brasil. Os custos são muito mais baixos e o Brasil<br />
tem um acesso fácil a pacientes, ao contrário dos países desenvolvidos, onde os testes<br />
clínicos competem por pacientes.<br />
Aqui no Brasil é uma questão humanitária oferecer teste clínico. Aqui neste país só<br />
quem é rico, quem esgota as opções terapêuticas, pega um avião e vai participar de um<br />
teste clínico no exterior. Na realidade, é importante que o Brasil ofereça esse tipo de tese.<br />
Inclusive isso vinha ocorrendo apenas por multinacionais.<br />
O ponto importante é que também existe uma nova cultura no país. Esse evento da<br />
REPICT testemunha isso de forma muito enfática. Existe uma cultura no país que mudou<br />
em relação à inovação, vários atores mudaram, vários agentes – como FINEP, BN<strong>DE</strong>S,<br />
FAPESP – estão empenhados em ativamente financiar inovação tecnológica em empresas.<br />
Um projeto como o nosso está dentro das prioridades da política industrial do Governo, foi<br />
referendado no PDP – o desenvolvimento de drogas e também a biotecnologia – como uma<br />
área portadora de futuro. E, também, a questão do tratamento do câncer no Brasil, mesmo<br />
em países ricos como o Reino Unido, é um problema crescente do sistema de saúde. No<br />
país é também um problema para a balança comercial. Ou seja, estamos fazendo uma coisa<br />
onde existe uma oportunidade e uma necessidade aqui no país.<br />
A parceria com o Instituto Ludwig ficou interessante, porque o Ludwig nos licenciou<br />
quatro anticorpos monoclonais, patenteados por eles, mas a parceria com eles envolve mais<br />
do que esse licenciamento. É uma transferência de conhecimento muito importante, onde<br />
muitos dos nossos cientistas e técnicos estão treinando nos diversos centros espalhados no<br />
mundo inteiro. Essa parceria é muito importante. Além disso, dá uma validação científica e<br />
tecnológica dupla para os nossos procedimentos. Quando o teste clínico é desenhado, nós<br />
discutimos com uma rede de pesquisadores que o Ludwig tem nos hospitais de excelência<br />
no mundo.<br />
O que faz a nossa empresa? Fazemos anticorpos monoclonais, que são proteínas<br />
que se ligam a outras proteínas específicas que estão nos tumores, que são chamadas<br />
alvos, são os antígenos. Tive que aprender um pouco dessa linguagem. Eu como físico tive<br />
que aprender genômica. Eu tive que absorver para me comunicar em público, e mais<br />
importante, com meus investidores.<br />
Temos que gerar novos anticorpos, além dos anticorpos que nos foram licenciados.<br />
Não estamos só trabalhando com os anticorpos gerados pelo Ludwig, mas a própria<br />
empresa está desenvolvendo e gerando seus anticorpos. Os anticorpos não são moléculas<br />
que podem ser sintetizadas. É uma proteína, fruto de uma produção biotecnológica, uma<br />
forma de expressar um gene numa célula animal. Estamos fazendo o desenvolvimento da<br />
droga para produzir em escala piloto, para fazer testes préclínicos com animais in vitro, e<br />
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