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DIA 20 DE OUTUBRO - Redetec

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desafio sistêmico maior trazido pela Agenda do Desenvolvimento, porque, para implementar<br />

essa plataforma negociadora, é necessário que os temas de desenvolvimento sejam<br />

discutidos simultaneamente não só no comitê de desenvolvimento, mas também nos<br />

comitês de patentes e de direitos de autor.<br />

Os países desenvolvidos se expressam, sobretudo hoje em dia, no comitê de<br />

patentes, no qual as negociações tendem a ser, em curto prazo, mais candentes. É um<br />

grande desafio ter uma discussão, lastreada não apenas nas experiências nacionais e nas<br />

prioridades de política industrial brasileira, mas também lastreada nos diagnósticos do efeito<br />

da propriedade intelectual sobre as suas economias, que associe esses lastros e que possa<br />

convergir para um consenso e para um desafio nesse sentido. Acho que temos alguns<br />

motivos para sermos otimistas no momento em que se possa identificar a convergência de<br />

interesses.<br />

A implementação da Agenda está no início, e não podemos avaliar ainda seus<br />

resultados. Podemos constatar que ela começou bem. Para substituir uma avaliação, que<br />

seria ainda muito embrionária para uma discussão em perspectiva, é importante falar sobre<br />

oportunidades e desafios.<br />

O objetivo principal da implementação da Agenda seria reverter essa tendência<br />

histórica, que foi tão bem expressa na palestra do Alejandro Roca, sobre a concentração em<br />

um punhado de países dos ganhos e das oportunidades oferecidas pelo sistema. Outro<br />

resultado da implementação seria os países começarem a participar desse jogo e participar<br />

da elaboração das regras do jogo, o que aumentaria sua capacidade de influenciar as<br />

negociações internacionais que discutem a evolução e os desafios do regime internacional.<br />

Como conclusão, gostaria de discutir a segunda vertente e o interesse do Brasil. O<br />

Brasil tem uma grande responsabilidade, porque foi um dos líderes do lançamento da<br />

Agenda, de fazer que ela seja implementada na sua parte técnica, mas que politicamente se<br />

transforme em um instrumento de diálogo. Naturalmente, para que possamos ter um<br />

instrumento de diálogo, precisamos saber o que queremos, precisamos fazer isso com um<br />

pragmatismo refinado, saber buscar o que queremos e em que ponto nós podemos ceder,<br />

em que ponto nós podemos assumir riscos. A melhor ilustração é exatamente o que Jorge<br />

Ávila mencionou sobre a harmonização patentária, tema no qual se identifica a demanda<br />

mais urgente e mais forte, nesse momento, dos países desenvolvidos. Esse é um trabalho<br />

interno, para que possamos construir o que chamamos de fichas negociadoras e para que<br />

possamos trocar uma ficha de mil por cinco de duzentos. Se tivermos o interesse<br />

monolítico, não poderemos ter flexibilidade na hora de negociar. Não são trata somente<br />

construir as fichas. Do outro lado da mesa, também deve haver disposição para o diálogo.<br />

Esse aspecto da Agenda de Desenvolvimento depende tanto dos países em<br />

desenvolvimento quanto dos países desenvolvidos, que devem buscar essa convergência e<br />

desenvolver um mecanismo crescente de confiança, um mecanismo de interesse comum, e<br />

manter a OMPI como centro das negociações multilaterais de propriedade intelectual. Se o<br />

diálogo se romper, a tendência é a fragmentação dos foros. Há um interesse tanto dos<br />

países desenvolvidos como dos países em desenvolvimento de manter o foro multilateral<br />

como o centro das negociações. Por um lado, os países em desenvolvimento têm a melhor<br />

oportunidade de influenciar a construção das regras do jogo. Por outro lado, os países<br />

desenvolvidos não têm uma plena preferência pelos foros restritos, porque naturalmente<br />

eles terão aplicação restrita e causarão a fragmentação do regime internacional de<br />

propriedade intelectual no mundo da economia globalizada, o que não interessa a ninguém.<br />

Essas são as minhas observações sobre a implementação da Agenda de Desenvolvimento.<br />

Muito obrigado.<br />

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