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DIA 20 DE OUTUBRO - Redetec

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uma maneira de acessar o conhecimento é desenvolver um mercado de conhecimento tão<br />

completo, tão aberto e tão acessível quanto possível. Essa é uma forma de pensar o acesso<br />

de conhecimento que é muito distinta daquela que informa os pensamentos antiproprietários<br />

no campo da produção científica e tecnológica. Imaginar que a apropriação não é apenas<br />

uma maneira de excluir terceiros – o objetivo da apropriação é, antes de qualquer questão, a<br />

exclusão temporária de terceiros – é fundamental para que se possa ter um mercado aonde<br />

o conhecimento seja demonstrado e circule de quem o produz para quem o necessita. O<br />

que está em oposição à propriedade intelectual não é o conhecimento livre, mas o segredo<br />

industrial. O segredo industrial é, na verdade, conhecimento que quase ninguém sabe onde<br />

está. Sob segredo, apenas aquele que o criou poderá dar uso econômico para o<br />

conhecimento. O sistema de propriedade intelectual cria uma vitrine onde o conhecimento<br />

pode ser posto em uso por outros atores, e não apenas por aquele que o gerou.<br />

O sistema de propriedade intelectual enfrenta hoje uma série de dificuldades, as<br />

quais já foram inclusive bem colocadas por Alejandro Roca. A dificuldade mais visível do<br />

sistema no plano internacional é a crise absoluta no sistema de patentes. O número de<br />

patentes que aguarda exame no mundo inteiro é imenso, e isso para mim, como presidente<br />

do INPI, não é de todo ruim, porque permite explicar um pouco o atraso do INPI, dizer que o<br />

Brasil não está sozinho. Mas, na verdade, isso é uma tragédia para o mundo inteiro que lida<br />

com inovação. O sistema é um sistema muito duro, pouco eficiente, no qual a qualidade das<br />

decisões e a segurança jurídica dos títulos de propriedade por ele emitidos ficam<br />

comprometidas toda vez que se tenta solucionar o problema por meio da aceleração do<br />

exame de patentes.<br />

Há no mundo inteiro uma discussão de como aumentar a eficiência de patentes, sem<br />

comprometer a qualidade e a segurança jurídica dos títulos que são produzidos por esse<br />

sistema. As patentes têm uma função fundamental no comércio internacional, às vezes<br />

muito maior do se imagina. Patentes podem constituir barreiras de entrada, mecanismos de<br />

isolamento, podendo responder a uma ampla gama de objetivos estratégicos traçados numa<br />

determinada política comercial. É muito interessante ver o uso que se dá das patentes, por<br />

exemplo, na China e nos Estados Unidos, e os conflitos que esses usos têm gerado. Hoje,<br />

advogamos que para os países em desenvolvimento a melhor coisa é um sistema de<br />

patentes que seja rigoroso, que ofereça patentes de qualidade, e qualidade aqui significa<br />

grande segurança jurídica, ou seja, patentes que, quando ameaçadas na Corte, resistem.<br />

Isso não é uma verdade 100% consensual. Quem olha o que está acontecendo na China<br />

percebe claramente que esse país adotou uma estratégia diferente: abriu mão, em grande<br />

medida, da segurança jurídica, em troca de uma maior inclusão dos chineses no sistema de<br />

patentes. Isso quer dizer que o nível de exigência para obtenção de uma patente foi<br />

diminuído e ficou semelhante ao nível de exigência para se conceder uma patente nos<br />

Estados Unidos durante a década de 1990. Hoje, nos Estados Unidos, esse nível de<br />

exigência está crescendo. É interessante tentarmos entender o porquê disso.<br />

Hoje temos no Brasil um sistema que apresenta vários problemas, mas acreditamos<br />

que a visão orientadora deva ser a de perseguir um sistema que emita patentes de alta<br />

qualidade. Quando começamos a discutir qualidade, níveis diferentes de qualidade, níveis<br />

diferentes de exigências, vale a pena colocar a seguinte pergunta: a harmonização faz<br />

sentido nessa discussão? Essa discussão é boa para quem? Alguma forma de<br />

harmonização centrada nessa idéia faria sentido para os países em desenvolvimento? O<br />

meu palpite é que sim. Mas ainda temos muito que discutir sobre isso. Um bom exemplo de<br />

discussão de natureza harmonizadora que teria impacto positivo para os exportadores<br />

brasileiros de tecnologia tem relação com a elevação do nível das patentes norte­<br />

americanas, pois patentes mal concedidas funcionam como barreiras ilegítimas ao<br />

comércio. Houve uma cobrança internacional por uma maior seletividade na concessão de<br />

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