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DIA 20 DE OUTUBRO - Redetec

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melhor desempenho. No Brasil, nossa tradição voltada para dentro, infelizmente, dificulta a<br />

disseminação desse tipo de prática. No governo brasileiro, nas instituições de Estado, nas<br />

empresas e nas universidades brasileiras, essa não é a nossa realidade, apesar das<br />

mudanças de postura que presenciamos ano após ano. A questão simples, que é chave,<br />

pede uma resposta clara: com quem temos que nos comparar? Não com o vizinho mais<br />

pobre e fraco. Nada contra essa comparação, de resto, necessária. Mas, para avançarmos,<br />

é mais adequada a comparação que nos força a andar para frente, que nos empurra para a<br />

superação da condição atual. Ou seja, a busca pela inovação está sempre ligada a um<br />

processo, a um movimento de transformação da atual situação para uma situação mais<br />

avançada.<br />

A terceira conclusão, talvez o item mais importante da nossa pesquisa – e, com<br />

certeza, o mais polêmico –, diz respeito à relação do conhecimento com a inovação e ao<br />

modo como os sete países procuram acertar as contas com seu próprio passado e herança.<br />

Ou seja, todos foram organizados e estruturaram seus sistemas de inovação, de ciência e<br />

tecnologia, ao longo de décadas, baseados no que a boa literatura científica chama de<br />

modelo linear de inovação. Trata­se de um modelo ainda muito presente no Brasil, mas<br />

também muito presente nesses países que estudamos. Qual é a natureza do esforço que<br />

fazem? Que tipo de dificuldade eles enfrentam? Os sete países procuram superar a idéia de<br />

que existiria uma fonte permanente de alimentação da inovação concentrada nos processos<br />

científicos ligados à pesquisa básica. A inovação, segundo esse modelo, gradativamente<br />

caminharia do ponto mais nobre (geralmente a Universidade) para as áreas menos nobres<br />

da sociedade, identificadas com os mercados. O século XX, com a proeminência da<br />

indústria e a expansão da pesquisa básica organizada, dentro e fora do setor público, gerou<br />

esse tipo de visão. As conseqüências foram – e ainda são – imensas. Sem investimento<br />

intensivo nas áreas de ciência básica, não haverá inovação, pelo menos é o que nos conta<br />

esse modelo. Os sete países, no entanto, que em grande parte geraram esse paradigma,<br />

procuram atualmente alterar os parâmetros dessa discussão e os princípios desse<br />

comportamento. Não se trata de negar a importância da ciência básica, mas de perceber<br />

que a inovação é gerada por uma multiplicidade de caminhos e nem sempre bebe das<br />

fontes da pesquisa científica. Avanços recentes na área de software ou das tecnologias de<br />

comunicação, por exemplo, mostraram ao mundo que, muitas vezes, ocorre exatamente o<br />

contrário. Isto é, que as inovações acontecem no setor privado (nas áreas tidas como<br />

“menos nobres” e avançam até as “mais nobres”). A estrutura da produção científica mudou<br />

muito nos últimos trinta anos. As dinâmicas são outras e nem sempre conhecidas. A<br />

inovação, evidentemente, se alimenta da pesquisa básica, mas também se alimenta daquilo<br />

que vem do mercado. E, nos tempos de hoje, esse movimento inverso é cada vez maior.<br />

Exemplo flagrante vem do próprio Silicon Valley nos Estados Unidos, quando a explosão do<br />

software, do mundo da informática muitas universidades como Stanford e Berkeley (tidas<br />

por muitos como causadoras da explosão tecnológica) foram pegas de surpresa. De um<br />

modo geral, os avanços que ocorreram nas empresas encontravam professores<br />

despreparados, desprevenidos, muitos deles incapazes de até de ensinar. Essas duas<br />

universidades foram obrigadas a trazer para seus cursos a engenharia, os analistas,<br />

aqueles que estavam fazendo acontecer a revolução da informática fora da universidade.<br />

Evidentemente, as empresas da Califórnia foram beneficiadas por essas universidades,<br />

pelos profissionais formados, pela sua qualidade, e pela sua pesquisa. Mas o movimento<br />

nasceu fora dos muros universitários e teve de ser reprocessado para adquirir novo impulso,<br />

mesmo do ponto de vista da ciência básica. A via, portanto, foi de duas mãos. E hoje em dia<br />

molda o debate sobre inovação de modo a indicar a multiplicidade de caminhos que levam á<br />

inovação. O ponto de partida, claro, diz respeito à compreensão da inovação como toda<br />

idéia que faz a economia se movimentar, não apenas tecnologia, não somente uma<br />

invenção.<br />

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