DIA 20 DE OUTUBRO - Redetec
DIA 20 DE OUTUBRO - Redetec DIA 20 DE OUTUBRO - Redetec
Esse é um exemplo de uma mineradora de ouro que tinha um problema que era achar as localizações a serem exploradas em uma mina que ela possuía. O que ela fez? O presidente dessa empresa viu uma palestra sobre o Linux quando participou de um curso no MIT e pensou: por que não fazer a mesma coisa? Ele criou um desafio em que qualquer geólogo do mundo podia baixar todos os dados geológicos dessa empresa e trabalhar em cima desses dados para indicar as melhores localizações a serem exploradas. Aquele que ganhasse receberia US$ 500 mil dólares de prêmio. Para a quantidade de ouro que eles acharam, essa quantia não é nada, até porque ele colocou centenas de pessoas trabalhando para resolver aquele problema específico, e o melhor, só pagaria se alguém resolvesse. A Netflix é uma locadora que está desbancando a Blockbuster. Ela fez a mesma coisa, desenvolveu um sistema de recomendações, que funciona da seguinte forma: a pessoa que alugou tal filme também gostaria de assistir aquele outro filme. Ela abriu esse código de algoritmo de recomendações. Então, qualquer pessoa que desenvolvesse aquilo e conseguisse um percentual de otimização ganharia um prêmio em dinheiro. Como estes exemplos, existem muitos outros exemplos como Wikipedia, Linux, Creative Commons, diversas comunidades, redes de profissionais que se engajam no desenvolvimento de produtos. A Lego já desenvolveu muita coisa nessa linha também, em especial o Lego Mindstorm, em que pessoas fazem programas para os robôs e divulgam na comunidade. A Doritos fez uma campanha superinteressante, no intervalo do Super Bowl, que é a final de futebol americano, o tempo de propaganda mais caro que existe no planeta. As empresas fazem campanhas milionárias para passar nesse intervalo. A Doritos fez uma promoção que se chamava Crash the Superbowl. Qualquer consumidor da Doritos podia criar uma propaganda e no final havia uma votação. Aquela propaganda eleita pelo público seria a propaganda que passaria no intervalo do jogo. A pessoa ganharia um ingresso para assistir ao jogo de camarote e mais US$ 5 mil, algo que postaria milhões se encomendado a qualquer agência. O que motiva as pessoas a atuarem nessa lógica? Será que a pessoa que fez essa propaganda, no dia seguinte, não estaria muito empregada em qualquer agência de publicidade do mundo? Ou vai abrir a sua própria agência e terá muitos contratos? Ou seja, existem lógicas e mecanismos de incentivo diferentes para que as pessoas se engajem nesses processos de desenvolvimento. Hoje já começam a existir diversas empresas que estão explorando esse tipo de modelo de negócio, em que a empresa não mais se coloca como a responsável por desenvolver tudo, mas como responsável por prover a infraestrutura básica pela qual os diversos atores, de um lado, vão desenvolver aquilo, e os diversos consumidores, de outro lado, vão conseguir achar aquilo que eles gostariam. Esse tipo de integração e conexão entre quem quer ofertar e quem quer comprar passa a ocorrer de uma maneira mais natural e fácil. Isso tem aplicações em diferentes modelos de negócios. Estamos falando de um processo em que antes a inovação estava centrada na empresa, mudando para uma lógica onde esse processo de inovação passa a ser centrado no usuário. O que eu preciso mudar quanto a isso? Primeiro, tem que tornar aquele processo de inovar como prazeroso, ou seja, aquele usuário tem prazer em escrever o seu livro, aquele usuário tem prazer em fazer a sua música. Há uma relação de ganhaganha na comunidade. Eu sei que se eu divulgar aquilo que eu conheço lá na Wikipedia, outra pessoa vai divulgar aquilo que ela conhece. Eu sei que se eu divulgar a melhoria que eu fiz no Linux, alguma outra pessoa vai divulgar também. No final, toda a comunidade sai ganhando. A idéia é explorar essa lógica de reconhecimento e projeção junto aos pares. Para dar um exemplo disso, várias empresas de informática usam um modelo de comunidades de desenvolvedores que resolvem problemas e aperfeiçoam um determinado sistema. Com isso, eles ganham uma projeção dentro da comunidade. Imaginem um programa de 164
milhagem. A cada problema que você resolve, você ganha milhas. No final, quando alguém precisa contratar um daqueles membros da comunidade, aqueles com mais milhas terão um reconhecimento muito maior que os demais. A Ikea, uma loja muito famosa de móveis dos Estados Unidos, faz um modelo em que todo ano ela gera um concurso de design, e aquele design vencedor tem o seu o móvel produzido pela empresa. Esse profissional escolhido está ganhando reconhecimento. Nessa linha, algumas questões são muito importantes. Nesse campo do crowdsourcing, a questão da propriedade intelectual passa a não ser algo tão central. A maior parte desses usuários abre voluntariamente mão da propriedade intelectual, ou seja, desenvolvem, fazem suas melhorias e abrem aquilo para toda a comunidade. O potencial de criação desse tipo de rede é bastante considerável, primeiramente porque existe uma heterogeneidade muito grande. Pessoas das mais diversas origens, das mais diversas formações, estarão envolvidas naquele processo de desenvolvimento. Isso faz com que a capacidade de evolução seja incomparável frente aos modelos tradicionais. Onde está o desafio? Será que a questão central é realmente como você garante mecanismos de controle ou se é como pensar novos modelos de negócios que permitirão com que esses usuários possam contribuir e divulgar suas lógicas, e mesmo com isso eu consiga ter receitas que interessem àquela determinada organização? Isso é algo que está evoluindo bastante atualmente. Hoje existem diferentes empresas explorando esse novo tipo de modelo de negócio. Esta é uma empresa brasileira. Qualquer designer pode colocar a estampa na comunidade. Se alguém compra uma camisa com a estampa que você fez, você ganha um percentual da venda daquela camisa. Isso significa que não é mais a empresa que precisa fazer a estampa, qualquer um pode fazer e disponibilizar. Essa aqui é a Zupa, uma agência de publicidade em que as empresas colocam suas demandas de publicidade e qualquer pessoa do mundo pode entrar e fazer a campanha. A empresa seleciona a melhor campanha, e com isso a pessoa que fez a proposição terá algum retorno. Neste outro website, www.lulu.com, qualquer pessoa pode publicar um livro, tem todo o trabalho de consultoria de como você publica um livro. Qualquer pessoa acha os livros de interesse. Quem disse que o editor sabe melhor do que eu mesmo qual é o livro me interessa? Antes, o editor selecionava tudo que ia ou não chegar à mão do público. Hoje eu tenho aqui um lugar onde qualquer pessoa pode publicar seu livro e qualquer pessoa pode ter acesso aquele conjunto infinito de livros. Essas são duas tendências que eu queria ressaltar um pouco, que tem uma relação direta com essa discussão de redes e tem uma perspectiva interessante do ponto de vista de como elas estão trabalhando e tratando a propriedade intelectual. Agora vamos voltar para uma discussão mais conectada àquela idéia inicial e entrar para algo mais pragmático de como montaríamos uma rede de desenvolvimento. O que poderia ser um modelo de referência para que pudéssemos coordenar e orquestrar uma dessas redes? Primeiro eu queria comentar algumas características gerais. Esse modelo adota a perspectiva de quem vai gerir a rede. Esse é um aspecto central em todo o modelo que vou mostrar daqui para frente. Depois, ele tem uma perspectiva de ciclo de vida. Que premissa tem por trás disso? Uma rede é algo que tem características razoavelmente diferentes à medida que ela evolui no tempo. Ou seja, o estágio inicial exige um conjunto de preocupações do ponto de vista de quem está gerindo. O estágio em que ela está estabilizada exige um conjunto diferente de preocupações do ponto de vista de quem está gerindo. Ou seja, não dá para tentarmos fazer um tipo de modelo pelo qual uma rede será gerida e não diferenciar os momentos pelos quais aquela rede passa. 165
- Page 114 and 115: trazendo somente a parte teórica s
- Page 116 and 117: Em primeiro lugar, vou chamar aten
- Page 118 and 119: construção dessas pontes interdis
- Page 120 and 121: MARIA BEATRIZ BONACELLI Boa tarde.
- Page 122 and 123: ajudar na estruturação de outros
- Page 124 and 125: Outra questão importante é o aume
- Page 126 and 127: CARLA RIBEIRO Como examinadora de p
- Page 128 and 129: estrutura, etc. Isso é uma discuss
- Page 130 and 131: ESPAÇO FINEP: RESULTADOS DE AVALIA
- Page 132 and 133: era de orientar os núcleos, uma ve
- Page 134 and 135: o grande gargalo. Em relação ao d
- Page 136 and 137: PARTE IV MINICURSO VALORAÇÃO E
- Page 138 and 139: hora”. Então, eu trabalho fora,
- Page 140 and 141: caro. Claro que se for no Sofitel,
- Page 142 and 143: Kaplan e Norton dizem em 1996 que P
- Page 144 and 145: o relatório de capitais intangíve
- Page 146 and 147: Parte 2 - Gestão Tecnológica visa
- Page 148 and 149: vou gerenciar isso? Na medida em qu
- Page 150 and 151: se eu posso aproximar esse mecanism
- Page 152 and 153: terapêutica aparecem numa média c
- Page 154 and 155: Ele não é um software proprietár
- Page 156 and 157: MARIA ESTER DAL POZ Como eu lhe dis
- Page 158 and 159: inovação aberta. Há outro concei
- Page 160 and 161: A descentralização do conheciment
- Page 162 and 163: colocação no mercado, porque não
- Page 166 and 167: A outra questão é que essa gestã
- Page 168 and 169: governo também define que algum ti
- Page 170 and 171: metas e, a partir delas, foi defini
- Page 172 and 173: mecanismos de controle que façam c
- Page 174 and 175: Parte 4 - Comercialização de Tecn
- Page 176 and 177: O que abrange a comercialização d
- Page 178 and 179: das incubadoras. Quanto a permitir
- Page 180 and 181: O artigo 9 fala sobre os acordos de
- Page 182 and 183: de tecnologia? Que critérios ou me
- Page 184 and 185: • Propriedade Intelectual e Inova
- Page 186 and 187: (STL) e o “Patent Drafting”. O
- Page 188 and 189: PROGRAMA CURSO 2 - Licenciamento e
- Page 190 and 191: PROGRAMA CURSO 4 - Valoração e Ge
Esse é um exemplo de uma mineradora de ouro que tinha um problema que era<br />
achar as localizações a serem exploradas em uma mina que ela possuía. O que ela fez? O<br />
presidente dessa empresa viu uma palestra sobre o Linux quando participou de um curso no<br />
MIT e pensou: por que não fazer a mesma coisa? Ele criou um desafio em que qualquer<br />
geólogo do mundo podia baixar todos os dados geológicos dessa empresa e trabalhar em<br />
cima desses dados para indicar as melhores localizações a serem exploradas. Aquele que<br />
ganhasse receberia US$ 500 mil dólares de prêmio. Para a quantidade de ouro que eles<br />
acharam, essa quantia não é nada, até porque ele colocou centenas de pessoas<br />
trabalhando para resolver aquele problema específico, e o melhor, só pagaria se alguém<br />
resolvesse.<br />
A Netflix é uma locadora que está desbancando a Blockbuster. Ela fez a mesma<br />
coisa, desenvolveu um sistema de recomendações, que funciona da seguinte forma: a<br />
pessoa que alugou tal filme também gostaria de assistir aquele outro filme. Ela abriu esse<br />
código de algoritmo de recomendações. Então, qualquer pessoa que desenvolvesse aquilo<br />
e conseguisse um percentual de otimização ganharia um prêmio em dinheiro.<br />
Como estes exemplos, existem muitos outros exemplos como Wikipedia, Linux,<br />
Creative Commons, diversas comunidades, redes de profissionais que se engajam no<br />
desenvolvimento de produtos. A Lego já desenvolveu muita coisa nessa linha também, em<br />
especial o Lego Mindstorm, em que pessoas fazem programas para os robôs e divulgam na<br />
comunidade. A Doritos fez uma campanha superinteressante, no intervalo do Super Bowl,<br />
que é a final de futebol americano, o tempo de propaganda mais caro que existe no planeta.<br />
As empresas fazem campanhas milionárias para passar nesse intervalo. A Doritos fez uma<br />
promoção que se chamava Crash the Superbowl. Qualquer consumidor da Doritos podia<br />
criar uma propaganda e no final havia uma votação. Aquela propaganda eleita pelo público<br />
seria a propaganda que passaria no intervalo do jogo. A pessoa ganharia um ingresso para<br />
assistir ao jogo de camarote e mais US$ 5 mil, algo que postaria milhões se encomendado a<br />
qualquer agência. O que motiva as pessoas a atuarem nessa lógica? Será que a pessoa<br />
que fez essa propaganda, no dia seguinte, não estaria muito empregada em qualquer<br />
agência de publicidade do mundo? Ou vai abrir a sua própria agência e terá muitos<br />
contratos? Ou seja, existem lógicas e mecanismos de incentivo diferentes para que as<br />
pessoas se engajem nesses processos de desenvolvimento.<br />
Hoje já começam a existir diversas empresas que estão explorando esse tipo de<br />
modelo de negócio, em que a empresa não mais se coloca como a responsável por<br />
desenvolver tudo, mas como responsável por prover a infraestrutura básica pela qual os<br />
diversos atores, de um lado, vão desenvolver aquilo, e os diversos consumidores, de outro<br />
lado, vão conseguir achar aquilo que eles gostariam. Esse tipo de integração e conexão<br />
entre quem quer ofertar e quem quer comprar passa a ocorrer de uma maneira mais natural<br />
e fácil. Isso tem aplicações em diferentes modelos de negócios.<br />
Estamos falando de um processo em que antes a inovação estava centrada na<br />
empresa, mudando para uma lógica onde esse processo de inovação passa a ser centrado<br />
no usuário. O que eu preciso mudar quanto a isso? Primeiro, tem que tornar aquele<br />
processo de inovar como prazeroso, ou seja, aquele usuário tem prazer em escrever o seu<br />
livro, aquele usuário tem prazer em fazer a sua música. Há uma relação de ganhaganha na<br />
comunidade. Eu sei que se eu divulgar aquilo que eu conheço lá na Wikipedia, outra pessoa<br />
vai divulgar aquilo que ela conhece. Eu sei que se eu divulgar a melhoria que eu fiz no<br />
Linux, alguma outra pessoa vai divulgar também. No final, toda a comunidade sai ganhando.<br />
A idéia é explorar essa lógica de reconhecimento e projeção junto aos pares. Para dar um<br />
exemplo disso, várias empresas de informática usam um modelo de comunidades de<br />
desenvolvedores que resolvem problemas e aperfeiçoam um determinado sistema. Com<br />
isso, eles ganham uma projeção dentro da comunidade. Imaginem um programa de<br />
164