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DIA 20 DE OUTUBRO - Redetec

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Em primeiro lugar, vou chamar atenção para algumas dimensões que eu considerei<br />

muito relevantes na apresentação da Beatriz, e que eu acho serem fundamentais para<br />

pensar essa abordagem interdisciplinar de capacitação. Estou falando de capacitação de<br />

alto nível, de mestrado e doutorado acadêmico. Logo no início de sua apresentação, Maria<br />

Beatriz comentou, à propósito da história da propriedade intelectual, que ocorreram<br />

transformações na própria estrutura de governança da propriedade intelectual. A<br />

propriedade intelectual é caracterizada por mudanças institucionais muito relevantes, que<br />

mudam os marcos regulatórios. Da Convenção de Paris à TRIPS, se observa que a<br />

estrutura de governança da propriedade intelectual não é imutável, muito pelo contrário, há<br />

uma permanente construção e reconstrução institucional, que mudam também marcos<br />

regulatórios. Mas a própria estrutura de governança, sempre centrada em estruturas de<br />

governança globais, como a própria OMPI, precisa acomodar tensões que vêm dos<br />

institutos nacionais de propriedade industrial, os INPIs. Esse é o primeiro ponto que queria<br />

ressaltar.<br />

O segundo é que essa estrutura institucional tende a modificar­se a partir de<br />

mudanças nas trajetórias tecnológicas. Isso também foi ressaltado na exposição. O conceito<br />

de trajetória tecnológica, que acredito que todos estejam familiarizados, de Giovanni Dosi<br />

mostra que as mudanças nas trajetórias tecnológicas estão, em geral, associadas a essas<br />

mudanças institucionais que redefinem a estrutura de governança da propriedade<br />

intelectual. Então, se no momento do paradigma fordista, tínhamos uma estrutura de<br />

propriedade intelectual de um determinado tipo, essa recente mudança nas trajetórias<br />

tecnológicas das biotecnologias de segunda geração às tecnologias de informação, alteram<br />

os sistemas de apropriação da propriedade intelectual. No final, quando ela fez referência à<br />

pesquisa, mostrando os vários modelos de propriedade industrial e intelectual que<br />

coexistem, modelos mais proprietários e mais comuns, vemos que na realidade isso está<br />

muito relacionado às mudanças que estão em curso nas trajetórias tecnológicas. A<br />

propriedade intelectual certamente encontra desafios a partir de mudanças nas trajetórias<br />

que redefinem as estruturas de governança. Nesse sentido, há também uma reflexão<br />

relevante que foi feita em algum momento da conferência, de que os recursos dos países<br />

são também muito variados. A propriedade intelectual, a despeito de ter uma estrutura de<br />

governança global e uma tendência mais isomórfica, aponta para a importância dos países<br />

que possuem recursos diversificados. A despeito de estarem integrados para uma mesma<br />

trajetória tecnológica que une os países, os recursos são diferenciados. Na dependência<br />

desses recursos diferenciados, realmente, as formas específicas da propriedade intelectual<br />

são também diferenciadas. Por exemplo, um país como o Brasil, que possui recursos<br />

naturais abundantes, água, terras agricultáveis, recursos energéticos muito diferenciados,<br />

tem também uma estrutura de propriedade intelectual tal que, a despeito de seguir um<br />

modelo, a mesma trajetória tecnológica tem especificidades que têm de ser tomadas.<br />

É um ponto fundamental da palestra a questão de que faltam capacitadores, ou seja,<br />

profissionais capazes de atender às múltiplas demandas de capacitação que estão<br />

presentes na discussão do ensino e da pesquisa em propriedade intelectual. Ela fez<br />

referência a duas fases de construção dessa ecologia dos cursos de propriedade intelectual.<br />

De fato, poderíamos classificar os interesses daqueles que vão tratar da propriedade<br />

intelectual em dois grandes tipos. Um grande bloco de gestores estaria ligado ao cotidiano<br />

da propriedade intelectual. Não estou dizendo que isso seja uma separação estanque, mas<br />

na realidade você poderia dizer que esses dois tipos estão presentes e muitas vezes se<br />

confundem. Um deles é de gestores propriamente ditos, e o outro é um núcleo estratégico<br />

do Estado e das empresas que tem que tomar decisões estratégicas. Isso certamente<br />

influencia o tipo de capacitação que se deseja fornecer.<br />

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