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o espelho nos contos de machado de assis e ... - Itaporanga.net

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criada pela família, insuflada pelo orgulho, pela aparência, pelo status que a posição lhe<br />

atribuiu.<br />

Segundo José Carlos Zambolli (2002, p. 48), em sua dissertação A poeta ao<br />

<strong>espelho</strong> (Cecília Meireles e o Mito <strong>de</strong> Narciso), “o tema do <strong>espelho</strong> como imitação da vida<br />

relaciona-se quase sempre ao autoconhecimento. No texto <strong>de</strong> Guimarães, o narrador tem<br />

consciência <strong>de</strong> si mesmo e para ele basta, não sente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se buscar no reflexo,<br />

até por que ele criou uma aversão ao <strong>espelho</strong> e o colocou como algo que po<strong>de</strong>ria mostrar-<br />

lhe aquilo que tanto teme, que po<strong>de</strong>ria incluí-lo no campo <strong>de</strong>sconhecido do misticismo.<br />

Os dois <strong>contos</strong> abordam o tema “<strong>espelho</strong>” <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vista diferentes,<br />

embora a meta seja a análise do próprio eu, a busca da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> masculina e o<br />

reconhecimento <strong>de</strong> sua perda, seja através <strong>de</strong> substituições por personagens artificiais, seja<br />

por perda total <strong>de</strong> si mesmo, afetada por influências externas como as crenças místicas.<br />

Assim, o <strong>espelho</strong> é um instrumento <strong>de</strong> diálogo consigo mesmo,<br />

incessantemente à procura <strong>de</strong> respostas para questionamentos imanentes do ser humano, da<br />

alma inquieta e sem acolhimento. Para satisfazer o ego masculino, os conceitos formados<br />

<strong>de</strong> si mesmo, quer sejam verda<strong>de</strong>iros ou falsos, o homem busca encontrar uma maneira <strong>de</strong><br />

ver-se como vê o outro, como se a distância permitisse a análise formal <strong>de</strong> uma imagem<br />

fora <strong>de</strong> si.<br />

Observamos <strong>nos</strong> três exemplos citados acima, Narciso, Jacobina e o<br />

narrador <strong>de</strong> Guimarães Rosa, uma <strong>de</strong>pendência do olhar externo para si próprio. Não basta<br />

a consciência <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> ser uma pessoa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> qualquer coisa. Para se<br />

afirmar como existente, como algo valoroso, os personagens buscam a admiração externa a<br />

si, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma aprovação para continuar vivendo ou fazendo aquilo que vinham<br />

fazendo.<br />

O interesse <strong>de</strong>ssas histórias é que a literatura se utiliza <strong>de</strong> um campo da<br />

psicologia para compor tramas complexas e intrigantes. Todos os homens têm um pouco<br />

<strong>de</strong> Narciso em si. Precisam se vir com outros olhos, além dos seus, precisam ser aceitos<br />

para o mundo alheio, como se não bastasse apenas aceitar a si próprio. A civilização<br />

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